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terça-feira, 29 de outubro de 2013

Casa do Rio do Porto (Vila de Melgaço)


“Em 1 de Setembro de 1793, D. Maria I deu carta de armas ao dr. João Manuel Gomes de Abreu Cunha Araújo, filho do também doutor João António de Abreu Cunha Araújo e de D. Mariana Gomes Figueiroa, da Casa do Rio do Porto” (Vaz, 1996).
Trata-se de um edifício urbano com paramentos em cantaria autoportante de granito rebocada e pintada a branco e embasamento cinza sobre ‘grapinha’ grossa, excepto as molduras, cornija e pilastras que apresentam pedra ‘à vista’.
Desenvolve-se segundo planta em C com coberturas diferenciadas de oito águas, de inclinação suave, terminando em beirado duplo (de telha de meia cana), avançado sobre cimalha.
A fachada principal apresenta, contíguo a um imponente portal de acesso ao recinto envolvente da construção, um corpo rectangular, de um piso e cave, dividido por pilastras em dois panos de desigual comprimento. Um pano corresponde ao corpo principal, mais longo, e o outro pano a um dos corpos mais curtos, denotando-se um ser o corpo primitivo, nuclear, e o outro uma ampliação posterior. Este aspecto é acentuado pela descontinuidade das águas do telhado, a diferença entre as cimalhas e as molduras dos vãos. O tramo de maior dimensão possui quatro janelas de brincos a enquadrar porta com acesso por pequena escadaria. O outro pano da fachada apresenta uma porta e janela.
Em todos os vãos as padieiras apresentam-se rematadas por cornijas salientes sendo onduladas as das janelas e rectas as das portas. Tirando partido do acentuado declive da rua, pelo menos três postigos sob as janelas, à esquerda, denunciam a existência da cave.
A cimalha e o beirado que correm toda a frontaria da fachada envolvem a parte superior do portal, caracterizado por acentuado arco central para dar maior relevância à pedra de armas nele inserida (Cunhas, Araújos, Gomes e Abreus). Esta pedra de armas estabelece a ligação entre o remate do portal e o vão de acesso – uma ampla porta de verga encurvada e de dupla folha de abrir, de madeira. Pináculos rematam as pilastras que dividem o pórtico em três panos.
A fachada lateral esquerda é singularizada por varanda e acesso ao interior do edifício primitivo, revelando ter sido então a fachada principal.

Extraído de:
- www.acer-pt.org (texto de Antero Leite, 2006)

- VAZ, Júlio - P.e Júlio Vaz apresenta Mário, Edição do Autor, Melgaço, 1996.

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