Capela do Santo Preto (Roussas - Melgaço)
Quem sobe para Roussas pela estrada, depara com uma velha
capelinha, situada debaixo duma curva do Coto do Preto e recatada do olhar indiscreto
do caminhante.
Para a contemplarmos melhor, temos de descer por um
caminho, que ladeia um pequeno muro no meio do qual se encontram uns degraus.
Subindo-os fica-se defronte da capela de Nossa Senhora da Conceição ou do Santo
Preto, como é vulgarmente conhecida.
À nossa direita, está um outro muro, que veda o rossio de
uma modesta casa rústica. Este curioso conjunto resiste heróico às garras
demolidoras do tempo.
Vasculhando os artigos e livros de Augusto César Esteves,
descobre-se um interessante apontamento sobre esta capela. O autor relaciona a
origem desta capela com um episódio da História de Portugal conhecido como a
Abrilada que ocorreu em Abril de 1824. Tratou-se de uma revolta liderada por D.
Miguel e tinha como objetivo derrubar o regime liberal bem como o rei D. João
VI e voltar a instaurar uma monarquia absolutista em Portugal.
A este propósito, Augusto César Esteves escreve o
seguinte: “A este movimento ficou-se a chamar-se Abrilada e embora o não
pareça, tão longe da terra onde aconteceu a revolta, em Melgaço alguém se
preocupou com a tentativa de deposição do rei (...) Podem mesmo outros
apresentar a vida nesta terra como decorrendo em calmaria não revolta pelas
paixões humanas e até alheios à política geral. Mas um facto existe, contudo,
demonstrativo da Abrilada ter incutido receios no ânimo dos melgacenses.
É o caso da construção da capela de Nossa Senhora da
Conceição no sítio do Coto do Preto, na freguesia de Roussas. É uma capela
edificada pelo Prior de Castro Laboreiro, Reverendo João Manuel de Sousa e Silva,
natural daquele lugar.”
Na escritura lavrada em 12 de Julho de 1824 pode ler-se: “... com a obrigação do doante (o
reverendo) satisfazer cada ano enquanto vivo, uma missa pelo bem de Sua Magestade
Fidelíssima que Deus guarde e uma outra missa pela dinastia da Sereníssima Casa
de Bragança e três conforme a tenção do doante...”
E por isso se vê também, como o bom do padre era homem
inteligente, pois soube achar um meio consentâneo com o seu ofício de cura de
almas sem deixar de lado a sua fé política de simpatia para com o rei D. João
VI.
Desta forma, a capela do Santo Preto foi mandada construir
pelo dito reverendo solicitando a proteção divina para o rei e para o regime
político liberal. Contudo, as suas preces não seriam satisfeitas durante muito
tempo. Dois anos mais tarde, em 1826, o rei D. João VI viria a falecer e iria
aqui começar uma crise sucessória. O herdeiro do trono era D. Pedro, ao tempo imperador
do Brasil, mais tarde D. Pedro IV de Portugal. Estes acontecimentos conduziriam a uma uma
guerra civil que iriam por o país a ferro e fogo...
Extraído de: DOMINGUES, Maria de Jesus & SILVA, Armando Barreiros (1989) - Heráldica Melgacense - Associativa, de Domínio e Eclesiástica. Cadernos da Câmara Municipal de Melgaço (nº5), CMM, Melgaço.
Desconhecia a existência do Santo Preto... Nesta nossa subregião alto minhota há "santos de todo o feitio", mas esqueceram-se da deusa Serpente e do deus Endovélico que já dominaram religiosamente por cá.
ResponderEliminarA verdade é que a mitologia pré-cristã na Península Ibérica, à exceção das divindades romanas, é muito pouco conhecida. O deus Endovélico era a mais popular divindade no tempo dos lusitanos mas não é estudado na escola ao contrário da mitologia grega ou romana. Enfim... Obrigado pelo seu comentário. Valter Alves.
ResponderEliminarEu gostava de saber a quem pertence a igreja.eu sou da familia Crispim .fiquei orfao de bébé i disserame que a igreja pertencia a meu pai.mas infelismente omeu.pai faleceu.eu estou nous.estrangeiro .a46anos m'as ainda gostava de saver a quem pertencia a igreja en 1958
ResponderEliminar