Joaquim Pereira Pimenta de Castro nasceu a 5 de Novembro de 1846, em Pias, Monção, e faleceu a 14 de Maio de 1918, em Lisboa.
Em 1911 foi convidado para o cargo de ministro da
Guerra no primeiro governo constitucional de João Chagas (3 de Setembro a 7 de
Novembro desse ano), resistindo, com alguma dificuldade, às tentativas de
contra-golpe dos monárquicos.
Durante o desempenho do cargo de ministro da Guerra,
envolveu-se em conflitos com outros membros do governo e o próprio chefe do
governo João Chagas. Acabaria demitido pelo próprio João Chagas por via da sua
suspeita passividade ante os manejos conspirativos dos couceiristas (forças
fieis à causa monárquica comandadas pelo general Paiva Couceiro que tentava voltar a estabelecer a monarquia). Havia quem dissesse que o próprio era
simpatizante dos monárquicos e por isso era acusado de ser um traidor.
O episódio da sua demissão fica associado a uma
curiosa conversa acesa no Conselho de Ministros de 8 de Outubro de 1911. O primo do general, Gonçalo
Pereira Pimenta de Castro narra, nas suas memórias, uma curiosa versão dos
acontecimentos que conduziram à demissão de Pimenta de Castro:
“O Dr. Eduardo de Abreu, devido à sua doença, não assumiu a Presidência do Ministério. Era ele que devia substituir o general Pimenta de Castro, e não o mulato do João Chagas, que como habilitações literárias, nem o curso do liceu possuía, e como moral, noutros tempos era conhecido pelo homem da Margarida. O general resolveu passar a desfruta (gozar) o tal senhor Chagas, que parece não era muito corajoso, como é próprio dos mestiços: Circulava o rumor de que Paiva Couceiro estava atravessando a ponte internacional de S. Gregório com sete mil homens. — «Como o caso é gravíssimo, quero saber, senhor Ministro da Guerra, que medidas de defesa adoptou e quais as que tenciona adoptar?» — Pimenta de Castro, natural de Monção, sabia que a ponte internacional sobre o rio S. Gregório, não passava de um tronco de árvore atravessado sobre o pequeno rio. Desfrutou o mulato dizendo-lhe:
“O Dr. Eduardo de Abreu, devido à sua doença, não assumiu a Presidência do Ministério. Era ele que devia substituir o general Pimenta de Castro, e não o mulato do João Chagas, que como habilitações literárias, nem o curso do liceu possuía, e como moral, noutros tempos era conhecido pelo homem da Margarida. O general resolveu passar a desfruta (gozar) o tal senhor Chagas, que parece não era muito corajoso, como é próprio dos mestiços: Circulava o rumor de que Paiva Couceiro estava atravessando a ponte internacional de S. Gregório com sete mil homens. — «Como o caso é gravíssimo, quero saber, senhor Ministro da Guerra, que medidas de defesa adoptou e quais as que tenciona adoptar?» — Pimenta de Castro, natural de Monção, sabia que a ponte internacional sobre o rio S. Gregório, não passava de um tronco de árvore atravessado sobre o pequeno rio. Desfrutou o mulato dizendo-lhe:
— «Sete mil homens devem despender quinze dias a
atravessar a ponte internacional de S. Gregório».
— «Que defesa pensa estabelecer o senhor Ministro da
Guerra e que tropas mandou para lá?»
— «Tenho lá as tropas que lá estavam (não estavam
nenhumas!) e mais as que para lá vou mandar (não mandou coisa alguma!)».
Paiva Couceiro não estava em S. Gregório, nem pessoa
alguma. Isso porém é que ele não quis confessar.
O mulato Chagas ficou aterrado ante os sete mil
homens de Paiva Couceiro, e mais ainda, porque o Ministro da Guerra não o
defendia do fantasma desse Couceiro. Chamou o general e disse-lhe para pedir a
exoneração. Pimenta de Castro respondeu-lhe:
— «Não peço coisa alguma»
Acabou demititido.
Acabou demititido.
— «Pedir alguma coisa àquele mulato, que nem sei quem
é?... Antes ser demitido do que pedir-lhe alguma coisa!» — Exclamava mais tarde
o General”.
Na realidade, não chegavam a mil homens a gente de Couceiro. Batera-se
com poucos um ano antes, com poucos e mal armados continuava a bater-se. A
monarquia não ateava a fé, desacreditara-se. Só duzentos e cinquenta desses
homens iam armados e só de pistolas”.
João Chagas ficaria agastado com a demissão do seu Ministro da Guerra e,
no Congresso, recusou-se a explicar as razões daquela ruptura.
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