Em tempos antigos, as pessoas com recursos, antes de falecer tinham o hábito de redigir o testamento no qual expressavam as suas últimas vontades. Nele, além de indicarem para quem ficavam os bens, uma boa parte do dinheiro ou bens eram deixados ao pároco ou irmandades para missas pela sua alma na esperança que ajudasse a abrir as portas dos Céu. Veja dois exemplos de assentos de óbitos do século XVII, ambos da paróquia de Chaviães. Em 1662, o Abade
Francisco de Lyra Castro narrou o seguinte registo de óbito: ‘’aos vinte e oito
dias do mês de Outubro do ano de mil seiscentos e sessenta e dois faleceu, com
todos os Sacramentos, Domingos Rodrigues, de Portela do Couto, meu freguês, de
uma bala com que foi passado, saindo da Praça de Melgaço a pelejar com o
inimigo, o galego, que ao tal tempo veio aos arrebaldes de dita Praça. Seu
corpo foi sepultado nesta Igreja. Fez testamento em que dispôs por sua alma
dezoito missas repartidas em três ofícios. E para que conste de tudo fiz e
assinei. Francisco de Lyra Castro, Abb’’. À margem: ‘’Registado – 1º Estado 6;
2º Estado 6; 3º outros 6 – Domingos Rodrigues’’.
O mesmo abade
‘’lavrou’’, ainda, em 1666 o seguinte assento: ‘’ aos dezoito dias do mês de
Junho do ano de mil seiscentos e sessenta e seis faleceu, com todos os
Sacramentos, Isabel Rodrigues, viúva da Tapada desta freguesia. Fez testamento
em que dispôs por sua alma doze missas, em três ofícios; em cada um missa
cantada e os últimos ofertados a cem réis cada um; mais duas missas votivas:
uma a Nossa Senhora da Peneda e outra à Senhora da Orada. Esmolas: à Confraria
do Santíssimo um cabaço de vinho; à das almas outro cabaço de vinho; à
Confraria do Nome de Deus, de Nossa Senhora e de S. Sebastião, a cada uma meio
cabaço de vinho. E para que conste foi, digo, seu corpo foi sepultado dentro da
Igreja. E para que conste fiz e assinei, Era ut supra. Francisco de Lyra
Castro’’.
Texto extraído de:
Jornal ‘’A Aurora do Lima’’ de 12/11/08 (J. Rodrigues).
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