Vamos
mergulhar um pouco no passado da freguesia de São Martinho de
Alvaredo. Durante tempos mais primitivos, esta era conhecida como São
Martinho de Valadares, pelo facto de pertencer a este velho concelho
até à sua extinção em meados do século XIX.
1.
Nota introdutória
O
topónimo “Alvaredo”
não é de simples explicação e gera alguma discussão. Numa
comunicação dirigida à Associação dos Arqueólogos Portugueses
em Novembro de 1977, o Dr. Soares de Castro, etnógrafo e
investigador, natural de Alvaredo, tece algumas considerações
acerca da origem etimológica do topónimo “Alvaredo”. Segundo o
mesmo, “Provável
é que o topónimo «Alvaredo» derive de “ARVOREDO”, dada a
abundância e variedade de árvores que na região existiam –
carvalhos, carrascos, castanheiros, pinheiros, etc, etc. E a prová-lo
está o facto de alguns lugares da freguesia terem recebido nomes
correspondentes às matas, nomes que, aliás, ainda subsistem, tais
como “Carvalheira”, “Carvalhal”, “Carrasqueira”, “Souto”,
“pinheiro”, “Bouças” e tantos outros.”
Por outro lado, em ROCHA (2009), encontramos algumas considerações
sobre este tema da parte do historiador vianense Luís Figueiredo da
Guerra, sendo este de opinião que o topónimo “Alvaredo” deriva
“...do
adjetivo latino «Albus» que nos deu o qualificativo antigo «alvar»
(esbranquiçado), estando em reforço da sua asserção os seixos
brancos, que se chamaram «alveiros», e que serviam para demarcar
propriedade rústicas, campos ou leiras; baseando a mesma asserção
por nesta freguesia aparecerem em demasia no terreno, sedimentos ou
de aluvião, pela margem do rio Minho, estes seixos ou alveiros;
sendo a princípio, nome de lugar – acrescenta o mesmo
jurisconsulto – passou mais tarde a designar toda a freguesia. De
facto, alvar, acrescido do sufixo “edo”
– grande quantidade – parece justificar a tese daquele distinto
etimologista e arqueólogo.”
Na
mesma obra, faz-se referência a uma outra possível origem do
topónimo “Alvaredo” e que poderia estar relacionado com uma
casta de uvas, chamada alvarelhão, por aqui cultivada desde tempos
recuados. (idem)
Todavia,
uma outra possível origem do nome desta freguesia aponta para que,
de facto, o termo derive de “alvar”, mas relativo a carvalho, com
o sufixo “edo”, dando a ideia de abundância desta espécie
vegetal em tempos antigos. Recordamos que a quercus
robur
é também conhecida em Portugal como carvalho alvarinho. Note-se que
na freguesia, temos outros fitotopónimos tais como Carvalheira ou
Souto, entre outros.
Panorâmica
parcial de São Martinho de Alvaredo
A
freguesia de Alvaredo tem mais de vinte lugares, entre os quais
Carvalheira, Carrasqueira, Souto, Bouças, Pinheiro, Torre, Padreiro,
Barqueira, Rego, Côto, Ferreiros, Charneca, Fontainhas, Troia,
Fonte, Esteves, Preza, Maninho, Granja, Barbeito e Vilar, tendo sido
os três últimos meeiros, durante vários séculos, com a freguesia
de Paderne. Desde Dezembro de 1949, com a extinção dos lugares
meeiros, estes foram definitivamente incluídos nesta freguesia.
2.
São Martinho de Alvaredo – um pouco da sua História
As
mais antigas referências conhecidas à igreja de São Martinho de
Alvaredo remontam ao século XII. Todavia, houve, em tempos muito
mais recuados uma paróquia em terras do atual concelho de Melgaço
cuja igreja sede se situava no atual lugar de Canda, integrado na
atual freguesia de Alvaredo. Da mesma, apenas temos referências
documentais da sua existência.
Na
realidade, a mais antiga citação a uma paróquia constituída nesta
terra remonta ao século VI dC, ao tempo das primeiras comunidades
cristãs organizadas na região. Para tal, temos que dar atenção ao
importantíssimo cartulário Liber Fidei, que, entre outros
manuscritos, contem o designado Parochiale Sueuorum (Paroquial Suevo)
ou Divisio Theodemiri (divisão realizada durante o reinado do rei
suevo Teodomiro). Este é um importante manuscrito da segunda metade
do século VI dC, onde se apresenta a organização administrativa e
eclesiástica do Reino suevo da Galécia, obra de S. Martinho de
Dume, contendo uma relação das 132 paróquias, agrupadas em treze
dioceses. Entre estas, encontra-se descrita a diocese de Tui com as
suas paróquias. Integrada na diocese tudense, a única paróquia
sita nas atuais terras de Melgaço e que já se encontrava
formalmente constituída na época era a paróquia de Canda, topónimo
que hoje em dia apenas num lugar da freguesia de Alvaredo. FERNANDES
(1997), no seu livro “Paróquias Suevas e Dioceses Visigóticas”,
refere-se a esta primitiva paróquia nestes termos “...Canda
situa-se abaixo da famosa Cividade de Paderne (assim chamada por ser
Paderne a sede de freguesia mais vizinha e não porque haja sido o
seu nome), a qual «cividade» é que devia ter sido a civitas Canda.
Nesta freguesia de Paderne existiu, desde muito antes da
Nacionalidade, a igreja de Santa Maria e S. Salvador - recordando-se
na titular a ecclesia mater de Sancta Maria de Canda e, no titular, a
respetiva cemiterial. Quanto à ecclesia
baptismalis da paroécia,
é lembrada, logo ao lado de Canda, em S. João Baptista (Remoães).
Também ao lado, o título patronal S. Martinho (Alvaredo) pode ser
um eco da Suévia paroecitana, num tal conjunto de concorrências.”
Assim, o autor considera que existia neste lugar uma «ecclesia
mater», ou seja, uma igreja sede de paróquia, muito provavelmente,
designada de Santa Maria de Canda. Para além desta importante alusão
documental, nada mais sabemos acerca desta paróquia. Temos que ter
em conta que no século VIII, se verifica a entrada dos mouros na
Península Ibérica e o processo de consolidação dos territórios
eclesiásticos fica, naturalmente, interrompido.
Apenas
voltamos a ter referências documentais destas terras no século XII,
e já não aludem à paróquia de Canda, mas à freguesia de São
Martinho de Alvaredo e ao Couto de São Vicente. Não sabemos se a
paróquia de Canda desapareceu durante a ocupação muçulmana da
península ou se simplesmente houve, entretanto, uma transferência
da sede da antiga paróquia do lugar de Canda para o local onde
atualmente se situa a igreja de São Martinho. É preciso termos em
conta que temos aqui um largo hiato temporal de cerca de 600 anos
entre a referência documental à paróquia de Canda (século VI dC.)
e a primeira referência a São Martinho de Alvaredo. Durante este
período acontece a reconquista cristã e a independência.
Conforme
dissemos antes, esta freguesia fazia parte, naquela época, da terra
de Valadares. Esta era senhoreada por um tal Soeiro Aires, um dos
cavaleiros das lides da Reconquista favorecidos com carta de Couto da
povoação de S. Vicente concedida por D. Afonso Henriques (VENTURA,
1992). Em contrapartida, este e outros senhores ficavam “responsáveis
pela defesa do território contra possíveis invasões do outro lado
do rio Minho”
(MATTOSO, 1988). Soeiro Aires, nascido por volta de 1140, fidalgo e
cavaleiro medieval, tomou parte na batalha de Ourique, ao lado de D.
Afonso Henriques e aparece referido em documentação da época como
Tenente de Riba Minho em 1173. Surge mencionado nos arquivos da Corte
do rei D. Afonso I de Portugal entre os anos de 1169 e de 1179.
Contudo,
a menção documental mais antiga a esta freguesia de Alvaredo
remonta a tempos anteriores à independência de Portugal. Em 13 de
Abril de 1118, uma tal Onega Fernandes fez uma doação à Sé de Tui
da quarta parte da igreja de São Paio de Paderne, o equivalente da
igreja de São Martinho de Valadares e outro tanto da vila chamada de
São Vicente e da sua igreja. Por outro lado, em 1125 é confirmada a
doação da igreja de São Paio de Paderne e da igreja de São
Vicente, junto ao rio Minho, por D. Teresa à Sé de Tui.
Segundo
PINTOR (1948), a referida vila e desaparecida freguesia de S. Vicente
“...era
couto, ou melhor constituída por dois coutos, o do centro paroquial
e o do lugar de Vilar.
As
Inquirições [de
1288]
mencionam o clérigo Pedro Martins, mas não trazem o nome do pároco.
Segundo juramento dos moradores, a localidade foi coutada por D.
Afonso Henriques a D. Soeiro Aires (de Valadares), que havia trocado
com o Bispo de Tuy, e estava delimitada por marcos de pedra, de que
havia documento mas que, contudo, não foi mostrado.”
O
padre Bernardo Pintor acrescenta que “o
lugar de Vilar também era couto, mas não tinha limites demarcados,
nem documentos, nem [os moradores] souberam dizer quem lhe conferiu
tal privilégio. Estes dois coutos não satisfaziam quaisquer
tributos.
Para
os leitores que ainda não saibam, devo explicar que coutos eram
terra que tinham obtido do Rei, ou por vezes de fidalgos poderosos,
certos privilégios relativos a impostos públicos e isenção do
fisco real. (…)
O
referido lugar de Vilar devia ser um que existe entre Paderne e
Alvaredo, meeiro das duas freguesias. Nas imediações devia ficar a
igreja paroquial e povoação de S. Vicente cuja localização ainda
não pude averiguar.”
(idem) Na atualidade, conservam-se, na toponímia, a herança
histórica dessas terras coutadas por D. Afonso Henrique, através
dos lugares de S. Vicente e Vilar, este último junto ao limite com o
antigo Couto do Convento de Paderne.
Em
25 de Fevereiro de 1312, D. Dinis anexou a Melgaço toda a terra de
Valadares, mediante a renda anual de 300 libras em trocas dos
direitos reais que ficavam a reverter para o concelho (PINTOR, 2005).
Os moradores do termo de Valadares reclamaram ao rei e este voltou a
conceder-lhes autonomia. Foi-lhe dada carta de foral, em Lisboa, a 1
de Julho de 1317 e em 1 de Junho de 1512 recebeu o Foral Novo de D.
Manuel I.
Sob
o ponto de vista da organização religiosa do território de Entre
Lima e Minho e segundo estudo de Avelino de Jesus da Costa, a
ecclesia
de S. Martini de Alvaredo
pertencia, no séc. XIV, à Terra de Valadares. Em 1320 foi taxada em
60 libras pelo Rei D. Dinis “pelos
benefícios eclesiásticos do bispado de Tui”.
Pelo
Memorial de Dom Manuel de Sousa, de 1545-1549, a igreja de S.
Martinho de Alvaredo tinha um rendimento de 33$000 reis. No ‘Censual
de D. Frei Baltazar Limpo’ (1551-1581) refere-se que o abade era de
“apresentação
de Pêro Gomez d’Abreu e de outros padroeiros leigos”.
Muitas
destas informações antes citadas sobre o passado da freguesia
aparecem em algumas obras corográficas do século XVIII e XIX. Como
é que nos apresentam São Martinho de Alvaredo? Entre vários
livros, selecionamos duas obras que nos falam da História da
freguesia. Na Corografia do Padre Carvalho da Costa, publicada em
1706, o mesmo refere que Alvaredo “em
algum tempo se chamou de Paderne, é curato anual com título de
Vigairaria do Morteiro de S. Fins dos Padres da Companhia de Jesus,
com oito mil réis de ordenado, ao todo cincoenta mil reis, e para os
Padres cento e vinte mil reis: tem cento sessenta vizinhos. Onega
Fernandes senhora principal, sendo viúva, e tendo hábito de
Religiosa deu a quarta parte desta Igreja a Dom Afonso, Bispo de Tui
e àquela Sé em 15 de Abril da era de 1156, que é anno 1118, na
qual confirmam seu filho Payo Dias e sua filha Aragonta Dias. Há
nesta Freguesia duas Torres com alguma renda, chama-se uma de Vilar,
outra a Torre somente, e de ambas são senhores os Marquezes de
Tenorio. A que está defronte da Galiza é Solar dos Marinhos, que se
entende haver sido do Dom Froyão, fidalgo Italiano, que veio a este
Reyno com o Conde Dom Mendo ajudar a expulsar os Mouros dele.
Entende-se que ele, ou algum filho fez esta Torre, e Casa solarenga
de sua família, e não faz contra isto o que diz o Conde Dom Pedro,
e outros Gallegos, que o segue, que os Marinhos são naturais da
Galiza…”
(COSTA, 1706).
Uma
outra obra de referência que nos fala de Alvaredo no século XVIII é
o Diccionário Geographico do Padre Luís Cardoso, cujo Tomo I foi
publicado em 1747. Nele, fala-nos de Alvaredo nestes termos: “Lugar
na Província de Entre Douro e Minho, Arcebispado de Braga, Comarca
de Valença, Termo da Villa de Valadares. Tem todo o corpo da
freguesia duzentos e oito fogos, divididos pelos lugares seguintes:
Bouças, Fonte, Maninho, Ferreiros, Granja e Coto.
A
Igreja Paroquial he dedicada a S. Martinho Bispo, em algum tempo se
chamou Paderne, o que hoje he Alvaredo; he curato annual, a que dão
o título de Vigairaria do Mosteiro de S. Fins dos Padres da
Companhia, com oito mil reis de ordenado; ao todo, cincoenta mil
reis, e para os Padres cento e vinte mil reis.
Onega
Fernandes, Senhora principal, sendo viúva, e tendo hábito de
Religiosa, deu a quarta parte desta Igreja a D. Affonso Bispo de Tuy,
e àquella Sé em 15 de Abril da era de 1156, que he anno de 1118, na
qual confirmão seu filho Payo Dias, e sua filha Aragonta Dias.
Há
nesta Freguesia duas Torres com alguma renda, chama-se huma de
Villar, outra a Torre somente, e de ambas são Senhores os Marquezes
de Tenório. A que está defronte da Galliza he Solar dos Marinhos,
que se entende haver sido de D. Froyão, fidalgo italiano, que veio a
este reino com o Conde D. Mendo a ajudar a expulsar os Mouros delle.
Entende-se que elle, ou algum filho seu, fez esta Torre e Casa
Solarenga da sua família; e não faz contra isto, o que diz o Conde
D. Pedro, e outros Gallegos, que o seguem, que os Marinhos são
naturaes de Galliza; porque naquella era, andava com ella mystica a
nossa província. Casou com D. Marinha, de que teve a D. João Frojaz
Marinho, que de sua mulher houve a Payo Annes, D. Gonçalo Annes, D.
Pedro Annes, D. João Annes, e Martim Annes, que todos se
appellidarão Marinhos: de hum sahio o Solar de Ulhoa, e de outro o
de Imra: delles vem os Condes dos Mollares, Adiantados de Andaluzia,
os Duques de Alcalá, e por aqui os mayores de Hespanha. Outros
ficaram em Portugal, dos quaes erão aquelles dous irmãos, que
servirão no Paço a El-Rey Dom Affonso III, onde lhe succedeo com D.
Vasco Martins Pimentel a pendência, de que faz menção o Conde D.
Pedro.
Alguns
dos já ditos passaram à Galliza, por casamentos, de que descendem
muitas Casas daquelle Reyno, e na ribeira do Minho, Ponte de Lima, e
outras partes.
Este
Solar parece que passou a Pedro Alvares de Sottomayor, por casar com
D. Elvira Annes, filha de João Pires Marinho, e terceira neta do
dito D. Froyão, do qual matrimónio nasceo D. Elvira Pires, mulher
de Fernão Gonçalves de Pias, Senhor do Solar de Pias, que se
entende ser a Torre da Sobreira em Santiago de Pias, de que
fallaremos em Monção; supposto outros o levão ao Reyno da Galliza.
Tem
os Marinhos por Armas, em campo verde, cinco flores de Liz de prata
em aspa, e por tymbre huma Serêa da sua cor com cabellos de ouro.
Alguns trazem em campo de prata três ondas azuis, e de fora do
escudo duas Sereas de pé tendo mão nelle. Assim estão em humas
casas na rua de S. João dentro dos muros de Ponte de Lima, e são
dos descendentes de Vasco Marinho, filho de Álvaro Vaz Bacelar de
Monção, e por sua mãy dos Marinhos da Galliza, Senhor da Casa de
Goyanes, junto à Ilha de Salvora no Arcebispado de Santiago, em que
fizerão Solar porque desta Província passarão para aquelle Reyno,
aonde trazem quatro ondas na mesma forma com a serea por tymbre, e
outros em campo azul cinco meyas flores de Liz de ouro em aspa.
A
alguns pareceo tomarem este appellido, e Armas, por descenderem de
huma mulher marinha, ou serea, mas he fábula: o certo foy por
trazerem sua origem do Romano Gayo Mano, e desta família he o nosso
santo portuguez S. Marino, que em Cesarea padeceo martyrio em dez de
Julho…”
Este
último parágrafo é bastante curioso onde o autor começa por
referir uma origem fantasiosa, baseada numa lenda, para a família
dos Marinhos, senhores da Torre, em Alvaredo. Fomos tentar procurar a
origem deste apontamento e demos com um texto no “Livro
de Linhagens do Conde D. Pedro”,
pessoa citada vários vezes no extrato transcrito. Esta obra, também
chamado Terceiro Livro de Linhagens, é um livro de linhagens escrito
na Idade Média por volta de 1344 por D. Pedro Afonso, conde de
Barcelos, e filho do rei D. Dinis. Na referida obra, encontramos um
capítulo com a secção LXXIII, com o título “Da
Linhagem Donde Veem Os Marinhos, Donde O Mais Longe Sabemos; E Foram
Naturaes Da Galiza”.
Seguidamente, o Conde D. Pedro propõe uma origem para a família
nobre dos Marinhos: “O
primeiro foi huu cavaleiro boo que houve nome Dom Froiam, e era
caçador e monteiro. E andando huu dia em seu cavalo per riba do mar,
a seu monte, achou hua molher marinha jazer dormindo na ribeira. E
iam com ele tres escudeiros seus, e ela, quando os sentio, quise-se
acolher ao mar, e eles forom tanto empos ela, ataa que a filharom,
ante que se acolhesse ao mar. E depois que a filhou a aqueles que a
tomarom fe-la poer em hua besta, e levou-a pera sua casa. E ela era
mui fermosa, e el fe-la bautizar, que lhe nom caia tanto nome nem huu
como Marinha, porque saira do mar; e assi lhe pôs nome, e
chamarom-lhe Dona Marinha. E houve dela seus filhos, dos quaes houve
huu que houve nome Joham Foiaz Marinho”.
Esta
lenda, com quase setecentos anos de antiguidade, é apenas isso, uma
fábula sem qualquer relação com a realidade, à exceção da
existência de um cavaleiro chamado Dom Froyão, alcunhado de
“Caçador”, um fidalgo de origem italiana e que viveu em Alvaredo
em tempos medievais, na torre dos Marinhos, talvez ainda no século
XII, onde hoje se situa o lugar da Torre. Aquele terá nascido por
volta de 1170 e foi casado com uma tal Mariana Marinha. De facto, a
Torre da família dos Marinhos em Alvaredo era muito antiga. Já
existia no século XIII sendo que esta família viveu nesta freguesia
durante muitas gerações. Temos notícia que um tal João Forjaz
Marinho, que terá vivido entre 1210 e 1250, que foi Senhor Domus
Fortis da Torre dos Marinhos. João Marinho terá nascido na Galiza,
era Cavaleiro do Reino e foi governador por ordem real nas Terras de
Valadares.
Quanto
à Torre de Vilar, nada se diz nestas obras publicadas no século
XVIII. Contudo, se vasculharmos as Inquirições de D. Dinis, aquelas
que foram realizadas no ano de 1288, vamos encontrar parcas
informações. Assim, por esse altura, o detentor da honra de Vilar
era um tal Afonso Dinis, filho ilegítimo do rei D. Afonso III e de
uma tal Marinha Pires de Enxara, como o próprio monarca afirma num
documento de 1278, e pelo qual lhe doa um herdamento, situado em Vila
Pouca, em Torres Vedras. Segundo as pessoas inquiridas pelos enviados
do rei, a honra de Vilar, nesta freguesia, já existia desde, pelo
menos, há cem anos, ou seja, desde finais do século XII (PIZARRO,
1997).
Para
compreendermos o século XVIII em Alvaredo, podemos recorrer às
Memórias paroquiais de 1758. Nesta
época, a freguesia pertencia ao concelho de Valadares. No domínio
religioso, Alvaredo fazia parte da Arcebispado de Braga, comarca de
Valença, e tinha o estatuto de vigairaria (NIZA, 1768), ou seja, o
seu pároco era um vigário, de apresentação anual, direito detido
pelo prior dos mosteiros de Sanfins e São João de Longos Vales,
pertencentes à Companhia de Jesus, como procurador do reitor do
Colégio de Coimbra.
Em
meados do século XVIII, o padre de Alvaredo refere que “está
esta freguezia situada em campina e della se descobre a vila de
Melgaço prassa de armas e alguma parte de seu termo. E dista desta
freguezia huma legoa. E também se descobrem algumas freguezias deste
mesmo termo de Valladares distância de huma legoa e da Galiza várias
freguezias que confrontam…”
Em
relação aos lugares localizados no território da freguesia,
conforme vimos atrás, CARDOSO (1747) apenas refere os de Bouças,
Fonte, Maninho, Ferreiros, Granja e Coto, ainda que suspeitamos que
estes seriam os principais da freguesia em termos de dimensão do
povoado e população, havendo outros de mais reduzida extensão. O
padre de Alvaredo, em 1758, deixa-nos escrito a lista de lugares
habitados na época e menciona que “está
a paróquia situada no meio da freguezia no lugar de Sam Martinho.
Tem as aldeias seguintes: Aldeia das Boussas, Fontainhas,
Carrasqueira, Charneca, Sobreira, Fonte, Canda, Torre, Maninho,
Ferreiros, Cotto, Sam Martinho; estes sempre são actualmente desta
freguezia. Barbeito, Villar, Granja, estes são hum anno desta
freguezia e outro anno são da freguezia de Paderne.”
Importa esclarecer os caros leitores do estatuto deste lugares
meeiros que existem em diversas freguesia neste concelho. Tal como
lemos na anotação do vigário de Alvaredo, estes lugares
efetivamente pertenciam a esta freguesia durante um ano e no seguinte
pertenciam a Paderne, fazendo-se a mudança sempre depois do fim de
Junho. Podemos elucidar este aspeto, citando o registo da Memória
Paroquial de 1758 de São Paio, onde os lugares e Sante e Verdelha
têm o mesmo estatuto e são meeiros também com Paderne. O sacerdote
escreve que “...Sante,
meeiro com Paderne em o qual entra a Verdelha que estes dous são da
alternativa de São Paio e Paderne e neste prezente anno de 1758
athé ao S. João [mês
de Junho]
são da alternativa de Paderne”.
Seria lógico o ilustre leitor questionar como é que se faria em
relação aos locais de enterramento dos falecidos residentes nestes
lugares meeiros. Os mais velhos ainda conheceram estes costumes na
primeira metade do século XX mas os outros podem ficar elucidados
com o teor deste assento de óbito de um tal Pedro Lourenço,
falecido nesta freguesia em Novembro de 1708. No mesmo, pode ler-se
que “Aos
dezassette dias do mês de Novembro de mil e sette centos e oito
annos, foi Deus servido levar Pedro Lourenço do lugar da Granja com
todos os sacramentos e não fez testamento e está sepultado em
Paderne por ser meeiro e este anno ser dessa freguezia deo pello
costume de Paderne conforme as suas possibilidades dous alqueires de
pam, dois cabaços de vinho, dous testons de carne e de hum carneiro,
hum cruzado e duas broas que tudo partimos a meio conforme he custume
e por verdade fiz este termo…” A
mesma regra se aplicava aos batismos.
No
início do século XVIII, segundo COSTA (1706), a freguesia tinha
cerca de cento e sessenta fogos, que devia corresponder a uma
população que rondaria os quatrocentos e cinquenta a quinhentos
habitantes, e encontrava-se numa época de crescimento demográfico.
Apesar
da irregularidade da mortalidade, o crescimento da população em
Alvaredo na primeira metade do século XVIII é evidente. O pároco,
na Memória Paroquial em 1758, escreve que “tem
esta freguezia neste prezente anno com alguns lugares meeiros à
freguezia de Sam Salvador de Paderne, fogos inteiros e meios fogos
dozentos e vinte…”, o
que representa um acréscimo de cerca de oitenta fogos em relação
ao quantitativo indicado pelo Padre Carvalho da Costa, na sua
Corografia, no início do século. O vigário de Alvaredo acrescenta,
em 1758, que a freguesia tinha “...entre
auzentes e prezentes e menores seiscentas e treze”
pessoas que residiam na mesma.
Como
o caro leitor pode imaginar, a freguesia de Alvaredo era, no século
XVIII, eminentemente agrícola. O pároco menciona, em 1758, que
“colhem
os moradores milho, vinho centeio, feijoins…”,
embora o memorialista fosse algo lacónico e pouco pormenorizado.
Certamente que não estamos longe da verdade se pensarmos que a
freguesia vizinha de Penso não teria uma realidade muito diferente
em termos agrícolas. O padre da dita freguesia escreveu, nesse mesmo
ano, que “Os
frutos que se colhem em maior abundância são milho, centeio e vinho
e centeio e castanha e linho, pouco trigo e feijam e frutas de várias
castas com abundância.”
Na
Memória Paroquial de 1758, o vigário de Alvaredo faz ainda
referência ao rio Minho, que passa na freguesia, e à sua
importância para as suas gentes. Assim, regista que “a
respeito dos rios nesta freguesia, he o seguinte (…) Somente corre
do Nacente para o Poente o rio Minho, que corre muito caudelloso, nam
he navegável
(…) Corre
o dito rio todo o ano
(…) Cria
este rio bogas, trutas, saveis, lampreias, salmoins
(…) E
estes ordinariamente só pescam mês de Março e Abril e Maio e
Junho. São pescarias sujeitas ao Senhor Infante de Portugal de que
lhe pagam décima e he o Senhor deste termo”.
Até
1855, Alvaredo pertenceu, em termos administrativos, à comarca de
Monção e concelho de Valadares. Em 24 de Outubro desse ano, é
publicado um decreto extinguindo o concelho de Valadares, passando
Alvaredo a integrar o de Melgaço.
É
curioso um pequeno parágrafo que o célebre livro “O Minho
Pittoresco” publicado em 1886 dedica à freguesia: “Notámos
em Alvaredo, como noutras freguezias limitrophes de Melgaço a
singeleza das cangas dos bois, e a sua pequenez; talvez tenhamos
ainda de referir-nos n’outros pontos do nosso trabalho a estes
apparelhos de jugo, tão rendilhados quando se desce para o sul da
provinda, e que o nosso amigo e erudito investigador Leite de
Vasconcellos estudou já no seu livrinho intitulado Estudo
ethnographico a proposito da ornamentação dos jugos e cangas dos
bois nas provindas portuguesas do Douro e Minho.”
(VIEIRA, 1886)
Já
antes, deixamos uma brevíssima alusão à questão dos costumes ao
nível dos enterramentos. Apesar de haver legislação em Portugal
desde meados do século XIX, demorou muito até as freguesias criarem
os seus cemitérios e mudarem os costumes. Assim, diga-se que esta
freguesia de Alvaredo tem cemitério desde 1883. Anteriormente, as
pessoas falecidas eram enterradas na igreja e, mais tarde, no adro da
igreja. Em 16 de Setembro de 1883, um tal Francisco José Canes foi o
primeiro falecido a ser enterrado no cemitério da freguesia.
A
chegada da luz elétrica e do abastecimento público de água foram
dois dos maiores melhoramentos na freguesia ao longo do século XX.
Damos eco da chegada da luz elétrica à freguesia. Na verdade,
aquela chegou a Alvaredo há cerca do noventa anos. Podemos ler no
periódico “Notícias de Melgaço” de 25 de Novembro de 1934: “A
C.M.M. concluiu com o concessionário do fornecimento de energia
elétrica no concelho, o estudo preliminar para iluminação das
freguesias de (…) Alvaredo…”
Esta seria contemplada com 10 lâmpadas! Mais se referia que “Muito
brevemente será iniciada a montagem da respectiva rede de
distribuição” Na
mesma publicação, na edição de 21 de Outubro de 1935, ficamos a
saber que “Principiaram
há dias os trabalhos de construção da rede eléctrica para
iluminação pública e particular desta freguesia (…) de Alvaredo…
Por informações que colhemos junto da empresa Valverde, a luz deve
ser inaugurada no fim do próximo mês ou princípios de Dezembro.”
Todavia,
a eletrificação total apenas chegaria a Alvaredo cerca de trinta
anos depois. No “Notícias de Melgaço” de 9 de Maio de 1965,
lemos: “Finalmente
a Luz!? A Hidroeléctrica-do-Coura (concessionária da distribuição
de energia eléctrica em Melgaço) remeteu à DGSE o projeto de
electrificação de Alvaredo”.
Já no “Notícias de Melgaço” de 27 de Março de 1966,
encontramos a informação que “Foi
comparticipada a electrificação de Penso e Alvaredo.”
Também
por essa altura foi construída a rede de abastecimento público de
água. No “Notícias de Melgaço”, é publicada uma carta que
aqui se transcreve: “Os
trabalhos da canalização das águas que vieram abastecer esta
freguesia estão quase concluídos, encontrando-se todas as bicas a
deitar, excepto a de Corredouras, que ainda não tem bica nem águas
potável, pois pelo que disse Valeriano Martins devia ficar uma fonte
no caminho público que segue em direcção à feira de Paderne,
servindo os sete fogos deste lugar, igual ao do Pinheiro (…) Todo o
povo da freguesia foi convidada pela JF a abrir os regos, estender os
tubos de condução e entulhar, gratuitamente, os referidos regos,
prometendo a todos uma bica em cada lugar(…) Alvaredo, 1/8/1967)”.
Não
terminamos esta secção deste modesto trabalho sem partilhar com os
ilustres leitores um texto de António Augusto Gonçalves Ribeiro,
publicado no “Notícias de Melgaço” de 17 de Fevereiro de 1948,
onde o autor nos conta um passeio por Alvaredo há cerca de 75 anos
atrás: “Estavam
os galos a cantar a 1ª vez quando ia a caminho desta plana
freguesia. Era um sábado, dia de feira em Melgaço. O tempo estava
magnífico. A natureza estava opulenta de caloria. Eu, com intenção
de fazer aquele percurso em poucas horas, redobrava de esforço. Às
sete horas já me encontrava em Vilar. Começava o sol a banhar os
altos da Espanha quando me encontrava a falar com um honesto lavrador
na 1ª encruzilhada do caminho, à saída do lugarejo. E como as
primeiras lançadas do sol me acertavam nas costas, dei volta e
despedi-me do homenzinho, seguindo o meu itinerário daquele
incomparável dia. À frente do lugar, nas margens de um prado, parei
e vi aquela formosa paróquia. Confronta do norte com o rio Minho e
Remoães; do poente, com Penso; só sul e nascente, com Paderne. Está
situada num vale, entre as serras de Sainde e Franqueira. Tem lindas
vistas para os vales (…) Vêem as serras em torno de Monção e
Melgaço: Porrinho, la Guardia, Faro, Merufe e Sainde, Pernidelo,
Caniça e Franqueira. Os seus lugares entremeados de campos,
circundados de latadas de vinha, onde se colhe muito milho e bom
vinho (…) Continuando viagem, pude ver a reconstrução da igreja
paroquial (…) É a terra do saudoso Vitoriano R. F. Castro, que foi
diretor clínico do Hospital da Misericórdia de Melgaço, e o único
médico melgacense daquela época formado pela Universidade de
Coimbra, a quem todo o concelho venera como se fosse um santo, e a
quem presta homenagem de reconhecida consideração, desejando-lhe
longa vida, repleta de prosperidades. (…) Alvaredo, vulgarmente
conhecido por São Martinho, é uma das freguesias mais unidas de
todo o concelho de Melgaço para todos os empreendimentos
necessários. Povo bastante civilizado e trabalhador...”
3.
A igreja paroquial de São Martinho de Alvaredo
Conforme
já referimos neste modesto trabalho, durante séculos, esta
freguesia de São Martinho de Alvaredo, estava integrada na terra e
concelho de Valadares.
A
atual igreja paroquial é, segundo NOÉ (2003), de construção
seiscentista, embora não haja certezas e não excluímos a hipótese
de resultar da reconstrução de uma outra mais antiga.
Em
25 de Maio de 1758, o pároco António Rodrigues de Morais, escreveu
na Memória Paroquial que era cura anual de“aprezentação
do prior dos mosteiros de Sam Fins e Sam João de Longos Vales da
Companhia de Jesus, como procurador bastante do padre reitor do
Colégio de Coimbra”.
Acrescenta que “tem
todos os anos oito mil reis de ordendo e com o pé de altar fará por
tudo sassenta mil reis com rendimento sertos e insertos.”
Aquele
sacerdote descreve o igreja de Alvaredo em meados do século XVIII
nestes termos: “O
orago desta freguezia he Sam Martinho. Tem os altares seguintes: o
altar mor, o altar da Nossa Senhora do Rozario, o altar das Almas, o
altar de Santo António, o altar da capela da Senhora da Expectaçam,
o altar da capella de Sam Francisco, o altar da capella de Sam
Miguel, tudo contíguo à mesma igreja. Tem esta igreja duas naves
com três arcos. Tem a irmandade da Confraria das Almas.” Note-se
que a feitura do altar de Santo António deve ter sido concluída na
primeira metade do ano de 1736. Temos conhecimento que o “Registo
da Provisão de Licença a favor do Juiz do Subsino e mais eleitos e
oficiais da freguesia de Sao Martinho de Alvaredo, termo de
Valadares, comarca de Valenca, para se benzer um altar com a imagem
de Santo António, na sua freguesia” foi formalizado em 10 de Julho
desse ano.
Sabemos
também que em 25 de Setembro de 1747, foi feito o Registo de
Provisão de Licença, a favor de uma tal D. Maria Madalena Antónia
de Guimarães e Brito, viúva de João da Rocha e Brito, da freguesia
de São Tomé de Aguiar, para que na sua capela de São Francisco,
sita na igreja paroquial de Alvaredo, se possam celebrar os ofícios
divinos.
Se
até meados do século XVIII, o direito de apresentação do vigário
de Alvaredo era detido pelo prior dos mosteiros de Sanfins e São
João de Longos Vales, pertencentes à Companhia de Jesus, em 1759
tudo mudou. Isto porque em 3 de Setembro desse ano, o Rei Dom José
proclama a “Lei de Extermínio, Proscrição e Expulsão dos seus
Reinos e Domínios Ultramarinos dos Regulares da Companhia de Jesus”.
A lei da expulsão dos jesuítas, fez reverter todos os seus bens
para o erário régio.
Em
1774, a 4 Julho, o rei D. José assinou uma lei que determinou a
incorporação de todos os bens da extinta Companhia de Jesus no
património da Universidade de Coimbra, que assumiu a sua
administração. Assim, o direito de apresentação do vigário de
Alvaredo passou para a Universidade de Coimbra. Pouco tempo depois,
aquela instituição mandou que se visitassem todas as igrejas da
antiga Companhia de Jesus, entre as quais a de Alvaredo. Em relação
a esta igreja de São Martinho, diz-se nas atas da visita que a
igreja era semelhante às demais da zona, ou seja, humilde, tosca e
pobre. A capela-mor tinha o forro quase perdido, o pavimento muito
mal unido e as paredes muitas negras. O altar-mor tinha retábulo,
que ainda podia servir. O corpo da Igreja pertencia aos fregueses, a
sacristia era pequena e necessitava de muitos reparos, assim como a
capela-mor, os quais foram mandados fazer e constavam dos
apontamentos anexos. Em relação ao passal, o mesmo era da mesma
qualidade e rendimento do das igrejas vizinhas, podendo render para o
pároco, tiradas as despesas, cerca de 8$000. Assim, a Universidade
de Coimbra cobrava os dízimos da freguesia e apresentava o cura
anualmente e tinha a obrigação de reparar ou reedificar a
capela-mor, sacristia e dar todos os paramentos necessários para as
mesmas, pertencendo ao povo tudo o que dissesse respeito ao corpo da
Igreja. Devia também dar ao pároco côngrua suficiente, bem como
mandar pregar dois sermões na Quaresma.
O
retábulo desta igreja data de 1822 pois em 11 de Fevereiro deste ano
foi celebrado no notário José Pereira da Costa, de Monção, uma
“escritura
de contrato e obrigação‘
entre o mestre-entalhador João Bento Barbosa de Brito, de
Padornello, de Coura e o Padre Teotónio de Alpoim Lobato, reitor de
Cambeses, concelho de Monção, e procurador da Universidade de
Coimbra (ADVC, 1822). João Bento Barbosa de Brito obrigava-se a
‘fazer
o retábollo da tribuna da Igreja da freguezia de Sam Martinho da
Barqueira (Alvaredo), termo de Valadares; elle servirá do dezenho do
retábollo que se acha feito na capella-mor de São Miguel de Sago,
neste termo de Monsão, salvo a diferença de que a urna se
aproveitará, para a mesma obra, a que se acha já feita na mesma
Igreja de Alvaredo; com a declaração que nesta obra se não meterá
forro nem pelate; mas tudo será de táboa com as grossuras do
costume; e também não se meterá talha alguma postiça mas sim
nascida da mesma madeira em que se fizer a obra"
(ADVC, 1822). Receberia 94.000rs., em 3 pagamentos; "o
primeiro antes de principiar a obra".
A obra teria que estar terminada ‘athé
o fim do anno prezente
[1822]’. Deu como fiador Manuel António Vandonha Sotto-Mayor, do
lugar de Alderiz, freguesia de Pias (idem).
Em
5 de Maio de 1835, é publicado um decreto que determina a
incorporação nos Bens Próprios Nacionais, os bens pertencentes à
Universidade de Coimbra, sendo que esta continuava, no entanto, a
usufruir dos seus rendimentos. Posteriormente, em 21 de Novembro de
1848, é publicado novo decreto que determina a delimitação como
bens da Universidade de Coimbra, apenas os edifícios estritamente
necessários para o seu funcionamento, situados em Coimbra, passando
Alvaredo a reitoria independente.
No
Arrolamento dos Bens Culturais desta freguesia, elaborado em 9 de
Novembro de 1911, é referida a Igreja de São Martinho nestes
termos: “Egreja
parochial com quatro altares e um em construção, torre com dois
sinos, seis imagens e adro.”
Mais se acrescenta a existência da “casa
da residência parochial de um andar e lojas, sendo a parte do sul
reedificada pelo actual parocho.
(…) Cemitério
parochial a pequena distância da egreja referida e completamente
murado.”
Em
Outubro de 1939, o telhado da igreja de São Martinho de Alvaredo
desabou ficando a estrutura bastante afetada. Fomos procurar notícias
do sucedido nos jornais melgacenses e no “Notícias de Melgaço”,
na sua edição de 23 de Outubro dessa ano, podemos ler: “No
dia vinte do corrente, pelas seis horas da manhã, quando o pároco
de Alvaredo se dirigia à sua igreja para proceder aos exercícios do
Santo Rosário, já se encontrava junto à igreja e verificou que lhe
era completmente impossível entrar dentro do templo, visto que
naquele momento tinha sido reduzido a escombros. O tecto desabou na
sua maior parte; as paredes ficaram muito danificadas, e bem assim
alguns altares que também sofreram. A derrocada, na nossa opinião,
poder-se-ia ter evitado se os paroquianos de Alvaredo se tivessem
guiado pelos conselhos do seu pároco, que muitas vezes os aconselhou
que era preciso tratar de evitar o desastre que agora se deu, mas não
foi só o reverendo pároco que aconselhou os paroquianos a tratarem
da reconstrução daquele templo sagrado, que estava já há muito a
ameaçar ruínas, foi também o Notícias de Melgaço que ainda há
pouco tempo pediu por caridade aos paroquianos que não deixassem ao
abandono a casa de Deus, que fossem mais zelosos, que iniciassem as
obras da igreja antes de principiar o Inverno e se assim não
fizessem, a derrocada era certa, como aconteceu. E graças a Deus,
que foi muito misericordioso, porque se a derrocada se dá pouco
depois, os fiéis que estavam a assistir ao Santíssimo Rosário
ficariam subterrados nos escombros, mas Deus não quis que houvesse a
lamentar tão grande desastre. Agora, segundo nos informam,
brevemente vão principiar as obras de reconstrução da casa de
Deus.”
As obras de reconstrução foram concluídas em 5 de Julho de 1942,
abrindo de novo as suas portas ao culto em 1943. Numa das paredes
exteriores, é possível encontrar a placa comemorativa da obra
realizada e o ano em questão.

Igreja
paroquial de São Martinho de Alvaredo e meio envolvente
Em
termos arquitetónicos, ao longo dos séculos, este templo sofreu
várias intervenções. A primitiva igreja apresentava-se em planta
de cruz latina, com apenas uma nave central, construída em cantaria
autoportante aparente. Na
atualidade, a igreja insere-se em meio urbano, no interior da aldeia,
de povoamento disperso, nas imediações de algumas habitações e
envolvido por campos plantados de vinha. Integra-se em adro, disposto
junto à estrada, parcialmente delimitado por muro, e com pavimento
de paralelos de granito. Esta igreja apresenta uma planta
longitudinal, composta de nave única e capela-mor, mais baixa e
estreita, tendo adossado à fachada lateral direita, torre sineira
quadrangular, capela lateral profunda e, entre estas, corpo
retangular e à oposta sacristia retangular. Volumes apresentam-se
escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas
na igreja, de três na sacristia, de uma no corpo retangular e
coruchéu piramidal na torre, coroado catavento de ferro. As fachadas
são construídas em cantaria aparente, com embasamento, cunhais
apilastrados na nave e torre sineira e terminadas em friso e cornija,
sobreposta por beirada simples. A fachada principal é virada a
oeste, terminada em empena, rematada por cruz latina de braços
quadrangulares sobre acrotério, tendo as pilastras coroadas por
urnas. É rasgado por portal de verga reta, com moldura terminada em
cornija, e por janela de verga abatida com a moldura formando
pingentes e encimada por silhar com elemento concheado. A torre
sineira apresenta-se no alinhamento da fachada, de dois registos,
separados por friso e cornija, sendo o segundo rasgado, em cada uma
das faces, por sineira em arco de volta perfeita sobre pilastras,
tendo avental recortado, e albergando sino. Nos cunhais, possui
pináculos sobre plintos paralelepipédicos e a meio surge relógio
circular. A fachada lateral esquerda é rasgada na nave por frestas
de arejamento e duas janelas de capialço, tendo a meio lápide
retangular com brasão de família. A a sacristia é rasgada a oeste
por porta de verga reta e moldura simples e lateralmente por uma
outra porta e três janelas retilíneas. Na fachada lateral direita,
a torre tem o primeiro registo rasgado por porta de verga reta
sobrelevada, precedida por escada de pedra. A capela lateral termina
em empena coroada por cruz latina de braços quadrados sobre
acrotério e é rasgada por janela de capialço. O corpo intermédio
é rasgado por duas janelas retilíneas de capialço e, sensivelmente
a meio, por porta travessa de verga reta, encimada por cartela
inscrita. Na capela-mor abre-se uma outra janela de capialço. A
fachada posterior da capela-mor termina em empena, coroada por cruz
latina de braços quadrangulares sobre acrotério.
4.
As capelas da freguesia
Esta
freguesia, além da velha igreja paroquial, tem várias capelas
espalhadas pelo seu território e variam na sua antiguidade e às
quais nos vamos referir sucintamente.
4.1
- Capela de São João Baptista
As
origens da capela de São João Batista, sita do monte de São João,
freguesia de Alvaredo, perdem-se no tempo e não se encontra no seu
local original. De facto, estamos perante uma capela que poderá ter
origens medievais que foi reedificada em 1814 e mais tarde,
transladada do primitivo local de implantação, em meados do século
XX.
É
muito possível que este pequeno templo corresponda à velha Capela
de São Vicente, que é referida nas Memórias Paroquiais da
freguesia de 1758, construída na zona mais baixa da povoação, e
posteriormente ter sofrido alteração de orago.
De
facto, no dito ano de 1758, a 25 Maio, o pároco de Alvaredo, António
Rodrigues de Morais, nas Memórias Paroquiais da freguesia refere
apenas a existência de uma capela neste lugar de Maninho, mas
dedicada a São Vicente, pertencente aos moradores. No dito
documento, pode ler-se “tem
esta freguezia (...) a capella de Sam Vicente no lugar do Maninho que
he dos moradores da freguezia.”
Capela
de São João (1982)
A
adoração a S. Vicente por estas bandas é muitíssimo antiga e vem
desde a Idade Média. Sabe-se que nesta freguesia, em tempos
medievais, existia uma povoação, citada em documentação antiga,
chamada “São Vicente” à qual D. Afonso Henriques passou carta
de couto e que ficaria junto ao rio Minho. Segundo COSTA (1981), a
imagem de São Vicente que se encontra dentro da capela seria a
primitiva que se encontraria na velha capela de edificação
medieval.
Posteriormente,
conforme se refere atrás, em 1814, terá ocorrido a reedificação
da capela no lugar do Maninho, conforme inscrição numa lápide da
fachada principal. Na mesma, podemos ler: "REDEFICADA
EN O ANO / DE 1814 E / TRANSLADADA EN / 1952".
Ladeando o mesmo, existe um painel de azulejos, policromos, com
representação de São João Batista Menino, segurando filatera com
a inscrição "ECCCE
AGNVS DEI".
Ao longo das fachadas, existem várias cruzes de via sacra incisas,
pintadas de vermelho.
Desconhecemos
quando terá mudado de orago e passado a chamar-se “capela de São
João”. Contudo, ainda no século XIX, já aqui se celebrava uma
festa anual ao São João no seu dia (24 de Junho). Se prestarmos
atenção ao periódico melgacense “No Jornal de Melgaço”, de 23
de Junho de 1898, o mesmo fala-nos do programa das festas desse ano
nesta capela, sita, à época, no lugar do Maninho:
“Imponentes
festejos em honra do milagroso S. João Baptista, em São
Martinho,
na Capella do Maninho.
DIA
23
Ao
meio-dia, o repicar dos sinos e a fuzilaria de vastas girândolas de
foguetes, annunciaram aos fiéis o começo dos festejos em honra de
S. João.
As
trevas da noite deste dia, serão supplantadas por uma brilhante
illuminação e grande variedade de fogos de artificio, que mais uma
vez provarão o mérito do habil pyrotechnico Carvalheiras,
incontestavelmente um dos primeiros da Comarca.
Duas
philarmonicas, uma desta villa e outra de Valladares, farão as
delícias da noite, fazendo ouvir escolhidas peças do seu
reportório.
DIA
24
A
alvorada d'este dia, será saudada por uma girândola de foguetes e
pelos sons das philarmonicas.
Às
9 horas, terá começo a missa da festa a qual será realizada a
grande instrumental e com toda a solenidade. A tribuna sagrada será
occupada pelo illustre sacerdote padre Caetano Fernandes, do qual
anciosos esperamos ouvir a sua bem elaborada palavra.
Em
procissão, percorrerá o itinerário do costume, o milagroso santo,
fazendo-se ouvir durante o trajecto, os tradicionaes cânticos
próprios daquelle acto.
À
tarde, música no arraial, fogos e outros divertimentos. Para a boa
organização dos festejos e decoração da capella, consta-nos que
tem sido incansável o muito digno reitor daquella freguezia, com o
concurso dos Srs. José Capellas, Domingos Castro e José Gonçalves
Torpina, encarregados dos festejos.”
No
início do século XX, a capela já aparece designada como sendo
dedicada a São João. Se formos consultar o “Arrolamento dos bens
culturais da freguesia de Alvaredo”, elaborado em 9 de Novembro de
1911, podemos encontrar referência à “...Capella
de São João, nos limites do lugar do Maninho, com um altar e duas
imagens.”
Em
1952, é feita a transladação da capela do anterior local de
implantação, o Largo Maninho, para o Monte de São João. No jornal
“A Voz de Melgaço”, na sua edição de 15 de Agosto de 1952,
podemos ler: “Por
Alvaredo - (…) A capela de São João, situada actualmente num
ponto admirável, está recebendo os últimos trabalhos, para o seu
acabamento, sendo digno de apreciar, com justo louvor, a diligência
constante desde o início, da sua trasladação, no nosso venerável
pároco Rev. P.e António Barros e do seu coadjutor, o nosso
particular amigo Nicolau Barbosa Martins, pela sua inclinação
natural, atendendo a tudo quanto seja benéfico, sendo portanto
dignos das nossas saudações.”
Inscrição
na fachada exterior
Esta
capela possui uma planta retangular de nave única com sacristia
adossada à fachada lateral direita. As coberturas são escalonadas
em telhado de duas águas, na capela, e de uma, na sacristia,
rematadas em beirada simples. Tem fachadas em cantaria de granito
aparente, as da capela com cunhais horizontalizados e terminadas em
cornija. Possui fachada principal virada a sul, terminada em empena
sem retorno, coroada por cruz latina de braços retangulares,
possuindo cruz grega incisa, assente em acrotério. O cunhal direito
é interrompido e sobreposto por sineira, com ventana em arco
peraltado, albergando sino e terminada em cornija, encimada por cruz
biselada sobre plinto, entre pináculos piramidais com bola. É
rasgada por portal de verga reta e fresta retangular, encimada por
silhar com Calvário inciso e pintado de vermelho. A fachada lateral
esquerda é rasgada por fresta na zona do retábulo-mor e, na oposta,
abre-se uma outra, mas no início da nave; a sacristia tem acesso
individualizado a sul e lateralmente pequeno vão. A fachada
posterior é cega, sendo a capela, rematada em empena, coroada por
cruz latina, biselada sobre acrotério.
O
interior com as paredes em alvenaria de granito aparente, com silhar
de azulejos azuis e brancos, de padrão fitomórfico, pavimento
cerâmico e teto de madeira envernizada, de dois panos. A capela
possui um coro-alto de madeira, com guarda em falsos balaústres
planos, assente em duas mísulas, acedido por escada disposta no lado
do Evangelho. No sub-coro existe, do lado da Epístola, uma pia de
água-benta. No topo das paredes laterais e na parede testeira,
dispõem-se várias mísulas de cantaria sustentando imaginária.
4.2
- A capela de São Brás
Sabemos
muito pouco em relação à sua origem. A mesma não é referida na
Memória Paroquial de 1758. Provavelmente se trata de uma capela de
construção oitocentista. Apresenta pequenas dimensões e grande
simplicidade, tendo sido alteada no século XX, conforme denota a
irregularidade do aparelho das fachadas principal e posterior, a
partir do nível das cornijas das fachadas laterais.
Capela
de São Brás
Apresenta
planta simples e as fachadas em cantaria, terminadas em cornija, a
principal em empena sem retorno, rasgada por portal de verga reta com
moldura relevada entre frestas. Nas laterais abre-se porta travessa,
à esquerda, e vão em arco, à direita. No interior possui estrutura
retabular do século XX, recorrendo a alguns elementos clássicos.
No
livro “O Minho Pittoresco”, obra do último quarto do século
XIX, encontramos uma lacónica referência: “A
capella de S. Braz fica perto da estrada, e além, aquella outra
ermida, que se vê junto do rio, é devotada a S. Bento e tem a sua
festasinha em julho.”
(VIEIRA, 1886)
No
início do século XX, a capela de São Brás encontrava-se
arruinada. Tal informação encontra sustentação no documento
relativo ao “Arrolamento dos bens culturais da freguesia de
Alvaredo” onde se pode ler a referência a esta ermida: “Capella
de São Braz arruinada sita nos limites do logar da Carvalheira com
um altar e duas imagens bastante deteoradas”.
Na
atualidade, em termos arquitetónicos, a capela apresenta planta
retangular simples, com cobertura homogénea em telhado de duas
águas, rematadas em beirada simples. As fachadas são em cantaria de
granito aparente, terminadas em cornija. A fachada principal, virada
a poente, tem cunhais horizontalizados e termina em empena, capeada a
cantaria, coroada por cruz latina de braços retangulares sobre
acrotério. É rasgada por portal de verga reta, de moldura relevada,
entre duas pequenas frestas. A fachada lateral esquerda é rasgada
por portal estreito, de verga reta e a oposta por vão em arco
abatido, quase ao centro. A fachada posterior, ligeiramente alteada,
é cega e termina em empena sem retorno, coroada por cruz latina, de
braços retangulares.
O
seu interior apresenta-se com as paredes rebocadas e pintadas de
branco, pavimento de cantaria e teto de masseira, em madeira. À
parede testeira encosta-se estrutura retabular, pintada de branco,
marmoreados fingidos rosa, e azul, de corpo reto e um eixo, definido
por duas pilastras, com o terço inferior decorado, coroadas por
urnas. Ao centro abre-se um nicho, em arco, albergando imaginária,
ladeado por duas mísulas igualmente sustentando imaginária. A
estrutura termina em espaldar contracurvo, rematado com elementos
vegetalistas relevados. Possui um altar paralelepipédico com frontal
pintado.
4.3
- Capela de São Pedro
Trata-se
de uma capela situada junto aos limites da freguesia com o antigo
couto de Paderne, próxima dos lugares de Barbeito e Vilar. É de
arquitetura simples e de pequena dimensão.
Desconhecemos
a data da sua construção, ainda que a mesma já existisse em meados
do século XVIII. No manuscrito da Memória paroquial de 1758, o
pároco de São Martinho de Alvaredo deixou escrito que “tem
esta freguezia no lugar de Villar a capella de Sam Pedro da qual é
administrador Thomé Estevez.”
O pároco de Alvaredo, situa-a no lugar de Vilar mas a mesma também
aparece referida na Memória Paroquial de Paderne. Na mesma, o
memorialista menciona que “tem
o lugar de Barbeito a capella de São Pedro, que hum anno pertence a
esta freguezia e outro a São Martinho de Alvaredo, na qual está hum
altar com a imagem do Santo [S.
Pedro]
e outra de Santo António, nos dias em que se celebram os Santos das
taes capellas, concorre alguma gente.”
Na realidade, a sua localização encontra-se nas proximidades dos
dois lugares já que, aparentemente, os moradores de ambos os lugares
se serviam, na época, desta capela. Podemos suportar esta afirmação
no facto de, em meados do século XVIII, ter sido feito um Registo de
Provisão a favor dos moradores do lugar de Vilar e Barbeito, para
que nessa capela pudessem ter um confessionário. Tal registo foi
formalizado a 19 de Maio de 1751.
Não
temos informação desta ermida no “Arrolamento dos bens culturais
da freguesia de Alvaredo” já que é de iniciativa e propriedade
privada, condição que hoje mantém.
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PEREIRA, Adelino Soares de Castro (1977) – Um templo romano,
consagrado a Júpiter, sob uma capela particular da Quinta de São
Cybrão, em Penso, duas torres em Alvaredo e considerações a
propósito. Comunicação à Venerada Associação dos Arqueólogos
Portugueses, Lisboa.
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PINTOR (1948) – XXIX – Antigas freguesias que desapareceram. In:
A Voz de Melgaço, edição de 15 de Agosto de 1948.
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PINTOR, Bernardo (2003) - Melgaço Medieval, in “Obra Histórica-I”,
Ed. Rotary Clube de Monção.
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PINTOR, Bernardo (2003) – Paróquia do Mosteiro de S. Salvador de
Paderne (Alto Minho): Costumeiro de 1720, in “Obra Histórica-I”,
Ed. Rotary Clube de Monção.
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PIZARRO, José Augusto Sottomaior (1997) – Linhagens Medievais
Portuguesas - Genealogias e Estratégias (1279-1325), Volume 1.
Dissertação de Doutoramento em História da Idade Média,
apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Porto.
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ROCHA, Joaquim A. (2009) – Dicionário Enciclopédico de Melgaço.
I volume, Edição de autor.
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SAAVEDRA, Alberto (1919) – A Linguagem Médica Popular. Dissertação
de Doutoramento apresentada à Faculdade de Medicina do Porto. Porto.
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VENTURA, (1992) – A nobreza de corte de Afonso III. Volume I.
Dissertação de doutoramento em História apresentada à Faculdade
de Letras da Universidade de Coimbra. Coimbra.
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VIEIRA, José Augusto (1886) - O Minho Pittoresco, Tomo I, Livraria
de António Maria Pereira-Editor, Lisboa.
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VITERBO, Joaquim de Santa Rosa de (1798) - Elucidário das palavras,
termos e frases que em Portugal antigamente se usaram e que hoje
regularmente se ignoram. 2ª Edição revista, correcta e
copiosamente addicionada de novos vocábulos, observações e notas
críticas com um índice remissivo, Edição de A. J. Fernandes
Lopes, Lisboa.