Vamos mergulhar um pouco no passado da freguesia de São Martinho de Alvaredo. Durante tempos mais primitivos, esta era conhecida como São Martinho de Valadares, pelo facto de pertencer a este velho concelho até à sua extinção em meados do século XIX.
1. Nota introdutória
O topónimo “Alvaredo” não é de simples explicação e gera alguma discussão. Numa comunicação dirigida à Associação dos Arqueólogos Portugueses em Novembro de 1977, o Dr. Soares de Castro, etnógrafo e investigador, natural de Alvaredo, tece algumas considerações acerca da origem etimológica do topónimo “Alvaredo”. Segundo o mesmo, “Provável é que o topónimo «Alvaredo» derive de “ARVOREDO”, dada a abundância e variedade de árvores que na região existiam – carvalhos, carrascos, castanheiros, pinheiros, etc, etc. E a prová-lo está o facto de alguns lugares da freguesia terem recebido nomes correspondentes às matas, nomes que, aliás, ainda subsistem, tais como “Carvalheira”, “Carvalhal”, “Carrasqueira”, “Souto”, “pinheiro”, “Bouças” e tantos outros.” Por outro lado, em ROCHA (2009), encontramos algumas considerações sobre este tema da parte do historiador vianense Luís Figueiredo da Guerra, sendo este de opinião que o topónimo “Alvaredo” deriva “...do adjetivo latino «Albus» que nos deu o qualificativo antigo «alvar» (esbranquiçado), estando em reforço da sua asserção os seixos brancos, que se chamaram «alveiros», e que serviam para demarcar propriedade rústicas, campos ou leiras; baseando a mesma asserção por nesta freguesia aparecerem em demasia no terreno, sedimentos ou de aluvião, pela margem do rio Minho, estes seixos ou alveiros; sendo a princípio, nome de lugar – acrescenta o mesmo jurisconsulto – passou mais tarde a designar toda a freguesia. De facto, alvar, acrescido do sufixo “edo” – grande quantidade – parece justificar a tese daquele distinto etimologista e arqueólogo.”
Na mesma obra, faz-se referência a uma outra possível origem do topónimo “Alvaredo” e que poderia estar relacionado com uma casta de uvas, chamada alvarelhão, por aqui cultivada desde tempos recuados. (idem)
Todavia, uma outra possível origem do nome desta freguesia aponta para que, de facto, o termo derive de “alvar”, mas relativo a carvalho, com o sufixo “edo”, dando a ideia de abundância desta espécie vegetal em tempos antigos. Recordamos que a quercus robur é também conhecida em Portugal como carvalho alvarinho. Note-se que na freguesia, temos outros fitotopónimos tais como Carvalheira ou Souto, entre outros.
Panorâmica parcial de São Martinho de Alvaredo
A freguesia de Alvaredo tem mais de vinte lugares, entre os quais Carvalheira, Carrasqueira, Souto, Bouças, Pinheiro, Torre, Padreiro, Barqueira, Rego, Côto, Ferreiros, Charneca, Fontainhas, Troia, Fonte, Esteves, Preza, Maninho, Granja, Barbeito e Vilar, tendo sido os três últimos meeiros, durante vários séculos, com a freguesia de Paderne. Desde Dezembro de 1949, com a extinção dos lugares meeiros, estes foram definitivamente incluídos nesta freguesia.
2. São Martinho de Alvaredo – um pouco da sua História
As mais antigas referências conhecidas à igreja de São Martinho de Alvaredo remontam ao século XII. Todavia, houve, em tempos muito mais recuados uma paróquia em terras do atual concelho de Melgaço cuja igreja sede se situava no atual lugar de Canda, integrado na atual freguesia de Alvaredo. Da mesma, apenas temos referências documentais da sua existência.
Na realidade, a mais antiga citação a uma paróquia constituída nesta terra remonta ao século VI dC, ao tempo das primeiras comunidades cristãs organizadas na região. Para tal, temos que dar atenção ao importantíssimo cartulário Liber Fidei, que, entre outros manuscritos, contem o designado Parochiale Sueuorum (Paroquial Suevo) ou Divisio Theodemiri (divisão realizada durante o reinado do rei suevo Teodomiro). Este é um importante manuscrito da segunda metade do século VI dC, onde se apresenta a organização administrativa e eclesiástica do Reino suevo da Galécia, obra de S. Martinho de Dume, contendo uma relação das 132 paróquias, agrupadas em treze dioceses. Entre estas, encontra-se descrita a diocese de Tui com as suas paróquias. Integrada na diocese tudense, a única paróquia sita nas atuais terras de Melgaço e que já se encontrava formalmente constituída na época era a paróquia de Canda, topónimo que hoje em dia apenas num lugar da freguesia de Alvaredo. FERNANDES (1997), no seu livro “Paróquias Suevas e Dioceses Visigóticas”, refere-se a esta primitiva paróquia nestes termos “...Canda situa-se abaixo da famosa Cividade de Paderne (assim chamada por ser Paderne a sede de freguesia mais vizinha e não porque haja sido o seu nome), a qual «cividade» é que devia ter sido a civitas Canda. Nesta freguesia de Paderne existiu, desde muito antes da Nacionalidade, a igreja de Santa Maria e S. Salvador - recordando-se na titular a ecclesia mater de Sancta Maria de Canda e, no titular, a respetiva cemiterial. Quanto à ecclesia baptismalis da paroécia, é lembrada, logo ao lado de Canda, em S. João Baptista (Remoães). Também ao lado, o título patronal S. Martinho (Alvaredo) pode ser um eco da Suévia paroecitana, num tal conjunto de concorrências.” Assim, o autor considera que existia neste lugar uma «ecclesia mater», ou seja, uma igreja sede de paróquia, muito provavelmente, designada de Santa Maria de Canda. Para além desta importante alusão documental, nada mais sabemos acerca desta paróquia. Temos que ter em conta que no século VIII, se verifica a entrada dos mouros na Península Ibérica e o processo de consolidação dos territórios eclesiásticos fica, naturalmente, interrompido.
Apenas voltamos a ter referências documentais destas terras no século XII, e já não aludem à paróquia de Canda, mas à freguesia de São Martinho de Alvaredo e ao Couto de São Vicente. Não sabemos se a paróquia de Canda desapareceu durante a ocupação muçulmana da península ou se simplesmente houve, entretanto, uma transferência da sede da antiga paróquia do lugar de Canda para o local onde atualmente se situa a igreja de São Martinho. É preciso termos em conta que temos aqui um largo hiato temporal de cerca de 600 anos entre a referência documental à paróquia de Canda (século VI dC.) e a primeira referência a São Martinho de Alvaredo. Durante este período acontece a reconquista cristã e a independência.
Conforme dissemos antes, esta freguesia fazia parte, naquela época, da terra de Valadares. Esta era senhoreada por um tal Soeiro Aires, um dos cavaleiros das lides da Reconquista favorecidos com carta de Couto da povoação de S. Vicente concedida por D. Afonso Henriques (VENTURA, 1992). Em contrapartida, este e outros senhores ficavam “responsáveis pela defesa do território contra possíveis invasões do outro lado do rio Minho” (MATTOSO, 1988). Soeiro Aires, nascido por volta de 1140, fidalgo e cavaleiro medieval, tomou parte na batalha de Ourique, ao lado de D. Afonso Henriques e aparece referido em documentação da época como Tenente de Riba Minho em 1173. Surge mencionado nos arquivos da Corte do rei D. Afonso I de Portugal entre os anos de 1169 e de 1179.
Contudo, a menção documental mais antiga a esta freguesia de Alvaredo remonta a tempos anteriores à independência de Portugal. Em 13 de Abril de 1118, uma tal Onega Fernandes fez uma doação à Sé de Tui da quarta parte da igreja de São Paio de Paderne, o equivalente da igreja de São Martinho de Valadares e outro tanto da vila chamada de São Vicente e da sua igreja. Por outro lado, em 1125 é confirmada a doação da igreja de São Paio de Paderne e da igreja de São Vicente, junto ao rio Minho, por D. Teresa à Sé de Tui.
Segundo PINTOR (1948), a referida vila e desaparecida freguesia de S. Vicente “...era couto, ou melhor constituída por dois coutos, o do centro paroquial e o do lugar de Vilar.
As Inquirições [de 1288] mencionam o clérigo Pedro Martins, mas não trazem o nome do pároco. Segundo juramento dos moradores, a localidade foi coutada por D. Afonso Henriques a D. Soeiro Aires (de Valadares), que havia trocado com o Bispo de Tuy, e estava delimitada por marcos de pedra, de que havia documento mas que, contudo, não foi mostrado.”
O padre Bernardo Pintor acrescenta que “o lugar de Vilar também era couto, mas não tinha limites demarcados, nem documentos, nem [os moradores] souberam dizer quem lhe conferiu tal privilégio. Estes dois coutos não satisfaziam quaisquer tributos.
Para os leitores que ainda não saibam, devo explicar que coutos eram terra que tinham obtido do Rei, ou por vezes de fidalgos poderosos, certos privilégios relativos a impostos públicos e isenção do fisco real. (…)
O referido lugar de Vilar devia ser um que existe entre Paderne e Alvaredo, meeiro das duas freguesias. Nas imediações devia ficar a igreja paroquial e povoação de S. Vicente cuja localização ainda não pude averiguar.” (idem) Na atualidade, conservam-se, na toponímia, a herança histórica dessas terras coutadas por D. Afonso Henrique, através dos lugares de S. Vicente e Vilar, este último junto ao limite com o antigo Couto do Convento de Paderne.
Em 25 de Fevereiro de 1312, D. Dinis anexou a Melgaço toda a terra de Valadares, mediante a renda anual de 300 libras em trocas dos direitos reais que ficavam a reverter para o concelho (PINTOR, 2005). Os moradores do termo de Valadares reclamaram ao rei e este voltou a conceder-lhes autonomia. Foi-lhe dada carta de foral, em Lisboa, a 1 de Julho de 1317 e em 1 de Junho de 1512 recebeu o Foral Novo de D. Manuel I.
Sob o ponto de vista da organização religiosa do território de Entre Lima e Minho e segundo estudo de Avelino de Jesus da Costa, a ecclesia de S. Martini de Alvaredo pertencia, no séc. XIV, à Terra de Valadares. Em 1320 foi taxada em 60 libras pelo Rei D. Dinis “pelos benefícios eclesiásticos do bispado de Tui”.
Pelo Memorial de Dom Manuel de Sousa, de 1545-1549, a igreja de S. Martinho de Alvaredo tinha um rendimento de 33$000 reis. No ‘Censual de D. Frei Baltazar Limpo’ (1551-1581) refere-se que o abade era de “apresentação de Pêro Gomez d’Abreu e de outros padroeiros leigos”.
Muitas destas informações antes citadas sobre o passado da freguesia aparecem em algumas obras corográficas do século XVIII e XIX. Como é que nos apresentam São Martinho de Alvaredo? Entre vários livros, selecionamos duas obras que nos falam da História da freguesia. Na Corografia do Padre Carvalho da Costa, publicada em 1706, o mesmo refere que Alvaredo “em algum tempo se chamou de Paderne, é curato anual com título de Vigairaria do Morteiro de S. Fins dos Padres da Companhia de Jesus, com oito mil réis de ordenado, ao todo cincoenta mil reis, e para os Padres cento e vinte mil reis: tem cento sessenta vizinhos. Onega Fernandes senhora principal, sendo viúva, e tendo hábito de Religiosa deu a quarta parte desta Igreja a Dom Afonso, Bispo de Tui e àquela Sé em 15 de Abril da era de 1156, que é anno 1118, na qual confirmam seu filho Payo Dias e sua filha Aragonta Dias. Há nesta Freguesia duas Torres com alguma renda, chama-se uma de Vilar, outra a Torre somente, e de ambas são senhores os Marquezes de Tenorio. A que está defronte da Galiza é Solar dos Marinhos, que se entende haver sido do Dom Froyão, fidalgo Italiano, que veio a este Reyno com o Conde Dom Mendo ajudar a expulsar os Mouros dele. Entende-se que ele, ou algum filho fez esta Torre, e Casa solarenga de sua família, e não faz contra isto o que diz o Conde Dom Pedro, e outros Gallegos, que o segue, que os Marinhos são naturais da Galiza…” (COSTA, 1706).
Uma outra obra de referência que nos fala de Alvaredo no século XVIII é o Diccionário Geographico do Padre Luís Cardoso, cujo Tomo I foi publicado em 1747. Nele, fala-nos de Alvaredo nestes termos: “Lugar na Província de Entre Douro e Minho, Arcebispado de Braga, Comarca de Valença, Termo da Villa de Valadares. Tem todo o corpo da freguesia duzentos e oito fogos, divididos pelos lugares seguintes: Bouças, Fonte, Maninho, Ferreiros, Granja e Coto.
A Igreja Paroquial he dedicada a S. Martinho Bispo, em algum tempo se chamou Paderne, o que hoje he Alvaredo; he curato annual, a que dão o título de Vigairaria do Mosteiro de S. Fins dos Padres da Companhia, com oito mil reis de ordenado; ao todo, cincoenta mil reis, e para os Padres cento e vinte mil reis.
Onega Fernandes, Senhora principal, sendo viúva, e tendo hábito de Religiosa, deu a quarta parte desta Igreja a D. Affonso Bispo de Tuy, e àquella Sé em 15 de Abril da era de 1156, que he anno de 1118, na qual confirmão seu filho Payo Dias, e sua filha Aragonta Dias.
Há nesta Freguesia duas Torres com alguma renda, chama-se huma de Villar, outra a Torre somente, e de ambas são Senhores os Marquezes de Tenório. A que está defronte da Galliza he Solar dos Marinhos, que se entende haver sido de D. Froyão, fidalgo italiano, que veio a este reino com o Conde D. Mendo a ajudar a expulsar os Mouros delle. Entende-se que elle, ou algum filho seu, fez esta Torre e Casa Solarenga da sua família; e não faz contra isto, o que diz o Conde D. Pedro, e outros Gallegos, que o seguem, que os Marinhos são naturaes de Galliza; porque naquella era, andava com ella mystica a nossa província. Casou com D. Marinha, de que teve a D. João Frojaz Marinho, que de sua mulher houve a Payo Annes, D. Gonçalo Annes, D. Pedro Annes, D. João Annes, e Martim Annes, que todos se appellidarão Marinhos: de hum sahio o Solar de Ulhoa, e de outro o de Imra: delles vem os Condes dos Mollares, Adiantados de Andaluzia, os Duques de Alcalá, e por aqui os mayores de Hespanha. Outros ficaram em Portugal, dos quaes erão aquelles dous irmãos, que servirão no Paço a El-Rey Dom Affonso III, onde lhe succedeo com D. Vasco Martins Pimentel a pendência, de que faz menção o Conde D. Pedro.
Alguns dos já ditos passaram à Galliza, por casamentos, de que descendem muitas Casas daquelle Reyno, e na ribeira do Minho, Ponte de Lima, e outras partes.
Este Solar parece que passou a Pedro Alvares de Sottomayor, por casar com D. Elvira Annes, filha de João Pires Marinho, e terceira neta do dito D. Froyão, do qual matrimónio nasceo D. Elvira Pires, mulher de Fernão Gonçalves de Pias, Senhor do Solar de Pias, que se entende ser a Torre da Sobreira em Santiago de Pias, de que fallaremos em Monção; supposto outros o levão ao Reyno da Galliza.
Tem os Marinhos por Armas, em campo verde, cinco flores de Liz de prata em aspa, e por tymbre huma Serêa da sua cor com cabellos de ouro. Alguns trazem em campo de prata três ondas azuis, e de fora do escudo duas Sereas de pé tendo mão nelle. Assim estão em humas casas na rua de S. João dentro dos muros de Ponte de Lima, e são dos descendentes de Vasco Marinho, filho de Álvaro Vaz Bacelar de Monção, e por sua mãy dos Marinhos da Galliza, Senhor da Casa de Goyanes, junto à Ilha de Salvora no Arcebispado de Santiago, em que fizerão Solar porque desta Província passarão para aquelle Reyno, aonde trazem quatro ondas na mesma forma com a serea por tymbre, e outros em campo azul cinco meyas flores de Liz de ouro em aspa.
A alguns pareceo tomarem este appellido, e Armas, por descenderem de huma mulher marinha, ou serea, mas he fábula: o certo foy por trazerem sua origem do Romano Gayo Mano, e desta família he o nosso santo portuguez S. Marino, que em Cesarea padeceo martyrio em dez de Julho…”
Este último parágrafo é bastante curioso onde o autor começa por referir uma origem fantasiosa, baseada numa lenda, para a família dos Marinhos, senhores da Torre, em Alvaredo. Fomos tentar procurar a origem deste apontamento e demos com um texto no “Livro de Linhagens do Conde D. Pedro”, pessoa citada vários vezes no extrato transcrito. Esta obra, também chamado Terceiro Livro de Linhagens, é um livro de linhagens escrito na Idade Média por volta de 1344 por D. Pedro Afonso, conde de Barcelos, e filho do rei D. Dinis. Na referida obra, encontramos um capítulo com a secção LXXIII, com o título “Da Linhagem Donde Veem Os Marinhos, Donde O Mais Longe Sabemos; E Foram Naturaes Da Galiza”. Seguidamente, o Conde D. Pedro propõe uma origem para a família nobre dos Marinhos: “O primeiro foi huu cavaleiro boo que houve nome Dom Froiam, e era caçador e monteiro. E andando huu dia em seu cavalo per riba do mar, a seu monte, achou hua molher marinha jazer dormindo na ribeira. E iam com ele tres escudeiros seus, e ela, quando os sentio, quise-se acolher ao mar, e eles forom tanto empos ela, ataa que a filharom, ante que se acolhesse ao mar. E depois que a filhou a aqueles que a tomarom fe-la poer em hua besta, e levou-a pera sua casa. E ela era mui fermosa, e el fe-la bautizar, que lhe nom caia tanto nome nem huu como Marinha, porque saira do mar; e assi lhe pôs nome, e chamarom-lhe Dona Marinha. E houve dela seus filhos, dos quaes houve huu que houve nome Joham Foiaz Marinho”.
Esta lenda, com quase setecentos anos de antiguidade, é apenas isso, uma fábula sem qualquer relação com a realidade, à exceção da existência de um cavaleiro chamado Dom Froyão, alcunhado de “Caçador”, um fidalgo de origem italiana e que viveu em Alvaredo em tempos medievais, na torre dos Marinhos, talvez ainda no século XII, onde hoje se situa o lugar da Torre. Aquele terá nascido por volta de 1170 e foi casado com uma tal Mariana Marinha. De facto, a Torre da família dos Marinhos em Alvaredo era muito antiga. Já existia no século XIII sendo que esta família viveu nesta freguesia durante muitas gerações. Temos notícia que um tal João Forjaz Marinho, que terá vivido entre 1210 e 1250, que foi Senhor Domus Fortis da Torre dos Marinhos. João Marinho terá nascido na Galiza, era Cavaleiro do Reino e foi governador por ordem real nas Terras de Valadares.
Quanto à Torre de Vilar, nada se diz nestas obras publicadas no século XVIII. Contudo, se vasculharmos as Inquirições de D. Dinis, aquelas que foram realizadas no ano de 1288, vamos encontrar parcas informações. Assim, por esse altura, o detentor da honra de Vilar era um tal Afonso Dinis, filho ilegítimo do rei D. Afonso III e de uma tal Marinha Pires de Enxara, como o próprio monarca afirma num documento de 1278, e pelo qual lhe doa um herdamento, situado em Vila Pouca, em Torres Vedras. Segundo as pessoas inquiridas pelos enviados do rei, a honra de Vilar, nesta freguesia, já existia desde, pelo menos, há cem anos, ou seja, desde finais do século XII (PIZARRO, 1997).
Para compreendermos o século XVIII em Alvaredo, podemos recorrer às Memórias paroquiais de 1758. Nesta época, a freguesia pertencia ao concelho de Valadares. No domínio religioso, Alvaredo fazia parte da Arcebispado de Braga, comarca de Valença, e tinha o estatuto de vigairaria (NIZA, 1768), ou seja, o seu pároco era um vigário, de apresentação anual, direito detido pelo prior dos mosteiros de Sanfins e São João de Longos Vales, pertencentes à Companhia de Jesus, como procurador do reitor do Colégio de Coimbra.
Em meados do século XVIII, o padre de Alvaredo refere que “está esta freguezia situada em campina e della se descobre a vila de Melgaço prassa de armas e alguma parte de seu termo. E dista desta freguezia huma legoa. E também se descobrem algumas freguezias deste mesmo termo de Valladares distância de huma legoa e da Galiza várias freguezias que confrontam…”
Em relação aos lugares localizados no território da freguesia, conforme vimos atrás, CARDOSO (1747) apenas refere os de Bouças, Fonte, Maninho, Ferreiros, Granja e Coto, ainda que suspeitamos que estes seriam os principais da freguesia em termos de dimensão do povoado e população, havendo outros de mais reduzida extensão. O padre de Alvaredo, em 1758, deixa-nos escrito a lista de lugares habitados na época e menciona que “está a paróquia situada no meio da freguezia no lugar de Sam Martinho. Tem as aldeias seguintes: Aldeia das Boussas, Fontainhas, Carrasqueira, Charneca, Sobreira, Fonte, Canda, Torre, Maninho, Ferreiros, Cotto, Sam Martinho; estes sempre são actualmente desta freguezia. Barbeito, Villar, Granja, estes são hum anno desta freguezia e outro anno são da freguezia de Paderne.” Importa esclarecer os caros leitores do estatuto deste lugares meeiros que existem em diversas freguesia neste concelho. Tal como lemos na anotação do vigário de Alvaredo, estes lugares efetivamente pertenciam a esta freguesia durante um ano e no seguinte pertenciam a Paderne, fazendo-se a mudança sempre depois do fim de Junho. Podemos elucidar este aspeto, citando o registo da Memória Paroquial de 1758 de São Paio, onde os lugares e Sante e Verdelha têm o mesmo estatuto e são meeiros também com Paderne. O sacerdote escreve que “...Sante, meeiro com Paderne em o qual entra a Verdelha que estes dous são da alternativa de São Paio e Paderne e neste prezente anno de 1758 athé ao S. João [mês de Junho] são da alternativa de Paderne”. Seria lógico o ilustre leitor questionar como é que se faria em relação aos locais de enterramento dos falecidos residentes nestes lugares meeiros. Os mais velhos ainda conheceram estes costumes na primeira metade do século XX mas os outros podem ficar elucidados com o teor deste assento de óbito de um tal Pedro Lourenço, falecido nesta freguesia em Novembro de 1708. No mesmo, pode ler-se que “Aos dezassette dias do mês de Novembro de mil e sette centos e oito annos, foi Deus servido levar Pedro Lourenço do lugar da Granja com todos os sacramentos e não fez testamento e está sepultado em Paderne por ser meeiro e este anno ser dessa freguezia deo pello costume de Paderne conforme as suas possibilidades dous alqueires de pam, dois cabaços de vinho, dous testons de carne e de hum carneiro, hum cruzado e duas broas que tudo partimos a meio conforme he custume e por verdade fiz este termo…” A mesma regra se aplicava aos batismos.
No início do século XVIII, segundo COSTA (1706), a freguesia tinha cerca de cento e sessenta fogos, que devia corresponder a uma população que rondaria os quatrocentos e cinquenta a quinhentos habitantes, e encontrava-se numa época de crescimento demográfico.
Apesar da irregularidade da mortalidade, o crescimento da população em Alvaredo na primeira metade do século XVIII é evidente. O pároco, na Memória Paroquial em 1758, escreve que “tem esta freguezia neste prezente anno com alguns lugares meeiros à freguezia de Sam Salvador de Paderne, fogos inteiros e meios fogos dozentos e vinte…”, o que representa um acréscimo de cerca de oitenta fogos em relação ao quantitativo indicado pelo Padre Carvalho da Costa, na sua Corografia, no início do século. O vigário de Alvaredo acrescenta, em 1758, que a freguesia tinha “...entre auzentes e prezentes e menores seiscentas e treze” pessoas que residiam na mesma.
Como o caro leitor pode imaginar, a freguesia de Alvaredo era, no século XVIII, eminentemente agrícola. O pároco menciona, em 1758, que “colhem os moradores milho, vinho centeio, feijoins…”, embora o memorialista fosse algo lacónico e pouco pormenorizado. Certamente que não estamos longe da verdade se pensarmos que a freguesia vizinha de Penso não teria uma realidade muito diferente em termos agrícolas. O padre da dita freguesia escreveu, nesse mesmo ano, que “Os frutos que se colhem em maior abundância são milho, centeio e vinho e centeio e castanha e linho, pouco trigo e feijam e frutas de várias castas com abundância.”
Na Memória Paroquial de 1758, o vigário de Alvaredo faz ainda referência ao rio Minho, que passa na freguesia, e à sua importância para as suas gentes. Assim, regista que “a respeito dos rios nesta freguesia, he o seguinte (…) Somente corre do Nacente para o Poente o rio Minho, que corre muito caudelloso, nam he navegável (…) Corre o dito rio todo o ano (…) Cria este rio bogas, trutas, saveis, lampreias, salmoins (…) E estes ordinariamente só pescam mês de Março e Abril e Maio e Junho. São pescarias sujeitas ao Senhor Infante de Portugal de que lhe pagam décima e he o Senhor deste termo”.
Até 1855, Alvaredo pertenceu, em termos administrativos, à comarca de Monção e concelho de Valadares. Em 24 de Outubro desse ano, é publicado um decreto extinguindo o concelho de Valadares, passando Alvaredo a integrar o de Melgaço.
É curioso um pequeno parágrafo que o célebre livro “O Minho Pittoresco” publicado em 1886 dedica à freguesia: “Notámos em Alvaredo, como noutras freguezias limitrophes de Melgaço a singeleza das cangas dos bois, e a sua pequenez; talvez tenhamos ainda de referir-nos n’outros pontos do nosso trabalho a estes apparelhos de jugo, tão rendilhados quando se desce para o sul da provinda, e que o nosso amigo e erudito investigador Leite de Vasconcellos estudou já no seu livrinho intitulado Estudo ethnographico a proposito da ornamentação dos jugos e cangas dos bois nas provindas portuguesas do Douro e Minho.” (VIEIRA, 1886)
Já antes, deixamos uma brevíssima alusão à questão dos costumes ao nível dos enterramentos. Apesar de haver legislação em Portugal desde meados do século XIX, demorou muito até as freguesias criarem os seus cemitérios e mudarem os costumes. Assim, diga-se que esta freguesia de Alvaredo tem cemitério desde 1883. Anteriormente, as pessoas falecidas eram enterradas na igreja e, mais tarde, no adro da igreja. Em 16 de Setembro de 1883, um tal Francisco José Canes foi o primeiro falecido a ser enterrado no cemitério da freguesia.
A chegada da luz elétrica e do abastecimento público de água foram dois dos maiores melhoramentos na freguesia ao longo do século XX. Damos eco da chegada da luz elétrica à freguesia. Na verdade, aquela chegou a Alvaredo há cerca do noventa anos. Podemos ler no periódico “Notícias de Melgaço” de 25 de Novembro de 1934: “A C.M.M. concluiu com o concessionário do fornecimento de energia elétrica no concelho, o estudo preliminar para iluminação das freguesias de (…) Alvaredo…” Esta seria contemplada com 10 lâmpadas! Mais se referia que “Muito brevemente será iniciada a montagem da respectiva rede de distribuição” Na mesma publicação, na edição de 21 de Outubro de 1935, ficamos a saber que “Principiaram há dias os trabalhos de construção da rede eléctrica para iluminação pública e particular desta freguesia (…) de Alvaredo… Por informações que colhemos junto da empresa Valverde, a luz deve ser inaugurada no fim do próximo mês ou princípios de Dezembro.” Todavia, a eletrificação total apenas chegaria a Alvaredo cerca de trinta anos depois. No “Notícias de Melgaço” de 9 de Maio de 1965, lemos: “Finalmente a Luz!? A Hidroeléctrica-do-Coura (concessionária da distribuição de energia eléctrica em Melgaço) remeteu à DGSE o projeto de electrificação de Alvaredo”. Já no “Notícias de Melgaço” de 27 de Março de 1966, encontramos a informação que “Foi comparticipada a electrificação de Penso e Alvaredo.”
Também por essa altura foi construída a rede de abastecimento público de água. No “Notícias de Melgaço”, é publicada uma carta que aqui se transcreve: “Os trabalhos da canalização das águas que vieram abastecer esta freguesia estão quase concluídos, encontrando-se todas as bicas a deitar, excepto a de Corredouras, que ainda não tem bica nem águas potável, pois pelo que disse Valeriano Martins devia ficar uma fonte no caminho público que segue em direcção à feira de Paderne, servindo os sete fogos deste lugar, igual ao do Pinheiro (…) Todo o povo da freguesia foi convidada pela JF a abrir os regos, estender os tubos de condução e entulhar, gratuitamente, os referidos regos, prometendo a todos uma bica em cada lugar(…) Alvaredo, 1/8/1967)”.
Não terminamos esta secção deste modesto trabalho sem partilhar com os ilustres leitores um texto de António Augusto Gonçalves Ribeiro, publicado no “Notícias de Melgaço” de 17 de Fevereiro de 1948, onde o autor nos conta um passeio por Alvaredo há cerca de 75 anos atrás: “Estavam os galos a cantar a 1ª vez quando ia a caminho desta plana freguesia. Era um sábado, dia de feira em Melgaço. O tempo estava magnífico. A natureza estava opulenta de caloria. Eu, com intenção de fazer aquele percurso em poucas horas, redobrava de esforço. Às sete horas já me encontrava em Vilar. Começava o sol a banhar os altos da Espanha quando me encontrava a falar com um honesto lavrador na 1ª encruzilhada do caminho, à saída do lugarejo. E como as primeiras lançadas do sol me acertavam nas costas, dei volta e despedi-me do homenzinho, seguindo o meu itinerário daquele incomparável dia. À frente do lugar, nas margens de um prado, parei e vi aquela formosa paróquia. Confronta do norte com o rio Minho e Remoães; do poente, com Penso; só sul e nascente, com Paderne. Está situada num vale, entre as serras de Sainde e Franqueira. Tem lindas vistas para os vales (…) Vêem as serras em torno de Monção e Melgaço: Porrinho, la Guardia, Faro, Merufe e Sainde, Pernidelo, Caniça e Franqueira. Os seus lugares entremeados de campos, circundados de latadas de vinha, onde se colhe muito milho e bom vinho (…) Continuando viagem, pude ver a reconstrução da igreja paroquial (…) É a terra do saudoso Vitoriano R. F. Castro, que foi diretor clínico do Hospital da Misericórdia de Melgaço, e o único médico melgacense daquela época formado pela Universidade de Coimbra, a quem todo o concelho venera como se fosse um santo, e a quem presta homenagem de reconhecida consideração, desejando-lhe longa vida, repleta de prosperidades. (…) Alvaredo, vulgarmente conhecido por São Martinho, é uma das freguesias mais unidas de todo o concelho de Melgaço para todos os empreendimentos necessários. Povo bastante civilizado e trabalhador...”
3. A igreja paroquial de São Martinho de Alvaredo
Conforme já referimos neste modesto trabalho, durante séculos, esta freguesia de São Martinho de Alvaredo, estava integrada na terra e concelho de Valadares.
A atual igreja paroquial é, segundo NOÉ (2003), de construção seiscentista, embora não haja certezas e não excluímos a hipótese de resultar da reconstrução de uma outra mais antiga.
Em 25 de Maio de 1758, o pároco António Rodrigues de Morais, escreveu na Memória Paroquial que era cura anual de“aprezentação do prior dos mosteiros de Sam Fins e Sam João de Longos Vales da Companhia de Jesus, como procurador bastante do padre reitor do Colégio de Coimbra”. Acrescenta que “tem todos os anos oito mil reis de ordendo e com o pé de altar fará por tudo sassenta mil reis com rendimento sertos e insertos.”
Aquele sacerdote descreve o igreja de Alvaredo em meados do século XVIII nestes termos: “O orago desta freguezia he Sam Martinho. Tem os altares seguintes: o altar mor, o altar da Nossa Senhora do Rozario, o altar das Almas, o altar de Santo António, o altar da capela da Senhora da Expectaçam, o altar da capella de Sam Francisco, o altar da capella de Sam Miguel, tudo contíguo à mesma igreja. Tem esta igreja duas naves com três arcos. Tem a irmandade da Confraria das Almas.” Note-se que a feitura do altar de Santo António deve ter sido concluída na primeira metade do ano de 1736. Temos conhecimento que o “Registo da Provisão de Licença a favor do Juiz do Subsino e mais eleitos e oficiais da freguesia de Sao Martinho de Alvaredo, termo de Valadares, comarca de Valenca, para se benzer um altar com a imagem de Santo António, na sua freguesia” foi formalizado em 10 de Julho desse ano.
Sabemos também que em 25 de Setembro de 1747, foi feito o Registo de Provisão de Licença, a favor de uma tal D. Maria Madalena Antónia de Guimarães e Brito, viúva de João da Rocha e Brito, da freguesia de São Tomé de Aguiar, para que na sua capela de São Francisco, sita na igreja paroquial de Alvaredo, se possam celebrar os ofícios divinos.
Se até meados do século XVIII, o direito de apresentação do vigário de Alvaredo era detido pelo prior dos mosteiros de Sanfins e São João de Longos Vales, pertencentes à Companhia de Jesus, em 1759 tudo mudou. Isto porque em 3 de Setembro desse ano, o Rei Dom José proclama a “Lei de Extermínio, Proscrição e Expulsão dos seus Reinos e Domínios Ultramarinos dos Regulares da Companhia de Jesus”. A lei da expulsão dos jesuítas, fez reverter todos os seus bens para o erário régio.
Em 1774, a 4 Julho, o rei D. José assinou uma lei que determinou a incorporação de todos os bens da extinta Companhia de Jesus no património da Universidade de Coimbra, que assumiu a sua administração. Assim, o direito de apresentação do vigário de Alvaredo passou para a Universidade de Coimbra. Pouco tempo depois, aquela instituição mandou que se visitassem todas as igrejas da antiga Companhia de Jesus, entre as quais a de Alvaredo. Em relação a esta igreja de São Martinho, diz-se nas atas da visita que a igreja era semelhante às demais da zona, ou seja, humilde, tosca e pobre. A capela-mor tinha o forro quase perdido, o pavimento muito mal unido e as paredes muitas negras. O altar-mor tinha retábulo, que ainda podia servir. O corpo da Igreja pertencia aos fregueses, a sacristia era pequena e necessitava de muitos reparos, assim como a capela-mor, os quais foram mandados fazer e constavam dos apontamentos anexos. Em relação ao passal, o mesmo era da mesma qualidade e rendimento do das igrejas vizinhas, podendo render para o pároco, tiradas as despesas, cerca de 8$000. Assim, a Universidade de Coimbra cobrava os dízimos da freguesia e apresentava o cura anualmente e tinha a obrigação de reparar ou reedificar a capela-mor, sacristia e dar todos os paramentos necessários para as mesmas, pertencendo ao povo tudo o que dissesse respeito ao corpo da Igreja. Devia também dar ao pároco côngrua suficiente, bem como mandar pregar dois sermões na Quaresma.
O retábulo desta igreja data de 1822 pois em 11 de Fevereiro deste ano foi celebrado no notário José Pereira da Costa, de Monção, uma “escritura de contrato e obrigação‘ entre o mestre-entalhador João Bento Barbosa de Brito, de Padornello, de Coura e o Padre Teotónio de Alpoim Lobato, reitor de Cambeses, concelho de Monção, e procurador da Universidade de Coimbra (ADVC, 1822). João Bento Barbosa de Brito obrigava-se a ‘fazer o retábollo da tribuna da Igreja da freguezia de Sam Martinho da Barqueira (Alvaredo), termo de Valadares; elle servirá do dezenho do retábollo que se acha feito na capella-mor de São Miguel de Sago, neste termo de Monsão, salvo a diferença de que a urna se aproveitará, para a mesma obra, a que se acha já feita na mesma Igreja de Alvaredo; com a declaração que nesta obra se não meterá forro nem pelate; mas tudo será de táboa com as grossuras do costume; e também não se meterá talha alguma postiça mas sim nascida da mesma madeira em que se fizer a obra" (ADVC, 1822). Receberia 94.000rs., em 3 pagamentos; "o primeiro antes de principiar a obra". A obra teria que estar terminada ‘athé o fim do anno prezente [1822]’. Deu como fiador Manuel António Vandonha Sotto-Mayor, do lugar de Alderiz, freguesia de Pias (idem).
Em 5 de Maio de 1835, é publicado um decreto que determina a incorporação nos Bens Próprios Nacionais, os bens pertencentes à Universidade de Coimbra, sendo que esta continuava, no entanto, a usufruir dos seus rendimentos. Posteriormente, em 21 de Novembro de 1848, é publicado novo decreto que determina a delimitação como bens da Universidade de Coimbra, apenas os edifícios estritamente necessários para o seu funcionamento, situados em Coimbra, passando Alvaredo a reitoria independente.
No Arrolamento dos Bens Culturais desta freguesia, elaborado em 9 de Novembro de 1911, é referida a Igreja de São Martinho nestes termos: “Egreja parochial com quatro altares e um em construção, torre com dois sinos, seis imagens e adro.” Mais se acrescenta a existência da “casa da residência parochial de um andar e lojas, sendo a parte do sul reedificada pelo actual parocho. (…) Cemitério parochial a pequena distância da egreja referida e completamente murado.”
Em Outubro de 1939, o telhado da igreja de São Martinho de Alvaredo desabou ficando a estrutura bastante afetada. Fomos procurar notícias do sucedido nos jornais melgacenses e no “Notícias de Melgaço”, na sua edição de 23 de Outubro dessa ano, podemos ler: “No dia vinte do corrente, pelas seis horas da manhã, quando o pároco de Alvaredo se dirigia à sua igreja para proceder aos exercícios do Santo Rosário, já se encontrava junto à igreja e verificou que lhe era completmente impossível entrar dentro do templo, visto que naquele momento tinha sido reduzido a escombros. O tecto desabou na sua maior parte; as paredes ficaram muito danificadas, e bem assim alguns altares que também sofreram. A derrocada, na nossa opinião, poder-se-ia ter evitado se os paroquianos de Alvaredo se tivessem guiado pelos conselhos do seu pároco, que muitas vezes os aconselhou que era preciso tratar de evitar o desastre que agora se deu, mas não foi só o reverendo pároco que aconselhou os paroquianos a tratarem da reconstrução daquele templo sagrado, que estava já há muito a ameaçar ruínas, foi também o Notícias de Melgaço que ainda há pouco tempo pediu por caridade aos paroquianos que não deixassem ao abandono a casa de Deus, que fossem mais zelosos, que iniciassem as obras da igreja antes de principiar o Inverno e se assim não fizessem, a derrocada era certa, como aconteceu. E graças a Deus, que foi muito misericordioso, porque se a derrocada se dá pouco depois, os fiéis que estavam a assistir ao Santíssimo Rosário ficariam subterrados nos escombros, mas Deus não quis que houvesse a lamentar tão grande desastre. Agora, segundo nos informam, brevemente vão principiar as obras de reconstrução da casa de Deus.” As obras de reconstrução foram concluídas em 5 de Julho de 1942, abrindo de novo as suas portas ao culto em 1943. Numa das paredes exteriores, é possível encontrar a placa comemorativa da obra realizada e o ano em questão.
Igreja paroquial de São Martinho de Alvaredo e meio envolvente
Em termos arquitetónicos, ao longo dos séculos, este templo sofreu várias intervenções. A primitiva igreja apresentava-se em planta de cruz latina, com apenas uma nave central, construída em cantaria autoportante aparente. Na atualidade, a igreja insere-se em meio urbano, no interior da aldeia, de povoamento disperso, nas imediações de algumas habitações e envolvido por campos plantados de vinha. Integra-se em adro, disposto junto à estrada, parcialmente delimitado por muro, e com pavimento de paralelos de granito. Esta igreja apresenta uma planta longitudinal, composta de nave única e capela-mor, mais baixa e estreita, tendo adossado à fachada lateral direita, torre sineira quadrangular, capela lateral profunda e, entre estas, corpo retangular e à oposta sacristia retangular. Volumes apresentam-se escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na igreja, de três na sacristia, de uma no corpo retangular e coruchéu piramidal na torre, coroado catavento de ferro. As fachadas são construídas em cantaria aparente, com embasamento, cunhais apilastrados na nave e torre sineira e terminadas em friso e cornija, sobreposta por beirada simples. A fachada principal é virada a oeste, terminada em empena, rematada por cruz latina de braços quadrangulares sobre acrotério, tendo as pilastras coroadas por urnas. É rasgado por portal de verga reta, com moldura terminada em cornija, e por janela de verga abatida com a moldura formando pingentes e encimada por silhar com elemento concheado. A torre sineira apresenta-se no alinhamento da fachada, de dois registos, separados por friso e cornija, sendo o segundo rasgado, em cada uma das faces, por sineira em arco de volta perfeita sobre pilastras, tendo avental recortado, e albergando sino. Nos cunhais, possui pináculos sobre plintos paralelepipédicos e a meio surge relógio circular. A fachada lateral esquerda é rasgada na nave por frestas de arejamento e duas janelas de capialço, tendo a meio lápide retangular com brasão de família. A a sacristia é rasgada a oeste por porta de verga reta e moldura simples e lateralmente por uma outra porta e três janelas retilíneas. Na fachada lateral direita, a torre tem o primeiro registo rasgado por porta de verga reta sobrelevada, precedida por escada de pedra. A capela lateral termina em empena coroada por cruz latina de braços quadrados sobre acrotério e é rasgada por janela de capialço. O corpo intermédio é rasgado por duas janelas retilíneas de capialço e, sensivelmente a meio, por porta travessa de verga reta, encimada por cartela inscrita. Na capela-mor abre-se uma outra janela de capialço. A fachada posterior da capela-mor termina em empena, coroada por cruz latina de braços quadrangulares sobre acrotério.
4. As capelas da freguesia
Esta freguesia, além da velha igreja paroquial, tem várias capelas espalhadas pelo seu território e variam na sua antiguidade e às quais nos vamos referir sucintamente.
4.1 - Capela de São João Baptista
As origens da capela de São João Batista, sita do monte de São João, freguesia de Alvaredo, perdem-se no tempo e não se encontra no seu local original. De facto, estamos perante uma capela que poderá ter origens medievais que foi reedificada em 1814 e mais tarde, transladada do primitivo local de implantação, em meados do século XX.
É muito possível que este pequeno templo corresponda à velha Capela de São Vicente, que é referida nas Memórias Paroquiais da freguesia de 1758, construída na zona mais baixa da povoação, e posteriormente ter sofrido alteração de orago.
De facto, no dito ano de 1758, a 25 Maio, o pároco de Alvaredo, António Rodrigues de Morais, nas Memórias Paroquiais da freguesia refere apenas a existência de uma capela neste lugar de Maninho, mas dedicada a São Vicente, pertencente aos moradores. No dito documento, pode ler-se “tem esta freguezia (...) a capella de Sam Vicente no lugar do Maninho que he dos moradores da freguezia.”
A adoração a S. Vicente por estas bandas é muitíssimo antiga e vem desde a Idade Média. Sabe-se que nesta freguesia, em tempos medievais, existia uma povoação, citada em documentação antiga, chamada “São Vicente” à qual D. Afonso Henriques passou carta de couto e que ficaria junto ao rio Minho. Segundo COSTA (1981), a imagem de São Vicente que se encontra dentro da capela seria a primitiva que se encontraria na velha capela de edificação medieval.
Posteriormente, conforme se refere atrás, em 1814, terá ocorrido a reedificação da capela no lugar do Maninho, conforme inscrição numa lápide da fachada principal. Na mesma, podemos ler: "REDEFICADA EN O ANO / DE 1814 E / TRANSLADADA EN / 1952". Ladeando o mesmo, existe um painel de azulejos, policromos, com representação de São João Batista Menino, segurando filatera com a inscrição "ECCCE AGNVS DEI". Ao longo das fachadas, existem várias cruzes de via sacra incisas, pintadas de vermelho.
Desconhecemos quando terá mudado de orago e passado a chamar-se “capela de São João”. Contudo, ainda no século XIX, já aqui se celebrava uma festa anual ao São João no seu dia (24 de Junho). Se prestarmos atenção ao periódico melgacense “No Jornal de Melgaço”, de 23 de Junho de 1898, o mesmo fala-nos do programa das festas desse ano nesta capela, sita, à época, no lugar do Maninho:
“Imponentes festejos em honra do milagroso S. João Baptista, em São
Martinho, na Capella do Maninho.
DIA 23
Ao meio-dia, o repicar dos sinos e a fuzilaria de vastas girândolas de foguetes, annunciaram aos fiéis o começo dos festejos em honra de S. João.
As trevas da noite deste dia, serão supplantadas por uma brilhante illuminação e grande variedade de fogos de artificio, que mais uma vez provarão o mérito do habil pyrotechnico Carvalheiras, incontestavelmente um dos primeiros da Comarca.
Duas philarmonicas, uma desta villa e outra de Valladares, farão as delícias da noite, fazendo ouvir escolhidas peças do seu reportório.
DIA 24
A alvorada d'este dia, será saudada por uma girândola de foguetes e pelos sons das philarmonicas.
Às 9 horas, terá começo a missa da festa a qual será realizada a grande instrumental e com toda a solenidade. A tribuna sagrada será occupada pelo illustre sacerdote padre Caetano Fernandes, do qual anciosos esperamos ouvir a sua bem elaborada palavra.
Em procissão, percorrerá o itinerário do costume, o milagroso santo, fazendo-se ouvir durante o trajecto, os tradicionaes cânticos próprios daquelle acto.
À tarde, música no arraial, fogos e outros divertimentos. Para a boa organização dos festejos e decoração da capella, consta-nos que tem sido incansável o muito digno reitor daquella freguezia, com o concurso dos Srs. José Capellas, Domingos Castro e José Gonçalves Torpina, encarregados dos festejos.”
No início do século XX, a capela já aparece designada como sendo dedicada a São João. Se formos consultar o “Arrolamento dos bens culturais da freguesia de Alvaredo”, elaborado em 9 de Novembro de 1911, podemos encontrar referência à “...Capella de São João, nos limites do lugar do Maninho, com um altar e duas imagens.”
Em 1952, é feita a transladação da capela do anterior local de implantação, o Largo Maninho, para o Monte de São João. No jornal “A Voz de Melgaço”, na sua edição de 15 de Agosto de 1952, podemos ler: “Por Alvaredo - (…) A capela de São João, situada actualmente num ponto admirável, está recebendo os últimos trabalhos, para o seu acabamento, sendo digno de apreciar, com justo louvor, a diligência constante desde o início, da sua trasladação, no nosso venerável pároco Rev. P.e António Barros e do seu coadjutor, o nosso particular amigo Nicolau Barbosa Martins, pela sua inclinação natural, atendendo a tudo quanto seja benéfico, sendo portanto dignos das nossas saudações.”
Esta capela possui uma planta retangular de nave única com sacristia adossada à fachada lateral direita. As coberturas são escalonadas em telhado de duas águas, na capela, e de uma, na sacristia, rematadas em beirada simples. Tem fachadas em cantaria de granito aparente, as da capela com cunhais horizontalizados e terminadas em cornija. Possui fachada principal virada a sul, terminada em empena sem retorno, coroada por cruz latina de braços retangulares, possuindo cruz grega incisa, assente em acrotério. O cunhal direito é interrompido e sobreposto por sineira, com ventana em arco peraltado, albergando sino e terminada em cornija, encimada por cruz biselada sobre plinto, entre pináculos piramidais com bola. É rasgada por portal de verga reta e fresta retangular, encimada por silhar com Calvário inciso e pintado de vermelho. A fachada lateral esquerda é rasgada por fresta na zona do retábulo-mor e, na oposta, abre-se uma outra, mas no início da nave; a sacristia tem acesso individualizado a sul e lateralmente pequeno vão. A fachada posterior é cega, sendo a capela, rematada em empena, coroada por cruz latina, biselada sobre acrotério.
O interior com as paredes em alvenaria de granito aparente, com silhar de azulejos azuis e brancos, de padrão fitomórfico, pavimento cerâmico e teto de madeira envernizada, de dois panos. A capela possui um coro-alto de madeira, com guarda em falsos balaústres planos, assente em duas mísulas, acedido por escada disposta no lado do Evangelho. No sub-coro existe, do lado da Epístola, uma pia de água-benta. No topo das paredes laterais e na parede testeira, dispõem-se várias mísulas de cantaria sustentando imaginária.
4.2 - A capela de São Brás
Sabemos muito pouco em relação à sua origem. A mesma não é referida na Memória Paroquial de 1758. Provavelmente se trata de uma capela de construção oitocentista. Apresenta pequenas dimensões e grande simplicidade, tendo sido alteada no século XX, conforme denota a irregularidade do aparelho das fachadas principal e posterior, a partir do nível das cornijas das fachadas laterais.
Capela de São Brás
Apresenta planta simples e as fachadas em cantaria, terminadas em cornija, a principal em empena sem retorno, rasgada por portal de verga reta com moldura relevada entre frestas. Nas laterais abre-se porta travessa, à esquerda, e vão em arco, à direita. No interior possui estrutura retabular do século XX, recorrendo a alguns elementos clássicos.
No livro “O Minho Pittoresco”, obra do último quarto do século XIX, encontramos uma lacónica referência: “A capella de S. Braz fica perto da estrada, e além, aquella outra ermida, que se vê junto do rio, é devotada a S. Bento e tem a sua festasinha em julho.” (VIEIRA, 1886)
No início do século XX, a capela de São Brás encontrava-se arruinada. Tal informação encontra sustentação no documento relativo ao “Arrolamento dos bens culturais da freguesia de Alvaredo” onde se pode ler a referência a esta ermida: “Capella de São Braz arruinada sita nos limites do logar da Carvalheira com um altar e duas imagens bastante deteoradas”.
Na atualidade, em termos arquitetónicos, a capela apresenta planta retangular simples, com cobertura homogénea em telhado de duas águas, rematadas em beirada simples. As fachadas são em cantaria de granito aparente, terminadas em cornija. A fachada principal, virada a poente, tem cunhais horizontalizados e termina em empena, capeada a cantaria, coroada por cruz latina de braços retangulares sobre acrotério. É rasgada por portal de verga reta, de moldura relevada, entre duas pequenas frestas. A fachada lateral esquerda é rasgada por portal estreito, de verga reta e a oposta por vão em arco abatido, quase ao centro. A fachada posterior, ligeiramente alteada, é cega e termina em empena sem retorno, coroada por cruz latina, de braços retangulares.
O seu interior apresenta-se com as paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento de cantaria e teto de masseira, em madeira. À parede testeira encosta-se estrutura retabular, pintada de branco, marmoreados fingidos rosa, e azul, de corpo reto e um eixo, definido por duas pilastras, com o terço inferior decorado, coroadas por urnas. Ao centro abre-se um nicho, em arco, albergando imaginária, ladeado por duas mísulas igualmente sustentando imaginária. A estrutura termina em espaldar contracurvo, rematado com elementos vegetalistas relevados. Possui um altar paralelepipédico com frontal pintado.
4.3 - Capela de São Pedro
Trata-se de uma capela situada junto aos limites da freguesia com o antigo couto de Paderne, próxima dos lugares de Barbeito e Vilar. É de arquitetura simples e de pequena dimensão.
Desconhecemos a data da sua construção, ainda que a mesma já existisse em meados do século XVIII. No manuscrito da Memória paroquial de 1758, o pároco de São Martinho de Alvaredo deixou escrito que “tem esta freguezia no lugar de Villar a capella de Sam Pedro da qual é administrador Thomé Estevez.” O pároco de Alvaredo, situa-a no lugar de Vilar mas a mesma também aparece referida na Memória Paroquial de Paderne. Na mesma, o memorialista menciona que “tem o lugar de Barbeito a capella de São Pedro, que hum anno pertence a esta freguezia e outro a São Martinho de Alvaredo, na qual está hum altar com a imagem do Santo [S. Pedro] e outra de Santo António, nos dias em que se celebram os Santos das taes capellas, concorre alguma gente.” Na realidade, a sua localização encontra-se nas proximidades dos dois lugares já que, aparentemente, os moradores de ambos os lugares se serviam, na época, desta capela. Podemos suportar esta afirmação no facto de, em meados do século XVIII, ter sido feito um Registo de Provisão a favor dos moradores do lugar de Vilar e Barbeito, para que nessa capela pudessem ter um confessionário. Tal registo foi formalizado a 19 de Maio de 1751.
Não temos informação desta ermida no “Arrolamento dos bens culturais da freguesia de Alvaredo” já que é de iniciativa e propriedade privada, condição que hoje mantém.
Bibliografia:
- ADVC, Notários (Monção - José Pereira da Costa), 5.1.6.17., fl.l 12. (publicado em MOREIRA (2006), Manuel António Fernandes -‘O Barroco no Alto Minho’, Ed. C.E.R., Viand do Castelo);
- Arrolamento dos bens culturais da freguesia de Alvaredo, concelho de Melgaço (09-11-1911) - Arquivo Contemporâneo do Ministério das Finanças, Lisboa.
- Livro de Linhagens do Conde D. Pedro. Portugaliae Monumenta Historica. Edição Crítica por José Mattoso, v. I e v. II. Publicações do II Centenário da Academia das Ciências. Lisboa: 1980.
- AZEVEDO, Rui de (1941) - Primórdios da Chancelaria de O. Afonso Henriques", in Revista Portuguesa de História, I.
- CAPELA, José Viriato (2005) - As freguesias do Distrito de Viana do Castelo nas Memórias Paroquiais de 1758. Alto Minho: Memória, História e Património Casa Museu de Monção/Universidade do Minho.
- CARDOSO, Luís (1747) - Diccionario geografico ou noticia historica de todas as cidades, villas, lugares, e aldeas, rios, ribeiras, e serras dos reynos de Portugal, e Algarve, com todas as cousas raras, que nelles se encontrão, assim antigas, como modernas, que escreve, e offerece ao muito alto, e muito poderoso rey D. Joam V. Regia Officina Silvana, Lisboa.
- COSTA, Avelino de Jesus da (1981) - A Comarca Eclesiástica de Valença do Minho (Antecedente da Diocese de Viana), Comunicação apresentada no 1º Colóquio Galaico Minhoto, Associação Cultural Galaico-Minhota, Ponte de Lima, 1981, Vol. 1.
- COSTA, Padre António Carvalho da (1706) - Corografia Portuguesa, tomo I, Valentim da Costa Deslandes, Lisboa.
- FERNANDES, A. de Almeida (1997) - Paróquias Suevas e Dioceses Visigóticas. Arouca.
- FERRAZ, Norberto (2015) - A última morada dos defuntos: os locais de sepultura na Braga setecentista. In: Horizonte, Belo Horizonte, V. 13, nº 38.
- MATTOSO, José (1988) - Identificação de um País. Oposição, Ed. Estampa, Lisboa, Vol.1.
- MATTOSO, José (1988) -Identificação de um País. Composição, Ed. Estampa, Lisboa, 1988, Vol. 2.
- NIZA, Paulo Dias de (1748) - Portugal sacro-profano, ou, Catálogo alfabético de todas as freguezias dos reinos de Portugal, e Algarve… Officina de Miguel Manescal da Costa, Lisboa.
- NOÉ, Paula (2003) – Igreja Paroquial de Alvaredo/Igreja de São Martinho. Em linha em http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=9021. (Consultado em 24 de Agosto de 2024.)
- Parochiale sueuum. Itineraria et Alia Geographica. In Corpus christianorum. CLXXV: p, 411-420. Typography Brepols Editores Pontificii, 1965.
- PEREIRA, Adelino Soares de Castro (1977) – Um templo romano, consagrado a Júpiter, sob uma capela particular da Quinta de São Cybrão, em Penso, duas torres em Alvaredo e considerações a propósito. Comunicação à Venerada Associação dos Arqueólogos Portugueses, Lisboa.
- PINTOR (1948) – XXIX – Antigas freguesias que desapareceram. In: A Voz de Melgaço, edição de 15 de Agosto de 1948.
- PINTOR, Bernardo (2003) - Melgaço Medieval, in “Obra Histórica-I”, Ed. Rotary Clube de Monção.
- PINTOR, Bernardo (2003) – Paróquia do Mosteiro de S. Salvador de Paderne (Alto Minho): Costumeiro de 1720, in “Obra Histórica-I”, Ed. Rotary Clube de Monção.
- PIZARRO, José Augusto Sottomaior (1997) – Linhagens Medievais Portuguesas - Genealogias e Estratégias (1279-1325), Volume 1. Dissertação de Doutoramento em História da Idade Média, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Porto.
- ROCHA, Joaquim A. (2009) – Dicionário Enciclopédico de Melgaço. I volume, Edição de autor.
- SAAVEDRA, Alberto (1919) – A Linguagem Médica Popular. Dissertação de Doutoramento apresentada à Faculdade de Medicina do Porto. Porto.
- VENTURA, (1992) – A nobreza de corte de Afonso III. Volume I. Dissertação de doutoramento em História apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Coimbra.
- VIEIRA, José Augusto (1886) - O Minho Pittoresco, Tomo I, Livraria de António Maria Pereira-Editor, Lisboa.
- VITERBO, Joaquim de Santa Rosa de (1798) - Elucidário das palavras, termos e frases que em Portugal antigamente se usaram e que hoje regularmente se ignoram. 2ª Edição revista, correcta e copiosamente addicionada de novos vocábulos, observações e notas críticas com um índice remissivo, Edição de A. J. Fernandes Lopes, Lisboa.