segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O Castelo de Castro Laboreiro: Posição estratégica para a preservação da nacionalidade I


Castro Laboreiro foi, desde os séculos centrais da Idade Média, sede de concelho, recebendo em 1513 foral novo dado pelo rei Manuel I. Região periférica e fronteiriça, ainda hoje conserva, apresentando embora um quadro territorial-administrativo distinto, uma forte identidade cultural. O seu castelo foi sempre garante e símbolo da manutenção das integridade territorial e soberania nacionais, tanto nos tempos medievais como no conturbado século XVII da "restauração". O castelo foi erguido no topo do escarpado monte que se eleva a menos de 500 metros a Sul da povoação, numa implantação que pode considerar-se paisagisticamente espectacular. Embora algumas referências documentais permitam sustentar que existiria um castelo anterior, a fortificação que actualmente aí se conserva data da segunda metade do século XIII, sendo a sua edificação geralmente atribuída ao rei D. Dinis. No primeiro quartel do século XVI foi desenhado por Duarte Darmas, que registou com pormenor as planta e vistas laterais da fortificação. Ao centro da alcáçova, na tradição poliocértica românica, emergia dominante uma poderosa torre de menagem, já desaparecida. Esta e a cisterna eram defendidas por uma primeira cerca, de planta sub-rectangular e pequeno perímetro, ao interior da qual se acedia quer pela porta da traição, chamada do Sapo, no lado Norte, quer pela porta meridional, a do Sol, por onde se passava ao segundo e mais amplo recinto muralhado, que serviria fundamentalmente para abrigar gados e bens em períodos de conflito, sendo certo que também poderia ter correspondido a um projecto inicial de aí implantar a povoação, projecto não concretizado. A planta castelar revela padrões já góticos , bem patentes na integração de cubelos e pequenos torreões nos panos da muralha da alcáçova. O aparelho construtivo é cuidado. Arruinado e parcialmente desmontado no século XIX, conheceu já na segunda metade deste século uma pequena intervenção de limpeza e conservação, podendo considerar-se que as ruínas se conservam em bom estado. À época do desenho de Duarte Darmas, um pequeno aglomerado habitacional implantava-se no exterior da fortaleza, na banda Norte - conforme relato de 1527, o aglomerado que deu lugar à actual vila era então uma "branda" pois os seus 100 moradores, no Inverno, iam "viver fora por ser terra fria". Nessa época parece que ainda não existia a pequena ponte que hoje cruza o rio Laboreiro no extremo Norte da povoação. De tradição arquitectónica medieval, com tabuleiro estreito e cavalete pouco pronunciado, vence um triedro com mais de 5 metros de altura por 6 metros de comprimento. Conhecida por "Ponte Velha" ou "Ponte dos Mouros", esta ponte servia as antigas ligações que saíam de Castro Laboreiro para Norte, nascente e Sul. A igreja desenhada por Duarte Darmas também já não é a mesma. A actual igreja paroquial é reconstrução de época moderna, conservando apenas dos tempos medievais uma interessante pia baptismal com decoração insculturada de tradição românica.
Desenho de Duarte D'Armas


Extraído de: http://www.geira.pt/arqueo/html/sitio78.html

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