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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

A fortaleza de Melgaço no tempo de D. Afonso III (1248-1279)



Durante o período em que D. Afonso III governou, o castelo foi, objecto de medidas para a sua conservação e reforço defensivo. A inscrição, situada à direita da porta noroeste (porta, que a sanha demolidora da edilidade por pouco não destruiu em 1917) e estudada por José Leite de Vasconcelos, é um claro testemunho disso. Transposta para português atual, diz o seguinte:
"No tempo d'el-rei D. Afonso, de Portugal, era de 1301, o mestre Fernando consertou este muro. Martinho Gonçalves, castelleiro d'el-rei nosso senhor, cercou de muros a vila neste ponto."
Peça importante no sistema nacional de defesa, o castelo de Melgaço beneficiou, à semelhança de todos os outros, também integrados nesse sistema, dum costume - emanado directamente do poder régio ou surgido em consequência da constante reclamação dos povos -, que consistia em “reservar as terças dos rendas dos concelhos não só para o repairo desses muros e castelos, mas também para o mais que necessário fosse à defesa dos lugares. ( ... ). Era, como se nota com facilidade, a anúduva ou nudívia do foral henriquino ainda em vigor no tempo do rei venturoso, mas alargado este imposto a todo o concelho. Ao produto destas terças só raras vezes outro destino lhe foi dada e quando isso sucedeu não deixaram os reis consultar as câmaras dos concelhos e pedir-lhes a sua aquiescência”.
A D. Dinis é atribuída pela maioria dos autores, que a este assunto se referem, a fundação duma forte «cinta de muralhas» para defesa da povoação. No entanto, a lógica exige, que nos debrucemos sobre as últimas palavras da inscrição, atrás referida, e nos interroguemos se essa «cintura amuralhada» não tem, de facto, começado no tempo de D. Afonso III, porque, como muito bem nota Bernardo Pintor: “Não adiantava fazer a muralha pela parte de onde se conserva a inscrição se não abrangesse todo o circuito da vila.”
Mas o que mais interessa salientar é a relação íntima entre o aparecimento da fortaleza, ou seja, do conjunto «castelo e muralhas citadinas», e a expansão do povoado, acompanhada, claro está, pela sua importância sócio-económica (era local de passagem e de negócios), numa área onde, também, os Mosteiros de Fiâães e Paderne foram notáveis centros irradiadores de desenvolvimento.





Informações recolhidas em:
- ALMEIDA, João de (1943) - Reprodução anotada do Livra das Fortalezas de Duarte d’ Armas. Lisboa, Editorial lmpério, p. 430.
- SILVA, Armando Malheiro (1984) – A fortaleza de Melgaço: pedras e património. Separata da revista MÏNIA 

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