domingo, 20 de novembro de 2022

A freguesia de São Tiago de Penso (Melgaço) em meados do século XVIII

 



A freguesia de São Tiago de Penso (Melgaço) é muito antiga e tem muitos séculos de História, remontando as suas referências mais antigas à época da fundação da nação portuguesa. 

Se quisermos saber mais sobre Penso em meados do século XVIII, podemos consultar o manuscrito das Memórias Paroquiais de 1758, que nos dá únicas e valiosas indicações do modo de vida na freguesia. Como seria Penso em meados do século XVIII? O padre Diogo Manuel de Souza, pároco da freguesia à época, escreveu em 6 de maio de 1758 que “... fica esta igreja de Sam Tiago de Penso na Província de Veira Minho, he do Arciprestado de Braga Primaz e da Comarca de Valença do Minho e he do termo de Valadares. (…) 

He terra do Sereníssimo Senhor Infante. Tem esta freguezia vizinhos duzentos e nove, tem pessoas seiscentas e doze. Está esta freguezia situada em hum valle baixo e della se nam descobre poboaçoins senam para a parte da Galiza que fica distante meio coarto de legoa, pouco menos e lhe fica enfronte (…) Poboaçoins de Portugal se nam descobre do valle donde está situada esta igreja nenhuma e somente se descobre os lemites da freguezia de Sam Martinho de Alvaredo e os lemites da freguezia de Sam Joam de Sá e os lemites da freguezia do Couto de Paderne pella parte donde confronta com esta freguezia como também os lemites da freguezia de Sam Thomé de Cousso e oslemites da freguezia de Santa Eulália pellaparte donde confrontam as referidas freguezias com esta. (…) 

Está esta parochia dentro desta freguezia e tem o lugar da Telhada Grande, o lugar da Telhada Piquena, o lugar das Mós, o lugar do Pomar, o lugar de Rabosa, o lugar de Coviso, o lugar de Paranham, o lugar do Barro Grande, o lugar do Barro Piqueno, o lugar do Cruzeiro, são por todos catorze lugares que tem esta freguezia. (…) 

Chama-se ao orago desta freguezia Sam Thiago. Tem esta igreja coatro altares, o altar mor tem Sam Tiago, os altares culatrais em hum está nossa Senhora do Rozario, em outro Nossa Senhora do Carmo, em outro o painel das Almas. Nam tem naves. Tem três irmandades, huma do Santíssimo Sacramento, outra de Nossa Senhora do Rozario, outra das Almas (…) He o parocho desta freguezia vigario e he de aprezentaçam do Dom Prior donatario do mosteiro de Sam Salvador de Paderne, Religiam de Santo Agostinho. Tem de rendimento o parocho de frutos certos e incertos cento e trinta mil réis, pouco mais ou menos. 

O pároco fala-nos nas capelas que havia na freguesia e refere que “tem esta freguezia coatro ermidas, huma de Sam Bertolameu, outra de Sam Thomé, outra da Senhora da Boa Morte e outra de Sam Sipriano. Estão todas dentro dos lemites desta freguezia e são pertencentes a esta freguezia exceto a da Senhora da Boa Morte e a de Sam Sipriano que pertencem à caza de Manoel Giraldo de Azevedo e Sotto Maior. Acodem a estas ermidas em alguns dias do anno romagem como são em dia de Sam Bartelameu, a vinte e quatro de Agosto e a Sam Thomé no dia que se lhe costuma fazer a sua festa que no terceiro Domingo de Julho e Sam Sipriano que se costuma festejar no primeiro do mês de Maio e somente a estas ermidas que acode romagem”. (…) 

Os frutos que se colhem em maior abundância são milho, centeio e vinho e centeio e castanha e linho, pouco trigo e feijam e frutas de várias castas com abundância.” (…) Refere-se ainda que a freguezia...nam tem correio e serve-se do correio da villa de Monção que dista desta freguezia duas legoas". 

No manuscrito das Memória Paroquiais faz ainda referência a uma fonte de onde nasce uma água com capacidades curativas: “...há nesta freguezia huma fonte junto ao rio Minho que se lhe chama por tradiçam antiga a Fonte Santa, tem a água della várias virtudes especialmente para queixas de destemperança do fígado, lepra e outras mais queixas que prosederem de umores quentes. Tem a ágoa desta fonte hum cheiro ao eixofar (enxofre) mas ao sabor nam tem mao gosto. muito clara e muito fresca, somente o cheiro do einxofar (enxofre) tem a sirscunstância que lansando-se na dita ágoa alguma prata a põem em breves instantes amarela como perfumada de ouro e logo que se tira da ágoa esfregando-a com os dedos da mam se alimpa e fica como dantes limpa. Tem mais a virtude que quem beber da ágoa della lhe abre a vontade de comer se tiver fastio. Por donde corre ágoa da dita fonte deita hum limo pello rego da cor do mesmo eixofar [enxofre] e labando alguma ferida com a ágoa della (???) (…) do fígado tem sido muita gente que vem tomar banhos a ela recuperando a saúde perdida de água milagroza.” 

 

CONTINUA 

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Lembram-se do conjunto melgacense Polaris?

 



Há cerca de 40 anos, nos anos 80, o grupo musical Polaris animava muitas das festas nas nossas aldeias em Melgaço e na região. Tratava-se de um conjunto formado em Melgaço onde ouvíamos a poderosa voz de Luis Faria, secundado por um bom grupo de músicos.

Na Fonoteca Municipal do Porto, encontramos um disco de vinil de 45 rotações por minuto do dito conjunto melgacense, editado em 1983 pela Edisco, outrora pertencente à Radiodifusão Portuguesa e oferecido para integrar este fantástico espólio da música que se fez por esse país fora. O dito disco tem uma canção em cada lado.

Na capa, referência à nossa terra, pois claro!...






Na Biblioteca Pública de Portugal, na sua secção digital, podemos encontrar um poster de 1989: https://catalogo.bnportugal.gov.pt/ipac20/ipac.jsp?session=166784I88H1T8.70267&profile=bn&uri=full=3100024~!195011~!0&ri=1&aspect=subtab98&menu=tab20&source=~!bnp&ipp=20&staffonly=&term=Polaris&index=.GW&uindex=&aspect=subtab98&menu=search&ri=1&limitbox_2=BBND01+=+BND