A freguesia de Cousso foi uma das últimas a ser constituída de entre aquelas que hoje constituem o concelho de Melgaço. Desde 1141 que as terras desta freguesia pertenceram ao Couto do Mosteiro de Paderne. Em 1571, Cousso era ainda descrita como uma aldeia da freguesia de Paderne e contava com 22 moradores, isto é, fogos. Por esta altura, os moradores de Cousso decidiram construir aí uma capela dedicada a Santo Antão, para aí terem missa todas as semanas.
Note-se que, por esta altura, os moradores de Cousso se queixavam que ficavam muito distantes de Paderne e especialmente no Inverno era-lhes difícil a deslocação. No processo e licenciamento da dita capela, diz-se que Cousso “... he felial desta igreja Matriz deste Mosteiro porque ficando distante, os moradores do dito lugar e sendo-lhes imcomodo no tempo de Inverno passarem pelos montes e serras cobertos de neve, pedirão também ao Mosteiro se lhes erigisse huma capela e freguezia...”. Acrescenta-se que em Cousso “moravão hay muitas pessoas que de velhice não podia ir ao Mosteiro houvir misa por serem já muito fraquas e o Mosteyro donde são freigueses estar hua leguoa e de muyto roym terra e que portanto elles pedião a sua reverendíssima lhes desse licença para se poder dezer misa...”
A 7 de Março de 1572, D. Frei Bartolomeu dos Mártires, na altura Arcebispo de Braga, concedeu a licença da Capela, fundamentada na informação dada pelo Cura da Paróquia do Mosteiro de Paderne. A dita capela foi construída em terrenos de Marcos Rodrigues e João Gonçalves, moradores em Cousso, tal como se lê no documento transcrito abaixo. Terá sido o primeiro passo para a constituição da freguesia que apenas se concretizou em momento posterior a 1572.
A constituição do dote desta ermida de Santo Antão, em Cousso é descrita na respetiva escritura redigida em 30 de Maio de 1571 na pousada de um tal Joam Gonçalves, morador na aldeia. No importante documento para a História da freguesia de Cousso, pode ler-se: “Saibam quantos este estormento de potecação e dote deste dia pera todo o sempre virem como no anno do nacymento de Nosso Senhor Jesus Christo e mil e quinhentos e satenta e hum annos aos trynta dias do mes de Mayo na alldea de Cousso que he da freguezia de Paderne e nas pouzadas de Joam Gonçallvez da dita alldea em presença de mim pabeliam e das testemunhas ao diante nomeadas aparecero Marquos Rodriguez e sua molher Sezyllya Estevenz e Joam Gonçallvez e sua molher Senhorinha Annes moradores na dita alldea e por elles foy dito que elles com ajuda de o Senhor Deus Nosso Senhor queyrão e tinhão começado de fazer na dita alldea de Cousso hua ermida de Santo Amtão que por sua devoção e boto que tinhão pormetydo e pera que a dita casa e irmida melhorase e não pyorasse dyzião e dizerom que elles erão comtentes de dar e apotecar a dita irmida de Santo Antão cada hum per sy a herdade que elles todos tem e pessuem que está d’arredor da dita irmida que levara e semente doze alqueires de pan pouco mais ou menos, que parte de um cabo com elles apotecadores e com Gonçallo Rodriguez e com monte maninho a qual propriedade chamão o Val de Borragueyro que estão syta d’arredor da dita irmida a qual elles todos juntos e cada hum delles dyserom que elles apotecavão a dita propriedade à dita irmida e por suas proprias bomtades sem serem a yso constrangidos e dyserom que se ellles podessem que de cada vez o fazyão mylhor e mais obra nella segumdo suas posevyllydades e forças forem e que numca comtra este contrato e apotecação irem porque pera todo o asy comprir e fazer bom obriguarom toda a sua fazemda asy a mobill como a de raiz e de terem e manterem sostentarem a dita irmida do dyto Santo Antão repayrada de todo ho neseçaryo asy de ornamentos pera se poder dezer missa como dos mais repayroque lhe nesesaryo for pera a dita casa estar cuberta de madeira e telha e caiada e asy diserom que elles queryao dos rendimentos repayrar a dita casa e que por sua devoção mandaryam dezer as misas que pudesem por ella não menoir e crecer e yr por diante com ajuda do Nosso Senhor Deus apotecarom a dita propriedade como dito he e de todo mandarom fazer este estormento e dyserom que elles pidiam a sua Reverendyssyma Senhorya que houvesse por bem de lhes mandar pasar licença pera poderem mandar dezer misa pella somana porquanto moravão hay muitas pessoas que de velhice não podia ir ao Mosteiro houvir misa por serem já muito fraquas e o Mosteyro donde são freigueses estar hua leguoa e de muyto roym terra e que portanto elles pedião a sua reverendíssima lhes desse licença para se poder dezer misa. E loguo por Pedro Lourenço e António Rodriguez moradores na dira alldea foy dito que elles juravão aos Santos Evangelhos que a dita propriedade vall bem vymte mil reais. E de todo mandarom fazer o seguinte estromento e o asynarom estando a todo presentes Miguell de Barros criado de mim tabaliam e Joam Quintella e Joam Allvarez e Afonso Vernalldez e os apotecadores roguarom ao dyto Miguell de Barros e cryado de mim tabaliam que asinasse por elles e asynou e eu Christovão Soares tabaliam do prupico e do judyciall no Condado de Valladares por ell Rey nosso senhor que o trelladeo do meu libro de notas bem e fyelmente e aqui meu prupico sinal fiz...”
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