sábado, 17 de julho de 2021

Quem foi Domingos Gomes de Abreu na História de Melgaço?

 


Na História de Melgaço, conhecemos vários ilustres da família Gomes de Abreu em várias gerações. Um deles é Domingos Gomes de Abreu, militar e figura de destaque na Guerra da Restauração, que foi morador na casa brasonada que se situa junto à igreja da Misericórdia de Melgaço. Foi igualmente avô de Domingos Gomes de Abreu, fundador da Capela da Pastoriza. 

Sobre ele, ESTEVES, A. (1989), conta-nos que era “filho legítimo de Maria Gomes de Abreu e marido Domingos da Assureira, foi militar brioso e valente, que numa das companhias de ordenanças da vila de Melgaço serviu com o posto de alferes desde 1675 a 1697, ou seja, durante vinte e dois anos e sete meses. 

Faleceu em 22 de Setembro de 1697 tendo sido nomeado um pouco antes capitão da sua companhia. A folha de serviços militares atesta a sua coragem e o seu patriotismo. É uma bonita página da história da nossa vila digna de recordar-se.  

Quando em 1662 durante a Guerra da Restauração, Don Baltazar Pantoja encontrou barrado o caminho de Braga no concelho de Arcos de Valdevez, aquele ilustre militar deixou o quartel de Giela e andando pelos fortes dos Pereiros e Mouriga veio parar aos montes de Lordelo aquartelando o exército em Barbeita entre Monção e o forte da Foz de Mouro; quando aí veio parar e pensou ocupar Melgaço nos começos de Outubro, o alferes Domingos Gomes de Abreu fazia parte da sua guarnição, que obrigou os inimigos a desistirem do projetado cerco, tão valorosamente pelejou. 

 Destemido mas prudente, corajoso mas sereno, fora o homem escolhido pelo governador da praça de Melgaço para prender Romão Valasquez, havido como traidor à coroa portuguesa e com risco da vida, nesse mesmo ano de 1661, um pouco acima do forte levantado junto da foz do rio Mouro, em vão atravessou o Minho a nado para fazer a referida prisão. 

 Em 1662 bateu-se com o inimigo no lugar de Valadares nuns paços vizinhos ao rio de S. Lourenço e atravessando outra vez o Minho, já na Galiza, perseguindo-o por entre penhascos até o render, aí prendeu o capitão João Esteves, outro traidor a Portugal. 

O seu brio, porém, andava ferido pelas proezas de Romão Valasquez e, por isso no ano seguinte, para o colher às mãos, fez-lhe uma emboscada junto ao forte da Ponte do Mouro e sendo o primeiro que o avistou, sobre ele correu até ao rio Mouro, em cujas águas Valasquez se afogou.  

Em seguida foi à Galiza, ao lugar de Padrenda, tomar língua de uma tropa de cavalos, conseguindo trazer consigo três soldados com montadas e armas e ao lugar de Queirão, a cujo saque assistiu e onde, no ano seguinte, 1664, pelejou valentemente. 

Foi como mercê por estes serviços, que seu filho primogénito recebeu o hábito de Cristo em 28 de Agosto de 1698. 

Casou com D. Francisca Coelho, viúva de Jerónimo Teixeira e filha de Francisco da Rosa e esposa D. Maria Coelho, naturais da vila de Melgaço, neta materna de Gonçalo Afonso Coelho e de sua esposa D. Violante Novais, também oriundos desta vila. 

Gonçalo Afonso Coelho e Francisco da Rosa exerceram no termo altas funções como vereadores da Câmara e juízes mais velhos pela ordenação fazendo também parte de algumas mesas da Santa Casa da Misericórdia de Melgaço. 

Foi seu filho Domingos Coelho Novais Gomes de Abreu que, em 30 de Abril de 1701, lhe foi concedido a Carta de Brasão de Armas, e cujo brasão ainda hoje se exibe na parede da casa em frente à igreja Misericórdia nesta vila de Melgaço. 

 


 

Fonte consultada: ESTEVES, Augusto C. (1989) - O meu livro das gerações melgacenses. Volume IEdição da Nora do AutorMelgaço. 

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