O Cão de castro Laboreiro
(Foto: Município de Melgaço)
"Quando disse ao meu pai que arranjara um Castro
Laboreiro, ele arregalou muito os olhos e, do alto dos seus 85 anos, disse-me:
«Cuidado! Olha que é cão muito perigoso, que não conhece dono…».
Não sei onde foi buscar essa ideia, bastante
difundida aliás, de que o Castro Laboreiro é um cão muito perigoso. Lembro-me
de, miúdo, ele me levar a passear até ao planalto ou à vila castreja e do
receio que esses enormes mastins escuros infundiam quando com eles nos
cruzávamos – não era para menos, dado o tamanho e a robustez do seu corpo. Mas
daí a concluir que é raça perigosa ou agressiva, vai um remate demasiado
apressado! Pelo contrário, tanto quanto sei, são perros de uma docilidade
extrema, sempre disponíveis para os donos.
Para lho provar,
apresentei-lhe a minha jovem cadelita, ainda com os movimentos abrutalhados
pela tenrura da idade, que logo lhe fez uma grande festa… Mas não sei se fui
suficientemente convincente acerca da docilidade dos Castro Laboreiros, porque
isto passou-se há quase três anos e ainda hoje ele me previne sobre a
perigosidade da raça e me pergunta se a cadela continua meiga!
O Castro Laboreiro é um cão de gado originário da freguesia do
mesmo nome, em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês, no concelho de Melgaço, e
o seu estado de conservação, segundo os critérios das Nações Unidas, tem
actualmente o estatuto ‘em perigo’.
O seu território
de origem é uma região montanhosa e planáltica muito agreste, com altitudes
médias acima dos 1000m, frequentemente batida pelas chuvas e pela neve, que até
meados do século passado comunicava com o exterior apenas por trilhos serranos,
a pé ou de burro – e ainda hoje os invernos são de completo isolamento, quando
o planalto se enche de neve semanas a fio…
Terá sido esta incomunicabilidade a permitir o aprumo e a
diferenciação da raça, a única especificamente minhota, que teve o seu estalão
redigido pela primeira vez apenas em 1935. E já nessa altura foi descrito como
companheiro leal e dócil para quem com ele mais priva, de índole nobre e
altruísta, sentinela ideal pela vigilância constante que exerce sobre os pontos
confiados à sua guarda e guardião de rebanhos por tradição e excelência.
São, aliás,
lendárias as suas investidas contra o lobo, que persegue incansavelmente, e a
forma como, dada a sua agilidade e potência, facilmente anula os seus ataques.
Mas é também um óptimo cão de companhia, pachorrento e afectuoso, com grande
inteligência e um extraordinário instinto protector.
A minha Castro Laboreiro, à falta de rebanho para tomar conta,
dedica-se a guardar os meus dois gatos. E cumpre a função na perfeição,
distinguindo os gatos amigos daqueles que vêm apenas para semear sarilhos com
os da casa, e a esses não os deixa sequer aproximar, ladrando-lhes com aquele
ladrar profundo e grave que os leva a desertarem imediatamente das
proximidades.
E são estes os poucos momentos em que ladra, a afastar um perigo
indesejável. Os outros momentos são ao nascer do Sol, mas é um ladrar
diferente, afectuoso, como que a saudar a chegada do Sol. E é mesmo este que
ela saúda – pois, quando a manhã está chuvosa ou demasiado enevoada, não se lhe
ouve latido!"
Texto de Adolfo Luxúria Canibal (25 - 06 - 2014)
Extraído de: http://www.sol.pt/noticia/108426
Felizmente, também tenho o privilégio de ter uma cadela Castro Laboreiro, chamada Vida, aquela que está na minha fotografia do Facebook. E só tenho um adjectivo para a caracterizar : EXCEPCIONAL companhia e guarda!
ResponderEliminarOs cães de Castro Laboreiro, são muito amigos do seu dono. Muito bonitos. Exemplares.
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