Na História de Melgaço, conhecemos vários ilustres da família Gomes de Abreu em várias gerações. Um deles é Domingos Gomes de Abreu, militar e figura de destaque na Guerra da Restauração, que foi morador na casa brasonada que se situa junto à igreja da Misericórdia de Melgaço. Foi igualmente avô de Domingos Gomes de Abreu, fundador da Capela da Pastoriza.
Sobre ele, ESTEVES, A. (1989), conta-nos que era “filho legítimo de Maria Gomes de Abreu e marido Domingos da Assureira, foi militar brioso e valente, que numa das companhias de ordenanças da vila de Melgaço serviu com o posto de alferes desde 1675 a 1697, ou seja, durante vinte e dois anos e sete meses.
Faleceu em 22 de Setembro de 1697 tendo sido nomeado um pouco antes capitão da sua companhia. A folha de serviços militares atesta a sua coragem e o seu patriotismo. É uma bonita página da história da nossa vila digna de recordar-se.
Quando em 1662 durante a Guerra da Restauração, Don Baltazar Pantoja encontrou barrado o caminho de Braga no concelho de Arcos de Valdevez, aquele ilustre militar deixou o quartel de Giela e andando pelos fortes dos Pereiros e Mouriga veio parar aos montes de Lordelo aquartelando o exército em Barbeita entre Monção e o forte da Foz de Mouro; quando aí veio parar e pensou ocupar Melgaço nos começos de Outubro, o alferes Domingos Gomes de Abreu fazia parte da sua guarnição, que obrigou os inimigos a desistirem do projetado cerco, tão valorosamente pelejou.
Destemido mas prudente, corajoso mas sereno, fora o homem escolhido pelo governador da praça de Melgaço para prender Romão Valasquez, havido como traidor à coroa portuguesa e com risco da vida, nesse mesmo ano de 1661, um pouco acima do forte levantado junto da foz do rio Mouro, em vão atravessou o Minho a nado para fazer a referida prisão.
Em 1662 bateu-se com o inimigo no lugar de Valadares nuns paços vizinhos ao rio de S. Lourenço e atravessando outra vez o Minho, já na Galiza, perseguindo-o por entre penhascos até o render, aí prendeu o capitão João Esteves, outro traidor a Portugal.
O seu brio, porém, andava ferido pelas proezas de Romão Valasquez e, por isso no ano seguinte, para o colher às mãos, fez-lhe uma emboscada junto ao forte da Ponte do Mouro e sendo o primeiro que o avistou, sobre ele correu até ao rio Mouro, em cujas águas Valasquez se afogou.
Em seguida foi à Galiza, ao lugar de Padrenda, tomar língua de uma tropa de cavalos, conseguindo trazer consigo três soldados com montadas e armas e ao lugar de Queirão, a cujo saque assistiu e onde, no ano seguinte, 1664, pelejou valentemente.
Foi como mercê por estes serviços, que seu filho primogénito recebeu o hábito de Cristo em 28 de Agosto de 1698.
Casou com D. Francisca Coelho, viúva de Jerónimo Teixeira e filha de Francisco da Rosa e esposa D. Maria Coelho, naturais da vila de Melgaço, neta materna de Gonçalo Afonso Coelho e de sua esposa D. Violante Novais, também oriundos desta vila.
Gonçalo Afonso Coelho e Francisco da Rosa exerceram no termo altas funções como vereadores da Câmara e juízes mais velhos pela ordenação fazendo também parte de algumas mesas da Santa Casa da Misericórdia de Melgaço.”
Foi a seu filho Domingos Coelho Novais Gomes de Abreu que, em 30 de Abril de 1701, lhe foi concedido a Carta de Brasão de Armas, e cujo brasão ainda hoje se exibe na parede da casa em frente à igreja Misericórdia nesta vila de Melgaço.
Fonte consultada: ESTEVES, Augusto C. (1989) - O meu livro das gerações melgacenses. Volume I, Edição da Nora do Autor, Melgaço.
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