A freguesia de São Tiago de Penso (Melgaço) é muito antiga e tem muitos séculos de História, remontando as suas referências mais antigas à época da fundação da nação portuguesa.
Se quisermos saber mais sobre Penso em meados do século XVIII, podemos consultar o manuscrito das Memórias Paroquiais de 1758, que nos dá únicas e valiosas indicações do modo de vida na freguesia. Como seria Penso em meados do século XVIII? O padre Diogo Manuel de Souza, pároco da freguesia à época, escreveu em 6 de maio de 1758 que “... fica esta igreja de Sam Tiago de Penso na Província de Veira Minho, he do Arciprestado de Braga Primaz e da Comarca de Valença do Minho e he do termo de Valadares. (…)
He terra do Sereníssimo Senhor Infante. Tem esta freguezia vizinhos duzentos e nove, tem pessoas seiscentas e doze. Está esta freguezia situada em hum valle baixo e della se nam descobre poboaçoins senam para a parte da Galiza que fica distante meio coarto de legoa, pouco menos e lhe fica enfronte (…) Poboaçoins de Portugal se nam descobre do valle donde está situada esta igreja nenhuma e somente se descobre os lemites da freguezia de Sam Martinho de Alvaredo e os lemites da freguezia de Sam Joam de Sá e os lemites da freguezia do Couto de Paderne pella parte donde confronta com esta freguezia como também os lemites da freguezia de Sam Thomé de Cousso e oslemites da freguezia de Santa Eulália pellaparte donde confrontam as referidas freguezias com esta. (…)
Está esta parochia dentro desta freguezia e tem o lugar da Telhada Grande, o lugar da Telhada Piquena, o lugar das Mós, o lugar do Pomar, o lugar de Rabosa, o lugar de Coviso, o lugar de Paranham, o lugar do Barro Grande, o lugar do Barro Piqueno, o lugar do Cruzeiro, são por todos catorze lugares que tem esta freguezia. (…)
Chama-se ao orago desta freguezia Sam Thiago. Tem esta igreja coatro altares, o altar mor tem Sam Tiago, os altares culatrais em hum está nossa Senhora do Rozario, em outro Nossa Senhora do Carmo, em outro o painel das Almas. Nam tem naves. Tem três irmandades, huma do Santíssimo Sacramento, outra de Nossa Senhora do Rozario, outra das Almas (…) He o parocho desta freguezia vigario e he de aprezentaçam do Dom Prior donatario do mosteiro de Sam Salvador de Paderne, Religiam de Santo Agostinho. Tem de rendimento o parocho de frutos certos e incertos cento e trinta mil réis, pouco mais ou menos.”
O pároco fala-nos nas capelas que havia na freguesia e refere que “tem esta freguezia coatro ermidas, huma de Sam Bertolameu, outra de Sam Thomé, outra da Senhora da Boa Morte e outra de Sam Sipriano. Estão todas dentro dos lemites desta freguezia e são pertencentes a esta freguezia exceto a da Senhora da Boa Morte e a de Sam Sipriano que pertencem à caza de Manoel Giraldo de Azevedo e Sotto Maior. Acodem a estas ermidas em alguns dias do anno romagem como são em dia de Sam Bartelameu, a vinte e quatro de Agosto e a Sam Thomé no dia que se lhe costuma fazer a sua festa que hé no terceiro Domingo de Julho e Sam Sipriano que se costuma festejar no primeiro do mês de Maio e somente a estas ermidas hé que acode romagem”. (…)
“Os frutos que se colhem em maior abundância são milho, centeio e vinho e centeio e castanha e linho, pouco trigo e feijam e frutas de várias castas com abundância.” (…) Refere-se ainda que a freguezia “...nam tem correio e serve-se do correio da villa de Monção que dista desta freguezia duas legoas".
No manuscrito das Memória Paroquiais faz ainda referência a uma fonte de onde nasce uma água com capacidades curativas: “...há nesta freguezia huma fonte junto ao rio Minho que se lhe chama por tradiçam antiga a Fonte Santa, tem a água della várias virtudes especialmente para queixas de destemperança do fígado, lepra e outras mais queixas que prosederem de umores quentes. Tem a ágoa desta fonte hum cheiro ao eixofar (enxofre) mas ao sabor nam tem mao gosto. Hé muito clara e muito fresca, somente o cheiro do einxofar (enxofre) tem a sirscunstância que lansando-se na dita ágoa alguma prata a põem em breves instantes amarela como perfumada de ouro e logo que se tira da ágoa esfregando-a com os dedos da mam se alimpa e fica como dantes limpa. Tem mais a virtude que quem beber da ágoa della lhe abre a vontade de comer se tiver fastio. Por donde corre ágoa da dita fonte deita hum limo pello rego da cor do mesmo eixofar [enxofre] e labando alguma ferida com a ágoa della (???) (…) do fígado tem sido muita gente que vem tomar banhos a ela recuperando a saúde perdida de água milagroza.”
CONTINUA
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