Na rua de Melgaço, a rua da Fonte da Vila prolonga-se desde a Praça da Calçada até à encruzilhada com a antiga rua da Escola, atual rua Cónego José Marques. A partir daqui, a rua prolonga-se em direção a poente até à rua das Carvalhiças. Este troço é designado de rua de São Tiago e vamos esclarecer os caros leitores acerca da sua origem.
A origem do topónimo “São Tiago” neste local estará relacionado com uma mudança de orago da antiquíssima e desaparecida igreja de S. Fagundo. Temos, em Melgaço, também o caso de Chaviães em que, ao longo da História, houve mudança de orago de Santa Seguinha para Santa Maria Madalena. Ora, a velha freguesia de São Fagundo foi extinta na segunda metade do século XVI mas a igreja, localizada para os lados da Fonte da Vila, ainda perdurou no tempo até data que se desconhece com precisão. O orago terá deixado de ser São Fagundo para passar a ser São Tiago. Segundo PINTOR (1975), o fundamento da mudança terá sido o seguinte: “Sabe o leitor que há vários santos com o mesmo nome, dois apóstolos são Sant’Iago, o maior e o menor. Mais conhecido por nós é o que se festeja em 25 de Julho (...) Há um outro Sant’Iago, chamado Interciso, que a Liturgia recorda em 27 de Novembro, dia também dedicado a S. Fagundo. Como ambos os Santos são comemorados no mesmo dia, e S. Fagundo deixou de ser festejado na categoria de padroeiro da freguesia, porque ela tinha desaparecido, veio a sobrepor-se o culto, a Sant’Iago Interciso.”
Assim, se outrora a esta área se associavam topónimos a São Fagundo, (tal como a Fonte de São Fagundo), os mesmos foram caindo no esquecimento e outros foram entrando em uso, associados ao novo orago do pequeno templo. É disso exemplo, topónimos como os chamados campos de São Tiago, nas proximidades da antiga escola primária da vila, ou o Poço de São Tiago, tal como cita ESTEVES (1952): “A alguns passos dos fossos pertinho da fortaleza, no caminho aquingostado para os Chãos, a vila ainda hoje situa o Poço de S. Tiago. No local onde se fez, há meia dúzia de anos, uma casa de campo, erguia-se uma igreja pequena, chamada pelo povo capela de São Tiago.” Acrescento que quanto à meia dúzia de anos, lembro que o livro do Dr. Esteves tem a data de 1952.
Encontramos um documento ainda de meados do século XIX, um testamento de Rita Generosa de Abendanho, da família fidalga da Quinta do Carvalho do Lobo. A testamentária passou para Maria, sua filha, “os prazos do Campo do Poço de Santiago e o do Cerrado de Marrocos”. (ESTEVES, 1989) Na atualidade, a autarquia mantém o topónimo denominando uma rua próxima à rua de São Tiago e ao atual campo da feira, como a “Rua do Poço de São Tiago”.
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