sábado, 30 de setembro de 2017

Santuário da Senhora da Peneda em imagens video fantásticas


Veja imagens deslumbrantes em video de um dos locais mais lindos de todo o Portugal, o Santuário da Nossa Senhora da Peneda, na Gavieira (A. De Valdevez). A crença na Nossa Senhora da Peneda tem muitos séculos e baseia-se numa lenda muito antiga…




Segundo Frei Agostinho de Santa Maria, no livro "Santuário Mariano", no concelho do Soajo, entre o lugar de São Salvador da Gavieira e o de Castro, fica uma montanha altíssima de penedos muito grandes, à vista soltos e mal arrumados, tendo entre eles três que entre si formam uma lapa, e tendo em cima deles outro atravessado, de tamanha grandeza que é visto à distância de uma légua. Nesse sítio apareceu a milagrosa imagem da Senhora da Peneda ou das Neves, a 5 de agosto de 1220, mais ou menos, tempo em que se pode chegar àquele sítio, devido às neves que o cobrem a maior parte do ano. Quando entre as penedias uma pastora pastoreava algumas cabras, apareceu-lhe a Senhora, ao que dizem em forma de uma pomba branca voando ao seu redor, e manda-a dizer aos habitantes do seu lugar da Gavieira para ali lhe edificarem uma ermida. A pastora contou aos seus pais o pedido, mas esses não lhe dão crédito. Noutro dia, voltando a pastorinha com as suas cabras àquelas paragens, volta a aparecer-lhe a mesma Senhora numa lapa, e diz-lhe: "filha, já que não querem dar crédito ao que eu mando, vai ao lugar de Rouças (da mesma freguesia de Gavieira), onde está uma mulher entrevada há dezoito anos, e diz aos moradores do lugar que a tragam à minha presença para que ela cobre perfeita saúde". Assim fez a pastorinha e quando a mulher, chamada Domingas Gregório, chega à presença da imagem sagrada, logo ficou livre de todos os achaques que padecia, louvando a Virgem pelo benefício recebido. Frei Agostinho diz que a imagem é tão pequenina, não passando de um palmo de altura, que não foi obra dos homens, mas formada pelos anjos para acudir a remediar aos pecadores. Refere ainda que todos os que presenciaram o milagre de Domingas Gregório ficaram entusiasmados e trataram de construir a capela. Como porém o sítio da lapa onde apareceu a imagem era difícil para a construção, resolvem construí-la mais abaixo. Contudo, a imagem voltava sempre ao lugar primitivo, decidindo-se assim construir ali a ermida. O Pe. Carvalho da Costa, na Corografia Portuguesa, alude a uma tradição diferente. Segundo ele, entre ásperas serras, ao pé de uma altíssima e precipitada penha, foi achada há muitos anos, numa lapa, Nossa Senhora da Peneda, por um criminoso, natural de Ponte de Lima. Este, acoçado da justiça, passava miseravelmente a vida entre aqueles solitários bosques, servindo-lhes de companhia as feras, mas recorrendo a Deus com suas penitências de grande arrependimento, a Senhora consente que ele fosse o primeiro a vê-la depois de tantos anos estar ocula. A imagem, com o corpo tendo menos de um palmo, é de cor morena e tem o Menino Jesus no braço, sendo imagem milagrosa e de grande romagem todos os anos desde 5 de agosto até o dia de São Lourenço (10 agosto). Independentemente das tradições da aparição da Virgem na Peneda, o culto de Nossa Senhora das Neves foi oficializado na comarca de Valença pela Constituição Sinodal, de 1472, e o foral de D. Manuel ao Soajo, de 7 de outubro de 1514, confirma que os moradores daquela vila apascentavam os seus gados na branda da Peneda. Em 1775 já ali haveria uma pequena povoação, visto proceder-se a uma busca às casas dos moradores, para averiguar se tinham furtado tabuados do santuário. 

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

MELGAÇO: um concelho abandonado à sua sorte (1880)



Em 1880, o concelho de Melgaço e a sua Câmara Municipal enfrentavam uma grave crise financeira e a terra parecia abandonada pelo poder central à sua sorte. Isso é o que podemos concluir das palavras do deputado Luiz José Dias no Parlamento na sessão de 9 de Abril desse ano.
Nas atas, podemos ler a intervenção do deputado fazendo um análise da situação precária que Melgaço enfrentava de forma a obter autorização do Governo para que a Câmara pudesse aumentar as receitas provenientes do imposto do sal e poder gastar essa receita para fazer frente às gritantes necessidades do concelho.
Ouviu-se no Parlamento o deputado Luiz José Dias: “A Câmara Municipal do concelho de Melgaço luta com uma grande crise financeira, proveniente dos muitos e pesados encargos que a oneram, pois que, não tendo aquela região do país sido contemplada pelo Tesouro Público, e tendo ela contribuído em larga proporção para os cofres do estado, sem que daí lhe tenham advindo os benéficos melhoramentos, que para outras localidades tem, por vezes, sido proporcionados com mão larga e profusa, e tendo de fazer face a todas as despesas, unicamente à sua custa, sem subvenções de qualidade alguma, tem taxado e tributado todas as fontes de receita direta e indiretamente, exaurindo-as até um limite, além do qual será grande erro económico e financeiro transpor.
O sistema de centralização administrativa, que infelizmente nos tem governado, não se tem esquecido de Melgaço para aumentar os proventos das arcas do Tesouro, menos para obviar ao lastimoso estado de viação publica em que aquele mal afortunado concelho se encontra.
Ao passo que uma grande parte dos concelhos do resto do país se acham atravessados, não só pelas vias de comunicação acelerada, mas ainda por magníficas estradas de todas as ordens, Melgaço acha-se ainda na primitiva, sem meios de trânsito que lhe facilitem, ou ao menos facultem, o transporte de seus produtos. Este facto tem dado lugar à emigração em subida cifra, e, portanto, à restricção da matéria colectável predial, quase única base aproveitável de imposto nas regiões do norte do reino.
A verba do último lançamento da contribuição direta atinge uma percentagem assás elevada sobre todas as contribuições do estado, e mais rendimentos coletáveis.
Estas e outras considerações, que a vossa reconhecida ilustração me dispensa de apresentar, obrigam a Câmara de Melgaço a recorrer aos vossos acrisolados sentimentos de justiça e patriotismo, a fim de que lhe concedais a ampliação da lei de 14 de Maio de 1872, que a autorizou a lançar um insignificante imposto sobre o sal, a todos os casos de despeza legal. Este ato de justiça em nada prejudica o resto do país, porque a lei concede a esta Câmara o despender esse imposto somente num limitado número de capítulos, e ela pede a ampliação desses capítulos sem restricão além da que provier das outras leis existentes.
Pelo que tenho a honra de submeter à vossa reta e esclarecida apreciação o seguinte:
PROJETO DE LEI
Artigo 1.° É a Câmara de Melgaço autorizada a gastar em todas e quaisquer despesas obrigatórias a receita proveniente do imposto do sal, criado por lei de 14 de Maio de 1872.
§ unico. Pode da mesma forma dispor de qualquer fundo atualmente existente, e que tenha aquela proveniência.
Art. 2.° Fica deste modo ampliada a referida lei de 14 de Maio de 1872, e revogada a legislação em contrário.”


A proposta de lei foi admittida e aprovada.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Assim nasceu o Hospital da Caridade de Melgaço

Edifício do antigo Hospital da Caridade
(Foto em http://iasousa.blogs.sapo.pt)

O sonho da construção de um Hospital da Caridade em Melgaço remonta a meados do século XIX. Foi uma ideia lançada pelo Provedor Frei António Joaquim de Santa Isabel Monteiro em 1860 mas que demorou alguns anos a germinar. De facto, apenas em 1872 é que a Santa Casa da Misericórdia de Melgaço consegue obter um terreno com vista à edificação do mesmo. O mesmo foi doado pelo Ministério da Guerra e situava-se dentro da antiga fortificação na zona da chamada obra córnea, junto à então Rua Nova da vila. A dita doação foi levada ao Parlamento, proposta e defendida por Antonio Correia Caldeira, deputado pelo circulo n.º 2, Monção e Melgaço, no debate parlamentar de 14 de Março de 1872. Nas atas dessa sessão parlamentar, podemos compreender a forma e os argumentos usados pelo deputado para convencer a câmara:
“Senhores, há muitos anos que na villa de Melgaço se tem feito sentir a necessidade de um hospital de caridade, onde os desgraçados possam encontrar um abrigo quando, acommetidos pelas enfermidades, lhes seja impossivel continuar sua vida laboriosa. A irmandade da Misericordia desta villa, compenetrada de tais sentimentos e também convencida de que o exercício da caridade, a maior e a mais augusta das virtudes evangélicas, constitui o principal fim da sua instituição, deliberou erigir na dita vila um hospital de caridade, dependente da mesma irmandade, para o que já obteve a necessaria autorização do governador civil do distrito, a qual lhe foi concedida por alvará de 28 de Novembro de 1860.
Para a construção de tão útil estabelecimento, e atendendo aos escassos recursos destinados à mesma, a mesa da Santa Casa da Misericórdia da vila e Praça de Melgaço solicitou e obteve do governo a concessão da pedra de uma parte da antiga e arruinada muralha do castello daquella vila, que lhe foi concedida por Portaria de 6 de Agosto de 1863.
Têm decorrido alguns anos, durante os quais a referida irmandade, coadjuvada por uma comissão expressamente nomeada para promover a realização de tão útil melhoramento, tem para este fim empregado os maiores esforços, chegando a conseguir das irmandades e confrarias do concelho, a aplicação de parte dos seus rendimentos para a sustentação do projectado hospital, e ajuntar alguns meios, ainda que poucos, para acorrer às despezas de construção.
Ouvidos os facultativos do concelho acerca do local mais apropriado para levantar o respectivo edificio, e ouvida também a opinião de mais dois facultativos, bem como a opinião do conselho de distrito, assentou-se que a construcção do hospital de que se trata deveria efectuar-se no terreno pertencente ao ministério da guerra, onde existiu a antiga obra córnea da Praça, a qual confronta ao norte e nascente com terras do Francisco Joaquim Lobato, do poente com o quintal de Joaquim Maria de Magalhães e casa em construção do médico João Luiz de Sousa Palhares, e do sul com a Rua Nova da villa, medindo de superficie 1 381,8 m2.
Atendendo, pois, a que a importância militar de Melgaço é tão diminuta, que pouco se pode esperar que, de futuro se empreendam nas suas fortificações melhoramentos, a respeito dos quais possa vir a dar-se inconveniente em ter cedido o terreno pedido; atendendo igualmente a que o rendimento que o Estado deixará de receber, concedendo-se o aludido terreno para o fim indicado, é realmente tão limitado que não vale a pena, só para o não perder, em obstar a que se realize o louvável empenho da mencionada irmandade, tenho a honra de submeter à vossa apreciação o seguinte projeto de lei:
Artigo 1.° É o governo autorizado a conceder à mesa da Santa Casa da Misericórdia da Vila e Praça de Melgaço, 1 381,8 m2 do terreno em que assentava a antiga obra córnea da dita Praça, para ali ser edificado um hospital de caridade.
Artigo 2.° A indicada extensão de terreno será única e exclusivamente destinada para o fim mencionado no artigo antecedente, devendo reverter ao Estado se no prazo de cinco anos, contados da publicação deesta lei, as obras não estiverem de tal modo adiantadas, que não reste dúvida sobre a sua verdadeira aplicação.
Artigo 3.° Fica revogada a legislação em contrário.

Sala das sessões da camara dos deputados, 14 de Março de 1872. Antonio Correia Caldeira, deputado pelo circulo n.º 2, Monsão e Melgaço.
Foi admitido e enviado à respetiva comissão.”

Em Fevereiro de 1876, seria lançada a primeira pedra deste Hospital da Caridade de Melgaço, muito impulsionada pelo notável José Cândido Gomes d'Abreu...

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Melgaço no documentário "Portugal de Norte a Sul - O Minho" (1956)


Este é um vídeo promocional da região do Minho realizado em 1956 por F. Evaristo. Podemos ver algumas imagens de Melgaço, nomeadamente de Castro Laboreiro, do Mosteiro de Paderne e da fachada da igreja de Santa Maria da Porta, na vila de Melgaço.
Mostram-nos também aspectos da paisagem minhota na época, “especialmente Ponte da Barca, Ponte de Lima, Braga, Guimarães e Viana do Castelo. Festas do São João em Braga, das Rosas em Vila Franca do Lima e da Agonia em Viana do Castelo”.
F. Evaristo - Realizador
Portugal, 1956
Género: Documentário
Duração: 00:33:35, 24 fps
Formato: 16mm, Cor, com som
AR: 1:1,37

Fonte: Cinemateca Portuguesa.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Castro Laboreiro: Terra Maravilhosa



Porque é que deve votar em Castro Laboreiro no concurso "7 Maravilhas de Portugal", na categoria de Aldeias Remotas?
Descubra por si. Ficará definitivamente convencido...
Ligue 760 10 70 07.