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sábado, 13 de julho de 2013

A rede de transportes e a fraca circulação de mercadorias em Melgaço na 2ª metade do século XIX



Se analisarmos o desenvolvimento da rede de transportes na segunda metade do século XIX, ela não é nada favorável à circulação de mercadorias do Norte Minhoto. Recordemos que a política dos governos liberais pós 1851 — a Regeneração — investiu excepcionalmente no sector das Obras Públicas: «com efeito, para finais do período (1888) tinham sido abertas mais de 10 000 Km de estradas e mais de 2000 Km de vias férreas» (CABRAL, 1979), sendo tais despesas «indicador interessante da maneira como as relações mercantis penetravam desigualmente no território do país» (CABRAL, 1979). Este factor de desenvolvimento ou, pelo menos, de mutações aceleradas a nível da economia rural, encontrava-se ainda em 1879 bastante pouco implantado ao nível do concelho de Melgaço. Há unicamente a estrada real n.º 23, que parte de Melgaço e atravessa as freguesias de Prado, Remões, Alvaredo e Penso, da Comarca de Melgaço e que está construída por ora até Valadares da Comarca de Monção. Dos 23 Km que separam Melgaço de Monção estavam, portanto, apenas construídos cerca de 10 Km de estrada a partir do primeiro.

Em 1886, a estrada que liga Monção e Valença é já referida, continuando por construir a ligação para a fronteira em Cristóval (S. Gregório) e Castro Laboreiro. No mesmo ano fica assegurada a ligação ferroviária de Valença com a linha do Minho (apesar dos insistentes pedidos, durante o Estado Novo, a linha nunca chegaria a Melgaço). Este lento desenvolvimento do «fontismo» no Distrito de Viana do Castelo, agravado pela posição excêntrica de Melgaço, terá pesado bastante na lentidão do desenvolvimento económico local, patenteado, aliás, pela pouca importância do equipamento funcional. A generalidade das lojas do distrito podem considerar-se antes como basares, onde se encontra à venda as mais variadas mercadorias, do que como estabelecimentos comerciais especialiados num tipo de produtos.

Informações extraídas de: 
- CABRAL, M. Villaverde (1979) — Portugal na Alvorada do séc. XX, Lisboa;
- DOMINGUES, Álvaro (1986) - Estrutura sócio-económica e mobilidade geográfica - Melgaço na segunda metade do séc. XIX. REVISTA DA FACULDADE DE LETRAS - GEOGRAFIA
I Série, Vol. I, Porto, p. 113 a 177.

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