Durante o período em que D. Afonso III governou, o castelo foi, objecto de medidas para a sua conservação e reforço defensivo. A inscrição, situada à direita da porta noroeste (porta, que a sanha demolidora da edilidade por pouco não destruiu em 1917) e estudada por José Leite de Vasconcelos, é um claro testemunho disso. Transposta para português atual, diz o seguinte:
"No
tempo d'el-rei D. Afonso, de Portugal, era de 1301, o mestre Fernando consertou
este muro. Martinho Gonçalves, castelleiro d'el-rei nosso senhor, cercou de
muros a vila neste ponto."
Peça
importante no sistema nacional de defesa, o castelo de Melgaço beneficiou, à
semelhança de todos os outros, também integrados nesse sistema, dum costume -
emanado directamente do poder régio ou surgido em consequência da constante
reclamação dos povos -, que consistia em “reservar as terças dos rendas dos
concelhos não só para o repairo desses muros e castelos, mas também para o mais
que necessário fosse à defesa dos lugares. ( ... ). Era, como se nota com facilidade,
a anúduva ou nudívia do foral henriquino ainda em vigor no tempo do rei
venturoso, mas alargado este imposto a todo o concelho. Ao produto destas
terças só raras vezes outro destino lhe foi dada e quando isso sucedeu não deixaram
os reis consultar as câmaras dos concelhos e pedir-lhes a sua aquiescência”.
A D.
Dinis é atribuída pela maioria dos autores, que a este assunto se referem, a
fundação duma forte «cinta de muralhas» para defesa da povoação.
No entanto, a lógica exige, que nos debrucemos sobre as últimas palavras da
inscrição, atrás referida, e nos interroguemos se essa «cintura amuralhada» não
tem, de facto, começado no tempo de D. Afonso III, porque, como muito bem nota
Bernardo Pintor: “Não adiantava fazer a muralha pela parte de onde se
conserva a inscrição se não abrangesse todo o circuito da vila.”
Mas
o que mais interessa salientar é a relação íntima entre o aparecimento da
fortaleza, ou seja, do conjunto «castelo e muralhas citadinas», e a expansão do
povoado, acompanhada, claro está, pela sua importância sócio-económica (era
local de passagem e de negócios), numa área onde, também, os Mosteiros de Fiâães
e Paderne foram notáveis centros irradiadores de desenvolvimento.
Informações recolhidas em:
- ALMEIDA, João de (1943) - Reprodução anotada do Livra das Fortalezas de Duarte d’ Armas. Lisboa, Editorial lmpério, p. 430.
- SILVA, Armando Malheiro (1984) – A fortaleza de Melgaço: pedras e património. Separata da revista MÏNIA
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