terça-feira, 30 de outubro de 2012

A Freguesia de Penso e a sua Igreja Paroquial: algumas referências históricas


A freguesia de S. Tiago de Penso pertenceu ao antigo concelho de Valadares, até á sua extinção, em 24 de Outubro de 1855. Em 1839 aparece na comarca de Monção, e em 1862 faz parte já da comarca de Melgaço. Esta freguesia era de vigairaria da apresentação do Mosteiro de Paderne, que vendeu o direito de apresentação à Casa dos Caldas.
O seu topónimo parece lembrar, de imediato, as medidas usadas para avaliar o peso das mercadorias que entravam ou saíam do concelho. Seria aqui o local do pagamento das antigas portagens.

No “Minho Pirotesco”, José Augusto Vieira descrevia a freguesia, em 1886, como “uma vilota em miniatura”. E acrescentava um pormenor curioso: “Na quinta de S. Cibrião [Cipriano], é tradição que existiu um templo gentílico, dedicado a Júpiter, no ponte onde está hoje a capela. Há quem diga, porém, que essa tradição foi inventada com o fim de enobrecer a quinta, já de si notável pela família que possui e pelo bom vinho que produz.”
Tradição verdadeira, e de que o povo de Penso não se despega, é a da Alumiada, no dia anterior ao S. Tomé, a 20 de Dezembro.
Assim a conta do padre Carvalho da Costa: “Lá no alto da serra desponta a capelinha de S. Tomé. (…) Nesse dia, pobres e ricos, mal a noite cai, iluminam, com feixes de palha [centeia] a arder [as fantocheiras] a visita que este santo faz ao seu visinho S. Fins, na serra da Galiza, na outra margem. Apagado o lume, em grande algazarra, come-se a ceia que é, por assim dizer, uma antecipação à consoada. Há todas [rabanadas], arroz-doce e vinho quente açucarado”. Modernamente, estas reverências a S. Tomé são rematadas com fogo-de-artifício.
Os vinhos verdes produzidos nas terras férteis desta freguesia, donde sobressai um excelente Alvarinho, são considerados como dos melhores de toda a região. Existe em Penso uma nascente de águas sulfurosas, de notável valor terapêutico. É a chamada Fonte Santa.
A igreja paroquial, do século XVII e sem um estilo definido, merece alguma atenção. Há já alguns anos foi roubada a cruz em granito, com a imagem do Crucificado, também em pedra, num interessante trabalho de arte popular.


Igreja Paroquial de Penso

Não existem muitas referências históricas à igreja de Penso. Sabe-se que foi taxada em 62 libras na relação mandada fazer por D. Dinis quando lhe foi concedida por bula papal a concessão, por três anos, de arrecadar rendimentos para custear a guerra com a moirama (Costa, 1981).
Pelo Censual de D. Frei Baltasar Limpo de 1551-1581, Santiago de Penso estava adstrita à Terra de Valadares e anexa ‘im perpetuum’ ao mosteiro de Paderne que apresentava o pároco. O abade de Messegães ‘podia reter os frutos desta igreja de Penso’ (Costa, 1981).
Na resposta ao ‘Inquérito’ pombalino de 1758, Diogo Manuel de Sousa, pároco de Santiago de Penso confirmou que a apresentação pertencia ao Dom prior donatário do mosteiro de São Salvador do Couto de Paderne e esclareceu que tinha de rendimento ‘de frutos certos e incertos cento e trinta mil réis, pouco mais ou menos’ (Capela-IAN/TT, 2005).   
Esta igreja, integrada em meio rural, é construída em cantaria autoportante de granito, aparente, de aparelho regular, apresenta planta rectangular e cobertura a duas águas.
Na fachada abre-se porta axial com padieira encurvada à qual se sobrepõe uma janela rectangular gradeada. Remate por cimalha angular com cruz latina no vértice e pináculos nos extremos a coroar os robustos cunhais que reforçam toda a estrutura arquitectónica.
Torre em dois registos estando o último ocupado por quatro sineiras. É Rematada por cornija saliente recortada, coruchéu e pináculos sobre os cunhais. Banco corrido em bloco de granito adossado à base da torre, em toda a sua largura.

Informações extraídas de:

- CAPELA, J. Viriato (Coord.) - As Freguesias do Concelho de Melgaço nas «Memórias Paroquiais» de 1758. Alto Minho: Memória, História e Património, Ed. C. M. de Melgaço, Melgaço, 2005  

- COSTA, Avelino de Jesus da - A Comarca Eclesiástica de Valença do Minho (Antecedente da Diocese de Viana), in Separata do 1º Colóquio Galaico Minhoto, Associação Cultural Galaico-Minhota, Ponte de Lima, 1981, Vol. 1, p. 69-235.

- Dicionário Enciclopédico das Freguesias: Braga, Porto, Viana do Castelo; 1º volume, pág. 423 a 439; Coordenação de Isabel Silva; Matosinhos: MINHATERRA, 1996.

http://acer-pt.org/vmdacer/index

- http://www.cm-melgaco.pt


domingo, 28 de outubro de 2012

Postal centenário da vila de Melgaço (década de 1910)


Postal centenário que na frente ilustra a antiga porta de entrada na vila com a presença de algumas pessoas e agentes da autoridade. Esta fotografia foi tirada nos primeiros anos do regime republicano.
Este postal foi escrito em Viana do Castelo e enviado para Famalicão para a Sra. Rosa de Faria Gonçalves de parte do seu sobrinho António. O Sr. António diz-lhe à sua tia que no dia  seguinte estará em Famalicão em vésperas da sua partida para o Brasil, concretamente para o  Rio de Janeiro . 
Fiquei confuso em relação à data do postal já que,  pelo punho do Sr. António, foi escrito em 24 de Janeiro de 1924 enquanto que a data no carimbo da estação de correios mostra-nos o ano de 1914. 

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Peso, início do século XX - Postal alusivo ao "Novo" Hotel na Quinta do Peso


Postal alusivo ao Grande Hotel do Peso (Hotel Figueiroa) nos seus primeiros tempos no principio do século XX. Este é um dos mais antigos postais alusivo às termas do Peso e hotéis na zona circundante.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Rocha Peixoto: um vulto da ciência com estreitas ligações às Termas do Peso



António Rocha Peixoto

1866-1909
Naturalista, etnógrafo, arqueólogo e bibliotecário


António Augusto César Octaviano da Rocha Peixoto nasceu a 18 de Maio de 1866 no n.º 20 da antiga Rua da Silveira (actual Rua Rocha Peixoto), na Póvoa de Varzim.
O 11.º dos 12 filhos de António Luís da Rocha Peixoto, médico, cirurgião e militante miguelista, natural de Arcos de Valdevez, e de Constança Amélia da Costa Pereira Flores, de Vila do Conde, foi baptizado na Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Conceição, a 21 de Maio.
Em 1874 ficou órfão de pai, acontecimento que dificultou grandemente a sua vida, obrigando-o a trabalhar para prover o sustento da mãe e de três irmãs, ainda antes de completar a formação académica.
Em criança tinha um aspecto frágil que o ajudava a esconder um carácter dotado de grande força de vontade. Estudou no Colégio de Nossa Senhora do Rosário, no Porto, e, aos 15 anos de idade, ajudou a fundar a revista estudantil "Boletim Litterario. Revista Académica Mensal", que produziu 3 números.
Em 1883, com dezasseis anos e sob o nome de Augusto César, publicou artigos críticos sobre os Jesuítas no jornal da Póvoa de Varzim, intitulado "A Independência", em resposta a Afonso dos Santos Soares, defensor confesso da Companhia de Jesus.
No ano seguinte, já estudava no Instituto Escolar de S. Domingos (depois convertido na Escola Académica), nas proximidades da Rua da Sovela, no Porto, tendo por condiscípulos António Nobre e Alexandre Braga.
Aquando da mudança da Escola Académica para a Quinta do Pinheiro, conviveu com Hamilton de Araújo, Fonseca Cardoso e Ricardo Severo, organizadores do "Grémio Oliveira Martins".
Em 1887, na Academia Politécnica do Porto, fundou com Fonseca Cardoso, João Barreira, Ricardo Severo e Xavier Pinho a "Sociedade Carlos Ribeiro". Este grupo, ao qual se juntou Basílio Teles, António Arroio, António Nobre e Augusto Nobre, reunia-se numa casa na zona do Moinho de Vento para debater a crise nacional. Destas reuniões resultou a publicação da "Revista de Sciencias Naturaes e Sociaes", entre 1890 e 1898, dirigida por Rocha Peixoto, Ricardo Severo e Wenceslau de Lima.
Nesses tempos de estudante, Rocha Peixoto publicou artigos a folhetos sobre a degradação do Museu Municipal do Porto, colaborou em opúsculos e jornais, como "O Primeiro de Janeiro", do Porto, e "O Século", de Lisboa, e também participou em tertúlias musicais, tocando guitarra, tendo mesmo chegado a compor uma valsa intitulada "Lavandisca".
Rocha Peixoto participou na Tumulto de 31 de Janeiro de 1891, como nos conta Basílio Teles na sua obra "Do Ultimatum ao 31 de Janeiro: esboço d' historia política". Nela refere que Peixoto e Ricardo Severo, na manhã desse dia histórico, o convocaram para aparecer na Foz para o pôr a par dos acontecimentos. Os três vistoriaram o centro do Porto, para se inteirarem das movimentações das tropas fiéis ao Governo, e Rocha Peixoto escreveu um manifesto dirigido à população civil, em especial ao operariado, com o intuito de instigar a agitação social e assim perturbar a Guarda Municipal. Com a consciencialização do fracasso desta sublevação, Basílio Teles e Ricardo Severo deixaram Rocha Peixoto e centraram-se na busca de auxílio para os revoltosos.
Foi secretário da "Revista de Portugal" (1891-1892), dirigida por Eça de Queirós, organizou o "Catálogo de Mineralogia, Geologia e Paleontologia: Extracto do Annuário de 1890-91", da Academia Politécnica do Porto. Em 1893 passou a ser sócio da Academia das Ciências e desempenhou o cargo de bibliotecário no Ateneu Comercial do Porto (1893-1900).
Em 1895 começou a colaborar com a "Revista d'Hoje" e recebeu o diploma de académico da Classe de Ciências Matemáticas, Físicas e Naturais.
Pela altura da extinção do grupo "Sociedade Carlos Ribeiro" e da "Revista de Sciencias Naturaes e Sociaes" (1898), Rocha Peixoto leccionava Geografia e Ciências Físico-Naturais na Escola Industrial Infante D. Henrique, no Porto.
Em 1899 associou-se à nova revista "Portugália", de carácter nacionalista, que tomou o lugar da "Revista de Sciencias Naturaes e Sociaes". Esta publicação, dirigida por Ricardo Severo, contava com Fonseca Cardoso, como secretário, e com Rocha Peixoto, como redactor-chefe e articulista.
Em meados de 1900 foi nomeado Conservador do Museu Municipal do Porto, então instalado num edifício da Rua da Restauração, e, em 28 de Junho desse ano, acumulou esse cargo com o de Director da Biblioteca Pública Municipal do Porto, de que foi Director Interino entre 1900 e 1904 e Director Efectivo entre 1904 e 1909.
A sua relação com o Museu Municipal era anterior à sua entrada na instituição, pois, ainda estudante na Academia Politécnica do Porto, escrevera sobre o seu estado ruinoso, no título "O Museu Municipal do Porto (História Natural)" e no artigo "O Museu da Restauração" publicado n' "O Primeiro de Janeiro", em 1893. Em 1894, no mesmo jornal, sugeriu que a edilidade portuense comprasse a colecção de faiança de Guerra Junqueiro e, em 1897, integrou uma comissão de estudo da reorganização do museu e da sua instalação num novo edifício.
Durante a comissão de serviço no Museu, organizou as diversas secções do acervo desta instituição, a saber, a de Mineralogia, de Paleontologia, de Etnografia, de Arqueologia, de Artes Decorativas e de Numismática, melhorou os espólios de pintura e de azulejo e promoveu obras no edifício. Em 1902, com Joaquim de Vasconcelos, criou o "Guia do Museu Municipal do Porto", iniciou a transferência do Museu para as suas novas instalações, anexas à Biblioteca (1902-1905), e dotou-o de peças provenientes do Mosteiro de Santa Clara de Vila do Conde, iniciativa que levantou alguma polémica.
No período em que presidiu aos destinos da Biblioteca, fomentou profundas obras de restauro do edifício, a reorganização dos seus serviços e a reforma e modernização da classificação e catalogação dos livros. Criou três pequenas bibliotecas no Porto (no Bonfim, em Cedofeita e na Foz, com título modernos existentes em duplicado na B.P.M.P.), favoreceu doações às bibliotecas da Póvoa de Varzim e de Ponte de Lima e, ainda, mandou colocar nas paredes do claustro da Biblioteca Pública (antigo claustro do convento de Santo António da Cidade) azulejos quinhentistas e barrocos, oriundos de extintos conventos do Norte de Portugal (de Santa Clara e de São Bento de Ave Maria, do Porto, de Santa Clara e de S. Francisco, de Vila do Conde, de Grijó, em Vila Nova de Gaia, etc.).
No final de 1901 foi nomeado naturalista-adjunto da secção de Mineralogia da Academia Politécnica do Porto e, em 1903, foi enaltecido pelo Ministro Luís Augusto Pimentel Pinto, juntamente com os outros responsáveis da revista "Portugália".
Em 1908 passou uma temporada nas termas do Peso de Melgaço, onde fez amizade com um grupo de utentes da estância termal, entre os quais se destacavam o Dr. Teixeira de Sousa, de Chaves, o Dr. Silva Gaio, Secretário da Universidade de Coimbra, e o artista portuense António Carneiro. A esse grupo chamou "Academia".
Apesar da ligação académica, cultural e profissional ao Porto, Rocha Peixoto nunca deixou de manter um forte vínculo à sua terra natal, comprovado pelos estudos sobre o património arqueológico, histórico, e etnológico da Póvoa de Varzim. Foi responsável pelas primeiras escavações da Cividade de Terroso, do Castro de Laúndos e da vila de Martim Vaz, envolveu-se na questão da naturalidade de Eça de Queirós e empenhou-se na defesa da comunidade piscatória poveira, que influenciou, entre outros, os trabalhos de Fonseca Cardoso (estudo antropológico sobre os pescadores da Póvoa, editado na "Portugália", em 1908), de Cândido Landolt (livro sobre o Folk-Lore da Póvoa de Varzim, de 1915) e de António dos Santos Graça ("O Poveiro", de 1932). Não é, portanto, de estranhar, que tenha legado a sua biblioteca, constituída por mais de 2.000 títulos, à Biblioteca Municipal da Póvoa de Varzim.
Este notável naturalista, professor, antropólogo, etnólogo e escritor faleceu em Matosinhos, vítima de tuberculose aguda seguida de uma crise, a 2 de Maio de 1909.
Na altura da sua morte trabalhava no Porto como naturalista-adjunto da Academia Politécnica, como Director da Biblioteca Pública e do Museu Municipal do Porto e, ainda, como professor de Geografia e de Ciências Físico-Naturais da Escola Industrial Infante D. Henrique.
Do Cemitério de Agramonte, no Porto, onde foi sepultado, o seu corpo foi trasladado para o Cemitério da Póvoa de Varzim, em 16 de Maio de 1909, a pedido da Câmara Municipal poveira.

Fonte: Universidade Digital / Gestão de Informação, 2010

domingo, 21 de outubro de 2012

Histórias da RODA de Melgaço - séc. XVIII e XIX (parte VI)

O selo dos expostos

Para que o sistema assistencial funcionasse correctamente, não bastava que houvesse amas disponíveis. Seria absolutamente fundamental que estas fossem mulheres honestas, responsáveis e cuidadosas. Para incentivar a envolvência destas amas, chegou a propor-se a atribuição de prémios às que se revelassem mais zelosas, uma medida que seria inviabilizada pela falta de recursos financeiros. Em qualquer circunstância, todas as amas se deveriam comprometer a tratar os expostos «com todo ozelo e caridade», embora só excepcionalmente sob um ritual administrativo que incluiria o juramento e a elaboração de um termo de responsabilidade.
Algumas câmaras da região preocupavam-se com o estado em que se encontravam os expostos, exigindo que fossem observados pelo médico do partido ou, em alternativa, obrigando as amas a entregarem um atestado comprovativo do seu tratamento. Apesar de todas as irregularidades praticadas, alguns atestados davam conta de que os expostos estavam em “estado sofrível”, “bem tratados”, “bem gordos” ou “bem nutridos”, uma situação que também poderia ser comprovada em actos de revista. Excepcionalmente aparece a indicação de que uma determinada criança estava bem nutrida porque o filho da ama havia falecido, o que lhe permitiria ser melhor amamentada e melhor tratada.
De facto, não seria fácil a uma ama gerir a amamentação conjunta de um filho biológico e de uma criança adoptiva ou postiça, sendo muito provável que privilegiasse o filho, em detrimento da criança exposta.
Um caso considerado exemplar é o caso da ama Albina Clara de Castro, de 23 anos de idade, solteira, costureira, natural da freguesia de Chaviães, concelho de Melgaço, poderá ser apontada como um exemplo de profissionalismo e responsabilidade. Na verdade, depois de se candidatar ao exercício do cargo de ama de leite, foi-lhe entregue uma exposta, em 9 de Fevereiro de 1863. Contudo, «por deixar de ter rapidamente falta de leite», disso deu conta à administração da Roda de Melgaço, tendo-se mostrado indisponível para continuar a ser ama, salvo se voltasse a ter leite.
Em 22 de Janeiro de 1876, foi-lhe entregue o exposto Baltazar José, por se ter verificado «ter leite em abundância», uma actividade que se viu forçada a abandonar novamente, «por adoecer gravemente e o exposto defecar rapidamente», ainda a tempo de o fazer entregar a uma outra ama para que pudesse completar a sua criação. A mesma avaliação positiva foi feita em relação a uma outra ama de Melgaço, Maria da Conceição Sanches, solteira, da freguesia de Alvaredo, a qual, em 1883, foi considerada pela câmara como «das melhores amas no cumprimento dos deveres».


Informações recolhidas em:

- PONTE, Teodoro Afonso (2004) - No limiar da honra e da pobreza - A infância desvalida e abandonada no Alto Minho (1698 - 1924). Tese de doutoramento; Universidade do Minho, Braga.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Emissora Nacional noticiou Festa do Presunto de 1972 em Melgaço



No tempo do Estado Novo e das emissões radiofónicas da Emissora Nacional, eram elaborados guiões como este que agora apresento. Estes passavam pela redação e pela censura para serem aprovados ou devolvidos para correção.
Estes documentos foram digitalizados e encontram-se disponíveis no portal da RTP e são um tesouro da rádio em Portugal. Este guião foi elaborado a 27 de Abril de 1972 para o Programa "Roteiro Sentimental" para ser emitido no dia 30 de Abril seguinte. Este programa debruçava-se sobre as notícias locais e era dirigido especialmente ao público que residia fora das suas terras. 
Neste guião, podemos ler a notícia referente à Festa do Presunto que iria decorrer em Melgaço no dia 21 de Maio seguinte. 






Extraído de: www.rtp.pt

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Histórias da RODA de Melgaço - séc. XVIII e XIX (parte V)


Um exemplo de longevidade no exercício das funções de ama foi protagonizado por Maria Luisa Fernandes, casada, lavradeira, natural da vila de Melgaço. Matriculada oficialmente, em 8 de Agosto de 1860, quando tinha 37 anos de idade, esta mulher ainda exercia as funções de ama, em 1881, ao serviço do Hospício de Melgaço, tendo sido oficialmente reconhecida como uma das melhores amas do Hospício. Primeiro como ama de leite, mais tarde como ama de seco, esta mulher acompanhou de perto as mudanças institucionais que se registaram a nível distrital, quando as Rodas foram substituídas pelos Hospícios.
No momento em que o seu nome foi registado em livro próprio (por força do novo regulamento distrital que entrou em vigor a partir de 1857), esta ama já criava o exposto Manuel Maria. Contudo, após um novo parto e no dia em que lhe faleceu o filho, deixou de ser ama de seco para voltar a exercer as funções de ama de leite, substituindo a criança que estava a criar por uma outra que acabava de ser exposta. A morte desta, em 4 de Setembro de 1864, privou-a momentaneamente do respectivo salário, tendo manifestado às autoridades locais a sua disponibilidade para voltar a ser ama de seco ou de leite, depois de declarar estar novamente grávida e com parto próximo.
Em 5 de Janeiro de 1865, tomou conta do exposto António Oroeste, depois de provar que tinha leite. Este exposto sobreviveu até ao dia 22 de Agosto de 1865, logo substituído pela exposta Patronilha Maria, a qual continuou na sua posse, mesmo após ter completado os 7 anos de criação. Em 2 de Janeiro de 1873, já com 50 anos de idade, foi-lhe entregue o exposto Bento Monteiro, depois de retirado à ama anterior. Também este exposto atingiu os 7 anos de idade e ficou em seu poder, continuando a merecer a confiança da administração municipal que a considerou «apta para continuar a ser de seco quando se precisasse, por ser uma das melhores amas do Hospício». Com perto de 60 anos de idade, esta mulher ainda mantinha a sua inscrição como ama de seco, mas não dispomos de mais dados para saber se voltou a exercer esta função remunerada, que havia substituído ou complementado a anterior actividade de lavradeira.


Informações recolhidas em:

- PONTE, Teodoro Afonso (2004) - No limiar da honra e da pobreza - A infância desvalida e abandonada no Alto Minho (1698 - 1924). Tese de doutoramento; Universidade do Minho, Braga.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Praça da República e Torre de Menagem (início da década de 1920)


Praça da República no início da década de 1920. Repare-se no relógio colocado na torre em meados do século XIX. Repare-se que a torre de menagem se encontra danificada na sua parte cimeira. Repare-se na ausência total de automóveis nas imediações e como as pessoas caminhas pelo meio da rua com o maior à vontade.
Outros tempos... 

domingo, 14 de outubro de 2012

Histórias da RODA de Melgaço - séc. XVIII e XIX (parte IV)


As amas de leite e as amas de seco

Sem um limite temporal bem definido, o período de aleitação deveria prolongar-se pelo menos durante um ano, embora a sua interrupção acabasse muitas vezes por coincidir com o momento em que secava o leite das amas.
Num sistema assistencial em que não era fácil comprovar se as crianças estavam a ser ou não amamentadas, algumas das amas mais conscienciosas, a quem secava o leite, decidiam levar as crianças à Roda a Melgaço para que lhes fosse encontrada uma outra ama que desse continuidade ao período de amamentação. Pelo contrário, as menos conscienciosas procuravam ocultar tal facto para continuarem a receber os respectivos salários, uma situação que poderia nunca vir a ser conhecida, por falta de uma adequada vigilância dos médicos de partido ou porque essas crianças acabaram por falecer. Na realidade, a sobrevivência dos expostos poderia ser abruptamente interrompida quando o leite das amas era precocemente substituído por alimentos alternativos, incluindo o leite de vaca ou cabra, mais ainda quando ministrado sem os cuidados higiénico-sanitários aconselháveis.
Terminado o período de criação de leite, as crianças passavam a ser criadas por amas de seco, geralmente as mesmas que as haviam amamentado, por um período que se poderia prolongar até completarem os 7 anos de idade. Assim, enquanto umas crianças apenas conheceram uma única ama, outras acabaram por ter duas ou mais amas, independentemente de serem amas reais como fictícias, uma consequência natural do complexo jogo de estratégias que se foram desenvolvendo ao longo do processo de criação.
A mudança de ama poderia ser voluntária ou compulsiva. No primeiro caso, seriam as próprias amas a pedir a substituição, por falta de leite, incapacidade ou indisponibilidade, enquanto que a mudança compulsiva seria o resultado do conhecimento público de maus tratos praticados por amas negligentes ou por suspeitas de que fossem conhecidas dos familiares das crianças e por eles “tratadas”.
Não se revelava fácil controlar todo o universo das amas de alguns concelhos, tanto pelo seu elevado número, como pelo facto da sua distribuição ultrapassar os limites administrativos do próprio concelho. Embora alguns regulamentos previssem a realização periódica de “vistorias” às criações e comportamentos das amas, estas nem sempre se realizavam ou apenas tinham uma periodicidade trimestral, coincidindo com o acto de pagamento dos respectivos salários.
Se a identificação das amas nem sempre foi uma tarefa facilitada, mais difícil seria o controle das crianças expostas, muitas vezes substituídas por outras, como forma de garantir os pagamentos. Sem marcas identificadoras específicas, como aconteceu ao longo de quase todo o período estudado, em consequência da resistência à implementação do “selo dos expostos”, as irregularidades eram frequentes, como o procurámos demonstrar nesta investigação.
Com a falta de amas de leite, a quem haviam falecido os filhos ou terminado o período de amamentação, a alternativa passava pela entrega dos expostos a mulheres que se dispusessem a partilhar o leite dos filhos biológicos com os “filhos postiços”. Foi o que aconteceu com a Maria José de Sousa, de 44 anos de idade, solteira, tecedeira, da freguesia de Penso, do concelho de Melgaço, que, depois de lhe ter falecido o exposto que criava, manifestou vontade em continuar inscrita como ama de seco ou voltar, mais tarde, à condição de ama de leite, por se encontrar novamente grávida.
Numa outra situação, a ama Maria Joaquina da Gama, de 23 anos de idade, solteira, costureira, natural da freguesia de Alvaredo, tendo-lhe falecido o exposto Boaventura, em 9 de Dezembro de 1860, acabou por declarar não estar interessada em continuar inscrita como ama de leite, uma intenção com que a câmara se conformou, «por suas circunstâncias não serem as melhores para ama de leite, por se achar no estado de gravidez». Porém, já depois do nascimento do filho, esta ama mostrou-se novamente disponível para voltar a exercer a actividade de ama de leite, «visto já estar nas circunstâncias de prestar leite, tendo a criança 4 meses completos».



Informações recolhidas em:

- PONTE, Teodoro Afonso (2004) - No limiar da honra e da pobreza - A infância desvalida e abandonada no Alto Minho (1698 - 1924). Tese de doutoramento; Universidade do Minho, Braga.

sábado, 13 de outubro de 2012

Fotos de S. Gregório (Melgaço) em 1911

Publicou a revista “Ilustração Portugueza” na capa da sua edição de 3 de julho de 1911 uma série de fotografias que retrataram o ambiente vivido na raia minhota, sob o controlo das forças republicanas, por altura da primeira incursão monárquica a partir da Galiza, comandada por Paiva Couceiro.
Entre aquelas, deixo aqui estas fotografias tiradas em S. Gregório (Melgaço)...



S. Gregório, em Melgaço, vista a partir da Galiza


Cruzeiro em S. Gregório 


Carreiros transportando pinheiros de Melgaço a S. Gregório


Extraído de: BLOGUE DO MINHO

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

DIVULGAÇÃO - 11.11.2012 - Dia Europeu do Enoturismo em terras do Alvarinho




INICIATIVAS

Marcações até ao dia 9 de Novembro
Rota do Alvarinho






PROGRAMA


10h00 e 15h00
Visita guiada ao centro histórico

- Melgaço entrada gratuita na rede de museus
(Torre de Menagem, Museu do Cinema e Memória e Fronteira)
- Monção entrada gratuita
(Casa Museu de Monção/UM e Centro Interpretativo de Castro de São Caetano)



11h30 e 16h30
Prova de vinhos
- Melgaço e Monção Solar do Alvarinho e Paço do Alvarinho



15h00 às 17h00
Visita às adegas aderentes da Rota do AlvarinhoMarcações até ao dia 9 de Novembro

- Melgaço (Castaboa, Fontainha de Melgaço, Quintas de Melgaço, Reguengo de Melgaço e
Quinta do Soalheiro)
- Monção (PROVAM)



21h30
TEATRO - “Passvite” performance gastronómica
- Melgaço Centro de Artesanato Artes Rosa Maria (entrada livre)




Marcações até ao dia 9 de Novembro
Solar do Alvarinho - 251 410 195
Paço do Alvarinho - 251 653 215

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Postal enviado das Termas do Peso em 1948 para Queluz




Postal escrito das termas do Peso em 29 de Setembro de 1948 para o Sr. Antero Gonçalves Ribeiro de Queluz onde o remetente elogia a beleza do Peso e o convida e desafia a vir visitar Melgaço...

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Manoel José Rodrigues da Costa, presbítero de Melgaço no Brasil



Manoel da Costa foi um dos primeiros oficiais da Igreja Presbiteriana do Brasil. Nasceu no dia 21 de junho de 1846 em Beleco de Passos, Melgaço (província do Minho), em Portugal, a pequena distância da fronteira espanhola. Em novembro de 1859, aos treze anos, deixou a pátria, aportando no Brasil em janeiro de 1860. Dirigiu-se para Caldas, Minas Gerais, ali chegando no dia 7 de abril. Quatro anos depois, em março de 1864, foi residir em São Gonçalo do Sapucaí, onde se casou em 22 de abril de 1865 com Florisbela de Azevedo Costa (ele com 19 anos e ela com 13). Em 1866, mudou-se para Águas Virtuosas (Lambari), onde no ano seguinte nasceu o primogênito Guilherme.

Em 1870, mudou-se para a Serra de Santos, como empregado da São Paulo Railway. Converteu-se em 1874, através da leitura da Bíblia, sendo recebido por profissão de fé e batismo no dia 6 de dezembro daquele ano pelo Rev. George W. Chamberlain, na Igreja Presbiteriana de São Paulo. Florisbela foi recebida em 7 de março de 1875, em companhia do futuro Rev. Eduardo Carlos Pereira. No dia 21, batizaram os filhos Guilherme, Elisa e Alberto. Manoel deixou o emprego na estrada de ferro por causa do trabalho no domingo e tornou-se comerciante. Teve um armazém na rua Santa Efigênia, transferindo-o em 1879 para a rua dos Andradas.

Foi eleito diácono da Igreja de São Paulo em março de 1876, e presbítero em 3 de outubro de 1880, sendo ordenado no dia 9 de janeiro de 1881. Tornou-se assim o segundo presbítero dessa igreja histórica, organizada em 1865. O primeiro havia sido o inglês William Dreaton Pitt, ordenado em 22 de dezembro de 1867, que ingressou no ministério em 1869 e faleceu no ano seguinte. Foi somente a partir de Manoel da Costa que a Igreja de São Paulo teve com regularidade o ofício de presbítero.

Foi um presbítero exemplar, secretário do conselho por muitos anos e tesoureiro da igreja. Representou a sua igreja na organização do Sínodo da Igreja Presbiteriana do Brasil, em 1888, e em muitas reuniões de concílios. Fez parte da primeira comissão permanente do Plano de Missões Nacionais (1888) e foi o seu segundo tesoureiro (1890-1899), em substituição ao Rev. Antônio B. Trajano. Também atuou como tesoureiro do Seminário Presbiteriano. Foi um dos membros fundadores do Presbitério de São Paulo, criado pelo Sínodo e instalado no dia 14 de setembro de 1888, sendo o único presbítero ao lado dos Revs. George Chamberlain, Donald McLaren, George Landes, Emanuel Vanorden, Modesto Carvalhosa, Eduardo Carlos Pereira, João Ribeiro de Carvalho Braga e Manoel Antônio de Menezes. Foi ainda um dos principais fundadores do Hospital Samaritano (1892), atuando nos trabalhos de organização, construção, administração e sustento dessa entidade.

Manso e humilde, mas firme em suas convicções, era combativo nos concílios e na imprensa presbiteriana. No Sínodo de 1900, manifestou o seu dissentimento contra o critério geográfico adotado para a delimitação dos Presbitérios de São Paulo e Oeste de São Paulo. Duas igrejas da capital ficaram no primeiro presbitério e a outra no segundo. Manoel da Costa assim se expressou: “O abaixo assinado respeitosamente dissente da decisão do Sínodo, dividindo a cidade de S. Paulo, ficando assim a pertencer a dois Presbitérios, o que julga contrário ao espírito do Evangelho”. Essa divisão resultou das controvérsias da época, centralizadas em torno do Rev. Eduardo Carlos Pereira, pastor da Igreja de São Paulo. No culto de ação de graças pela vida do Rev. George Chamberlain, realizado no Mackenzie em 23 de agosto de 1902, Manoel da Costa falou em nome da Igreja de São Paulo.

No Sínodo de 1903, em que se dividiu o presbiterianismo brasileiro, Manoel pronunciou-se contra a maçonaria, mas também se opôs à divisão da igreja. Propôs o seguinte substitutivo a uma proposta do Rev. Álvaro Reis: “Que o Sínodo declarasse a incompatibilidade [entre a fé evangélica e a maçonaria], que recomendasse aos crentes que se não filiassem à instituição, e que fossem tolerados os crentes maçons até que Deus os esclarecesse”. Votou com a maioria, com restrições, fundamentando o seu voto que ficou nas atas do Sínodo: “O abaixo-assinado, votando sim no último parecer da comissão de papéis e consultas, não concorda, entretanto, com os seus considerandos por entender que a maçonaria é incompatível com o Evangelho”.

Apesar de não concordar com a divisão da denominação, continuou a freqüentar por algum tempo a Igreja de São Paulo, agora filiada ao movimento independente. Em 1886 havia voltado pela primeira vez a Portugal, onde procurou propagar o evangelho. Residiu por quatro meses em Melgaço, sua terra natal, e pregou várias vezes em Caminha. Fez nova visita à pátria em 1892-1893. Pouco depois do cisma presbiteriano, foi pela terceira e última vez ao seu país de origem. Voltando ao Brasil, residiu em Juiz de Fora de 1905 a 1915, mudando-se no ano seguinte para Mogi das Cruzes. Dona Florisbela faleceu aos 69 anos em 2 de janeiro de 1922.

Manoel da Costa destacou-se como um crente e presbítero piedoso, pontual e zeloso.

O respeito pelo Dia do Senhor foi uma das características da sua vida. Outro destaque foi a sua liberalidade. Por volta de 1882 fez o voto de dar ao Senhor todos os seus dízimos. Prometeu também a Deus que, se chegasse a possuir 50 contos de réis, o excedente seria aplicado para fins evangelísticos e beneficentes. Disse e fez. Ofertou em sua vida 106 mil réis (dízimos mais o excedente dos seus bens). Era o “dizimista n° 5” em sua igreja. Acima de tudo, foi um homem de oração. Alguém disse: “Quando a igreja mais precisa de oração, os primeiros joelhos que se dobram são os de Manoel da Costa; quando mais precisa de dinheiro, a primeira bolsa que se abre é a sua”. No interesse da causa de Cristo, participou de reuniões de outras denominações (metodista, batista, cristã evangélica, etc.).

Foi também um grande evangelista. Quando mais moço, dirigiu cultos de propaganda nos bairros. Foi professor da classe de adultos da sua igreja por muitos anos e dirigiu uma classe bíblica na Associação Cristã de Moços. Durante algum tempo manteve uma escola dominical em sua casa, aos domingos à tarde, na rua dos Andradas. Escreveu e publicou 18 folhetos, distribuindo-os amplamente. São eles: “Primeiro passo para a salvação”, “Uma conversa”, “Salvação de graça”, “Salva-te sem demora”, “Uma carta aos pretos libertos”, “Aos empregados no comércio e aos artistas”, “Amor e simpatia de Jesus para com os pecadores”, “A grande naturalização e a grande salvação”, “Extrato do folheto Trabalho e Economia”, “Jesus Cristo é o nosso maior amigo”, “O domingo não é nosso”, “O dízimo não é nosso”, “A oração do justo”, “Uma despedida ao povo”, “O plano de Deus para a nossa salvação”, “A cura do corpo e a cura da alma”, “Aviso aos espíritas sinceros”. O primeiro foi traduzido para o italiano (“Primo passo verso la salvazione”) e distribuído largamente entre os imigrantes em São Paulo.

Em 1921, adotou para uso diário a oração do salmista: “Faze-me conhecer, Senhor, o meu fim e o número dos meus dias qual é, para que eu saiba o que resta” (Salmo 39.4, Versão Figueiredo). Em 21 de junho de 1922, ao completar 76 anos, estando presente o filho Alberto, ajoelharam-se e agradeceram a Deus por ter-lhe concedido mais um ano de vida, com saúde e na sua graça. Usaram esta expressão: “Não peço que me prolongues a vida, mas somente os dias que forem para tua glória”. No dia 14 de julho, Deus respondeu à oração que vinha fazendo desde 1921, dando-lhe a entender que ainda teria três anos de vida. Mais tarde, concluiu que Deus lhe daria outros três anos (até 13 ou 14 de julho de 1928). Por fim, acreditou ter recebido nova prorrogação de um ano, o que se confirmou com diferença de um dia.

No dia 6 de julho de 1929, seu filho Alberto e o presbítero Luiz Del Nero foram a Mogi das Cruzes e o levaram para a casa de Alberto em São Paulo. O ancião contraiu pneumonia. No dia 11, já enfraquecido, levantou-se para que tirassem o seu retrato. Faleceu no dia 15 de julho, às 8:44 da manhã. O sepultamento ocorreu no dia seguinte. Na residência oficiaram os Revs. Otoniel Mota e Bento Ferraz; no Cemitério do Redentor, Otoniel Mota e Salomão Ferraz.

O casal Costa teve 19 filhos, quase todos falecidos na infância ou no início da idade adulta. Um deles, Guilherme da Costa, foi consagrado pastor metodista (faleceu no Rio de Janeiro em setembro de 1904, numa epidemia de varíola); Elisa foi casada com José Rodrigues da Costa, de Itapira; Ermelinda casou-se com o Rev. Simão Salem. Seu filho Alberto J. R. da Costa, que foi diácono e presbítero da Igreja de São Paulo, escreveu um opúsculo intitulado A Vida de Meu Pai. O Rev. Bento Ferraz também o homenageou com o escrito Manoel José Rodrigues da Costa – In Memoriam. O Rev. Eduardo Carlos Pereira dedicou-lhe um estudo em folheto, “A fidelidade de Deus ou trabalho e economia”, no qual exaltou o seu caráter.

Extraído de:
http://www.mackenzie.br/10195

sábado, 6 de outubro de 2012

A desativação da fortaleza de Melgaço nos séculos XIX e XX (cronologia)


  • 17 de Dezembro de 1761 - O inspector Luís da Cunha aponta a necessidade de reconstruir dois estrados no quartel dos soldados, colocar uma porta nova na barbacã. Reconstruir as portas de Baixo. Executar novas portas para as entradas a norte e sul da tenalha e recolocar a cantaria de 2 m de comprimento por 5 m de altura de parapeito. Realizar plataformas de madeira para a artilharia. Cobrir com telhas os armazéns e o quartel de infantaria em "miserável estado"; recomendava envernizar as portas novas e as janelas dos armazéns das armas e da praça e fazer uma porta interior do paiol com 6 palmos de altura e 4 de largura.
  • 1786 - O castelo estava arruinado ou praticamente destruído.
  • Entre 1789 e 1800 - Nova inspecção na praça de Melgaço, descrita como uma obra antiga com uma torre e uma muralha simples, com alguns baluartes " muito pequenos, de pouca consideração incapazes de poder jogar a artilharia" na parte exterior. Os armazéns e os quartéis estavam em ruína. A fortaleza carecia de função militar.
  • 1792 - O rei proíbe a construção dentro dos fossos e sobre qualquer obra de fortificação das praças e fortalezas da Província do Minho.
  • Fevereiro de 1797 - Inspecção da fortaleza pelo sargento-mor de engenharia M. José da Serra, que determina que se devem reparar os pavimentos e tectos assim como reconstruir portas e janelas com ferragens adequadas.
  • 15 Junho de 1808 - José Gomes Vilas Boas, sargento maior engenheiro descreve Melgaço como um pequeno recinto, que cercava parte da vila, com altas muralhas, mas que o seu terrapleno e parapeito eram tão escassos que mal se poderia manobrar a artilharia.
  • 1810 - Tendo em conta a defesa de Melgaço, construíram-se baterias em pontos vitais para a entrada do exército invasor do lado galego: uma em São Gregório, outras na estrada entre a vila e Ponte das Várzeas, outras foram projectadas mas não chegaram a ser construídas. As baterias foram executadas com parapeitos de terra servindo para soldados com armas ligeiras e para peças de artilharia.
  • 23 de Maio de 1840 - A torre de menagem é denominada Torre do Relógio. O castelo estava circunscrito por um "caminho de piquetes" tendo a este um hornaveque e a norte algumas obras baixas. No seu interior encontrava-se um quartel de campanha e um armazém reconvertido também em quartel. O recinto magistral estava em bom estado. O castelo tinha uma parte da muralha em ruínas. As portas e os quartéis necessitavam de restauro, o hornaveque estava em ruínas com casas particulares dentro e fora.
  • Meados do século XIX - Desactivação da tenalha. A muralha mantém o adarve ao qual se acedia por escadas interiores.
  • Segunda metade do século XIX - Colocação do relógio da Torre.
  • 13 de Agosto de 1856 - O Ministério da Guerra manda demolir a tenalha.
  • 1857- Segundo uma planta desta época, parte da zona militar e da sua envolvente servia para uso agrícola.
  • 1859 - Segundo um plano desta época ainda subsistia a ?couraça nova? que aparece no desenho de Duarte de Armas, embora agora tivesse uma casa adossada por fora e três edifícios por dentro.
  • 15 de Dezembro de 1861 - segundo relatório, a povoação não deveria ser sacrificada à rigidez histórica, pelo que o "recinto magistral" deveria ser demolido e os seus terrenos e materiais vendidos. Sugere que se deveria conservar como "livro histórico" a "cidadela", previamente reparada e destituída na entrada dos edifícios civís. Nesta época restava ainda um pequeno destacamento com utilização mais policial que militar.
  • 25 de Abril de 1883 - A Câmara Municipal fica a cargo das antigas fortificações da vila compreendidas entre a porta do lado sul e do lado este , assim como o reduto que defendia esta última porta. Inicio da demolição da cerca da vila.
  • 1900 - Ainda subsistia parte do muro da vila. O Ministério da Guerra vende as parcelas de terreno que ainda possuía na fortificação.
  • 4 de Abril de 1900 - Comunicação à Câmara Municipal da necessidade de demolir o que restava das muralhas porque os médicos municipais consideram-na uma das principais causas de insalubridade dos bairros circundantes.

Torre de Menagem em 1908

  • 5 de Dezembro de 1917 - Oficio do Presidente de Arte e Arqueologia perguntando à Câmara o motivo da demolição das muralhas sem considerar a resolução da Comissão dos Monumentos. A Câmara entendeu que a suspensão dos trabalhos de demolição eram contrários aos interesses do município decidindo informar a Inspecção-geral de Fortificações e Obras Militares para garantir os seus direitos.
  • 23 de Janeiro de 1918 - Despacho do Ministério da Guerra anulando a venda de lotes.
  • 26 de Junho de 1919 - A Câmara decide vender a pedra da muralha da couraça nova. Os escombros deveriam ser depositados no antigo lavadouro público. O inspector do Conselho de Arte e Arqueologia pediu informação à Câmara sobre o plano de melhoras para o castelo.
  • 5 de Maio de 1920 - A secretaria de Turismo solicita a constituição de uma comissão para a "guarda e defesa do castelo".
  • 24 de Novembro de 1920- Graças a um reforço orçamental da Secretaria do Turismo solicita-se à Câmara o envio da lista de obras a empreender e respectivos custos.
  • 25 de Fevereiro de 1925 - A Câmara delibera vender a pedra da fundação da muralha da vila.
  • 1936 - Solicitação à Guarda-fiscal para desocupar a parte inferior da torre de menagem onde guardava barris e tinha aberto uma porta na fachada lateral direita.

Extraído de: http://www.cieform.org