Desde há mais de um século que se fala e se escreve acerca de umas águas com propriedades curativas. Em Penso, nas margens do rio Minho existia uma
nascente a que chamavam a Fonte Santa e que dela brotavam umas águas indicadas
para a cura de algumas maleitas.
Luiz Alfredo Lopes, no seu livro «Águas
Minero-medicinais de Portugal", de 1892, diz-nos acerca desta Fonte Santa que “brota uma nascente de água sulfúrea,
ainda não quimicamente analisada, gozando de uma certa fama de utilidade no
tratamento das doenças de pele. É usada em banhos e loções num pequeno charco
para tal fim arranjado.”
C. Calado, no seu livro “Carta de Nascentes Minerais” de 1995, classifica esta água como “Sulfúrea sódica e hipotermal”.
Em 1988, J. Almeida no
livro “Inventário Hidrológico de Portugal” refere que
“a antiga fonte está assoreada pelas areias das enchentes dos Invernos. A
cerca de 2 metros, encontra-se um tanque de 1,5 x 0,8 metros com pequena altura
e de fundo aberto na terra. Era aqui que, em tempos antigos, os doentes faziam
os seus banhos pois foi grande a fama desta água em doenças de pele.”
Também Ascensão
Contreiras no seu livro “Manual Hidrológico de Portugal” de 1951 se refere a
estas águas como indicadas para reumatismo e doenças de pele. Há poucas décadas
atrás, um habitante de Penso referia que estas águas ”Também servem para os
olhos… Não só por fora, quando se tinha
algum mal nos olhos, lava-se com essa água.” E acrescenta “Eu ainda anteontem
lá fui buscar uns garrafões para a minha mulher. Para umas feridas que ela tem
… para qualquer coisa dela” (provavelmente, o senhor estava a referir-se a
qualquer problema dermatológico na zona genital).
Segundo Almeida (1988),
a nascente localiza-se a 15 metros do álveo médio do rio Minho, ao lado de um
velho tanque de banhos. Num projeto de inventariação de águas termais e
nascentes com águas com caraterísticas terapêuticas intitulado “Das termas
aos "spas": reconfigurações de uma prática terapêutica”, o autor tentou visitar a Fonte Santa. Um
habitante local disse-lhe que “Com
este tempo chuvoso não sei se lá consegue chegar.” O autor bem tentou localizar a nascente. Então refere que “embora
tenha chegado à “boca do rio”, tenha andado sobre os maciços muros (ruínas de
azenha ou moinho) e pedregulhos da Pesqueira Grande, com várias escorregadelas
pelo meio, não conseguiu localizar o ponto de emergência da água. Não havia
nenhum pescador que se tivesse aventurado nas margens selvagens do Minho neste
dia chuvoso, quando voltei ao caminho de subida era já noite.”
Há algumas décadas atrás,
estas águas da nascente da Fonte Santa já só eram aproveitadas para recolha,
para lavagens em casas. Os banhos de S. João são uma memória de uma recente
tradição, os últimos ter-se-ão realizado há já algumas décadas atrás...
Informações recolhidas em:
- ACCIAIUOLI, L. (1944) – Águas de Portugal.
Direção Geral de Minas e Serviços Geológicos, Lisboa.
- ALMEIDA, A. & ALMEIDA J. (1988) –
Inventário Hidrológico de Portugal. 4º volume, Minho. Instituto Hidrologia de
Lisboa.
- CALADO, C. (1995) – Carta de Nascentes
Minerais: Notícia Explicativa. Atlas do Ambiente. Direcção-Geral do Ambiente,
Lisboa.
- CONTREIRAS, Ascensão (1951) – «Manual
Hidrológico de Portugal»; Empresa Nacional de Publicidade; Lisboa.
- LOPES, Luiz Alfredo (1892) – «Águas
Minero-medicinais de Portugal»; Editora não identificada; Lisboa.
Essas águas da Fonte Santa julgo serem aquelas que brotam numa fonte em , que a abertura da estrada nova obrigou a deslocar para o lado direito (Monção-Melgaço). Tive uma crise de rins com dores terríveis e um médico que exercia em Melgaço, há anos, mandou-me a essa fonte e que bebesse a maior quantidade de água que conseguisse à boca da torneira. Assim procedi e a dor desapareceu. Ainda me recordo das palavras do médico: «eu, como médico, não devia indicar-lhe tal tratamento, mas como o vejo em grande sofrimento, mesmo depois de lhe haver ministrado três ejeções, relego a minha profissão para outra altura. Vá e verá que se sentirá melhor». Tal fonte situa-se em Messegães.
ResponderEliminarAs que o Sr. refere, de facto são em Messegaes e conhecidas como aguas de Santo Antão. As de Penso ficam perto do rio, por baixo da estrada "nova".
EliminarHá umas em Messegais, Monção, junto ao rio Minho, essas conheço e ultimamente se descubriu umas frente a praia fluvial do Louridal em Melgaço, do lado de Espanha, mesmo a deitar para o Rio Minho..
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