sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Eurico da Silva, um melgacense autor de algumas das mais famosas novelas brasileiras da sua época.



Eurico António Crispim da Silva nasceu em Paços (Melgaço), no dia 18 de Setembro de 1898. Era filho de Francisco Crispim, carpinteiro, natural de Rouças, e de Maria Teresa Trancoso da Silva, lavradeira, natural de Paços, moradores no lugar de Merelhe da dita freguesia. Era neto paterno de João Manuel Crispim e de Maria Rodrigues, e neto materno de Francisco Trancoso e de Francisca Afonso. Foi batizado na igreja paroquial de Paços a 22 desse mês e ano. Foram seus padrinhos António Trancoso da Silva, negociante, residente no Rio de Janeiro, Brasil, representado por Luís Martins, casado, lavrador, do lugar de Sá, Paços, e Alexandrina Gonçalves Torres, solteira, camponesa, moradora no lugar da Granja.
Artista multifacetado, foi ator, autor de teatro, roteirista de rádio, roteirista de cinema, autor de telenovelas, produtor teatral, produtor de rádio, diretor de cinema e dramaturgo luso-brasileiro, célebre autor de radionovelas durante a era dourada da rádio, tendo uma rua com o seu nome no estado do Rio de Janeiro (Brasil).
Eurico da Silva emigrou de Melgaço para o Brasil em 1916, e em 1919 iniciou a carreira de ator com a peça "O Mártir do Calvário" (de Eduardo Garrido), apresentada no Teatro Carlos Gomes.
A mudança para o Rio de Janeiro dera-se por ter ali alguns amigos padeiros, mas logo Eurico Silva se interessa pelo meio artístico.
A primeira das 15 peças que escreveu estreou em 1932, pela companhia de Procópio Ferreira, para quem traduziu outras tantas.
Em 1939, transferiu-se para o rádio, atuando no programa "Teatro em Casa" da Rádio Nacional como ator e produtor. Dois anos mais tarde voltou para o teatro e em 1945 voltou à emissora.
Como produtor tornou-se responsável por vários programas famosos à época, como Versos e Melodias, Casa da Sogra, Neguinho e Juraci, e foi autor de 28 radionovelas, além de ter traduzido outras, como "O Direito de Nascer", de Félix Caignet, transmitida em 1951 em 273 capítulos, e que veio a ser o maior sucesso do género já registado no país.
Com a estreia da televisão, é um dos redatores das novelas da Rede Tupi, onde escreveu "Olhos que Amei", em 1965, ano em que faleceu.
No cinema, foi roteirista parceiro de J. Rui em filmes como "Não Adianta Chorar" (1945) e com Oscarito no elenco. Dirigiu ainda três filmes.
Fundou e dirigiu a Companhia de Comédias Cazarré-Elza-Delorges, administrou a companhia do Procópio Ferreira e a de Joracy Camargo, tendo ainda nos anos 40 participado da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais.
A sua obra é quase interminável. No arquivo Miroel Silveira, constam 33 peças de teatro escritas por Eurico António Crispim da Silva. As peças escritas por Eurico Silva foram as seguintes, com a respetiva companhia que encenou a primeira vez:
- O pai que eu inventei – 1942 – Companhia Procópio Ferreira, Empresa Pereira da Costa e Gioso Ltda.
- Pense alto (Viva o amor) – 1933 – Companhia Procópio Ferreira;
- Divorciados – 1934 – José Soares; 1944 – Cia. Procópio Ferreira; 1944 – Teatro Escola de Campinas; 1953 – Escola Técnica de Teatro Tiradentes.
- A felicidade pode esperar – 1944 – Rádio Difusora SP; 1945 - Pavilhão Teatro Mazzaropi.
- Filhos de ninguém – 1950 – Circo Teatro Piolim; 1962 – Circo Teatro Irmãos Liendo.
- Um homem – 1935 – Moderna Companhia de Comédia; 1944 – Circo Teatro Liendo e Simplício; 1946 - Circo Teatro Di Lauro.
- Entrou aqui uma mulher (adap.) – 1933 - Companhia Procópio Ferreira.
- Um caso de polícia – 1933 – Companhia Procópio Ferreira.
- A mulher que eu achei - 1935 - Moderna Companhia de Comédia.
- Frederico Segundo – 1935 – Companhia Procópio Ferreira.
- Delicadeza – 1933 – Companhia Procópio Ferreira.
- A mulher que se vendeu - L Navarro e A Torrado - 1937
- Veneno de cobra – 1945 – Circo Teatro Mazzaropi;
- Acontece que eu sou baiano – 1947 – Circo Teatro Piolim.
- A felicidade pode esperar – 1949 – Circo Teatro Piolim.
- O grande marido – 1956 - Companhia Jayme Costa.
- O grande Alexandre – 1964 – Grupo Experimental Flamingo de Artes.
Nota - A peça "O grande marido" foi depois adaptada para o cinema, com o título de Um Marido Barra-Limpa, rodado em 1957 e que marcou a estreia do comediante Ronald Golias embora o seu lançamento só tenha ocorrido dez anos depois.

Fez também diversas traduções de peças de teatro, algumas já atrás mencionadas:
- O Direito de Nascer (radionovela cubana de Félix Caignet, 1951)
- A filhinha do papai - Serrano Anguita - 1933 – Companhia Procópio Ferreira;
- Uma conquista difícil - Raphael Lopes de Haro – 1943 – Companhia Procópio Ferreira; Cine Teatro Boa Vista.
- Tudo para você – Pedro Muñoz Seca; 1934 - Cia de Comédias Procópio Ferreira.
- Rainha de Thebas – Harry Paulton - 1934 – Companhia Procópio Ferreira.
- O amor envelheceu – S Suarez de Deza - 1934 - Companhia Procópio Ferreira.
- O dinheiro do leão – Carlos Arniches e Estremera – 1935 - Moderna Companhia de Comédia.
- Casado sem saber – A Vallescá - 1935 - Moderna Companhia de Comédia.
- Precisa-se de um filho – Antônio Paso - 1935 - Moderna Companhia de Comédia.
- Não sejas mentirosa – Frenc Molnár 1935 - Moderna Companhia de Comédia.
- Não me olhes assim - Muñoz Seca e Perez Fernandez - 1936 - Companhia de Comédias Procópio Ferreira.
- O automóvel do rei – Natanson e Orbok -1937 -Cia Cazarré Elza Delorges.
- Adeus nobreza – Jacinto Capela e Jos de Lucio - 1936 e 1945 - Companhia de Comédias Procópio Ferreira.
- Precisa-se de um pai - Muñoz Seca e Perez Fernandez - 1934 e 1945 - Companhia de Comédias Procópio Ferreira.

- O irmão do felizardo – Oscar Wilde - 1933 - Cia de Comédias Procópio Ferreira.



Cartaz da Peça de teatro “Veneno de Cobra” de Eurico Silva, obra de 1945. Contém a foto do autor autografada pelo próprio.
Notícia no jornal brasileiro “A Noite” (Rio de Janeiro) de 29 de Novembro de 1957.
(Clique para ampliar)

Sem comentários:

Enviar um comentário