Se
analisarmos o desenvolvimento da rede de transportes na segunda metade do século XIX, ela não é nada
favorável à circulação de mercadorias do Norte Minhoto. Recordemos que a
política dos governos liberais pós 1851 — a Regeneração — investiu
excepcionalmente no sector das Obras Públicas: «com efeito, para finais do
período (1888) tinham sido abertas mais de 10 000 Km de estradas e mais de 2000
Km de vias férreas» (CABRAL, 1979), sendo tais despesas «indicador interessante
da maneira como as relações mercantis penetravam desigualmente no território do
país» (CABRAL, 1979). Este factor de desenvolvimento ou, pelo menos, de
mutações aceleradas a nível da economia rural, encontrava-se ainda em 1879
bastante pouco implantado ao nível do concelho de Melgaço. Há unicamente a
estrada real n.º 23, que parte de Melgaço e atravessa as freguesias de Prado,
Remões, Alvaredo e Penso, da Comarca de Melgaço e que está construída por ora
até Valadares da Comarca de Monção. Dos 23 Km que separam Melgaço de Monção
estavam, portanto, apenas construídos cerca de 10 Km de estrada a partir do
primeiro.
Em
1886, a estrada que liga Monção e Valença é já referida, continuando por
construir a ligação para a fronteira em Cristóval (S. Gregório) e Castro
Laboreiro. No mesmo ano fica assegurada a ligação ferroviária de Valença com a
linha do Minho (apesar dos insistentes pedidos, durante o Estado Novo, a linha
nunca chegaria a Melgaço). Este lento desenvolvimento do «fontismo» no Distrito
de Viana do Castelo, agravado pela posição excêntrica de Melgaço, terá pesado
bastante na lentidão do desenvolvimento económico local, patenteado, aliás,
pela pouca importância do equipamento funcional. A generalidade das lojas do
distrito podem considerar-se antes como basares, onde se encontra à venda as mais
variadas mercadorias, do que como estabelecimentos comerciais especialiados num tipo de produtos.
Informações extraídas de:
- CABRAL, M. Villaverde (1979) — Portugal na Alvorada do séc. XX, Lisboa;
- DOMINGUES, Álvaro (1986) - Estrutura sócio-económica e mobilidade geográfica - Melgaço na segunda metade do séc. XIX. REVISTA DA FACULDADE DE LETRAS - GEOGRAFIA
I Série, Vol. I, Porto, p. 113 a 177.
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