“Em 1 de Setembro de 1793, D. Maria I deu carta de armas ao dr. João Manuel Gomes de Abreu Cunha Araújo, filho do também doutor João António de Abreu Cunha Araújo e de D. Mariana Gomes Figueiroa, da Casa do Rio do Porto” (Vaz, 1996).
Trata-se de um edifício urbano com paramentos em cantaria
autoportante de granito rebocada e pintada a branco e embasamento cinza sobre
‘grapinha’ grossa, excepto as molduras, cornija e pilastras que apresentam
pedra ‘à vista’.
Desenvolve-se segundo planta em C com
coberturas diferenciadas de oito águas, de inclinação suave, terminando em
beirado duplo (de telha de meia cana), avançado sobre cimalha.
A fachada principal apresenta, contíguo a um imponente
portal de acesso ao recinto envolvente da construção, um corpo rectangular, de
um piso e cave, dividido por pilastras em dois panos de desigual comprimento.
Um pano corresponde ao corpo principal, mais longo, e o outro pano a um dos
corpos mais curtos, denotando-se um ser o corpo primitivo, nuclear, e o outro
uma ampliação posterior. Este aspecto é acentuado pela descontinuidade das
águas do telhado, a diferença entre as cimalhas e as molduras dos vãos. O tramo
de maior dimensão possui quatro janelas de brincos a enquadrar porta com acesso
por pequena escadaria. O outro pano da fachada apresenta uma porta e janela.
Em todos os vãos as padieiras apresentam-se rematadas por
cornijas salientes sendo onduladas as das janelas e rectas as das portas.
Tirando partido do acentuado declive da rua, pelo menos três postigos sob as
janelas, à esquerda, denunciam a existência da cave.
A cimalha e o beirado que correm toda a frontaria da
fachada envolvem a parte superior do portal, caracterizado por acentuado
arco central para dar maior relevância à pedra de armas nele inserida (Cunhas,
Araújos, Gomes e Abreus). Esta pedra de armas estabelece a ligação entre o
remate do portal e o vão de acesso – uma ampla porta de verga encurvada e de
dupla folha de abrir, de madeira. Pináculos rematam as pilastras que dividem o
pórtico em três panos.
A fachada lateral esquerda é singularizada por varanda e
acesso ao interior do edifício primitivo, revelando ter sido então a fachada
principal.
Extraído de:
- www.acer-pt.org (texto de Antero Leite, 2006)
- VAZ, Júlio - P.e Júlio Vaz apresenta Mário, Edição do
Autor, Melgaço, 1996.
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