Este é o aspecto da torre e da muralha na viragem para o séc. XIX para o séc. XX
No
reinado de D. Joâo V (1707 - 1750), o ocaso da fortaleza de Melgaço ainda
estava algo distante, e, por isso, a sua manutenção não foi descurada. É
referido em documentos, que dão conta dumas obras que fizeram nesta praça de
Melgaço nomeadamente nos “armazéns, paiol de pólvora, consertos de telhados,
reboques de paredes, reforço de pregos nas carretas e consertos de coronhas e
concertos de fechos”.
Contudo,
as muralhas da fortaleza de Melgaço apresentavam em 1808, numa ou noutra parte,
o desgaste do tempo e acusavam a incúria dos alcaides mores, para quem passara
por força do costume, sancionado pelos reis e transitado para as velhas
ordenações do reino, a obrigação dos reparos em todas as obras de defesa das
praças d'armas.
Como
o castelo apresentava também um estado deplorável, «arruinado ou quase de todo
cahido» quando em 1786 faleceu o nosso alcaide mor Sebastião de Castro Lemos,
coronel de infantaria e governador da praça de Caminha, o juiz de fora Dr.
António José Pinto da Rocha, cujo nome honra a Santa Casa e desde 1785 a 1791
por aqui administrou a justiça, aproveitando a oportunidade oferecida pelo
ocaso daquela vida, sequestrou todos os rendimentos da alcaidaria mor.
E
como a rainha D. Maria I, ao ter conhecimento de tal diligência, ouviu a Casa
de Bragança e só Ihe respondeu «Fizestes bem!». Assim, utilizaram-se as rendas
e fizeram-se reparos no castelo à custa dos rendimentos do falecido alcaíde-mor
“sequestrados” pelo Juiz.
Contudo,
a receita não chegou para tudo e continuaram as muralhas, por isso, com “panos
mais ou menos arruinados”, com troços mais ou menos caídos.
Com a
implantação do Liberalismo em 1821, não tardaram a formar-se as condições, que
converteram a fortaleza «num estorvo ao progresso». Na verdade, entre 1884 e
1917, boa parte das muralhas existentes à época, seriam desmanteladas e as
pedras vendidas a particulares.
Informações
extraídas de:
- SILVA,
Armando Malheiro (1984) – A fortaleza de Melgaço: pedras e património. Separata
da revista MÏNIA.
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