domingo, 16 de junho de 2013

A introdução do milho grosso em Parada do Monte e Vale do Mouro no séc. XVI


A introdução do milho grosso (mays) no séc. XVI provocou uma alteração estrutural na economia do Vale do Mouro. Isabel Medeiros considera a difusão e generalização da cultura do milho grosso posterior a 1527 ( data de um primeiro ‘Numeramento’ da população do Reino) mas anterior a 1758, ano do ‘Inquérito paroquial’ onde, pela primeira vez, aparece referido (Medeiros, 1984:67). Os monges de Fiães deveriam ter tido alguma influência na introdução da nova cultura nas suas granjas. Os beneditinos eram profundos conhecedores das melhores técnicas agrárias. Sob a administração dos abades trienais, a congregação passou por profunda remodelação de modo a retirá-la da situação de decadência encontrada pelo superior da congregação D. Saulieu que em Janeiro de 1533 a visitou acompanhado do seu secretário Claude Bronseval (Cocheril, 1986: 44). Foi a recuperação pós-tridentina, após o ‘trágico ciclo dos comendatários’ e que foi iniciada com constituição da Congregação autónoma dos mosteiros portugueses, em 1567, passando a Real Abadia de Alcobaça a ser considerada a sua cabeça ou casa mãe (Marques, 1990: 33).
Entre as medidas adoptadas procurou-se obter um melhor aproveitamento dos seus domínios que eram vastos. Para além dos bens de exploração directa situados no interior do seu couto (as hortas, campos de feno, cercas de carvalhos, tapadas de tojo, souto de castanheiros, etc.) e, por aforamento, os localizados numa vasta área que incluía 8 freguesias do concelho de Melgaço, 11 freguesias dos termos de Valadares, Monção e Valença (interior da praça), a freguesia de Gondomil (couto de S. Fins), Castro Laboreiro e terras de Valdevez, Bouro, Lanhoso, Vieira do Minho, Ribeira de Pena, Santa Cruz, Felgueiras, Santa Maria de Revinhade e Santa Eulália de Barrosas. Na Galiza, possuíam prazos nos coutos de Gogilde, Ganceiros e em Padrenda ( Marques, 1990).
Parada do Monte estava entre os domínios que os monges de Fiães exploravam indirectamente por aforamento. No quadro elaborado pelo Prof. José Marques e inserido no seu estudo ‘O Mosteiro de Fiães (Notas para a sua história)’, encontra-se a referência a um pagamento de 2.600 réis pelos foreiros de Parada, termo de Valadares. Quantia relativamente avultada representando 74,3% da média dos pagamentos em numerário- 3.498, 6 réis.
Havia ainda a comenda de Távora que recebia do Casal do Fojo de Travaços, a prestação de ‘$300 réis brancos de moeda corrente e duas boas galinhas’ (Domingues, 1999).
Possivelmente nestas contribuições pecuniárias entraria o rendimento proporcionado pelo milho. A inovação com a introdução do ‘mays’ no agros das terras de Parada do Monte e das outras freguesias vizinhas deve-se, sobretudo, aos lavradores que ordenaram o seu território desafectando áreas incultas e até aí revestidas por florestas, reorientando-as para milheirais.
O processo de apropriação do solo das várzeas e da meia encosta foi lento exigindo um denodado trabalho de despedrega e o alargamento do regadio por uma intrincada rede de regos e levadas partindo de represas (ou presas), algumas delas também servindo os moinhos de rodízio horizontal cujo número aumentou extraordinariamente.

No interior dos agregados houve necessidade de ampliar a capacidade de armazenamento dos grãos e as casas sofreram transformações com a reserva do seu piso térreo para estabulação do gado no Inverno ficando o andar superior dedicado à área de habitação. 

Extraído de:
LEITE, Antero & LEITE, Maria Antónia Cardoso - Parada do Monte, História e Património. ACER.

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-Circular de 15.04.1846 do Secretário do Ministério do Reino ao Governador Civil de
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