domingo, 24 de junho de 2018

Melgacenses que combateram na Primeira Grande Guerra - Os Expedicionários da freguesia de Cousso


Há cerca de 100 anos, quando o Corpo Expedicionário Português foi constituído, dezenas de milhares de jovens eram autenticamente roubados às suas terras e às suas famílias e iriam entrar no maior conflito militar que a humanidade tinha conhecido, a Primeira Grande Guerra. Entre as dezenas de melgacenses que foram mobilizados, alguns deles eram naturais da freguesia de São Tomé de Cousso e que hoje queremos homenagear neste artigo. Eram eles os soldados Adolfo de Sousa, do lugar de Virtelo; Agostinho Alves, do lugar da Cela e Manuel Duque. Todos eles sobreviveram à guerra.
Aqui ficam as informações que se conseguiram reunir em relação a cada um deles:

1 - Adolfo de Sousa, soldado servente do 5º Grupo de Baterias de Montadas do Regimento de Artilharia n.º 1 (5º Grupo de Baterias de Morteiros).
Nasceu às seis horas da manhã do dia 8 de Fevereiro de 1893 no lugar de Virtelo, freguesia de São Tomé de Cousso, filho de pai incógnito e de Rosa Maria de Sousa.
À data da sua partida para a guerra, encontrava-se solteiro e era morador no referido lugar de Virtelo, na freguesia de Cousso, concelho de Melgaço.
Embarcou no Cais de Alcântara, em Lisboa, com destino a França integrado no Corpo Expedicionário Português a 25 de Maio de 1917, tendo desembarcado no Porto de Brest.
Já no cenário de guerra, sabe-se que baixou ao Hospital de Sangue nº 2 em 14 de Março de 1918, tendo tido alta em 22 do mesmo mês e ano. Após o desastre que se mostrou a Batalha de La Lys, no âmbito da reorganização do Corpo Expedicionário Português, é colocado no 4º Grupo de Baterias de Artilharia em 30 de Abril de 1917.
perto do fim da guerra, em Novembro de 1918, foi punido por comportamentos julgados menos adequados. Assim, no dia 26 de Setembro de 1918, foi punido “pelo Senhor Comandante com 12 dias de detenção por ter faltado ao recolher do dia 24”.
Uns meses depois, em 21 de Abril de 1919, foi novamente punido com 4 dias de detenção pelo Senhor Comandante “por se ausentar do seu boleto sem autorização de noite e ter sido encontrado a fazer barulho”.
Sobreviveu à guerra e embarcou no Porto de Cherbourg (França) em data que se desconhece, tendo desembarcado em Lisboa, no Cais de Alcântara, em 19 de Maio de 1919.


2 - Agostinho Alves, Alferes de Administração Militar, 2º Grupo Automóvel.
Nasceu às cinco horas da manhã do dia 5 de Janeiro de 1885 no lugar da Cela, freguesia de São Tomé de Cousso, filho de Firmino Alves e de Rosa Dias.
À época da sua partida para a guerra, encontrava-se casado desde 29 de Outubro de 1913 com Margarida Alves Ferreira, natural do concelho de Penafiel, e era morador à data no dito concelho do distrito do Porto.
Embarcou no cais de Alcântara, em Lisboa, com destino a França integrado no Corpo Expedicionário Português a 20 de Janeiro de 1917. Em França, durante a sua permanência na guerra, foi louvado pelo Comandante do Grupo a 30 de Julho de 1918 “pelo zelo e competência que mostrou no desempenho dos serviços a seu cargo, como adjunto do comando deste grupo e designadamente pela boa vontade com que ontem desempenhou os serviços de que foi incumbido na marcha desta unidade da zona da retaguarda para a zona da frente…”.
Seguiu para Portugal em 29 de Agosto de 1918, no gozo de 53 dias de licença de campanha, incluindo 8 dias para a viagem. Recebeu novamente um Louvor em Janeiro de 1919 porque “sendo o oficial de serviço no dia 9 de Abril de 1918, providenciou de harmonia com as ordens do comando e na ausência do oficial técnico do Grupo, no sentido de se fazer a evacuação das oficinas, conseguindo em poucas horas disponíveis, fazer evacuar uma grande parte do material automóvel que existia nas mesmas oficinas. E ainda pela maneira como desempenhou nos dias imediatos, durante a retirada, dos vários serviços de que foi incumbido, não obstante as dificuldades do momento, contribuindo para a boa execução das ordens que no Grupo foram dadas e por forma que este bem desempenhou o seu serviço, com os poucos recursos de que dispunha, evidenciando coragem, decisão, energia, interesse pelo serviço e uma boa compreensão do eu dever militar”.
Sobreviveu à guerra, tendo embarcado no Porto de Cherbourg (França) em data que se desconhece, tendo desembarcado em Lisboa, no Cais de Alcântara, em 8 de Julho de 1919.
Viria a falecer em 12 de Abril de 1982 no concelho de Penafiel.


3 - Manuel Duque, Soldado do Batalhão de Infantaria nº 3 (Viana do Castelo), 4.ª Brigada do Corpo Expedicionário Português (2ª Divisão).
Nasceu às oito horas da manhã do dia 10 de Março de 1893, em lugar que não se menciona no seu assento de batismo, na freguesia de São Tomé de Cousso, filho de pai incógnito e de Joaquina Duque.
À data da sua partida para a guerra, encontrava-se casado com Ermelinda Esteves, natural desta freguesia, desde 13 de Junho de 1912 e era morador na freguesia de Cousso, deste concelho de Melgaço.
Embarcou para França, no Cais de Alcântara, em Lisboa, integrado no Corpo Expedicionário Português a 22 de Abril de 1917, onde pertenceu à Brigada do Minho.
Já no cenário de guerra em França, foi colocado na Companhia de Serviços Auxiliares em 1 de Agosto de 1917. Punido em 2 de Dezembro do mesmo ano pelo “diretor de serviço com 3 dias de detenção por se apresentar no serviço que estava incumbido uma mais tarde”. Baixa à ambulância em 19 de Março de 1919. Evacuado para o hospital em 20 do mesmo mês, tendo alta no dia 23 tendo regressado à unidade. Sobreviveu à guerra e embarcou no Porto de Cherbourg (França) em data que se desconhece, tendo desembarcado em Lisboa, no Cais de Alcântara, em 9 de Junho de 1919.
Viria a falecer na freguesia de Cousso, deste concelho de Melgaço, no dia 17 de Fevereiro de 1971.

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