domingo, 5 de fevereiro de 2023

Melgaço, 1933: notícia de um envenenamento insólito

 


Hoje, trago-vos uma notícia com cerca de 90 anos e que faz referência a factos passados na vila de Melgaço em Julho de 1933. Trata-se de uma estória insólita que podia ter resultado numa tragédia não fosse a atuação do médico do Hospital da Misericórdia. No jornal “Notícias de Melgaço” de 23 de Julho desse ano, a nossa atenção é atraída por uma notícia que nos fala de um estranho envenenamento relacionado com umas sardinhas...  

Na mesma, podemos ler o seguinte: “Deu-se nesta vila o envenenamento de diversos indivíduos, que felizmente escaparam às garras da morte devido aos prontos-socorro prestados no hospital da Misericórdia pelo abalizado clínico, Dr. Cândido da Rocha e Sá, que foi incansável na aplicação dos tratamentos necessários para combater os terríveis efeitos do veneno.

Na sexta-feira, quase noite, a mulher de José Félix Igrejas, com taberna no Largo Hermenegildo Solheiro, estava a fritar umas sardinhas quando apareceu Lucrécia Picota que lhe pediu para envolver as sardinhas em farinha. A criada, Maria de Lurdes Fernandes, tendo encontrado uma porção de farinha num armário, tratou de envolver as sardinhas que, depois de fritas, foram vendidas a diversos fregueses que se sentiram incomodados. Os donos da casa (…) comeram também, assim como dois filhos menores e a criada, sentindo os mesmos incómodos. De conjectura em conjectura, calculando que os incómodos que sentiram eram devidos às sardinhas terem-se estragado com o calor, ou ainda ao azeite com que foram fritas, só muito tarde, quase meia-noite, é que descobriram que a farinha em que tinham envolvido as sardinhas estava preparada com arsénico para matar os ratos e que o José Félix, por esquecimento, tinha deixado numa prateleira da casa. Recorrendo imediatamente ao Dr. Sá, este distinto clínico fez conduzir todas as pessoas que comeram as sardinhas para o hospital da Misericórdia onde, durante toda a noite, lhes prestou o socorro necessário para os salvar. Os envenenados foram, entre outros: José Félix Igrejas, mulher, dois filhos e criada, Francisco Romão Esteves, Joaquim Rodrigues, José Joaquim Nunes de Castro, e Manuel José Alves e mulher.” 

Sem comentários:

Enviar um comentário