Solar da Quinta de S. Cibrão (Foto em www.idealista.pt) |
A Quinta
de S. Cibrão situa-se
na
freguesia de
Penso, no
concelho
de Melgaço, localizada
entre a margem do rio Minho e a estrada nacional, no limite
administrativo entre este concelho e Monção. Hoje, creio ser conhecida como a Quinta da Casa Nova, e trata-se
de uma propriedade com um antigo solar e capela no interior e que tem vários
séculos de História, encontrando-se aqueles em processo de
degradação.
O nome da
quinta é
uma derivação de S. Cipriano, santo
a
quem tinha
sido
construída uma primitiva
capela
dentro
da
propriedade. De
facto, há
referências bibliográficas
do século XIX que citam que
no local onde se encontra atualmente
a capela, existiu em tempos muito antigos um templo, de evocação a Júpiter, de
origem romana. Contudo, creio não haver provas físicas da
existência do mesmo sendo aludido até, como se pode ler adiante,
que tal não passaria
de um estória inventada para valorizar a quinta.
A
Quinta de São Cibrão
deve ter passado
a pertencer a
João de Araújo e Caldas e sua esposa Filipa de Sousa de Faria, por
volta de
anos 1620, já
que alguns filhos deste casal
nascerem na freguesia de Paderne e em 1640, estes
ainda viviam
nesta
quinta de S. Cibrão.
Posteriormente,
foi senhor desta
quinta o
seu
filho, o capitão-mor de
Valadares
Filipe de Araújo e Caldas, casado com Isabel de Sousa e Castro, e o
irmão Manuel de Araújo e Caldas, veio viver para a quinta do Rosal
em Valadares e foi sargento-mor. A
Quinta
de S. Cibrão foi destruída nos anos 1656 pelos Espanhóis, durante
a Guerra da
Restauração,
pelo
facto de
o capitão Filipe de
Araújo e Caldas
ter destruído algumas aldeias na Galiza. A
quinta
depois passou, sucessivamente,
para o filho de Filipe Caldas,
Luís
de Azevedo Araújo que era casado com Maria Teresa de Araújo, seu
neto João de Araújo Azevedo casado com Maria Lima de Melo, seu
bisneto Manuel Giraldo de Sousa Azevedo "Sottomaior"
casado com uma terceira ou quarta prima da quinta do Rosal, Mariana
de Araújo
Azevedo Sottomaior.
O
Padre Carvalho da Costa no seu livro “Corografia Portuguesa”,
publicado em 1706, menciona que o nome da Quinta de S. Cibrão
refere-se a uma capela dedicada ao dito santo que inclusivamente era,
na época, destino de enfermos à procura de curas para certas
maleitas. O autor refere acerca desta quinta que “Aqui
está a Quinta de S. Sybrão, que possui
Felippe de Araújo de Caldas, Cavaleiro
do Hábito de Cristo, Capitão-mor e
Monteiro-mor de Valadares. Tomou este
nome de uma capela antiga deste Santo
Cipriano, que ali está; é tradição
que foi templo da Gentilidade dedicado a
Júpiter; o sítio é
fúnebre e desacomodado no
meio de um campo com pouca veneração e
menos o fora a não ser advogado das cézoens,
ou maleitas, que muitos enfermos vem ali tremendo e voltam
sãos”.
No
livro “Portugal Antigo e Moderno”, volume VI, do professor Pinho
Leal, publicado em 1875, menciona-se sobre a quinta que “É
nesta freguesia a quinta de S. Cybrão, do Sr.
Philippe d'Araújo Caldas. Segundo a tradição, no
sítio onde está a capela desta quinta, houve um
templo romano dedicado a Júpiter. Supõe-se que a existência do tal
templo, foi uma fábula inventada para enobrecer esta
propriedade, que, mesmo sem aquela circunstância,
é notável, pela antiguidade e nobreza dos seus proprietários; e
também porque produz óptimo vinho.”
No livro “O Minho Pittoresco”,
José Augusto Vieira descrevia a freguesia de
Penso,
em 1886, como “uma vilota em miniatura” e
confirma algumas informações já escritas pelo Padre Carvalho da
Costa 180 anos antes. Replica também alguma informação já descrita pelo
professor Pinho Leal:
“Na
quinta de S. Cibrião [Cipriano], é tradição que existiu um templo
gentílico, dedicado a Júpiter, no ponto
onde está hoje a capela. Há quem diga, porém, que essa tradição
foi inventada com o fim de enobrecer a quinta, já de si notável
pela família que possui e pelo bom vinho que produz.”
Sr. Valter Alves, é com grande espanto e interesse que me cruzo com o seu artigo no dia de hoje. Sou descendente da família que explorou a Quinta de S. Cibrão (Quinta da Carvalheira como sempre a conheci) antes de a mesma ser vendida e deixada em ruínas. Conhecer este bocadinho da sua história é realmente um pequeno achado. Gostaria de saber se está interessado em partilhar mais algumas informações sobre esta propriedade tão bonita de Melgaço. O meu contacto é o seguinte: joana-pm@hotmail.com.
ResponderEliminarObrigada, Joana Meneses
Olá Joana, bom dia. Peço desculpa pela demora na merecida resposta.
EliminarDeixo-lhe aqui alguns elementos (poucos) relativos aos antigos proprietários da quinta, nomeadamente os Figueiredos de São Cibrão. Pode aceder em https://drive.google.com/file/d/1jFomusZQM7Y9sk8N9KSKixbm3TE7gBY0/view?usp=sharing a partir da página 209 do pdf. Espero ter ajudado.