terça-feira, 10 de junho de 2014

Cubalhão (Melgaço), por volta de 1904 - Cantiga popular da tradição oral

Recanto de Cubalhão (Melgaço)
(Foto de Elcorty)

Trata-se de uma cantiga popular recolhida em Cubalhão (Melgaço) por volta de 1904. Numa das suas visitas à nossa terra, o investigador José Leite de Vasconcelos, de passagem por Cubalhão ouviu esta cantiga da boca de umas mulheres e registou-a no seu caderno de apontamentos:

"Una belha qu’eu arrinjei,
Q’ até já usava touca,
Era das pernas caneja
E tinha um tanto de mouca.
Credo, cruzes, canhota!
Era o que me faltaba!
Casar-me c’una tabaqueira,
Que nim pa rapé ganhaba.
Eu sô binho, tu ês auga,
Ó pê de mim, tu que ês?
Já tês oubisto dijer
Que ninguém xiquêr l’imbarra nos pês.
É ditado bem antigo,
Sempre tenho oubisto dijer:
-- A fazenda qu’anda d’arrasto
Já pouco balor pode ter."

Extraído de: VASCONCELLOS, José Leite de (1928) - Linguagem Popular de Castro Laboreiro.  in Opúsculos, Vol. II – Dialectologia (parte I),Imprensa da Universidade, Coimbra.

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