terça-feira, 19 de junho de 2012

PADERNE: A origem do seu nome e do seu mosteiro I

Quem era D. Paterna?




Bernardo Pintor considera uma ‘lenda’ a fundação do Convento de Paderne atribuída por ‘escritores de antiguidades’ a uma D. Paterna, viúva de um certo conde de Tui chamado D. Hermenegildo. “Diz-se que esta D. Paterna, depois da morte do marido, veio fixar residência nesta terra que era herdade sua e resolveu seguir a vida monástica juntamente com algumas filhas e outras companheiras. Com esse fim mandou edificar uma igreja que estava concluída em 1130. Esta D. Paterna morreu em 1140, sucedendo-lhe D. Elvira, sua filha e a localidade ficou a chamar-se Paderne, que quer dizer terra de Paterna (antes Paderna), em memória da ilustre possuidora e fundadora do mosteiro” (Pintor, 1957).
O mesmo investigador descobriu em arquivos que “na segunda metade do séc. XI, já nos aparece um documento a designar Paderne. Em 1071, D. Urraca, filha de D. Fernando Magno, rei de Leão, e irmã de Afonso VI, sogro do nosso Conde de D. Henrique, fez larga doação à Sé de Tui para favorecer a sua restauração após as ruínas causadas pelas incursões dos inimigos da Fé. Nessa doação foi incluído o Monasterio Sancti Pelagii de Paderni” (idem). Bernardo Pintor concluiu assim que “já existia a terra de Paderne em 1071 com um mosteiro dedicado a S. Paio” (idem). A igreja deste mosteiro encontrava-se no lugar onde hoje existe a paroquial dedicada a S. Paio.Até 1930 ainda se podia ver que “tinha duas naves, uma das quais mais alta e mais larga, separadas por arcarias longitudinais cada uma com seu altar-mor e a sua parte principal de estilo românico com arquivoltas” (idem, ibidem: 29). Este templo foi profundamente alterado naquela data – ‘crime de lesa-arte’ no entender de Bernardo Pintor, subsistindo da primitiva construção apenas o portal. Uma outra conclusão deste investigador foi a de que “todas as citações de Paderne em documentos conhecidos dos séculos XI a XIII, apresentam-nos a palavra terminada em i, portanto genitivo do masculino Paternus, o que nos indica ter sido esta região propriedade de qualquer D. Paterno cuja identificação não poderemos conseguir” (idem).
Bernardo Pintor contesta também que D. Elvira, abadessa de Paderne, em 1141 fosse filha de Hermenegildo, conde de Tui. Descobre em documento a assinatura de uma Dona Ilvira Sarrazeni, pelo que o seu pai se chamava Sarraceno ou Serrazim, nome frequente naquele tempo. Este documento de 1141 era a Carta de Couto concedida por D. Afonso Henriques ao Convento de Paderne em gratidão pelo auxílio prestado pela abadessa quando o Rei foi tomar o castelo de Castro Laboreiro e na qual faz doação de “meios que garantam a sua subsistência e hospedagem dos peregrinos” (idem).

(CONTINUA...)

Sem comentários:

Enviar um comentário