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sábado, 8 de junho de 2013

Parada do Monte nos tempos anteriores à formação de Portugal e Idade Média (parte I)


A ocupação humana do Vale do Mouro no Neolítico está comprovada pela existência de um núcleo dolménico em Couço referido na Carta Geológica de Portugal (Folha 1-B) e na mamoa da Mina da Mota na zona de Travassos.
Da Idade do Ferro poderão subsistir povoados castrejos em algumas cristas dos montes envolventes a Parada ainda não objecto de escavações arqueológicas.
Relativamente próximo, encontraram-se casas redondas nas elevações que se perfilam no curso inferior do rio Mouro (Monte da Ascenção, Senhora da Graça, Tangil, Trute). A montante e a sudoeste de Castro Laboreiro, que está assente num velho Castro proto-histórico, também existe à cota 1033, um outro Castro’( Ribeiro e Moreira, 1986:41). Parada do Monte poderá ter sido um núcleo da cultura castreja.
Dos tempos da Romanização não existem vestígios descobertos mas não será de excluir a hipótese de as legiões romanas terem subido o Vale do Mouro para dominarem os povos do Laboreiro utilizando uma via partindo das margens do Minho e passando por Messegães, Valadares, Riba de Mouro e Gave. Parada seria um ‘entreposto, local de paragem a caminho de outros locais’ (Domingues, 2008: 90).
Por esta via também teriam passado os cavaleiros da Reconquista em luta com os Muçulmanos e D. Afonso Henriques quando tomou o castelo de Laboreiro.
A fixação de ordens militares depois da expulsão da mourama está compreendida na política de estabilização e povoamento do território dos nossos primeiros reis. Lamas de Mouro, freguesia próxima de Parada do Monte, esteve ocupada pelos Templários (Domingues, 1999). Houve também interesse régio em colocar na raia do Minho, cavaleiros fiéis concedendo-lhes vastos domínios. A Soeiro Alves, D. Afonso Henriques coutou a terra de Valadares que incluía o Vale do Mouro e as povoações de Badim, Cousso, Paderne e Fiães (Mattoso, 1988: 140-141).
Parada do Monte era ainda uma pequena aldeia, de casas cobertas a colmo, rodeada de algumas herdades pertencentes aos monges de Fiães que procuraram ampliar os seus domínios para além do couto que lhes havia sido concedido pelo nosso primeiro rei. Uma das formas que utilizaram foi a de receberem terras por doação testamentária.
Bernardo Pintor ao estudar a documentação existente no Arquivo Distrital de Braga, encontrou uma escritura no ‘Cartulário’ do Mosteiro de Fiães, datada de 1194, referindo Parada do Monte como estando situada ‘subtus mons leporario’, ou seja, sob os Montes Laboreiro (Pintor, 1975-reed. 2005: 341). Num outro documento também do séc. XII são definidos os limites de Parada do Monte os quais para aquele investigador corresponderiam aos da freguesia (Pintor, 1975-reed. 2005: 73).
Uma doação testamentária feita por Afonso Pais e mulher Urraca Dias ao Mosteiro de Fiães, datada de Setembro de 1221, cita uma herdade correspondente à ‘oitava parte da Parada’ com os limites: ‘Pelo Mourilhão até ao Curro de Abril e daí a Fervença e daí ao Parte Águas daí desce pelo rio Menduro e fecha no Mouro…’ (ADB, 1221). Bernardo Pintor em ‘A Voz de Melgaço’, de 1 Novembro de 1947, explica que ‘Curro de Abril se chama hoje Cruz de Abril e fica entre as brandas de Mourim e de Covelo. Fervença é junto à branda de Bouça talvez um nada afastado dos actuais limites. Rio Menduro é o Medoira’ (Domingues, 2008: 97).

O processo de aquisição de terras pelas doações testamentárias possibilitou uma acumulação fundiária pelos monges do Mosteiro de Fiães que as exploraram concedendo parcelas em regime de aforamento. Segundo Isabel Medeiros ‘a multiplicação de casais e dos aforamentos poderá ter densificado a malha de ocupação, sobretudo nas terras baixas, mais ricas e férteis , e nas coutadas, embora também nos altos planaltos a intensidade da vida pastoril tenha contribuído para desenvolver um ponteado de cabanas e cortas, situadas sobretudo nas áreas privilegiadas em pasto, frequentadas principalmente no Verão’ (Medeiros, 1984: 63). 

Extraído de:
LEITE, Antero & LEITE, Maria Antónia Cardoso - Parada do Monte, História e Património. ACER.

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