sexta-feira, 27 de abril de 2018

A Ponte Internacional Melgaço/Arbo: um sonho realizado muitas décadas depois




A Ponte Internacional que liga Melgaço ao municipio galego de Arbo foi inaugurada em 1998 pelo presidente da Câmara Municipal de Melgaço, Rui Solheiro, e pelo Presidente da Xunta de Galícia, Manuel Fraga Iribarne. Era um desejo muito antigo, com várias décadas, dos municípios de Melgaço e dos concelhos galegos da outra margem pelas óbvias vantagens em termos de acessibilidades para os dois lados da fronteira. Essa enorme vontade de concretizar a dita ponte fica demonstrada numa notícia num jornal galego 35 anos antes da sua inauguração. De facto, no periódico galego “La Noche”, na sua edição de 29 de Maio de 1963, podemos ler uma notícia que nos fala desse projeto. Todavia, demorou mais de três décadas para se concretizar…
Na notícia, pode ler-se:

“Se proyecta construir un puente internacional en Arbo

PEUNTEAREAS. - Por la prensa primero y por boca del Alcalde de Arbo, despúes, sabemos que se han hecho gestiones com las autoridades portuguesa, para la construcción de un puente internacional que una a Melgazo com Arbo.
Hemos visto el lugar donde se pretende construir el puente y lo consideramos el mas indicado a lo largo de la frontera, por la estrechez de la garganta del rio, por las condiciones naturales del terreno y, sobre todo, por la proximidad de las carreteras que mueren a la orilla del Miño, una en lado español y outra e.. el lado portugués.
Si se llegara a realizar la construcción del puente internacional en Arbo, nuestra comarca - los municipios de La Cañiza, Creciente, Covelo, Mondariz, Mondariz Balneareo, Las Nieves y Puenteareas - serian grendemente beneficiados, pues ello evitaria un largo desplazamiento a Tuy para el pase de la frontera y originaria una corriente turística del Norte de Portugal a nuestra tierra.
Pero, de todos los municipios ntes citados, el nuestro y el de La Cañiza serian los más beneficiados ya que la gran corriente turística que, a través del puente internacional de Arbo, viniera a España, forzosamente tendria que pasar por una de las localidades, ya que dirijan al Norte o al Sur en la Ruta Vigo-Madrid. Nuestro buen amigo, al dinámico alcalde de Arbo, está dispuesto a trabajar sin desmayo hasta conseguir el puente internacional: y sabemos que para el próximo mês de junio tiene anunciada la visita, a la vecina localidad de Melgazo, el Ministro de las Obras Públicas de Portugal; y se espera que para Agosto se consiga que venga el español com el fin de estudiar, sobre el terreno, las possibilidades de la construcción del puente.
Pero no debe estar sólo el Alcalde de Arbo en esta hora de la hucha por el puente internacional. Deben secundar su gestión todos los Ayuntamientos de los municipios que antes citamos; es más, creemos que las gestiones que hayan de realizarse en los organismos oficiales de la capital de España, deben efectuarse conjuntamente por los siete Ayuntamientos y desplazarse a Madrid y a Lisboa una comisión integrada por los siete alcaldes, para interesar de los señores Ministros de Obras Públicas una pronta intervención y un rápido estudio de las posibilidades de la construcción del puente internacional de Arbo, llevando también un amplio estudio de los enormes beneficios que reportaria la construcción de dicho puente a tan extensa comarca."

(Clique para ampliar)


Fonte: Jornal "La Noche", edição de 23 de Maio de 1963.

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Melgacenses que combateram na Primeira Grande Guerra - Os Expedicionários da freguesia de Paderne



No artigo de hoje, o blogue presta homenagem aos valentes soldados naturais de Paderne, deste concelho de Melgaço, que combateram nas trincheiras de França na 1ª Grande Guerra. Dos mais de 70 homens que partiram de Melgaço para a guerra em 1917, 14 eram naturais desta freguesia de Paderne. Destes homens, 3 deles faleceram na guerra (António Alberto Dias, do lugar da Verdelha; Raul Gomes, do lugar de Queirão e José Afonso, do lugar de Fontes). 
Um outro soldado, António José Rodrigues, foi feito prisioneiro de guerra durante a Batalha de La Lys a 9 de Abril de 1918. Durante meses, nada se soube dele permanecendo como um dos milhares de soldados portugueses que tinham desaparecido durante os combates. Apenas em Novembro de 1918, se soube que estava num campo de prisioneiros na Alemanha, tendo sido libertado após o fim da guerra...
Estes foram os padernenses que combateram na 1º Grande Guerra. Honra a estes heróis!

Eles foram:
1 - António Alberto Dias, Soldado do Batalhão de Infantaria nº 3 (Viana do Castelo), 4.ª Companhia do Corpo Expedicionário Português (2ª Divisão). Nasceu às sete horas da tarde do dia 11 de Janeiro de 1892, no lugar da Verdelha, freguesia de São Salvador de Paderne, filho de José Bernardino Dias e de Maria do Carmo Alves. À época da sua partida para a guerra, encontrava-se casado com Áurea Rebelo desde 7 de Setembro de 1914 e era morador na freguesia de São Paio, concelho de Melgaço. Embarcou para França integrado no Corpo Expedicionário Português a 22 de Abril de 1917, onde pertenceu à 4.ª Brigada de Infantaria (Brigada do Minho).
Já em França, em cenário de guerra, foi punido no dia 16 de Setembro de 1917 pelo Comandante da Companhia “com 10 dias de detenção por não apresentar a bolacha de ração de reserva que lhe havia sido distribuída com a recomendação expressa de não a comer sem autorização, recomendação esta que lhe foi feita por um oficial antes da marcha para as trincheiras da 2ª Brigada de Infantaria e na ocasião da distribuição”.
Faleceu na primeira linha de trincheiras em resultado de ferimentos em combate em 9 de Outubro de 1917. Os seus restos mortais foram sepultados no Cemitério de Le Tourette, coval nº 78. Posteriormente, foram trasladados para o Cemitério Militar Português de Richebourg l`Avoué, Talhão D, Fila 13, Coval 25.


Sepultura de António Alberto Dias
no Cemitério Militar Português de Richebourg l`Avoué (França)

2 - Raul Gomes, soldado do Batalhão de Infantaria nº 3 (Viana do Castelo), 4.ª Companhia do Corpo Expedicionário Português (2ª Divisão). Nasceu às onze horas da noite do dia 27 de Agosto de 1894 no lugar de Queirão, freguesia de São Salvador de Paderne, filho de Manuel Joaquim Gomes e de Luciana Rosa Rodrigues. À data da sua partida para a guerra, encontrava-se solteiro era morador na freguesia de Paderne.
Embarcou em Lisboa, no Cais de Alcântara, com destino a França, integrado no Corpo Expedicionário Português a 15 de Abril de 1917, onde pertenceu à Brigada do Minho.
Já em França, em cenário de guerra, foi promovido a 2º Cabo em 27 de Agosto desse ano de 1917. A sua permanência no teatro de operações foi curta. Em 9 de Outubro desse mesmo ano, foi ferido em combate tendo baixado à ambulância nº 3. Faleceu nesse mesmo dia, vítima desses ferimentos, sendo o seu corpo sepultado no cemitério de Vielle Chapelle, coval C13. Posteriormente, os seus restos mortais foram trasladados para o Cemitério Militar Português de Richebourg l`Avoué, Talhão A, Fila 13, Coval 3.


Sepultura de Raul Gomes
no Cemitério Militar Português de Richebourg l`Avoué

3 - Manuel António Gonçalves, Soldado do Batalhão de Infantaria nº 3 (Viana do Castelo), 4ª Brigada do Corpo Expedicionário Português (2ª Divisão). Nasceu às duas horas da tarde do dia 30 de Março de 1892 no lugar de Crastos, freguesia de São Salvador de Paderne, filho de António Joaquim Gonçalves, sapateiro (natural da freguesia de Salamonde, concelho de Vieira do Minho) e de Angelina Augusta Meixeiro (natural de Paderne). Era neto paterno de Umbelina Rosa Gonçalves, solteira, e materno de João Maria Meixeiro e Emília da Graça Puga.  À época da partida para a guerra, encontrava-se solteiro e morava no lugar de Crastos, freguesia de Paderne. Embarcou para França integrado no Corpo Expedicionário Português a 15 de Abril de 1917.  Já em França, por ordem superior da 4ª Brigada de Infantaria, foi integrado no Quartel General da Base -  Depósito de Materiais de Bagagens, em 6 de Novembro de 1917. Foi punido em 6 de Fevereiro de 1918 “pelo Chefe da Secção de Fardamento com 8 dias de detenção por não responder à chamada para o trabalho na oficina de sapateiro ontem pelas 14 horas”. Foi novamente punido no dia 14 de Fevereiro de 1918 “pelo Snr. Chefe da Secção com 8 (oito) dias de detenção por não dedicar na Oficina de Sapateiro toda a sua aptidão…”. Em 19 de Fevereiro de 1918, ainda se encontrava na secção de fardamentos. Em 11 de Dezembro de 1918, seguiu para as Escolas do Corpo Expedicionário Português “afim de ali prestar serviço da sua especialidade”.
Sobreviveu à guerra e embarcou em Cherbourg (França) em 16 de Maio de 1919, juntamente com o Quartel General 2 com destino a Portugal. Desembarcou em Lisboa, no Cais de Alcântara, em 19 de Maio. Após a guerra, casou, em 19 de Janeiro de 1921, com Rosa Joaquina Durães, natural de S. Paio. Viria a falecer em 19 de Fevereiro de 1975, na freguesia de S. Paio (Melgaço).

4 - José Cerqueira Afonso, Soldado do Batalhão de Infantaria nº 3 (Viana do Castelo), 4.ª Companhia do Corpo Expedicionário Português (2ª Divisão). Nasceu às cinco horas da manhã dia 14 de Março de 1892 no lugar de Fontes, lugar da freguesia de São Salvador de Paderne, filho de Inácio José Afonso e de Maria Cerqueira, ambos lavradores e moradores no lugar antes citado. Era neto paterno de Maria Joaquina Afonso, solteira, e neto materno de Manuel Joaquim Cerqueira e Maria Rosa Afonso. À época da sua partida para a guerra, era casado com Capitolina Afonso e era morador em Paderne. Embarcou para França integrado no Corpo Expedicionário Português a 22 de Abril de 1917, onde pertenceu à Brigada do Minho.
Foi punido no dia 16 de Setembro de 1917 pelo Comandante da Companhia “com 10 dias de detenção por não apresentar a bolacha da ração de reserva que lhe havia sido distribuída com a recomendação expressa de a não comer sem autorização, recomendação esta que lhe foi feita por um oficial antes da marcha para as trincheiras da 2ª Brigada de Infantaria e na ocasião da sua distribuição”. Foi novamente punido no dia 17 de Setembro de 1917 pelo Comandante da Companhia “com 6 dias de detenção por ter faltado à 3ª refeição de 16 (dia anterior) sem motivo justificado, apresentando-se meia hora depois”. Combateu na Batalha de La Lys em 9 de Abril de 1918. Inicialmente, foi dado como desaparecido em combate na dita batalha mas posteriormente verificou-se que tinha falecido. Provavelmente, o seu corpo apareceu só mais tarde. Os seus restos mortais encontram-se sepultados em França, no Cemitério de Richebourg l`Avoué, Talhão C, Fila 10, Coval 10.


Sepultura de José Cerqueira Afonso
no Cemitério Militar Português de Richebourg l`Avoué


5 - Manuel Ferreira, Soldado do Batalhão de Infantaria nº 3 (Viana do Castelo), 4.ª Companhia do Corpo Expedicionário Português (2ª Divisão). Nasceu às quatro horas da manhã do dia 24 de Maio de 1893 no lugar de Queirão, freguesia de São Salvador de Paderne, filho de pai incógnito e de Rosa Ferreira. Era neto materno de António Manuel Ferreira e Marcelina Pires. À época da sua partida para a guerra, encontrava-se solteiro e era morador no lugar de Queirão, na dita freguesia de Paderne.
Embarcou para França integrado no Corpo Expedicionário Português a 16 de Maio de 1917, onde pertenceu à Brigada do Minho.
Do seu percurso militar na guerra, não se conhece praticamente nada. O seu Boletim Individual encontra-se praticamente “em branco”. Apenas se sabe que sobreviveu à guerra e desembarcou em Lisboa em 9 de Junho de 1919.
Viria a falecer em 24 de Janeiro de 1968 na cidade de Lisboa.

6 - António José Rodrigues, Soldado do Batalhão de Infantaria nº 3 (Viana do Castelo), 4.ª Companhia do Corpo Expedicionário Português (2ª Divisão). Nasceu em data desconhecida, filho de José Manuel Rodrigues e Carolina Rosa Rodrigues, natural da freguesia de Paderne. À época da sua partida para a guerra, encontrava-se solteiro. Embarcou para França em 15 de Abril de 1917 integrado no Corpo Expedicionário Português, portador da chapa de identificação nº 49 526. Sobreviveu à guerra. Combateu na Batalha de La Lys de onde foi dado como desaparecido em combate. No final da guerra, em Novembro de 1918 e por comunicação da Comissão de Prisioneiros de Guerra, soube-se que tinha sido feito prisioneiro pelos alemães durante a dita batalha e levado para o Campo de Prisioneiros de Münster II (Alemanha). O soldado António José Rodrigues embarcou no navio inglês "Northwest Miller" em 31 de Janeiro de 1919 e desembarcou em Lisboa de 4 de Fevereiro de 1919.        

7 - António Xavier Nunes, Soldado do Batalhão de Infantaria nº 29 (Braga), 4.ª Companhia do Corpo Expedicionário Português (2ª Divisão). Nasceu às quatro da manhã do dia 2 de Maio de 1897 no lugar da Várzea, na freguesia de Paderne, filho de António Nunes, Guarda Fiscal, e Rosa Besteiro, lavradeira. À época da sua partida para a guerra, encontrava-se solteiro e era morador no dito lugar a Várzea, freguesia de Paderne. Embarcou para França em 22 de Abril de 1917 integrado no Corpo Expedicionário Português, portador da chapa de identificação nº 47 193, onde pertenceu à célebre Brigada do Minho. A sua estadia em cenário de guerra foi bastante curta e de apenas alguns meses. Em sessão de Junta Médica de 13 de Agosto de 1917, foi julgado incapaz de todo o serviço. Em face de tal decisão, foi repatriado tendo embarcado em Cherbourg (França)  a bordo do cruzador auxiliar “Pedro Nunes” em 9 de Novembro de 1917, tendo desembarcado em Lisboa, no Cais de Alcântara, em 12 de Novembro.
Viria a falecer no dia 16 de Janeiro de 1955, na freguesia de Miragaia, concelho do Porto.

8 - Manuel Rodrigues, 2º Sargento do Batalhão de Infantaria nº 3 (Viana do Castelo), 4.ª Companhia do Corpo Expedicionário Português (2ª Divisão). Nasceu às dez da manhã do dia 10 de Setembro de 1896 no lugar da Longarinha, na freguesia de Paderne, filho de José Rodrigues e Custódio Esteves. À época da sua partida para a guerra, encontrava-se casado com Maria Adelaide da Costa desde 11 de Setembro de 1911 e era morador em Valença do Minho. Embarcou para França em 15 de Março de 1917 integrado no Corpo Expedicionário Português, portador da chapa de identificação nº 49 019, onde pertenceu à célebre Brigada do Minho. Conhecemos muito pouco do seu percurso durante a guerra. Sabemos que esteve de licença durante 30 dias por ordem de serviço do Quartel General do Corpo Expedicionário de 10 de Julho de 1918 “findos os quais deve ser presente a nova junta médica”. Consta no seu Boletim Individual que foi “abatido ao efetivo do batalhão em 25 de Agosto de 1918”.
Sobreviveu à guerra e embarcou em Cherbourg (França) com destino a Portugal, tendo desembarcado em Lisboa, no Cais de Alcântara, em 4 de Fevereiro de 1919.

9 - Faustino Esteves, Soldado do Batalhão de Infantaria nº 3 (Viana do Castelo), 4.ª Companhia do Corpo Expedicionário Português (2ª Divisão). Nasceu às quatro da manhã do dia 29 de Julho de 1893 no lugar da Portela, na freguesia de Paderne, filho de José Joaquim Esteves e Claudina de Castro Araújo, proprietários. À época da sua partida para a guerra, encontrava-se casado com Rosa da Glória Fernandes desde 2 de Junho de 1913 e era morador na freguesia de Paderne, concelho de Melgaço. Embarcou no Cais de Alcântara, Lisboa, com destino a França em 15 de Abril de 1917 integrado no Corpo Expedicionário Português, portador da chapa de identificação nº 49 437, onde pertenceu à célebre Brigada do Minho. Conhecemos muito pouco do seu percurso durante a guerra. Foi colocado em 20 de Agosto de 1917 no 2º Grupo de Companhias de Pioneiros. Entretanto, em data desconhecida é promovido a 1º Cabo, posto que detinha em 4 de Setembro de 1917. Em Abril de 1918, ainda se encontrava na mencionada unidade, tendo combatido na Batalha de La Lys (9 de Abril) fazendo parte do referido 2º Grupo de Pioneiros.
Sobreviveu à guerra e embarcou em Cherbourg (França) com destino a Portugal, tendo desembarcado em Lisboa, no Cais de Alcântara, em 20 de Março de 1919.
Viria a falecer em 4 de Dezembro de 1957, na freguesia de Paderne, concelho de Melgaço.

10 - Dinis da Silva, Soldado do Batalhão de Infantaria nº 3 (Viana do Castelo), 4.ª Companhia do Corpo Expedicionário Português (2ª Divisão). Nasceu às dez horas da noite do dia 16 de Março de 1892 no lugar da Várzea, na freguesia de Paderne, filho de Ladislau Augusto da Silva e Maria de Jesus Besteiro, lavradores. À época da sua partida para a guerra, encontrava-se solteiro e era morador na freguesia de Paderne, concelho de Melgaço. Embarcou no Cais de Alcântara, Lisboa, com destino a França em 15 de Abril de 1917 integrado no Corpo Expedicionário Português, portador da chapa de identificação nº 49 468, onde pertenceu à célebre Brigada do Minho. O seu percurso durante a guerra é abundante em atos de indisciplina, frequente entre os soldados portugueses nesta guerra e respetivas punições. Foi punido em 19 de Julho de 1917 “pelo Exmo. Comandante do Batalhão com 1 (um) dia de Prisão Disciplinar por ter faltado a uma formatura…”. Foi igualmente punido em 12 de Agosto “pelo Comandante da Companhia com 8 dias de detenção por ter saído da forma sem autorização quando a companhia se dirigia para local  de instrução de noite e ter recolhido ao quartel da sua companhia…”. Uma terceira punição foi-lhe aplicada em 26 de Outubro de 1917 “pelo Comandante da Companhia com 8 (oito) dias de detenção por ter sido incorreto na maneira como se dirigiu ao 1º sargento da companhia quando este o advertia por uma falta…”. Foi-lhe aplicada uma outra punição em 15 de Março de 1918 “pelo Comandante da Companhia com 10 dias de detenção porque, tendo-se ausentado ontem do alojamento da companhia, faltou à formatura que às 18 horas teve lugar afim desta companhia de entrar como reforço do sub-setor…”. Foi ainda punido em 29 de Agosto de 1918 “pelo Comandante do Batalhão com 10 dias de detenção por ter faltado aos trabalhos deste dia sem motivo justificado”. Por motivo que não aparece descortinado no seu Boletim Individual, o soldado Dinis da Silva, em 5 de Junho de 1919, seguiu da Prisão da sua Base para o Porto de Embarque de Cherbourg (França) afim de ali aguardar julgamento. Sabemos ainda que baixou à ambulância 3 em 8 de Junho de 1919, tendo tido alta no dia 15, seguindo para o Depósito Disciplinar 1.
Sobreviveu à guerra e embarcou em Cherbourg (França) com destino a Portugal, juntamente com os soldados do Depósito Disciplinar 1, em 5 de Julho de 1919, tendo desembarcado em Lisboa, no Cais de Alcântara, em 8 de Julho de 1919.
Após regressar da guerra, casou com Isménia Rosa Afonso no dia 24 de Maio de 1921. Viria a falecer em 29 de Julho de 1970, na freguesia de Paderne, neste concelho de Melgaço.

11 - Aldemiro Magno Gomes, Soldado do Batalhão de Infantaria nº 3 (Viana do Castelo), 4.ª Companhia do Corpo Expedicionário Português (2ª Divisão). Nasceu às quatro horas da tarde do dia 1 de Setembro de 1892 no lugar da Várzea, na freguesia de Paderne, filho de Constantino José Gomes, guarda fiscal, e Maria de Sousa e Castro. À época da sua partida para a guerra, encontrava-se casado com Berta Alves desde 29 de maio de 1916 e era morador na freguesia de Paderne, concelho de Melgaço. Embarcou no Cais de Alcântara, Lisboa, com destino a França em 15 de Abril de 1917 integrado no Corpo Expedicionário Português, portador da chapa de identificação nº 49 852, onde pertenceu à célebre Brigada do Minho.
A sua permanência no cenário de guerra foi realtivamente curta. Foi colocado na 1ª Companhia em 18 de Outubro de 1917. Contudo, em sessão de junta médica de 22 de Julho de 1918, foi julgado incapaz de todo o serviço e salienta-se que o soldado não tem condições para “angariar meios de subsistência”.
Sobreviveu à guerra e embarcou em Cherbourg (França) com destino a Portugal, tendo desembarcado em Lisboa, no Cais de Alcântara, em 28 de Outubro de 1918.
Viria a falecer em 14 de Dezembro de 1969, na freguesia de Paderne, neste concelho de Melgaço.

12 - Bernardo Esteves, Soldado do Batalhão de Infantaria nº 3 (Viana do Castelo), 4.ª Companhia do Corpo Expedicionário Português (2ª Divisão). Nasceu às oito horas da noite do dia 11 de Março de 1895 no lugar da Golães, na freguesia de Paderne, filho de José Luís Esteves e Maria do Carmo Rodrigues, lavradores. À época da sua partida para a guerra, encontrava-se solteiro e era morador na freguesia de Paderne, concelho de Melgaço. Embarcou no Cais de Alcântara, Lisboa, com destino a França em 22 de Abril de 1917 integrado no Corpo Expedicionário Português, portador da chapa de identificação nº 49 846, onde pertenceu à célebre Brigada do Minho.
A sua permanência em cenário de guerra não foi muito longa. Ficou ferido num desastre ocorrido em serviço no dia 10 de Agosto de 1917, dia em que baixou ao Hospital de Sangue nº 1, sendo no mesmo dia evacuado para o Hospital Geral britânico nº 3. Recebe alta e volta à Base em 2 de Setembro do mesmo ano. Baixa ao hospital 32 em 1 de Outubro, sendo evacuado no mesmo dia para o Hospital 54. Baixa de novo à ambulância nº 3 em 9 de Janeiro de 1918, sendo evacuado para o Hospital de Sangue nº 1 no dia 10. Deu entrada nos hospitais da Base em 11 de Janeiro de 1918, sendo evacuado para o Depósito de Convalescentes.
Em sessão de junta médica de 4 de Fevereiro de 1918, reunida na ambulância 3, foi julgado incapaz de todo o serviço, tendo seguido para o Porto de Embarque de Cherbourg (França) em 11 de Março, onde embarca com destino a Portugal. Sobreviveu à guerra, tendo desembarcado em Lisboa, no Cais de Alcântara, em 18 de Março de 1918.

13 - José Maria Gomes, Soldado Servente do Regimento de Artilharia nº 5, 3º Grupo de Baterias de Artilharia (6ª Bateria). Nasceu às onze horas da noite do dia 24 de Outubro de 1892 no lugar do Cabo, na freguesia de Paderne, filho de António caetano Gomes e Maria do Rosário Esteves, lavradores. À época da sua partida para a guerra, encontrava-se solteiro e era morador na freguesia de Paderne, concelho de Melgaço. Embarcou no Cais de Alcântara, Lisboa, com destino a França em 25 de Julho de 1917 integrado no Corpo Expedicionário Português, portador da chapa de identificação nº 70 854.
Sabemos muito pouco sobre o percurso deste soldado durante o conflito. Já no cenário de guerra em França, foi transferido para o 3º Grupo de Baterias de Artilharia em 23 de Agosto de 1917. Contudo, foi condecorado com a Medalha de Expedição a França em 27 de Fevereiro de 1919.
Sobreviveu à guerra e embarcou em Cherbourg (França) com destino a Portugal, juntamente com a 4ª Bateria do 3º Grupo de Baterias de Artilharia, em 28 de Março de 1919, tendo desembarcado em Lisboa, no Cais de Alcântara, em 31 de Março de 1919.
Após voltar da guerra, casou com Teresa de Jesus Alves em 8 de Abril de 1931. Viria a falecer em 13 de Maio de 1975, na freguesia de Paderne, neste concelho de Melgaço.

14 - Manuel de Jesus, Soldado do 1º Esquadrão de Cavalaria - Escola de Equitação. Nasceu em data desconhecida no lugar da Várzea, na freguesia de Paderne, filho de Manuel de Jesus, alfaiate, e de Claudina Rosa Souza, doméstica. À época da sua partida para a guerra, encontrava-se solteiro e era morador na freguesia de Paderne, concelho de Melgaço. Embarcou no Cais de Alcântara, Lisboa, com destino a França em 2 de Julho de 1917 integrado no Corpo Expedicionário Português, portador da chapa de identificação nº 67 361.
Sabemos pouco sobre o percurso deste soldado durante o conflito. Sabe-se que foi punido em 10 de Fevereiro de 1919 “pelo Sr. Comandante do 1º Esquadrão com cinco (5) dias de detenção porque estando de guarda à cavalariça e de quanto originou pela falta de vigilância que um cavalo se ferisse…”.
Em junta médica de 20 de Abril de 1918, o soldado Manuel de Jesus foi julgado incapaz de todo o serviço. Por essa razão, seguiu para o Porto de Embarque de Cherbourg (França) afim de ser repatriado em 6 de Agosto desse ano.
Sobreviveu à guerra e embarcou em Cherbourg (França) com destino a Portugal, tendo desembarcado em Lisboa, no Cais de Alcântara, em 25 de Agosto de 1918.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

Melgacenses que combateram na Primeira Grande Guerra - Os Expedicionários da freguesia da Vila (Melgaço)


Há cerca de 100 anos, 72 melgacenses partiram para França para participarem no conflito mais horrendo que a História já tinha conhecido.
O blogue “Melgaço, entre o Minho e a Serra” homenageia nestes dias a coragem destes homens melgacenses que combateram numa guerra para a qual não estavam preparados. Desse contingente de soldados da nossa terra, 10 deles nasceram na freguesia de Santa Maria da Porta, atualmente designada de Vila. Entre os soldados desta freguesia, apenas António José Cardoso Ferreira Pinto da Cunha morreu na guerra, concretamente na célebre batalha de La Lys, a 9 de Abril de 1918, nunca se tendo encontrado os seus restos mortais. Outros dois soldados da vila de Melgaço foram feitos prisioneiros de guerra nessa batalha. Foram eles os combatentes Mário Afonso, nascido na Quinta de S. Julião, e António dos Reis, natural da Rua Direita, que estiveram em campos de prisioneiros na Alemanha até ao fim da guerra em Novembro de 1918.
Saibam quem foram os homens naturais desta vila de Melgaço que combateram nas trincheiras de França…

1 - António José Cardoso Ferreira Pinto da Cunha, segundo-sargento do Regimento de Obuses de Campanha, unidade sediada em Castelo Branco. Nasceu às 7 horas e meia do dia 28 de Julho de 1892, na Rua Direita, vila e freguesia Santa Maria da Porta, concelho de Melgaço, filho de António José Ferreira Pinto da Cunha, juiz desta comarca, e de Carlota Amália Cardoso. À época da sua partida para a guerra, encontrava-se solteiro e era morador na vila de Arcos de Valdevez. Embarcou para França integrado no Corpo Expedicionário Português a 20 de Agosto de 1917, onde pertenceu ao 6.º Grupo de Baterias de Metralhadoras (4ª Bateria). Combateu na Batalha de La Lys. Inicialmente dado como desaparecido em combate. Contudo, ao contrário de outros desaparecidos em combate melgacenses na batalha, o segundo sargento não constava entre os prisioneiros de guerra feitos pelos alemães. Mais tarde, foi dado como morto em combate na Batalha de La Lys a 9 de Abril de 1918. Desconhece-se o paradeiro dos seus restos mortais.

2 - Mário Afonso, soldado do Regimento de Artilharia nº 5 (2º Grupo de Baterias de Artilharia). Nasceu às duas horas e meia da manhã do dia 28 de Julho de 1891, filho de António Luiz Afonso e Tereza de Jesus, natural da Quinta de S. Julião, freguesia de Santa Maria da Porta, concelho de Melgaço. À época da sua partida para a guerra, era casado com Mariana Afonso desde 7 de Outubro de 1916 e residia na freguesia de Chaviães (Melgaço). Embarcou para França em 20 Agosto de 1917 integrado no Corpo Expedicionário Português, portador da chapa de identificação nº 28 641, tendo desembarcado no Porto de Brest em 25 de Agosto. Já em cenário de guerra, foi colocado no 2º Grupo de Baterias de Artilharia, 3ª Bateria, em 23 de Janeiro de 1918.  Combateu na célebre Batalha de La Lys (9 de Abril de 1918), onde foi dado como desaparecido em combate. Apenas em Novembro de 1918, por comunicação da Comissão de Prisioneiros de Guerra, se soube que tinha sido feito prisioneiro pelos alemães durante a batalha e levado para o Campo de Prisioneiros de Dulmen, situado na região da Westefalia (Alemanha). Sobreviveu à guerra. Depois da guerra ter terminado, foi libertado. Posteriormente, o soldado Mário Afonso foi punido pelo Comandante do Corpo Expedicionário Portugal no dia 31 de Dezembro de 1918, com 10 dias de detenção disciplinar porque “em 3 de Janeiro do presente ano acendeu uma vela no balcão que ocupava em Blessy (localidade a cerca de 70 Km a oeste da cidade de Lille) a qual caindo sobre uma porção de palha que ali se encontrava, originando um incêndio que produziu estragos na importância de 7971,88 francos que o Estado teve que pagar…”.
O soldado Mário Afonso embarcou no navio inglês "Northwestern Miller" em 31 de Janeiro de 1919 e desembarcou em Lisboa de 4 de Fevereiro de 1919. Viria a falecer às 20 horas do dia 28 de Dezembro de 1963.

Cartão de inventariação do soldado Mario Afonso
(Campo de Prisioneiros de Hameln - Alemanha)


3 - António dos Reis, Soldado do Batalhão de Infantaria nº 3 (Viana do Castelo), 4.ª Companhia do Corpo Expedicionário Português (2ª Divisão). Nasceu às nove horas da manhã do dia 25 de Junho 1892, filho de João Batista Reis e Laureana Joaquina Esteves, natural da Rua Direita, freguesia de Santa Maria da Porta (atualmente designada por freguesia da vila). À época da sua partida para a guerra, encontrava-se solteiro e era residente na vila de Melgaço. Embarcou para França em 15 de Abril de 1917 integrado no Corpo Expedicionário Português, portador da chapa de identificação nº 49 563. Já no cenário de guerra, sabemos que baixou ao Hospital nº 51 em 17 de Maio de 1917, tendo alta no dia 13 de Junho. Foi punido em 19 de Agosto do mesmo ano pelo Comandante da Companhia com 8 dias de detenção “porque tendo em 18 do corrente respondido à chamada para a formatura da instrução de noite, se ausentou dela sem autorização recolhendo ao seu alojamento…”. Ainda nesse ano de 1917, voltou a infringir as regras do Regulamento Disciplinar e recebeu nova punição em 19 de Dezembro por parte do Comandante da Companhia. Desta vez, foi punido com 10 dias de detenção por “ter saído da 1ª linha de trincheiras, onde prestava serviço, sem autorização e ainda porque sendo interrogado sobre quem o autorizou a vir à 2ª linha, informou falsamente citando o nome ao Comandante exposto o que se averiguou ser falso…”.
O soldado António dos Reis combateu na Batalha de La Lys tendo sido dado como desaparecido em combate na batalha em 9 de Abril de 1918. Meses mais tarde, soube-se, através da Comissão dos Prisioneiros de Guerra, que tinha sido feito prisioneiro pelos alemães durante as hostilidades e levado para o Campo de Prisioneiros de Friedrichsfeld (Alemanha). Sabe-se que em 2 de Fevereiro de 1919, se encontrava integrado no Batalhão de Infantaria nº 12. Posteriormente, o soldado António dos Reis fez a viagem até ao Porto de Embarque em Cherbourg (França) onde embarcou no navio inglês "Orita" em 13 de Fevereiro e desembarcou em Lisboa de 16 de Fevereiro de 1919. Viria a falecer em 6 de Maio de 1958, na vila de Melgaço.

Cartão de inventariação do soldado Mario Afonso
(Campo de Prisioneiros de Hameln - Alemanha)
4 - Adriano do Paço, Soldado do Batalhão de Infantaria nº 3 (Viana do Castelo), 4.ª Brigada do Corpo Expedicionário Português (2ª Divisão). Nasceu às seis horas da tarde do dia 16 de Fevereiro do ano de 1894, filho de Lourenço do Paço e de Albina Cândida Moreira, na Rua de Mello, na vila de Melgaço. À época da sua partida para a guerra, encontrava-se solteiro e era morador na vila de Melgaço.
Embarcou para França integrado no Corpo Expedicionário Português a 15 de Abril de 1917, onde pertenceu à Brigada do Minho. Já em França, sabemos que foi colocado do Depósito de Material de Bagagens, na Base de Retaguarda, em 6 de Novembro de 1917 “afim de fazer serviço nas oficinas anexas à secção de fardamento”. Foi punido em 15 de Abril de 1918 pelo Diretor  do Depósito de Fardamentos e Bagagens, "com 6 dias de detenção por ter faltado à formatura do recolher do dia 14, apresentando-se às 6 horas do dia seguinte…”. Baixou ao Hospital nº 30 em 29 de Abril de 1918, tendo alta em 4 de Maio. Foi punido em 21 de Junho desse ano pelo Diretor do Depósito de Fardamento “com 6 dias de detenção tendo em atenção o seu comportamento anterior porque estando nomeado para serviço  de ronda no dia 17 do corrente, apresentando-se 10 minutos mais tarde depois da hora determinada…”. Posteriormente, baixou ao Hospital Inglês de Calais em 19 de Janeiro de 1919, tendo alta no dia 25. Sobreviveu à guerra, tendo embarcado com destino a Portugal em 9 de Agosto de 1919.  Desembarcou em Lisboa, no cais de Alcântara, em 12 de Agosto de 1919.

5 - Agostinho de Araújo, Soldado do Batalhão de Infantaria nº 3 (Viana do Castelo), 4.ª Brigada do Corpo Expedicionário Português (2ª Divisão). Nasceu às seis horas da manhã do dia 23 de Março de 1892 na freguesia da vila de Melgaço (à época, Santa Maria da Porta), filho de José Joaquim de Araújo e de Anna Joaquina Domingues. À época da sua partida para a guerra, encontrava-se solteiro e era morador na freguesia da Vila. Embarcou em Lisboa, no cais de Alcântara, para França integrado no Corpo Expedicionário Português a 15 de Abril de 1917, onde pertenceu à Brigada do Minho. São muito escassos os dados sobre o percurso deste soldado durante a guerra. Sabe-se que foi promovido ao posto de 1º Cabo em 12 de Agosto de 1918. Sobreviveu à guerra e embarcou para Portugal no dia 15 de Abril de 1919 em Cherbourg, a bordo do navio inglês “Northwestern Miller”, tendo desembarcado em Lisboa em 19 de Abril. Após a guerra, viria a casar com Emília Rosa Bermudes em 18 de Janeiro de 1930. Faleceu no dia 11 de Setembro de 1954.

6 - João Gonçalves, Soldado do Batalhão de Infantaria nº 3 (Viana do Castelo), 4.ª Brigada do Corpo Expedicionário Português (2ª Divisão). Nasceu às quatro horas da manhã do dia 4 de Fevereiro de 1894 na freguesia da vila de Melgaço (à época, Santa Maria da Porta), na rua Direita, filho de pai incógnito e de Rosa Gonçalves. À época da sua partida para a guerra, encontrava-se solteiro e era morador na rua Direita, na vila de Melgaço. Embarcou em Lisboa, no cais de Alcântara, para França integrado no Corpo Expedicionário Português a 15 de Abril de 1917, onde pertenceu à Brigada do Minho.
Já em França, foi colocado no Quartel General da Base - Depósito de Materiais da Base em 6 de Novembro de 1917, ficando a prestar serviço na Secção de Fardamento.
Foi punido em 25 de Maio de 1918 pelo Diretor do Depósito de Fardamentos da Base “com 2 dias de detenção  tendo que atendendo ao seu bom comportamento anterior, porque estando nomeado para serviço de ronda no dia 17 do corrente, apresentou-se 10 minutos mais tarde depois da hora que lhe havia determinada…”. Foi novamente punido em 15 de Abril de 1918 pelo Diretor do Depósito e Oficinas de Fardamentos da Base “com 6 dias de detenção por ter faltado à formatura do recolher do dia 14 do corrente apresentando-se às 6 horas do dia 15…”.
Sobreviveu à guerra e embarcou em Cherbourg (França) com destino a Portugal no dia 6 de Maio de 1919, a bordo do navio português “Gil Eanes”, tendo desembarcado em Lisboa, no cais de Alcântara, em 10 de Maio. Após a guerra, viria a casar com Isolina Augusta Gonçalves em 11 de Novembro de 1940. Faleceu às 12 horas e 50 minutos do dia 19 de Dezembro de 1940.

7 - José Maria Pereira, Soldado do Regimento de Obuses de Campanha - 4ª Bateria, unidade sediada em Castelo Branco. Nasceu às oito horas da manhã do dia 7 de Maio de 1892 na freguesia da vila de Melgaço (à época, Santa Maria da Porta), na rua Direita, filho de Alfredo Fernandes Pereira e de Ludovina Rosa Gonçalves. À época da sua partida para a guerra, encontrava-se solteiro e era morador na rua Direita, na vila de Melgaço. Embarcou em Lisboa, no cais de Alcântara, para França integrado no Corpo Expedicionário Português a 17 de Agosto de 1917.
Já em França, foi promovido a 1º Cabo em 1 de Setembro de 1917. Viria a ser punido no dia 26 de Novembro de 1917 “pelo Comandante da Bateria com 4 dias de detenção por não cumprir uma determinação  de serviço ordenada pelo seu Comandante de bateria”.
Posteriormente, em 8 de Fevereiro de 1918, baixa à ambulância nº 3, sendo evacuado para o Hospital de Sangue no dia seguinte (dia 9). De seguida, volta a ser evacuado, desta vez para o Hospital Canadiano 3 no dia 11 desse mês de Fevereiro. Em 29 de Março de 1918, foi evacuado para o Hospital da Base nº 1.
Em 22 de Abril de 1918, foi julgado incapaz para todo o serviço e foi repatriado. Sobreviveu à guerra e embarcou em Cherbourg (França) com destino a Portugal no dia 14 de Maio de 1918, tendo desembarcado em Lisboa, no cais de Alcântara, em 17 de Maio.

8 - Mário Teixeira Pinto, Soldado do Regimento de Obuses de Campanha - 5ª Bateria, unidade sediada em Castelo Branco. Nasceu às onze horas da noite do dia 5 de Abril de 1893 na freguesia da vila de Melgaço (à época, Santa Maria da Porta), na rua da Misericórdia, filho de Arthur Napoleão de Mattos Teixeira Pinto, telegrafista, e de Claudina Roza da Silva. À época da sua partida para a guerra, encontrava-se casado desde 1 de Janeiro de 1916 com Emília Delfina de Araújo e era morador na vila de Melgaço. Embarcou em Lisboa, no cais de Alcântara, para França integrado no Corpo Expedicionário Português a 20 de Agosto de 1917.
Já em França, foi colocado no 6º Grupo de Baterias de Artilharias em 21 de Dezembro de 1917 por ordem do Comando da 2ª Divisão do C.E.P.
Em 10 de Junho de 1918, foi “condenado pelo Tribunal de Guerra do Corpo, na penas de seis meses de Presídio Militar, ou em alternativa, na pena de seis meses de incorporação no Depósito Disciplinar e, em qualquer dos casos, na pena de baixa de Posto. Ordem do Corpo Expedicionário Português nº 158, 22/6/1918”. Em consequência da decisão do Tribunal Militar, segue marcha escoltado até Cherbourg onde dá entrada no dia 28 de Junho de 1918, no Depósito de Adidos do Corpo Expedicionário. Em 2 de Julho de 1918, dá entrada na prisão do acampamento. Em 8 de Julho desse ano, segue marcha até ao Porto de Embarque de Cherbourg, de onde sai a bordo do navio “Pedro Nunes” no dia 16 de Julho de 1918, tendo desembarcado em Lisboa, no cais de Alcântara, em 19 de Julho.
Viria a falecer em Luanda (Angola) no dia 14 de Julho de 1971.

9 - António de Melo, Soldado do 3º Grupo Automóvel - Comboio Automóvel. Nasceu às nove horas da noite do dia 31 de Dezembro de 1894 na freguesia da vila de Melgaço (à época, Santa Maria da Porta), na rua Direita, filho de pai incógnito e de Júlia da Glória de Melo. À época da sua partida para a guerra, encontrava-se solteiro e era morador na vila de Melgaço. Embarcou em Lisboa, no cais de Alcântara, para França integrado no Corpo Expedicionário Português a 26 de Setembro de 1917, tendo chegado ao Porto de Brest no dia 30 do mesmo mês.
Já em França, sabe-se que foi colocado no Serviço de Transporte Automóvel em 1 de Abril de 1918 onde ficou com o nº 961. Foi punido em 21 de Abril de 1918 pelo Comandante do Parque Automóvel “com 2 guardas por ter faltado à 1ª refeição”. Foi novamente punido em 28 de Abril do mesmo ano pelo Comandante do Parque Automóvel com 2 dias de detenção por ter saído do estacionamento sem licença”. Foi novamente punido e 5 de Maio de 1918 pelo Comandante do Parque Automóvel “com 4 dias de detenção por ter faltado à 1ª refeição sem motivo justificado”.
Foi condecorado com a Medalha Comemorativa da Expedição a França segundo consta Ordem de Serviço nº 49 da Secção Automóvel do Quartel General do Corpo Expedicionário de 22 de Fevereiro de 1919.
Em 10 de Junho de 1919, abandona a Secção Automóvel afim de seguir para Cherbourg para o Porto de Embarque com vista a ser repatriado. Embarca com a Secção de Adidos em 5 de Julho no navio inglês “Northwest Miller”, tendo desembarcado em Lisboa, no cais de Alcântara, em 19 de Julho desse ano de 1919.
Viria a falecer em 31 de Agosto de 1944, na vila de Melgaço.

10 - Secundino Augusto Calheiros, Soldado da 2ª Companhia do Batalhão de Sapadores dos Caminhos de Ferro. Nasceu às oito horas da noite do dia 13 de Dezembro de 1892 na freguesia da vila de Melgaço (à época, Santa Maria da Porta), filho de pai incógnito e de Silvana Inocência Calheiros. À época da sua partida para a guerra, encontrava-se casado com Maria Emília Ferreira desde 5 de Dezembro de 1916 era solteiro e era morador em Vila Praia de Âncora, Caminha. Embarcou em Lisboa, no cais de Alcântara, com destino a França integrado no Corpo Expedicionário Português a 26 de Maio de 1917, em direção ao Porto de Brest.
Já em França, sabe-se que baixou ao Hospital da Base 1 no dia 9 de Abril de 1918, dia da batalha de La Lys. No mesmo Hospital, foi julgado incapaz para todo o serviço por Junta Médica. Teve alta no dia 2 de Maio. Posteriormente, embarca no Porto de Embarque em Cherbourg com destino a Portugal, tendo desembarcado em Lisboa, no cais de Alcântara, em 17 de Maio de 1918.
Viria a falecer em 28 de Maio de 1973 em Vila Praia de Âncora (Caminha).

11 - Joaquim de Egas Afonso, Soldado do Batalhão de Infantaria nº 3 (Viana do Castelo), 4.ª Brigada do Corpo Expedicionário Português (2ª Divisão). Nasceu às sete horas da manhã do dia 15 de Março de 1895 na freguesia da vila de Melgaço (à época, Santa Maria da Porta), filho de Joaquim de Egas Afonso e de Maria José de Sousa e Castro Meleiro. À época da sua partida para a guerra, encontrava-se solteiro e era morador na vila de Melgaço.
Embarcou em Lisboa, no cais de Alcântara, para França, integrado no Corpo Expedicionário Português a 15 de Abril de 1917, onde pertenceu à Brigada do Minho, portador da chapa de identificação nº 49 561.
Já em França, no cenário de guerra, recebeu várias punições por comportamento julgado não adequado em contexto militar em tempo de guerra. Assim, foi punido em 12 de Setembro de 1917 “pelo Comandante da Companhia com 6 dias de detenção, atendendo ao seu comportamento anterior por haver faltado à instrução que no dia 11 teve lugar das 13 às 17 horas…”.
Novamente, em 2 de Outubro de 1917, foi punido “ pelo Comandante da Companhia com cinco dias de detenção por se ter ausentado ontem da área da companhia sem autorização”. Ainda em Outubro de 1917, mais precisamente no dia 19, foi de novo punido “pelo Comandante do Batalhão com 15 dias de prisão correcional por não ter ido ao trabalho em “Krigs Cross” na manhã de 16 (dia) por declarar estar doente, doença que não foi confirmada em revista de saúde a que foi presente…”. Contudo, os episódios de indisciplina não se ficam por aqui, recendo novamente punição em 18 de Fevereiro de 1918 “pelo Sr. Comandante da 4ª Companhia com 2 guardas por não tratar do arrumo da sua companhia como lhe foi determinado pelo Cabo Chefe do Grupo do seu alojamento…”.
Baixou ao Hospital da Base 1 em 24 de Outubro de 1918, ficando tendo tido alta em 11 de Novembro, ficando ali a fazer serviço. Posteriormente, seguiu para o Quartel General da Base em 2 de Fevereiro de 1919 “por ser dispensado do serviço daquele hospital”. Em 6 de Fevereiro desse mesmo ano, passa a integrar o Batalhão de Infantaria 6, 4ª Companhia.
Sobreviveu à guerra e embarcou em Cherbourg (França), juntamente com o Batalhão de Infantaria 6, com destino a Portugal no dia 15 de Abril de 1919, a bordo do navio inglês “Northwestern Miller”, tendo desembarcado em Lisboa, no cais de Alcântara, em 19 de Abril.

Faleceu às 9 horas do dia 15 de Março de 1959, na freguesia de Paranhos, concelho do Porto.

sábado, 7 de abril de 2018

De Melgaço a La Lys: mais de 100 anos depois da batalha




Passaram-se mais de 100 anos da página mais negra da participação portuguesa na 1ª Grande Guerra. Durante a Batalha de La Lys, a 9 de Abril de 1918, na Flandres Francesa, centenas de portugueses tombaram e milhares foram dados como desaparecidos em combate. Entre ao soldados melgacenses, 4 morreram em combate mas outros 9 melgacenses desapareceram durante a batalha.
Os falecidos foram os soldados José Cerqueira Afonso, de Paços (Melgaço); José Narciso Pinto, de Chaviães; João José Pires, da freguesia de Paços (Melgaço), António José da Cunha, natural da freguesia da Santa Maria da Porta (Vila – Melgaço). O último pertencia ao 6.º Grupo de Baterias de Metralhadoras e os três primeiros eram soldados que pertenciam à 4ª Brigada de Infantaria do CEP, Regimento de Infantaria n.º 3 (Viana do Castelo). Esta era conhecida como a Brigada do Minho, a que pertenciam a maioria dos soldados melgacenses, e já tinha conquistado uma reputação de bravura na frente de batalha muito antes de lhe ser confiada, em Fevereiro de 1918, a defesa do sector de Fauquissart, em Laventie, na Flandres francesa, perto da fronteira com a Bélgica, onde ainda se encontrava nesse fatídico dia 9 de Abril de 1918, quando foi dizimada pelos alemães na dita batalha de La Lys.
Os soldados da Brigada do Minho passaram a noite de 8 para 9 de Abril a arrumar armamento, munições e outros equipamentos e pertences. Iam ser rendidos por batalhões ingleses no dia 9 e hoje em dia acredita-se que os alemães sabiam disso. Sabiam também que a infantaria portuguesa não estava preparada para aquela guerra e que tinham sido treinados à pressa numa falácia vendida pelo regime republicano que apelidaram de “Milagre de Tancos”. Os soldados de Melgaço e de outras regiões eram lavradores, pedreiros e de outros ofícios. Muitos deles nunca tinham saído da sua terra. A grande maioria nem sabia ler e escrever. Um soldado não se faz num par de meses…
Esta batalha foi, por essas e outras razões, um dos maiores desastres de toda a História Militar portuguesa. Terão caído sobre as posições portuguesas cerca de 1,4 milhões de granadas. A dita batalha é contada por um soldado português que nela esteve envolvido numa carta enviada à família. Na mesma, datada de 11 de Julho de 1918, o soldado tentou reconstituir, em breves palavras, os acontecimentos daquela noite: “Às quatro horas da manhã do dia 9 de Abril de 1918 rompe um enorme bombardeamento por parte do inimigo, coisa essa que nós, à primeira vista, não estranhámos, visto que já estávamos habituados a tudo isso, mas o prazo desse bombardeamento foi-se prolongando e as horas foram-se passando, e já depois de o inimigo ter feito grandes tentativas para avançar para as nossas trincheiras e sempre repelido pelo nosso fogo, continua o grande bombardeamento com uma tal violência que ao fim de algumas horas o chão estava todo voltado com o debaixo para cima, um completo horror, é mesmo inexplicável. Milhares e milhares de infelizes portugueses tinham desaparecido, uns despedaçados pelos ares, outros tinham ficado soterrados para jamais serem vistos”.
No dia seguinte, chegara a hora de contabilizar as baixas: 398 mortos (369 praças e 29 oficiais) e uma esmagadora maioria de prisioneiros (6585, dos quais 6315 eram praças e 270 oficiais). Na 4ª Brigada de Infantaria, as baixas situam-se em cerca de 60% entre mortos, feridos e prisioneiros. No Regimento de Infantaria 3 (Viana do Castelo), as baixas cifram-se em 570, de um total de 700 homens que estavam em posição naquela noite. Deste total de baixas, houve registos de 91 mortos (4 de Melgaço), 155 feridos, 7 desaparecidos e 317 soldados feitos prisioneiros. Deste total de prisioneiros de guerra, nove soldados eram melgacenses. Inicialmente, estes homens foram dados como “desaparecidos em combate” e esse facto foi comunicado às famílias. Vários meses mais tarde, após o fim da guerra, em Novembro de 1918, a Comissão dos Prisioneiros de Guerra, comunicou que estes homens se encontravam em campos de prisioneiros na Alemanha, pondo fim a meses de sofrimento dos soldados e das suas famílias que os julgavam mortos. Na realidade, estes melgacenses foram todos capturados durante a Batalha e levados para campos de prisioneiros na Alemanha. Eram eles os soldados Mário Afonso, de Santa Maria da Porta (Vila); António Fernandes, de PensoAbílio Alves de Araújo, natural de freguesia incógnita (Melgaço); Avelino Fernandes, de AlvaredoAntónio José Rodrigues, de Paderne; Inocêncio Augusto Carpinteiro, de S. PaioJustino Pereira, de Cubalhão; António dos Reis, da Rua Direita (Santa Maria da Porta, Vila) e António Pires, de Roussas. 
Um prisioneiro português conta-nos o caminho que fizeram desde a captura na Batalha de La Lys até ao campo de prisioneiros. Na primeira noite, a noite de 9 para 10 de Abril, foi passada em cenário de guerra. Ele conta que foram colocados num lamaçal cercados por uma cerca de arame farpado. Diz que era como se guarda os animais no monte.  Foram sentados todos lado a lado e aí foram despojados dos seus bens. Tudo o que interessava aos soldados alemães era-lhes retirado. E conta que eles de facto tentavam iludir os soldados, guardando os objectos que mais valor tinham para eles, os seus relógios, os seus bens pessoais, e depois trocavam esses bens por alimentos, tentavam corromper os próprios soldados alemães.
Esta primeira noite é passada completamente ao relento. Estamos a falar de homens que há 24 horas que não comem nada e recebem a primeira refeição no caminho para a cidade francesa de Lille, no dia seguinte.
Por essa altura, a cidade de Lille estava já sob o domínio alemão desde o início da guerra e portanto os próprios civis franceses eram eles próprios como que prisioneiros dos alemães. Então, à chegada dos prisioneiros portugueses, os civis franceses juntavam-se em multidões tentando encorajar os próprios soldados e atirando-lhes pedaços de comida, que era o que eles aproveitavam para comer nessas alturas. Obviamente que estas acções eram reprimidas pelos soldados alemães.
Os soldados portugueses passam a primeira noite num quartel em Lille, e depois seguem para a cidadela de Lille, para uma fortaleza que servia como uma espécie de entreposto na distribuição dos prisioneiros portugueses para os diferentes campos de concentração alemães. Passam cerca de três dias em Lille e seguidamente recebem ordem de marcha para o campo na Alemanha.
No caminho para a estação de comboio (eles viajaram de comboio), no caminho para essa estação, ele conta casos verdadeiramente comoventes dos seus compatriotas e dele próprio. Obviamente que tentavam furar as fileiras dos soldados alemães e nos campos agrícolas em volta tentavam retirar todos os alimentos, para assim conseguirem sobreviver.
Mais tarde, apanham o comboio com destino à Alemanha e viajam em carruagens sem o mínimo de condições. Eram carruagens de transportar animais, portanto sem o mínimo de condições de higiene e de segurança.
E então fazem o caminho longo de dois dias e duas noites, passando por Bruxelas até a Alemanha. Na Bélgica eles não chegam a sair do comboio, ficam o tempo todo dentro do comboio. São novamente incentivados pelos civis belgas e alimentados por eles.
Quando entram na Alemanha, apercebem-se de que o seu destino ia mudar. Nota-se grande hostilidade por parte dos próprios civis alemães, agora em vez de os incentivarem, obviamente que os insultavam, em vez de lhes atirarem pão, atiravam pedras à carruagem.
Então chegam ao campo de prisioneiros, que fica a norte da cidade de Colónia, um campo muito grande, com muitas infra-estruturas muito bem organizado, e que tinha inclusivamente até um jornal publicado pelos prisioneiros franceses.
Aqui, eles eram alimentados basicamente com uma alimentação à base de pão, água e de caldos com ingredientes de origem muito duvidosa.
O que ele valoriza muito é a acção dos franceses, em todos os campos onde ele esteve. Os franceses partilhavam com os mais necessitados os bens alimentares e os bens de primeira necessidade, principalmente com os portugueses, com os italianos, com os russos, que eram os que viviam em piores condições.
Estes nove melgacenses foram espalhados pelos campos de prisioneiros de Dulmen, situado na região da Westefalia; Munster II, situado na região da Renânia Norte - Westefália, a cerca de 40 Kms a norte da cidade de Dortmund; Friedrichsfeld, situado a cerca de 25 Kms a norte da cidade de Duisburgo, perto da fronteira com a Holanda; Senne, que fica próximo da cidade de Bielefeld, a cerca de 80 Kms da fronteira com a Holanda; Hameln, situado a cerca de 30 Kms a sudoeste da cidade de Hannover, a uma distância de cerca de 100 Kms da fronteira com a Holanda.
Em Novembro desse mesmo ano de 1918 chega o fim da guerra. Mais tarde, os prisioneiros são libertados. Nalguns casos, os campos são abandonados pelos próprios alemães deixando os prisioneiros à sua sorte. O regresso dos soldados portugueses é caótico. Não foi organizado pelas autoridades portuguesas um eficaz transporte destes milhares de soldados. Muitos deles viajam por conta própria até portos na Holanda ou então até Cherbourg, em França. 
Felizmente, para estes nove prisioneiros de guerra melgacenses, regressaram todos vivos, tendo desembarcado em Lisboa entre Janeiro e Fevereiro de 1919.
Da pesquisa que realizei, apesar das informações escassas, deixo aqui algumas informações acerca do percurso de cada um destes soldados, homens da nossa terra.

MELGACENSES MORTOS NA BATALHA DE LA LYS (LEVANTIE, FLANDRES FRANCESA)

·                     João José Pires, soldado da 2.ª Companhia do Regimento de Infantaria n.º 3; nascido a 28 de Abril de 1893 no Outeiro, lugar da freguesia de Santa Maria de Paços, filho de José Joaquim Pires e de Alexandrina Pires; solteiro e morador em Paços; embarcou para França integrado no Corpo Expedicionário Português a 15 de Abril de 1917, onde pertenceu à Brigada do Minho; falecido em combate na Batalha de La Lys a 9 de Abril de 1918. Encontra-se sepultado no Cemitério de Richebourg l`Avoué (França), Talhão C, Fila 10, Coval 5.

·                     José Narciso Pinto, soldado da 4.ª Companhia do Regimento de Infantaria n.º 3; nascido a 3 de Março de 1893 na Igreja, lugar da freguesia de Santa Maria Madalena de Chaviães, filho de Manuel António Pinto e de Cândida Maria Alves; casado e morador em Chaviães; embarcou para França integrado no Corpo Expedicionário Português a 22 de Abril de 1917, onde pertenceu à Brigada do Minho. Falecido em combate na Batalha de La Lys a 9 de Abril de 1918. Encontra-se sepultado no Cemitério de Richebourg l`Avoué (França), Talhão D, Fila 3, Coval 24.

·                      António José Cardoso Ferreira Pinto da Cunha, segundo-sargento do Regimento de Obuses de Campanha; nascido a 28 de Julho de 1892 na Rua Direita, vila e freguesia Santa Maria da Porta de Melgaço, filho de António José Ferreira Pinto da Cunha e de Carlota Amália Cardoso; solteiro e morador na vila de Arcos de Valdevez; embarcou para França integrado no Corpo Expedicionário Português a 20 de Agosto de 1917, onde pertenceu ao 6.º Grupo de Baterias de Metralhadoras. Participou na Batalha de La Lys. Inicialmente dada com desaparecido em combate. Mais tarde considerado morto em combate na dita batalha a 9 de Abril de 1918. Desconhece-se o paradeiro dos seus restos mortais.
Nesta investigação, fui descobrir uma carta que este Segundo Sargento Pinto da Cunha, escrita algures na primeira metade de 1917, à data estudante no liceu de Guimarães, escreveu a uma pessoa influente para que esta intercedesse junto do ministro da Guerra, Bernardino Machado, no sentido de obter dispensa do curso de sargentos até Julho de 1917, para poder frequentar o liceu e fazer exame do então 5º ano. Argumentava que já no ano anterior não tinha podido terminar este nível dos estudo por ter sido chamado ao quartel. Desconheço a resposta a esta missiva.

·                     José Cerqueira Afonso, soldado da 4.ª Companhia do Regimento de Infantaria n.º 3; nascido a 14 de Março de 1892 nas Fontes, lugar da freguesia de São Salvador de Paderne, filho de Inácio José Afonso e de Maria Cerqueira; casado e morador em Paderne; embarcou para França integrado no Corpo Expedicionário Português a 22 de Abril de 1917, onde pertenceu à Brigada do Minho; falecido em combate na Batalha de La Lys a 9 de Abril de 1918.


Prisioneiros de guerra melgacenses capturados na
Batalha de La Lys (9 de Abril de 1918)

1  Mário Afonso, soldado do 2º Grupo de Baterias de Artilharia, nascido em 12 de Agosto de 1891, filho de António Luiz Afonso e Tereza de Jesus, natural do lugar de S. Julião, freguesia de Santa Maria da Porta, casado. Embarcou para França em 20 Agosto de 1917 integrado no Corpo Expedicionário Português, portador da chapa de identificação nº 28 641. Sobreviveu à guerra. Desaparecido em combate na Batalha de La Lys (9 de Abril de 1918). Feito prisioneiro pelos alemães e levado para o Campo de Prisioneiros de Dulmen situado na região da Westefalia (Alemanha), tendo estado também no Campo de Prisioneiros de Hameln. O soldado Mário Afonso embarcou no navio inglês "Northwestern Miller" em 31 de Janeiro de 1919 e desembarcou em Lisboa de 4 de Fevereiro de 1919.

    António Fernandes, 2º Cabo do 2º Grupo de Baterias de Artilharia, nascido em 19 de Junho de 1891, filho de Agostinho Fernandes e Maria Rosa Esteves Cordeiro, natural do lugar de Ranhol, freguesia de Penso, casado. Embarcou para França em 17 Novembro de 1917 integrado no Corpo Expedicionário Português, portador da chapa de identificação nº 33 557. Sobreviveu à guerra. Desaparecido em combate na Batalha de La Lys (9 de Abril de 1918). Feito prisioneiro pelos alemães e levado para o Campo de Prisioneiros de Münster II (Alemanha). O soldado António Fernandes embarcou no navio inglês "Northwestern Miller" em 31 de Janeiro de 1919 e desembarcou em Lisboa de 4 de Fevereiro de 1919.

    Abílio Alves de Araújo, 1º Cabo  do Regimento de Infantaria nº 29, 4ª Brigada de Infantaria (Brigada do Minho), filho de João Manuel de Araújo e Maria Joaquina Alves, natural de Melgaço (data de nascimento e freguesia de naturalidade desconhecidas), solteiro. Embarcou para França em 22 Abril de 1917 integrado no Corpo Expedicionário Português, portador da chapa de identificação nº 46 998. Sobreviveu à guerra. Desaparecido em combate na Batalha de La Lys (9 de Abril de 1918). Feito prisioneiro pelos alemães e levado para o Campo de Prisioneiros de Friedrichsfeld (Alemanha). O soldado Abílio de Araújo embarcou no navio inglês "Northwestern Miller", na Holanda, em 31 de Janeiro de 1919 e desembarcou em Lisboa de 4 de Fevereiro de 1919.

    Avelino Fernandes, Soldado do Regimento de Infantaria nº 3, 4ª Brigada de Infantaria (Brigada do Minho), nascido em 7 de Novembro de 1893, filho de Francisco Fernandes e Libania Martins Peixoto, natural do lugar de Ferreiros, freguesia de Alvaredo, casado. Embarcou para França em 18 de Abril de 1917 integrado no Corpo Expedicionário Português, portador da chapa de identificação nº 49 462. Sobreviveu à guerra. Desaparecido em combate na Batalha de La Lys (9 de Abril de 1918). Feito prisioneiro pelos alemães e internado no Campo de Prisioneiros de Dulmen (Alemanha). O soldado Avelino Fernandes embarcou no navio inglês "Northwestern Miller" em 12 de Janeiro de 1919, na Holanda, e desembarcou em Lisboa de 18 de Janeiro de 1919.

António José Rodrigues, Soldado do Regimento de Infantaria nº 3, 4ª Brigada de Infantaria (Brigada do Minho), nascido em data desconhecida, filho de José Manuel Rodrigues e Carolina Rosa Rodrigues, natural da freguesia de Paderne, solteiro. Embarcou para França em 15 de Abril de 1917 integrado no Corpo Expedicionário Português, portador da chapa de identificação nº 49 526. Sobreviveu à guerra. Desaparecido em combate na Batalha de La Lys (9 de Abril de 1918). Feito prisioneiro pelos alemães e levado para o Campo de Prisioneiros de Münster II (Alemanha). O soldado António José Rodrigues embarcou no navio inglês "Northwest Miller" em 31 de Janeiro de 1919 e desembarcou em Lisboa de 4 de Fevereiro de 1919.

   Justino Pereira, Soldado do Regimento de Infantaria nº 3, 4ª Brigada de Infantaria (Brigada do Minho), nascido em data desconhecida, filho de António Pereira e Maria Esteves, natural da freguesia de Cubalhão, solteiro. Embarcou para França em 15 de Abril de 1917 integrado no Corpo Expedicionário Português, portador da chapa de identificação nº 49 544. Desaparecido em combate na Batalha de La Lys (9 de Abril de 1918). Feito prisioneiro pelos alemães. A partir daqui, o percurso deste soldado é um autêntico mistério. Desconhece-se o campo de prisioneiros onde esteve já que não consta no seu boletim individual. Não consta na base de dados do Comité Internacional da Cruz Vermelha. Sabe-se apenas que desembarcou em Lisboa em 3 de Janeiro de 1919, não se sabendo se embarcou na Holanda ou em Cherbourg (França).

    Inocêncio Augusto Carpinteiro, Soldado do Regimento de Infantaria nº 3, 4ª Brigada de Infantaria (Brigada do Minho), nascido em 28 de Agosto de 1895, filho de Firmino Augusto Carpinteiro e Joaquina Rosa Soares, natural da freguesia de S. Paio, lugar dos Barreiros, solteiro. Embarcou para França em 15 de Abril de 1917 integrado no Corpo Expedicionário Português, portador da chapa de identificação nº 49 556. Sobreviveu à guerra. Desaparecido em combate na Batalha de La Lys (9 de Abril de 1918). Feito prisioneiro pelos alemães e levado para o Campo de Prisioneiros de Dulmen (região da Renânia/Norte Westfalia, Alemanha, a cerca de 40 Kms a norte de Dortmund) tendo estado também no Campo de Senne, que fica próximo da cidade alemã de Bielefeld. O cartão de identificação do prisioneiro de guerra que em baixo se mostra pertence ao campo de Senne. O soldado Inocêncio Carpinteiro embarcou no navio inglês "Northwestern Miller" na Holanda em 12 de Janeiro de 1919, na Holanda, e desembarcou em Lisboa de 18 de Janeiro de 1919.

    António dos Reis, Soldado do Regimento de Infantaria nº 3, 4ª Brigada de Infantaria (Brigada do Minho), nascido em 25 de Junho 1892, filho de João Batista Reis e Lauriana Joaquina Esteves, natural da Rua Direita, freguesia de Santa Maria da Porta, solteiro. Embarcou para França em 15 de Abril de 1917 integrado no Corpo Expedicionário Português, portador da chapa de identificação nº 49 563. Sobreviveu à guerra. Desaparecido em combate na Batalha de La Lys (9 de Abril de 1918). Feito prisioneiro pelos alemães e levado para o Campo de Prisioneiros de Friedrichsfeld (Alemanha). O soldado António dos Reis fez a viagem até Cherbourg (França) onde embarcou no navio inglês "Orita" em 13 de Fevereiro e desembarcou em Lisboa de 16 de Fevereiro de 1919.

   António Pires, Soldado do Regimento de Infantaria nº 3, 4ª Brigada de Infantaria (Brigada do Minho), nascido em 8 de Julho de 1894, filho de pai incógnito e Dolores Pires, natural do lugar do Paço, Roussas, solteiro.   Embarcou para França em 22 de Abril de 1917 integrado no Corpo Expedicionário Português, portador da chapa de identificação nº 49 837. Sobreviveu à guerra. Desaparecido em combate na Batalha de La Lys (9 de Abril de 1918). Feito prisioneiro pelos alemães e levado para o Campo de Prisioneiros de Friedrichsfeld (Alemanha). O soldado António Pires embarcou no navio inglês "Northwestern Miller" em 12 de Janeiro de 1919 e desembarcou em Lisboa de 18 de Janeiro de 1919.