A
Família Carabel, de Castro Laboreiro, era mão para toda a obra.
Fundaram há cerca de 100 anos uma fábrica de chocolate em terras
castrejas. O fabrico de chocolates constituía uma das suas fontes de
rendimento, mas, tinham ainda uma loja aberta, em Castro Laboreiro
onde vendiam tamancos, miudezas e fazendas, e também tratavam de
caixões e funerais. Mais tarde, em 1920, começaram a publicar a
publicar um jornal, chamado “A Neve” e tiveram papel importante
na criação da coletividade castreja “Primavera Sport Club”. No
dito jornal, eram anunciados os seus esmerados chocolates. A
publicidade era também deliciosa nos dizeres: “Quereis um bom
casamento? – Tomai o chocolate da afamada fábrica “Caravelos”
de Castro Laboreiro, que atrai a simpatia”.
O
jornal e o “Primavera Sport Club” surgem já quando a fábrica
estava sob a gerência dos irmãos Abílio e Germano Carabel. Ambos
eram redatores do jornal, e tinham jeito para a escrita. Sobretudo, o
Abílio Alves Carabel. O diretor era um tal Abílio Domingos,
professor primário em Castro Laboreiro, que depois se radicou em
Braga, onde morreu. Seriam os três que financiavam o jornal, mas que
deixou de se publicar, quando Germano Carabel foi dirigir a filial em
Melgaço da Fábrica de Chocolates “Carabel, Sucessores”, antes
de ter viajado para o Brasil, com a mulher e filhos, onde permaneceu
alguns anos para gerir os bens da esposa.
A
criação do jornal “A Neve” teve como uma das principais
finalidades chamar à atenção da Câmara Municipal de Melgaço e
outras instituições para a necessidade de dar atenção a Castro
Laboreiro, nomeadamente à imperativa construção de uma estrada que
ligasse terras castrejas ao resto do país com vista a facilitar a
circulação de pessoas e bens.
A
criação do “Primavera Sport Club” visava fomentar um espaço de
convívio entre os castrejos bem como discussão pela defesa dos
interesse da terra.
Estes
pormenores são-nos contados, na primeira pessoa, num artigo
publicado no jornal “A Neve”, na sua edição de 18 de Novembro
de 1920: “Foi durante a viagem de Melgaço para Castro Laboreiro
que nasceu a ideia da fundação do “Primavera Sport Club” e da
criação do jornal “A Neve”.
Éramos
dois os viajantes ou por outra os caminhantes, pois a pé é que nós
tivemos de transpor essas montanhas que separavam Melgaço de Castro
Laboreiro. Saímos dos “Pereiras”, sito na Calçada, pelas 13
horas, em direção à nossa querida Montanha.
Até
ao cimo da Costa da Rolha, a nossa conversação recaiu sobre
assuntos vários, falando não raras vezes em Amor. A conversa foi
recaindo sobre Castro Laboreiro, nossa terra e digo nossa terra
porque me orgulho de ter nascido nesta terra onde à honradez ainda
se presta subido culto. Já acima de Fiães, diz-me o companheiro:
“Como me sentiria feliz se Castro Laboreiro possuísse um jornal
para defender os seus interesses e um club e aonde todos os
conterrâneos se reunissem divertindo-se e instruindo-se ao mesmo
tempo, incutindo uns nos outros o sagrado dever de pugnar pelos
interesses comuns que são os interesses desta terra que se despe de
todos os objectos para nosso interesse, tratando-nos como mãe.
Estava lançada a ideia. Como eu também ansiava pela prosperidade da
terra que carinhosamente susteve os meus primeiros passos!
Para
a realização dos nossos projectos, faltava-nos apenas realizar um
programa e o apoio dos conterrâneos. A nossa vontade de ferro tudo
conseguiu com muito diminuto espaço. Mas ainda não é tudo! A obra
está em princípio.
Triunfou
dos primeiros obstáculos e agora já não ameaça a morte: contudo é
preciso fortificá-la e fortificá-la-emos, pois agora pois agora é
esse o desejo geral de todos os castrejos sequiosos do Progresso.
Sinto-me
feliz e como eu se sentem todos oso que participaram deste trabalho
coroado de êxito.
Não
adormeçamos, fortifiquemo-nos para nos fazer respeitar.”
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