sábado, 11 de abril de 2020

São Gregório (Cristóval - Melgaço) e a Ponte das Várzeas: a sua importância em tempos antigos



O lugar a que hoje chamamos de S. Gregório na freguesia melgacense de S. Martinho de Cristoval é de origem bastante antiga. Contudo só conhecemos referências em documentos históricos a partir do século XVII. Até aí, em termos de lugares desta freguesia, apenas aparecem citadas com alguma regularidade o sítio da Ponte das Várzeas ou a vila de Doma.  
A origem para o nome do lugar “S. Gregório” merece do Padre Bernardo Pintor um apontamento. Segundo o mesmo, a razão para o seu nome deve derivar do facto de “em tempos remotos que não sei definir edificou-se ali uma capela dedicada a S. Gregório. Tal era a devoção que o lugar tomou o nome do Santo. A sua imagem está lá ainda na capela. Mais tarde, para ali se levou uma imagem de Santa Bárbara mais da devoção popular por ser evocada contra os trovões. De tal modo se desenvolveu o seu culto que se lhe faz uma grande festa e talvez não haja quem se lembre de rezar a São Gregório.” Sabemos que em meados do século XIX, a festa realizada nesta capela era já a de Santa Bárbara e já não há qualquer referência à veneração a São Gregório. 
Padre Bernardo Pintor expressa ainda o receio que “é possível que no decorrer dos tempos a imagem de São Gregório se arruíne e seja arrumada daqui para fora e os vindoiros não saibam qual a razão do nome do lugar. Tem havido muitos casos desses.” 
Não temos informação precisa acerca da época de construção da capela. Contudo, NOÉ, P. (2014), considera que a mesma terá sido edificada no século XVII ou XVIII, ainda que a segunda possibilidade seja pouco provável. O pároco, nas Memórias Paroquiais em 1758, escreve que a capela já é antiga nessa época. Ao longo dos tempos, a capela recebeu obras, particularmente no século XX. 


Capela de S. Gregório

A capela de S. Gregório apresenta uma planta retangular simples, tendo adossado à fachada posterior corpo retangular, mais baixo e estreito. Possui volumes escalonados, com coberturas em telhados de duas águas, rematadas em beirada simples. As fachadas são rebocadas e pintadas de branco, percorridas por faixa em cimento, pintada de cinzento, com cunhais apilastrados, coroados por pináculos piramidais sobre acrotério, e terminadas em cornija. A fachada principal apresenta-se virada a sul, terminada em empena truncada por sineira, sobrelevada, em arco de volta perfeita sobre pilares, albergando sino, e rematada em empena com cornija, coroada por cruz latina de cantaria, biselada. É rasgada por portal de verga reta, de moldura simples, e óculo circular, com moldura pintada de branco, existindo entre os dois vãos três lápides inscritas. A fachada lateral esquerda com a capela é rasgada por porta travessa, de verga reta e moldura simples, e janela retangular, sem moldura, e o corpo adossado por janela retangular, maior e também sem moldura, e porta de verga reta, moldurada. Na fachada lateral direita a nave é cega e o anexo rasgado por duas frestas de molduras pintadas de branco. A fachada posterior com a capela e o corpo é adossado terminados em empena, coroadas por cruz latina biselada, sobre acrotério, rasgando-se no anexo janela retangular, de moldura pintada de branco. 
A importância do lugar de S. Gregório ao longo dos tempos teve que ver com a importância que a Ponte das Várzeas foi adquirindo, especialmente em época de conflito armado com o país vizinho, nos séculos XVII ou épocas de tensão no século XVIII e XIX.  Não podemos esquecer também que este lugar se situa no muito antigo caminho que vem desde o litoral ao longo de todo o vale do Minho, mais tarde Estrada Real e que se prolongava até à dita ponte e continua pela Galiza. Em finais do século XIX, era já conhecida também como Ponte Internacional de S. Gregório.


Ponte Internacional (Velha) de S. Gregório em 1903

Neste sentido, é bom salientar que a existência desta ponte é muito antiga dando inclusivamente nome ao próprio lugar que tinha uma designação comum de ambos os lados do rio: Ponte das Várzeas/Ponte Barxas. Todavia, do lado português, o nome entrou em desuso algures no início do século XX, enquanto que do lado galego, a localidade conserva o nome antigo (Ponte Barxas). 
Claro que São Gregório foi desde sempre um local onde o comércio prosperou, quer as trocas legais, quer o contrabando, tão antigo como a própria fronteira ainda que muito mais falado durante o Estado Novo. Deixo-vos contudo um extrato de uma notícia do jornal de Melgaço “A Espada do Norte”, da sua edição de 29 de Dezembro de 1892 que diz o seguinte: "Eis aqui as apprehensões realisadas nos diferentes postos d’esta secção durante o mez corrente: (…) Pelas praças do posto fiscal de S. Gregório, differentes géneros alimentícios, algumas fazendas de lã e algodão, no valor de 3130 réis." Os bens transacionados vão variando ao longo dos tempos mas em nenhuma época os valores envolvidos são tão elevados como durante a segunda guerra mundial.
Há ainda a ter em conta que a antiga Ponte das Várzeas (Ponte Velha) era tão rudimentar como estratégica em termos militares. Historicamente, daquilo que se conhece, era a principal passagem de Melgaço para a Galiza através do vale do rio Trancoso e por isso, um ponto fronteiriço sempre sensível em tempos de guerra. Sabendo que em tempos antigos, o rio Minho era intransponível em praticamente todo o troço que passa por Melgaço, restavam as outras linhas de fronteira natural, entre as quais o traçado do rio Trancoso. Nesta linha fronteiriça, a importância da Ponte das Várzeas é destacada por MOREIRA, L. (2008) que refere que “Desde Castro Laboreiro, à entrada do rio Minho, a fronteira era estabelecida pelo vale do rio Trancoso - também designado por “rio das Várzeas” - cujo vale de margens abruptas era considerado impenetrável. Os únicos pontos de passagem seriam duas pontes: a Ponte de Pouzafolles, ainda em área de montanha, e a Ponte das Várzeas, construída em madeira no lugar de S. Gregório”, relativamente próximo do rio Minho.  
Em todos os registos históricos que conhecemos, a Ponte das Várzeas é descrita como sendo construída em madeira. Nas Memórias Paroquiais de 1758, o pároco escreve que a paróquia “tem mais o lugar de Sam Gregório com uma capela antiga do mesmo santo e com vinte vizinhos (fogos), por onde é a estrada deste Reino de Portugal para a Galiza passando-se o regato por uma ponte de táboa que chamam a Ponte das Varges”. Por este registo, se vê que o lugar de São Gregório era o mais extenso da freguesia sendo que o lugar da Porta era, a seguir a São Gregório, o que tinha mais fogos, mas com apenas doze. No lugar da Porta, havia em tempos muito antigos, uma portagem de passagem que as pessoas pagavam pela circulação das próprias e pelas mercadorias. 
O facto de uma ponte tão importante como esta ser em madeira durante vários séculos leva-nos a pensar em qual seria a razão para tal. Talvez por ser um ponto de passagem muito sensível no vale do rio Trancoso. 


Ponte Internacional (Velha) de São Gregório em 1903

A importância estratégica da velhinha Ponte das Várzeas na perspetiva militar durante a Guerra da Restauração (século XVII) é comprovada pela frequência com que é utilizada por portugueses e espanhóis nas suas incursões em território inimigo. Para comprovar tal ideia, podemos citar um trecho do livro “História do Portugal Restaurado” que nos fala das manobras militares nas fronteiras desta região: “D. Gastão, com outro troço, ficou alojado na Ponte das Várzeas (Cristóval) e para que o inimigo divertisse o poder que tinha junto, mandou entrar na Galiza pela Portela do Homem a Vasco de Azevedo Coutinho e por Lindoso a Manuel de Sousa de Abreu, ordenando-lhes, que segunda feira, nove de Setembro, entrassem na Galiza. No mesmo dia ao amanhecer, dividiu D. Gastão a infantaria em três troços e levantando uma plataforma, fez jogar as duas peças de artilharia que levava, contra o reduto da Ponte da Várzeas (junto a Ponte Barxas) e foram de grande efeito, recebendo o inimigo considerável dano”. 
Temos notícia da Ponte das Várzeas no livro “Corografia Portugueza” do padre Carvalho da Costa, publicado em 1706, que refere a propósito de Cristóval que “aqui está a Ponte das Várzeas, que divide este Reyno do da Galliza”.  
No século XVIII, além das Memórias Paroquiais, temos ainda informações sobre São Gregório e a Ponte das Várzeas. Existe um estudo de engenharia militar da autoria de Custódio Villas Boas onde este delineia um plano de defesa em caso de ataque nesta região em finais do século XVIII em época de tensão com Espanha e França, anos antes das invasões napoleónicas. No que toca à defesa de Melgaço, o autor refere que “a defesa da entrada do rio Minho deveria ser feita no rio Trancoso, onde seria necessário construir alguns entrincheiramentos, equipados com os canhões de Melgaço, ao mesmo tempo que se demoliria a Ponte das Várzeas a fim de dificultar o movimento inimigo”. Para a zona entre Melgaço e a Ponte das Várzeas, previu-se a construção de uma linha de baterias "feitas com parapeito em terra, próprias para receber soldados armados com armas ligeiras, mas também onde se poderiam colocar peças de artilharia" (ALMEIDA, C. 2002). Tais estruturas de defesa, foram efetivamente construídas, mas nunca houve uma incursão neste setor durante as invasões e, portanto, não chegaram a ser usadas. 
Durante as lutas liberais, S. Gregório teve aqui estacionada uma quantidade significativa de soldados, tendo chegado a existir um Quartel General. Socorremo-nos da publicação “O Imparcial” de 23 de Novembro de 1826 que nos conta que “em S. Gregório, estão 150 homens de infantaria 9, e 30 de Caçadores 12” e acrescenta que “na Ponte das Barges, junto a Melgaço, guarnece este ponto importante, 180 homens do Regimento 9, e Caçadores 12. 
Ainda no século XIX, o lugar de São Gregório é descrito com algum pormenor. De facto, no livro “O Minho Pittoresco”, de 1886, o autor descreve-nos o lugar e a velhinha Ponte das Várzeas: “Chegámos enfim a S. Gregório, o mais importante lugar da freguesia de Cristóval, cuja igreja oculta por detrás da encosta, onde assenta S. Gregório, é o templo que fica mais ao norte em território português. 


Vista parcial para S. Gregório em 1920

S. Gregório apresenta o aspecto duma pequena vila inclinada sobre o rio Trancoso, que ali voltámos a cumprimentar, como a nossa primeira artéria internacional, artéria que junto a Cevide, último lugar de Cristóval, vai desaguar no Minho e cuja confluência marca igualmente o ponto em que este formoso rio se interna em plena Galiza, ou melhor, em que ele, ao vir de lá, beija pela primeira vez a terra portuguesa.  
S. Gregório é, por assim dizer, uma rua única, uma rua verde, em ladeira íngreme até à ponte da Várzea, essa ponte que o nosso desenho representa, e que é a primeira ponte internacional lançada entre os dois países, se não quisermos falar nas poldras de Pousafoles, mais ao nascente, no curso do Trancoso. 
Mas, enfim, a ponte da Várzea tem já os seus 4 metros de altura, 6 de comprimento e 2 de largo! É quase a ponte de um lagosinho 
Não se riam dela, contudo, que ali onde a vêem, com os seus dois troncos de castanheiro, lançados de margem a margem, e os seus torrões como pavimento macio, é um símbolo de fraternidade entre dois países que vivem em plena paz, e seria um baluarte de independência a conquistar, quando o clarim de guerra ressoasse desoladoramente por aquelas quebradas fora.   
Ponte Várzea é o lugar espanhol, donde o pontilhão tira o nome e que pertence à alcaidaria de Padrenda, com quem S. Gregório faz o seu comércio meio lícito, meio... de contrabando!  
Que diabo queriam, porém, que fizesse S. Gregório, se no inverno é a margem de Ponte Várzea que lhe dá por empréstimo um bocadito de sol, a cujos raios vão aquecer-se aqueles pobres friorentos gelados das suas sombras de meses!    
Na pequena vila, — chamemos-lhe assim, que não seja senão por patriotismo, — há uma capela onde se festeja Santa Bárbara!”. 
Uns anos mais tarde, mais concretamente em 1894, São Gregório e a sua área envolvente que envolve o lugar foram alvo de um estudo por parte do investigador Adolpho Moller onde nos deixa uma descrição do lugar “S. Gregório é uma pequena povoação que fica situada na fronteira e dista de Melgaço oito kilometros. Outrora esta povoação teve um commercio importante, mas depois decahiu muito; actualmente porém tende outra vez a animar-se. A estrada que a liga com Melgaço tem já 7 kilometros concluídos, falta-lhe o oitavo e último, que anda em construcção. 
S. Gregório não é sede de freguezia, a igreja matriz está n'uma pequena povoação a cerca de um kilometro de distância. Este facto, de povoações importantes não serem sedes de freguezia, dá-se em vários pontos do paiz, como por exemplo na Mealhada e no Cargal do Sal que são cabeças de concelho e têm a matriz em aldeias próximas. A parte alta de S. Gregório está a cerca de 250 metros acima do nível do mar e o rio Minho fica-lhe ao norte à distância aproximada de 1,500 metros. 
Do nascente, banha a parte baixa d'esta povoação o pequeno rio ou ribeira de Trancoso, affluente do Minho, que limita Portugal da Galiza e tem a sua origem próxima a Alcobaça, Há uma pequena ponte internacional sobre a ribeira de Trancoso, que liga S. Gregório com uma pequena aldeia hespanhola e onde existe um posto de fiscalização aduaneira(…). 
Dos lados sul e poente de S. Gregório está a serra que tem por ponto culminante o castello de Castro Laboreiro o qual fica a cerca de 1,250 metros de altitude. Para se ir a esta povoação passa-se pela aldeia denominada Alcobaça, situada na fronteira e que fica perto de 2 horas e meia de caminho de S. Gregório. 
A poente de Alcobaça há um monte que tem a mesma altitude de Castro Laboreiro (…) 
O solo em volta de S. Gregório ó todo de origem granítica. Esta povoação é abundante em água e de boa qualidade. S. Gregório é saudável e o seu clima é temperado na estação invernosa e quente durante a calmosa. Para exemplo diremos que, no dia 26 de Junho ás 2 horas da tarde estando a atmosphera bastante carregada de electricidade, dentro de casa marcava o thermometro 30° C. O quarto onde fiz esta observação thermometrica tinha duas janellas voltadas para o norte e estavam com as vidraças abertas. Na mesma occasião fiz a leitura do meu aneróide o qual marcava 738 mm. 
A cultura principal de S. Gregório e povoações limítrofes é a vinha, milho, batata, algum centeio e os prados. A videira é toda cultivada em parreiras ou ramadas, mas estabelecidas a pouca distancia do solo, isto é, em média a cerca de 1 metro e meio d'altura. 
O vinho é magnifico e achamo-lo muito mais agradável ao paladar do que o affamado de Monsão. Árvores fructíferas observamos a cerejeira, em grande quantidade, pereiras, macieiras, ameixoeiras, pessegueiros, laranjeiras, etc. N'outro tempo cultivava-se ali a oliveira, mas como a producão era muito incerta os lavradores foram-nas arrancando, de sorte que hoje esta árvore é ali rara. Talvez valesse a pena introduzir as variedades hespanholas de maturação precoce e próprias dos climas septentrionaes do paiz. 
Enquanto árvores florestaes encontram-se: o carvalho, castanheiro, pinheiro, vidoeiro, amieiro e alguns salgueiros. 
Próximo a uma azenha que fica junto à ribeira de Trancoso e não muito distante de S. Gregório, vimos um lindo exemplar de vidoeiro com o tronco muito direito. Teria uns 20 metros de altura por 60 centímetros de diâmetro na base. As essências florestaes abundam principalmente na parte inferior da serra, próximo aos ribeiros e corgas. A parte elevada tem pouco ou nenhum arvoredo e só matto rasteiro, e este mesmo não apparece em todas as localidades. 
Em 1894, a velha Ponte Internacional de S. Gregório foi reconstruída em madeira ainda que apresentasse algumas peças da estrutura em ferro. Esta ponte foi destruída ainda na década de 1930. 
Em final de Abril de 1935, foi inaugurada a nova Ponte Internacional de S. Gregório, não muito longe da antiga ponte. 
O lugar é descrito na época pelo escritor Júlio Dantas que parece ter visitado S. Gregório mais do que uma vez. Sobre o lugar, escreve: “Dez minutos ainda de caminho, e avistamos as primeiras casas de São Gregório, cabrejando na rocha, escoando-se por dois córregos estreitos gorgolejantes de água, íngremes como calejas de velho burgo medieval, que vão dar abaixo, ao rio, conduzindo à ponte internacional de madeira que nos separa da vizinha povoação galega de Puente de Bárzia. É curioso o contraste entre as duas povoações, que testam uma com a outra, de cá e de lá da fronteira. Puente de Bárzia limita-se a um punhado apenas de casebres, de proporções humildes e de nenhum interesse. São Gregório, pelo contrário, é relativamente grande, tem alguns bons edifícios e certo aspecto de prosperidade, expressão de uma actividade comercial que, sobretudo na primeira metade do século passado, parece ter sido considerável. Há nove anos, quando pela primeira vez visitei estas paragens, ainda se encontravam de pé as ruínas de umas casas antigas, com muralhas de fortaleza, refúgio outrora de contrabandistas que, por vezes, se defendiam a tiro. Esta diferença no desenvolvimento das duas povoações fronteiriças é facilmente explicável. O comércio local de São Gregório enriqueceu, noutro tempo, com o que vinha de Espanha, mais do que o de Puente de Bárzia prosperou com o que ia de Portugal. 
Há pouco tempo ainda, a estrada de rodagem parava no cimo da povoação. Quem queria descer até ao rio e pisar os últimos palmos de terra portuguesa era obrigado a meter por um quebra-costas de lajedo que estreitava em congosta enfiando até à ponte, entre pocilgas de porcos e jorros de água cachoantes. Não pode afirmar-se que seja propícia a descida, e, muito menos, a subida. Mas a natureza tem, neste rincão minhoto, belezas compensadoras. Muitas vezes me lembrei do grande e saudoso Malhoa, ao transpor alguns recantos viçosos de parreirais em que o sol projectava sombras violetas, e alguns hortejos onde, na polpa das couves galegas, faiscava em gotas a água viva das nascentes. Agora, alcança-se o extremo de São Gregório pela estrada, prolongada há três anos até Espanha, no intuito de estabelecer ligação com a estrada espanhola começada a abrir, nas lombas dos montes galegos vizinhos, por iniciativa de Primo de Rivera. O troço português está pronto. O espanhol parou a pouca distancia da fronteira. Em todo o caso, já pude, de automóvel, atingir o extremo nordeste de Portugal, até ao rio Trancoso, que no verão leva pouca água e que os garotos transpõem de um salto. Parei, durante alguns momentos, nessa «terra última» em que se apoia um dos pilares da nova ponte internacional acabada de construir. De um lado e de outro, as culturas são as mesmas: campos de milho e vinhedos, dispostos em latada, à portuguesa. Ouvia-se, em terras de Espanha, uma voz alegre de mulher cantar em português. Os pardais revoavam, de uma para outra banda, sem respeito pelas determinações da polícia de emigração, e sem pensar que, num simples bater de asas, mudavam de país. 
Hoje, S. Gregório mudou bastante...  


Inauguração da Nova ponte Internacional de São Gregório (26 de Abril de 1935).


Complexo Fronteiriço de S. Gregório em 1951


Complexo Fronteiriço de S. Gregório em meados do século XX







Fontes consultadas: 
- ALMEIDA, Carlos Alberto Brochado de (2002) – O sistema defensivo da Vila de Melgaço: dos castelos da reconquista ao sistema abaluartado. Melgaço, Câmara Municipal. 
- COSTA, Padre António Carvalho da (1706) - Corografia Portuguesa, tomo I, Valentim da Costa Deslandes, Lisboa. 
- DANTAS, Júlio (1936) - Viagens em Espanha. Livraria Bertrand, Lisboa.
- MOLLER, Adolfo Frederico (1894) - Excursão à serra de S. Gregório. in: Annaes de Sciensias Naturaes, Volume Primeiro, publicado por Augusto Nobre. 
- PINTOR, Bernardo (1975) - Melgaço Medieval. Augusto Costa & Comp. Lda. Braga.
- VIEIRA, José Augusto (1886) - O Minho Pittoresco, Tomo I, Livraria de António Maria Pereira-Editor, Lisboa. 

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