Prado (Melgaço)
(Foto de Steve Fernandes)
“A Ana, aqui nossa vizinha, teve três abortos. E depois, o médico disse para ela não engravidar outra vez, pois era muito fraca e poderia apanhar qualquer coisa..., ou até a criança nascer defeituosa.
Um dia, numa esfolhada, eu disse-lhe. Ó Ana, e se
tu fosses baptizar a criança, ainda na barriga, debaixo da ponte de S.
Lourenço? É uma ponte aqui próxima, neste regato. Disse ela: Você vai
comigo? – Vou! – Então eu vou pensar nisso...
Engravidou outra vez! Andava ela grávida de três
meses, e uma noite viemos para cima da ponte (eu, ela e o marido). Esperamos em
cima da ponte enquanto o marido foi debaixo da ponte buscar água. Depois, ficamos
os três em cima da ponte à espera da primeira pessoa que ali passasse depois da
meia-noite. Mas não podia passar nem cão nem gato, senão aquela noite já não
servia, e tínhamos que vir noutra.
Veio o primeiro carro e eu fiz-lhe «alto». Mas ele
não parou. Veio o segundo e eu voltei a fazer «alto» e ele parou. Mas a pessoa
negou-se... e eu até o conhecia... Eu disse-lhe: É para baptizar uma
criança.... assim, assim..., mas ele negou-se. Veio o terceiro. Parou e
aceitou. E disse: Ai que bom que me aconteceu! Já ouvira falar dessa
história, mas nunca esperei que me acontecesse tal coisa. Era do Registo
Civil. Estava o pai com a água. O que é que eu tenho de fazer?,
perguntou o homem. Eu disse-lhe: Você pega na água e diz: “Eu te baptizo, em
nome do Pai, do Filho e do espírito Santo”. Não diga Amém, senão fecha o
Baptismo à criança! Ele conhecia a rapariga e disse-lhe: Levanta bem a
blusa, que eu quero regar-te bem! E passado o tempo nasceu uma rapariga
linda!”.
Estória narrada na 1ª pessoa em: CAMPELO, Álvaro (2002) - Caminhando pelo
Mundo do Fantástico no Vale do Minho.“ in Revista Antropológicas.
castelos@hotmail.com
ResponderEliminarQue lindo! E é, mesmo assim um baptismo de antigamente, que era de precepto, até, em caso de perigo ou morte para a criança nào ficar sem o baptismo!
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