Antes desta fonte ser designada de Fonte da Vila, era
conhecida por Fonte de São Fagundo, devido à sua proximidade com a Igreja de
São Fagundo, referida pela primeira vez nas Inquirições de 1258.
Trata-se de uma fonte bastante antiga e a principal no
abastecimento de água à vila noutros tempos, conforme denota não só a sua
designação, como também a sua representação nos desenhos de Duarte d'Armas,
protegida por torre da couraça, ainda que na época possuísse a estrutura de uma
fonte de mergulho. A actual fonte de espaldar, de construção seiscentista, de
linhas sóbrias e contidas, reserva a decoração para o brasão, que é envolvido
em elementos volutados com carrancas e concha, para a bica, com ornamentação
quase imperceptível, e para os elementos do remate. Em época posterior, talvez
no século XX, a água da mina foi conduzida para outros tanques e bicas
dispostos nas imediações da fonte da Vila.
Existem algumas referências históricas a esta fonte. Em 1218,
é feita referência a uma nascente no local da actual fonte num documento em que
o abade do Mosteiro de Fiães trocou uma horta com uma vinha que tinha próximo
da igreja de São Facundo, onde havia a dita fonte, por uma outra que Fernando
Martini possuía junto à capela de Nossa Senhora da Orada. No início do século
XVI, nos desenhos de Duarte d'Armas
relativos ao castelo de Melgaço, surge retratado no exterior do castelo um poço
e uma fonte de mergulho.
Os finais do século XVII ou inícios do século XVIII será época provável da construção da fonte que hoje
conhecemos. Em 24 de Maio de 1758, segundo o relato do padre Bento Lourenço de
Nogueira nas Memórias Paroquiais, a vila não tinha fonte nem lagoa especial,
mas era abundante de águas, tanto para regar os frutos como excelente para
beber.
Contudo, uma planta do castelo, elaborada pelo sargento
Gonçallo Luís da Sylva Brandão, retrata, os três principais pontos de água na
época: a cisterna no interior do castelo, um poço no interior da povoação e a
fonte da vila. Já no início do século XIX, durante as Invasões Francesas, o
brasão da fonte foi coberto com argamassa. Mais tarde, já no século XX,
efetuou-se a construção do tanque e bebedouro no muro do beco, perpendicular à
fonte.
Esta fonte possui um espaldar de planta rectangular,
simples, e corpo em cantaria aparente. Face principal delimitada por duas
pilastras toscanas e terminada em empena curva ao centro e horizontalizada no
alinhamento das pilastras, com friso e cornija. É coroado por um pináculo
gálbado, almofadado, sobre plinto paralelepipédico com face frontal ornada de
almofada contendo X, sobre a pilastra direita, e, ao centro, por cruz latina de
cantaria, de braços marcados por sulcos profundos, com remate flordelizado,
sobre acrotério decorado com volutados. No espaldar, sob a cornija, surge
brasão com as armas nacionais, envolto em elementos volutados contendo duas
carrancas laterais, coroa aberta e concha inferior. Ao nível da base das
pilastras, surge ao centro uma bica carranca com as formas quase
imperceptíveis, entre dois silhares, colocados num plano ainda mais baixo, que
integravam bicas, actualmente inexistentes. Frontalmente e ao nível do
pavimento rebaixado do espaço frontal da fonte, surge pequeno tanque
semicircular. Do lado direito da fonte, integrado no muro da casa surge ainda a
mina, de vão rectangular e porta metálica pintada de verde, interiormente
semi-entulhada. Ao muro perpendicular e delimitador do beco adossa-se um
pequeno tanque rectangular, muito baixo, e existe vão rectangular, integrando
bica, desactivada, mas cuja água caía para bebedouro rectangular integrado no
vão.
Informações extraídas de:
- ALMEIDA, Carlos A. Brochado, O sistema defensivo da vila
de Melgaço. Dos castelos da reconquista ao sistema abaluartado, Melgaço, 2002;
Revista Municipal, nº 35, Abril 2005, p.19;
- Paula Noé (2009) em www.monumentos.pt.
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