domingo, 31 de março de 2013

Serão as imagens de Melgaço mais antigas em filme?



Talvez das imagens em filme mais antigas de Melgaço. Trata-se de um filme de pouco mais de 2 minutos de duração e onde boa parte das imagens estão em muito mau estado. Não se aproveita muito mas as partes do filme que estão em condições valem a pena o visionamento. Apesar disso, o filme tem muito valor pelo simples facto de, tanto quanto sei, não existir nenhum desta época ou anterior (caso esteja enganado, rectifiquem-me!).
No filme, vemos imagens da torre de menagem em primeiro plano e uma parte da panorâmica da vila. Na segunda parte do filme, vemos imagens do interior e do exterior do pavilhão principal das termas do Peso num dia muito movimentado nas ditas termas...
Ora dê uma espreitadela... apesar da má qualidade das imagens...
Filme da autoria de Raul de Caldevilla.




Fonte: Cinemateca Portuguesa

sábado, 30 de março de 2013

Miguel Torga escreveu em Castro Laboreiro (1948)


"Castro de Laboreiro, 24 de Agosto de 1948 - Estas pequenas comunidades que nos restam, Rio de Onor, Vilarinho da Furna, Laboreiro, etc., estão na última agonia. O Estado já não as pode tolerar, alheias à vida da nação, estrangeiras dentro do próprio território. Por isso manda-lhes ao coração o golpe de uma estrada e a isca da caminheta dum sardinheiro. E assim, um a um se vão apagando estes pequenos enclaves, não digo de paradisíaca felicidade, mas de humana e natural liberdade. Uma vida social assim, apenas acrescentada de ciência e cultura seria ideal. Antes de mais, o homem começou aqui por formar uma consciência cívica e fraterna, fundada em amor, e fez depois as reformas consoantes.Mas parece que se resolveu matar primeiro o homem e sua harmonia espontânea, e construir então sobre cadáveres o futuro."

(Miguel Torga, Diário IV)

quarta-feira, 27 de março de 2013

Pelo planalto de Castro Laboreiro (Melgaço) - em reportagem das Selecções do Reader's Digest





Parta de automóvel da povoação de Castro Laboreiro pela EN 202-3 e vire à sua direita quando encontrar um conjunto de placas que indicam os lugares de Rodeiro, Antões, Coriscadas e Planalto.


Percorrerá então durante cerca de 3 km um estradão em paralelo que se prolonga quase até à aldeia de Rodeiro, que não se torna necessário atingir para a realização deste percurso.

A certa altura, deparar-se-Ihe-á uma bifurcação em terra batida que aparece ao seu lado esquerdo, em A do Freire, onde deverá deixar o seu veículo. O Outono e a Primavera são as melhores estações do ano para a concretização deste percurso, que desaconselhamos em dias chuvosos, já que as cotas (1203-1230m) são propícias à formação de nevoeiros cerrados, o que muito dificulta a orientação. Nesta sequência. recomenda-se a utilização de roupa grossa e de botas para uma melhor progressão no terreno, que se encontra frequentemente repleto de tojo alto.

A partir de A do Freire, tome um caminho vicinal e inicie a subida até ao Planalto. A paisagem, quase desarborizada, apresenta-se semeada de terrenos de pastagem que servem de alimento à raça cachena, predominante nas zonas serranas minhotas pela sua resistência às agruras climáticas. Sensivelmente a meio, encontrará nova bifurcação, devendo ser tomado o caminho da esquerda, que conduz a zona de Gontim, uma cota de 1203m, avistando desde logo um dos marcos fronteiriços de granito. Recomendamos uma subida à parte mais alta, à direita, onde poderá divisar a linha fronteiriça e até, se o desejar, passar para Espanha em direcção às povoações mais próximas. O planalto de Castro Laboreiro apresenta vestígios de remotas ocupações humanas, entre as quais se destacam os dólmenes (muitos deles já semi-destruídos), de razoáveis dimensões, que se distribuem isoladamente ou agrupados, constituindo as suas mamoas (estruturas de protecção externa) aquilo que mais facilmente se divisa.

Este local vale ainda pelo seu interesse faunístico, onde destacamos os aspectos ornitológicos. Recomendamos a todos aqueles que se interessam pela observação de aves que se munam de um bom par de binóculos e da mui necessária dose de paciência, uma vez que é possível avistar espécies que encontram aqui refúgio, sobretudo rapaces, tais como o açor (Accipiter gentilis), a águia-de-asa-redonda (Buteo buteo), o peneireiro-vulgar (Falco tinnunculus), o tartaranhão-caçador (Circus pygargus) e ainda o falcão-peregrino (Fafco peregrinus).

Regresse pelo caminho que fez anteriormente, podendo agora constatar na linha do horizonte a imponência dos recortes das serras da Peneda e do Soajo. Ao descer e ao atingir a primeira bifurcação, desvie à sua esquerda, prosseguindo numa outra derivação deste caminho vicinal, onde a paisagem muda completamente. Constitui a parte mais refrescante deste passeio a pé, já que poderá observar extensos mantos de carqueja e de giesta, esta última fornecendo alguma sombra. Prosseguirá ladeado de pequenos lameiros, cuja existência se deve às muitas nascentes de água que aqui ocorrem.

O terreno tem declives pouco acentuados onde predominam os planos inclinados. Tal como noutras zonas, e apesar de uma relativa preservação, constata-se que também por estas paragens existe, por vezes, desrespeito pelo uso de materiais tradicionais na construção dos edifícios destinados ao abrigo dos gados ou a encilagem. A arquitectura das casas continua ainda a manter uma traça comum à zona, à excepção das casas dos emigrantes.

A parte final do trajecto termina no Caminho das Pedregadas, que, como a sua designação deixa adivinhar, se revela um pouco mais difícil... Chegado à estrada para Rodeiro, estará muito próximo do local onde estacionou o seu veículo.


Extraído de: http://www.seleccoes.pt/planalto-de-castro-laboreiro-melga%C3%A7o

domingo, 24 de março de 2013

Castro Laboreiro na obra do grande Orlando Ribeiro



Orlando Ribeiro, figura maior da Geografia em Portugal, visitou Castro Laboreiro e descreve-nos este bonito cenário na década de 30 do século passado nestas palavras: «Do castelo desmantelado de Castro Laboreiro (1033 metros) abrange-se vasto panorama que permite fazer ideia dos aspectos essenciais da região. Para Oeste, Norte e Este, até além da fronteira, estende-se um planalto que atinge nos cimos mais elevados 1200 a 1300 metros, é percorrido por várias ribeiras afluentes do Minho e do Lima, sendo a parte mais importante da drenagem feita pela Ribeira de Castro Laboreiro (ou Rio Laboreiro), que se lança no Lima em frente de Lindoso. Este planalto é o resto de uma superfície de erosão, conservada na parte mais elevada das montanhas galaico-durienses, bem caracterizada por formas de maturidade: cristas de granito desagregadas pela erosão, facilitada pelo fendilhado da rocha e pelos contrastes de temperatura, dentadas, em colunatas ruiniformes e caos de blocos; e, em altitudes vizinhas de 1000 metros, vales largos de fundo levemente abaulado por onde se escoam ribeiras tranquilas que correm à flor do solo. Da intensa desagregação da rocha resultam grandes acumulações de areia granítica, que dá origem a terra arável suficientemente funda e húmida, que se presta à cultura e ao desenvolvimento de prados.»

Extraído de:
Orlando Ribeiro. Brandas e inverneiras em Castro Laboreiro, 1939. Opúsculos Geográficos. IV. O Mundo Rural, 1991
Foto de 1971, Ruínas do Castelo de Castro Laboreiro

sexta-feira, 22 de março de 2013

MELGAÇO, Avenida Teófilo Braga em 1916 (Postal Antigo)

Postal circulado  de 1919 (data do carimbo dos correios) com a frente preenchida por uma fotografia, de 1916, da avenida Teófilo Braga, nome de um dos mentores da recém instaurada República. Na imagem, observam-se pessoas a "posar" para a fotografia, coisa rara nesta época. Vê-se também a fachada de um estabelecimento com o nome "A Republicana", do qual não tenho nenhuma informação. Automóveis, nem vê-los. Ainda eram coisa rara por estas paragens.
As fachadas não são assim muito diferentes das de hoje. Conservam a estrutura na actualidade, depois de um século passado... 




quarta-feira, 20 de março de 2013

Peso (Melgaço) - Passagem para Arbo (Espanha) na década de 1930 ou 1940

Nesta fotografia podemos ver as embarcações que faziam a passagem do rio Minho entre o Peso (Melgaço) e Arbo (Espanha) até meados do século XX. Não consigo precisar a data desta imagem mas penso que será algures na década de 1930 ou 1940.



domingo, 17 de março de 2013

Histórias da RODA de Melgaço - séc. XVIII e XIX (parte X)


Moralidade, Costumes e abandono de crianças

Numa região em que as actividades comunitárias e de interajuda eram frequentes, a presença e a estreita convivência entre os elementos de ambos os sexos não deixava de preocupar os moralistas e até aqueles que se manifestavam contrários à coexistência e complementaridade do trabalho com o convívio social e a produtividade. São exemplos disso as posições assumidas por Lima Bezerra, muito críticas em relação às “viciosas folgas” com que frequentemente se interrompia o trabalho rústico, além de se mostrar particularmente escandalizado com alguns costumes praticados nas desfolhadas tradicionais.
Depois de referir que cada freguesia tinha tantas desfolhadas quantas as eiras dos lavradores ou proprietários, onde apareciam os moços da lavoura mascarados para divertirem os presentes, este autor considerou tal costume como sendo altamente perturbador do normal desenvolvimento do trabalho. Além disso, não deixou de alertar para os perigos e males que poderiam advir do convívio nocturno entre as moças do campo e os rapazes mascarados.
Numa abordagem doutros costumes e tradições populares, Lima Bezerra também se insurgiu contra as romarias que proliferavam por toda esta região e que eram um pretexto para a folia e as diversões humanas. Considerava que os arraiais populares, os ajuntamentos de homens com mulheres, a que o vinho, a estação do ano, as cantigas e as danças davam tanto calor e furor, não deixariam de contribuir para a depravação dos costumes, sobretudo quando os romeiros se deslocavam juntos, de noite, pelos soutos e pelas devesas.
O resultado desta estreita convivência entre indivíduos de sexo diferente acabaria por se reflectir nos níveis de ilegitimidade que se registavam nesta região, cuja aceitação dependeria muito do contexto e das condições em que a mesma se gerava. Assim, enquanto a ilegitimidade que resultava de “fragilidades humanas” pontuais era socialmente aceite e protegida, o mesmo não se verificava nos casos de reincidência, muito menos se a mesma resultasse da prostituição, uma actividade proibida e socialmente condenada.
No primeiro caso, a sociedade e as instituições mostravam-se complacentes para com as mulheres solteiras pobres, protegendo, subsidiando e, se necessário, ocultando a criação dos seus filhos ilegítimos, com esse “pecado” a merecer uma oportunidade de reabilitação. O mesmo já não se verificava em relação às mulheres de “má vida”, interrompendo-se qualquer tolerância e compreensão social e institucional, sempre que se comprovasse a reincidência, embora as crianças acabassem por ser as principais vítimas desse sistema de filtragem social.
A câmara de Melgaço mostrou-se implacável para com a reprodução de comportamentos que deixavam de ser socialmente tolerados , como o prova o facto de, em 1872, ter admitido no Hospício uma filha de Felicidade Maria, «em virtude das suas circunstâncias». Tudo indica tratar-se de uma associação estreita entre a ilegitimidade e miséria, a partir do momento em que a autorizou a própria mãe a criar a criança, pagando-lhe um subsídio equivalente ao vencimento que era destinado às amas dos expostos. Porém, em 1878, a câmara suspendeu-lhe esses pagamentos, «em virtude dela continuar em caminho irregular, entregando-se ao deboxe, além de ter outro filho».
A mesma administração, um ano depois de ter concedido um subsídio para a criação de uma filha de Maria Luisa Puga, solteira, decidiu retirar-lhe esse vencimento e dar-lhe baixa «por continuar a mãe em mancebia, grávida e sem emenda». Na mesma altura, mandou «lançar fora do Hospício» um filho de Maria Rosa Lamas, solteira, de Paderne, «porque a mãe apareceu grávida, continuando a viver vida debochada e viciosa, não querendo a câmara concorrer para este procedimento». Numa situação bem mais complexa, registada no ano de 1888, a câmara não encontrou outra alternativa a não ser a atribuição de um subsídio para pagar a criação de uma criança a quem lhe havia falecido o pai e cuja mãe a desamparara. Esta, ainda em vida do marido, já esquecia os «deveres de fidelidade conjugal e o amor maternal».

Extraído de: 
- PONTE, Teodoro Afonso (2004) - No limiar da honra e da pobreza - A infância desvalida e abandonada no Alto Minho (1698 - 1924). Tese de doutoramento; Universidade do Minho, Braga.

sexta-feira, 15 de março de 2013

À descoberta da memória raiana - MELGAÇO nas Selecções do Reader's Digest


Viaje pelo coração do Alto Minho, percorrendo caminhos sinuosos que o levam a terras esquecidas pelo tempo, com muita história para contar...



Nesta natureza granítica, rude, quase inóspita, reinou desde sempre a punção dura da interioridade, que submeteu os naturais a uma lógica de resistência. A insuficiência dos recursos disponibilizados pelo meio gerou respostas de fuga, a emigração, ou ilícitas, como o contrabando. Uma economia de escassez, familiar, mantida por um conservadorismo enraizado, marcou e continua a marcar o devir desta zona, que ainda se ressente da sangria de gentes que afluem à grande cidade.
Abale de Monção para Melgaço pela EN 202. Esta digressão conduz-nos ao mais setentrional de todos os concelhos portugueses. A terra é montanhosa, pontilhada de íngremes penedias onde se fazem sentir os rigores de um clima inclemente. Eis-nos no coração do Alto Minho, em espaço que empresta as suas águas às duas grandes bacias hidrográficas da região, a do Minho, engrossada graças ao rio Mouro, e a do Lima, fortalecida pelo caudal do rio Laboreiro. Mas falar do Alto Minho é também falar da religiosidade popular, actual e de antanho. De antanho, porque lança as suas raízes no tempo da nossa primeira dinastia. Depois de alcançada a vila de Melgaço, e transcorrido o rio Minho, surge a enternecedora Capela de Nossa Senhora da Orada. De realização primorosa, devido sobretudo ao patronato do Mosteiro de Fiães, concentrou em si a devoção das gentes locais, que aí buscavam protecção para os lavores da terra, o que explica o nome que ainda mantém.
Rumemos agora a nordeste pela EN 301, em direcção à freguesia de Cristoval. Povoação fronteiriça que continua a viver sob o peso da interioridade, S. Gregório, apesar de tudo, reflecte forte afectividade para com os seus vizinhos galegos, responsáveis pela sobrevivência do seu comércio retalhista. Se actualmente a abolição de fronteiras permite a livre circulação de pessoas e bens, noutros tempos a contingência do "salto" para Espanha primeiro e para França depois era acto de coragem usual, concretizado por quem não tinha já nada a perder... O outro rosto da moeda materializava-se no contrabando, expediente que atenuava as agruras da vida quotidiana.
Todavia, e para que o leitor possa deixar-se tocar pela rudeza dos cenários, tome-se, a partir de S. Gregório, Castro Laboreiro como destino próximo. Arranquemos então: ainda em S. Gregório, e antes da Alfândega, alcance uma via municipal alcatroada, embora algo estreita, a requerer condução atenta. Volvido cerca de 1 km, encontra-se o cemitério local. Aí, vire à sua esquerda: descoberto um cruzeiro, dobre novamente à esquerda. Prosseguindo, deparar-se-lhe-á uma placa de madeira com a indicação "Castro Laboreiro". Depois de percorrer um trecho de piso alcatroado em condição aceitável, surgir-lhe-á um estradão de terra batida transitável (a evitar em tempo pluvioso ou com nevoeiro) com cerca de 2,5 km no seu total. Daqui em diante, acompanhará o rio Trancoso, que ao longo de 10 km define a fronteira luso-espanhola, estatuto que remonta ao século XII. O soberbo enquadramento natural merece bem uma pausa.
Decorrido este agradável interregno, continue até ao primeiro entroncamento, onde volverá à esquerda, para assim tomar a EN 202-3 no sentido de Castro Laboreiro. Uma vez neste povoado medievo, localizado a 950 m de altitude, poderá sentir o pulsar de uma comunidade serrana de feição assaz peculiar e costumes arreigados. O castro-laborense é por essência um homem singelo que fez da montanha um modo de vida, traduzido numa organização socioeconómica de cariz familiar. A família representa a célula primeira da subsistência e é em seu redor que se estrutura toda uma trama de referentes simbólicos, a justificar atitudes e comportamentos que se afiguram arcaicos aos olhos do visitante. A persistência de endogamias, um linguajar autóctone, um traje feminino característico, conferiram a Castro Laboreiro uma ambiência de rusticidade pura, mantida pelos ditames do isolamento. A confirmar o apego à tradição, ao forasteiro é permitido aperceber-se das deambulações impostas pelo exercício da actividade pastoril, concretizada na paisagem áspera por pequenas aglomerações de casas ocupadas sazonalmente, que se reduzem à mais simples expressão - as brandas e as inverneiras. Castro Laboreiro é também o nome de uma das mais antigas raças caninas de Portugal, sobejamente reconhecida pela sua robustez.
O castelo é ponto de visita obrigatória, não só pela sua carga histórica, como também pela magnífica vista sobre o vale, que os seus 1033 m de cota lhe permitem alcançar. O trajecto aí conducente exige, no entanto, alguma atenção devido às irregularidades do terreno; aos mais destemidos recomenda-se a Porta do Sapo.
Volte a Melgaço pela EN 202-3, na direcção de Lamas de Mouro, porta de acesso ao Parque Nacional da Peneda-Gerês neste concelho. A cerca de 10 km de Melgaço, acha-se Cubalhão (EN 202), onde se salientam os terraços de cultivo encimados por pequenos núcleos habitacionais.
Melgaço ostenta ainda um centro histórico que é prova do papel cimeiro desempenhado pela vila no período de afirmação da identidade nacional. Porém, as origens da localidade mergulham num horizonte cronológico que antecede em muito a Fundação: o próprio castelo foi edificado sobre um antigo oppidum romano. Admire a torre de menagem, única sobrevivente de um conjunto de três que outrora integrava o complexo fortificado (a torre de menagem e parte apreciável da cerca são obra datável entre os reinados de D. Afonso III e de D. Dinis).
Terminada a visita ao castelo, encaminhe-se para a Alameda da Inês Negra, podendo aí acompanhar parte da muralha. Esta artéria toma o nome de uma heroína do século XIV, cuja mitografia perpetuou um episódio crucial das lutas da Independência ao tempo de D. João I, quando Melgaço foi resgatada à Coroa de Castela.
Na periferia da vila, recomendamos a visita a três locais de grande interesse patrimonial: o Mosteiro de Fiães, a igreja monástica de Paderne e as Termas do Peso. O Mosteiro de Fiães, de filiação cisterciense, apresenta-se excepcionalmente bem conservado. Na frontaria, luz uma vistosa pedra de armas. De Fiães provém igualmente o mais afamado presunto da região, curado sem sal. Na freguesia de S. Salvador de Paderne, 3 km a sudoeste de Melgaço, visite a igreja paroquial com o mesmo nome, belo exemplo do românico tardio do Alto Minho. 
O aproveitamento das águas mineromedicinais, iniciado em 1885, suscitou a construção da Estância Termal do Peso, com funcionamento regular desde 1910. Passeie-se pelos jardins e visite o interior do edifício, jóia do termalismo português.


Extraído de:
- http://www.seleccoes.pt/%C3%A0_descoberta_da_mem%C3%B3ria_raiana

quarta-feira, 13 de março de 2013

A Casa das Teixeiras


Casa “mandada construir por João Pires Teixeira (filho de D. Teresa Pires Teixeira, falecida na vila em 25 de Fevereiro de 1901, e irmão de António Pires Teixeira).
O edifício seria posteriormente vendido a Miguel Henriques Gonçalves Pereira e de 1983 a 1984 teve obras de beneficiação” (Domingues e Silva, 1989).
Prédio urbano, construído em alvenaria autoportante de granito, com três pisos: dois pisos à face da rua, com cantaria de granito aparente e um piso recuado, o último, com cunhais pilastrados e panos azulejados, protegido por balaustrada de granito sobre cornija (do piso inferior) sobejamente recortada, saliente e com beiral (telha de meia-cana).
O piso térreo, adaptado para a função comercial, apresenta uma montra ladeada por duas portas.
No piso intermédio, destinado a habitação, alinha-se um conjunto de três janelas, com padieiras levemente encurvadas e rematas por cornija saliente, ligadas por varanda corrida gradeada.
O piso recuado é rematado por platibanda em balaustrada sobre cornija.
Frontaria simétrica com corpo central destacado pelos elementos compósitos do piso intermédio, nomeadamente pela bolsa convexa da varanda e pelo arco pleno da cornija que, por sua vez, aloja uma representação heráldica com simbologia maçónica atendendo a que “João Pires Teixeira, foi maçónico no Brasil e era sobejamente conhecido como tal em Melgaço” (Domingues e Silva, 1989).

Informações recolhidas em:
- DOMINGUES, Maria de Jesus Domingues e SILVA, Armando Barreiros Malheiro da - Heráldica Melgacence. Associativa, de Domínio e Eclesiástica, in ‘Cadernos da Câmara Municipal de Melgaço’, n.º 5, Ed. C. M. de Melgaço, Melgaço, 1989
- http://acer-pt.org/vmdacer/index.php?option=com_content&task=view&id=145&Itemid=65 (Antero Leite, 2007)

domingo, 10 de março de 2013

Convento de Paderne (Melgaço) em 1914 - Postal Antigo



Postal antigo que nos mostra uma gravura colorida do convento de Paderne e área envolvente há 100 anos atrás.  A data de envio é de 1914 e não é de muito fácil percepção no postal. Depois de algum esforço, lá consegui identificar o ano no carimbo dos correios. 
Como tudo está diferente...


sexta-feira, 8 de março de 2013

Castro Laboreiro em 1903


Umas das fotografias de Melgaço mais antigas que conheço. Datada de 1903, mostra-nos um carro de vacas ladeadas por algumas castrejas vestidas a preceito com os trajes típicos desta região serrana. Como plano de fundo vemos uma casa de granito tipicamente castreja com a sua cobertura de colmo

São as memórias das nossas gentes...


quarta-feira, 6 de março de 2013

A Capela de S. Benedito (vila de Melgaço)


Esta capela aparece situada na Calçada, na vila de Melgaço, em frente ao cruzamento formado pelos caminhos para Fiães e para Eiró, de Rouças e ainda pela velha estrada romana para Puente Barjas. Ergue-se à beira da estrada nacional, separado da mesma por passeio, adaptado ao declive do terreno, e flanqueado por muro de alvenaria de pedra, capeado a cantaria, delimitador de propriedade, e junto ao qual existe portão de acesso, entre dois pilares de cantaria. Paralelo à fachada lateral esquerda existe latada de vinha e junto à posterior árvores de grande porte.
Respeitante à fundação desta capela, temos que recuar a 3 Março de 1800, dia do nascimento de D. Maria Benedita Júlia Gomes de Abreu, filha de D. Constância Teresa de Araújo Lima e de Tomás Gomes de Abreu, numas casas próximas onde se ergue o actual nicho ou Capelinha de São Benedito. D. Maria Benedita, grande devota de São Benedito, por muito tempo, teve um tosco oratório de madeira seguro por ganchos de ferro entre as duas varandas da fachada norte da casa, expondo assim a imagem à veneração dos fiéis.
Em 12 Setembro de 1876 é a data do falecimento de D. Maria Bendita, após o qual, a imagem e o oratório de São Benedito passou para o seu herdeiro e sobrinho José Cândido Gomes de Abreu. Em 1882, José Cândido Gomes de Abreu manda construir ao lado da casa, no recanto norte, a nascente de um dos seus campos, junto à nova estrada real, uma pequenina capela, com altar em vidro. Em 1894, José Cândido manda retocar e reencarnar a imagem de São Benedito. Já no século XX, por morte do fundador da capela, ela ficou a pertencer ao Dr. Alfredo Cândido Pinto Alves, bacharel formado em Direito pela Universidade de Coimbra, e a residir em Vila do Conde, em finais da década de 40. Pouco depois, alienou-a.
Trata-se de um edifício com planta longitudinal simples, com cobertura homogénea em telhado de duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, a principal com embasamento de cantaria e cunhais apilastrados, coroados por urnas sobre plintos paralelepipédicos, de faces almofadadas, e terminadas em friso e cornija, sobreposta por beirada simples. Fachada principal virada a este, terminada em empena coroada por cruz latina de cantaria, de braços quadrangulares simples, sobre acrotério. É rasgada por portal abatido de moldura, encimada por lápide de mármore inscrita. Possui fachadas laterais e posterior cegas. O seu interior apresenta as paredes rebocadas e pintadas e branco e cobertura em falsa abóbada de berço, de estuque, e pavimento em lajes de cantaria. Na parede testeira, possui embutido nicho de cantaria, de perfil curvo, interiormente em cantaria e albergando imaginária, protegida por porta envidraçada, envolvido por moldura convexa, entre duas pilastras almofadadas, assentes em plintos de almofadas de ângulos curvos, que suportam cornija de ângulo bastante apontado. Sob o nicho existe mesa de altar rectangular, sobre falsa mísula.


Texto extraído de:
- www.monumentos.pt (Paula Noé, 2009)

domingo, 3 de março de 2013

Bilhete de autocarro de 1912 da primeira empresa de camionagem de Melgaço



O bilhete de autocarro aqui representado pertencia à primeira empresa de camionagem de Melgaço criada em 1912, propriedade do Sr. Cícero Cândido Solheiro.
De facto, em Maio desse mesmo ano, Iniciou-se o transporte de passageiros entre Melgaço-Valença e vice-versa por ‘auto-ónibus’. Tal serviço era assegurado pela empresa de Cícero Cândido Solheiro, utilizando uma ‘Berliet’ de 22HP com lotação para 20 de passageiros e capacidade para 600 quilos de bagagens. Segundo o Sr. Óscar Marinho, de Melgaço, esta carreira de transporte de passageiros foi, mesmo, a primeira do País . Em 23 de Agosto de 1913, é inaugurado no Peso o animatógrafo «Salão de Melgaço» também explorado por Cícero Cândido Solheiro. Cada entrada custava 50 centavos e dava direito ao transporte de ida e volta da Vila na carreira (a «Auto Melgaço») que aquele empreendedor havia inaugurado no ano anterior.

Informações extraídas de:
http://acer-pt.org/vmdacer/index.php?option=com_content&task=view&id=602&Itemid=94 (Antero Leite e Susana Ferraz, 2007).