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terça-feira, 27 de agosto de 2013

A viragem para o século XIX marca o início da decadência da fortaleza de Melgaço

Este é o aspecto da torre e da muralha na viragem para o séc. XIX para o séc. XX

No reinado de D. Joâo V (1707 - 1750), o ocaso da fortaleza de Melgaço ainda estava algo distante, e, por isso, a sua manutenção não foi descurada. É referido em documentos, que dão conta dumas obras que fizeram nesta praça de Melgaço nomeadamente nos “armazéns, paiol de pólvora, consertos de telhados, reboques de paredes, reforço de pregos nas carretas e consertos de coronhas e concertos de fechos”.
Contudo, as muralhas da fortaleza de Melgaço apresentavam em 1808, numa ou noutra parte, o desgaste do tempo e acusavam a incúria dos alcaides mores, para quem passara por força do costume, sancionado pelos reis e transitado para as velhas ordenações do reino, a obrigação dos reparos em todas as obras de defesa das praças d'armas.
Como o castelo apresentava também um estado deplorável, «arruinado ou quase de todo cahido» quando em 1786 faleceu o nosso alcaide mor Sebastião de Castro Lemos, coronel de infantaria e governador da praça de Caminha, o juiz de fora Dr. António José Pinto da Rocha, cujo nome honra a Santa Casa e desde 1785 a 1791 por aqui administrou a justiça, aproveitando a oportunidade oferecida pelo ocaso daquela vida, sequestrou todos os rendimentos da alcaidaria mor.
E como a rainha D. Maria I, ao ter conhecimento de tal diligência, ouviu a Casa de Bragança e só Ihe respondeu «Fizestes bem!». Assim, utilizaram-se as rendas e fizeram-se reparos no castelo à custa dos rendimentos do falecido alcaíde-mor “sequestrados” pelo Juiz.
Contudo, a receita não chegou para tudo e continuaram as muralhas, por isso, com “panos mais ou menos arruinados”, com troços mais ou menos caídos.

Com a implantação do Liberalismo em 1821, não tardaram a formar-se as condições, que converteram a fortaleza «num estorvo ao progresso». Na verdade, entre 1884 e 1917, boa parte das muralhas existentes à época, seriam desmanteladas e as pedras vendidas a particulares.

Informações extraídas de: 

- SILVA, Armando Malheiro (1984) – A fortaleza de Melgaço: pedras e património. Separata da revista MÏNIA.

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