terça-feira, 11 de março de 2014

Cantiga popular castreja (1882)

Castro Laboreiro, em 1902

Recordamos aqui uma cantiga da tradição oral castreja e recolhida em 1882 em Castro Laboreiro por José Leite de Vasconcelos e publicada no Romanceiro Português da Tradição Oral Moderna. Em 2003, foi recordada na edição nº 4 de Março de 2003 do jornal "Porto dos Cavaleiros".

A cantiga tem os seguintes dizeres:



Oléiendinha tem desejos de ir à casa de seu pai.

— Se não tens outros desejos, toma o caminho e vai.
Teu marido foi à caça, três dias há-de tardar,
e da caça que ele trouxer eu algo te hei-de guardar.

— P’ra onde foi Oléiendinha que me não fe’lo jantar.
Olindinha, ó meu filho, teremos de a matar,
Porque a mim chamou-me p*ta e a ti filho de meu pai.
Oléiendinha não se mata, castigo se l’há-de dar,
e apronte-me esse cavalo que a quero ir buscar.
Eram três horas batidas, estava lá a chegar.

— Paridinha de três dias, p’ra onde a queres levar?

— Ou parida ou por parir a cavalo a vou botar.
Anda mais, ó Olindinha, anda mais àquele lugar,
ali não faltam galinhas nem capões p’ra t’eu matar.

— Não preciso das tuas galinhas nem também dos teus capões
Manda-me chamar o padre, que me quero confessar.

— Ó menino de três dias, se me puderes falar…
se me puderas  dizer onde tua mãe foi parar!

— Minha mãe, não tenha pena, que p’ró céu vai caminhando,

E a perra da minha avó p’ró Inferno vai chorando.


Extraído de: Romanceiro Português da Tradição Oral Moderna. (Re)Publicada no jornal "Porto dos Cavaleiros", nº 4, Março de 2003.

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