terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Histórias da RODA de Melgaço - séc. XVIII e XIX (parte VIII)


Muitas crianças terão morrido por serem incorrecta ou insuficientemente alimentadas. Provavelmente como reflexo de uma situação de extrema miséria, uma ama solteira, que também havia sido exposta, entregou na instituição de acolhimento em Melgaço um exposto que estava a criar, o qual se encontrava «em tal estado de magreza, como não pode explicar-se, sendo este devido á falta de alimento desde o princípio da sua criação». Era o que constava no atestado passado pelo médico municipal. Mesmo neste estado, este exposto ainda sobreviveu cerca de um mês.
Desta forma, corria o ano de 1875, a rogo da câmara de Melgaço, Maria Delfina Dias, solteira, lavradeira, de 20 anos de idade, inscreveu-se como ama para criar a exposta Maria Olímpia, a qual havia entrado na “Roda” “quase expirante”, não podendo ser amamentada por ser «aleijada da boca e não poder extrair o leite da mama». Segundo o bilhete que trazia, a menina tinha um mês de vida, já estava baptizada e «desde que nasceu ainda não mamou, tendo-se sustentado com sopas de trigo». Mesmo nesta situação, não deixa de surpreender o facto desta criança ter sobrevivido quase três meses, tendo falecido no dia 29 de Junho do mesmo ano, «por suas circunstâncias de defecção assim o permitirem, visto não poder manter-se com a falta de amamentação».

Informações recolhidas em:

- PONTE, Teodoro Afonso (2004) - No limiar da honra e da pobreza - A infância desvalida e abandonada no Alto Minho (1698 - 1924). Tese de doutoramento; Universidade do Minho, Braga.

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