Ruínas das muralhas do castelo de Castro Laboreiro |
Foi no dia 18 de Novembro
do ano de 1659, pelas nove da manhã, que um raio caiu sobre o Castelo de Castro Laboreiro originando
uma violenta explosão que destruiu completamente a torre de menagem e zonas
adjacentes. Na dita torre localizava-se um paiol de pólvora o que explica a
magnitude da explosão. Não ficou pedra sobre pedra. Nunca mais o castelo
recuperou a imponência e vitalidade que tinha até aí. Diz-se que foi um castigo
de Deus para alguns que habitavam no castelo.
Este episódio é
erradamente colocado pelo professor Pinho Leal, na sua obra Portugal Antigo e
Moderno (1874), na idade média. No dito livro afirma que “no principio do
seculo XIV, cahiu um raio no paiol da pólvora, que, incendiando-se, fez ir o
castello pelos ares pelo que o rei D. Diniz o mandou reedificar”. Contudo um
documento da época descreve com algum pormenor este episódio e situa-o na data
e hora acima citada.
No dito documento, diz-se que "Aos dezoito dias de
Novembro de 1659, que foi uma terça-feira, às
nove horas da manhã, caiu um raio na Torre do Castelo, que servia de Armazém da
pólvora e mais munições, o qual raio deu na pólvora e fez a maior ruína que se
sabe, pois da Torre e mais partes acessórias não ficou pedra sobre pedra e
deste grande prodígio se vê claramente
ser grande castigo do céu que Deus mandou para castigar pecadores que dentro
deste Castelo estavam nesta grande desventura se viram grandes milagres. O
primeiro foi escapar o Governador Gaspar de Faria com a sua mulher e mais
família, estando na parte mais arriscada, pois aí removeu a muralha da Torre; as suas
casas e as fez em pedaços e aí estavam
e aí escapou com mais segurança e
castigou o que na Ermida não podia ficar pedra sobre pedra, pois caiu toda a
Torre sobre ela e ficou Nossa Senhora dos Remédios aí me recolhi, sem cobertura, sem água, ficando debaixo toda a máquina.
Terceiro Milagre; — Foi que escapou um Escrivão do
Governador debaixo desta ruína, sem avaria e são. Nesta desventura morreram -
Gaspar Lima de Castro, Escrivão das Décimas e Sisas e Tres/ados; e um mulato
seu criado, por esse nome Marcos, natural de Tangil e um miúdo, criado do
Governador, por nome de Gaspar de Medeia e dois soldados. Do livro n.º 51,
folhas 5. Gaspar de Almeida dos Capitães o fez".
Castelo de Castro Laboreiro em 1509 (desenho de Duarte d'Armas) |
- RODRIGUES, P.e Aníbal (1996) - O Castelo de Castro
Laboreiro, in ‘Estudos Regionais’, n.º 17, Ed. C.E.R, Viana do Castelo.
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