Muralha do Praça Forte de Melgaço e estátua alusiva à Inês Negra |
Recuamos a 1961. Nos primeiros meses deste ano, acontecem
em Angola terríveis massacres que provocam cerca de 800 mortos. Será a gota de
água para que Salazar mande avançar tropas para o Ultramar.
Nesta época, a Emissora Nacional é a rádio do regime. Na
emissão de 26 de Outubro de 1961, no programa “A Voz de Portugal”, faz uma
evocação à coragem e ao patriotismo da Inês Negra, heroína lendária de Melgaço.
Os feitos desta corajosa mulher melgacense servem para destacar as qualidades
da mulheres portuguesas e de como estas são muito importantes para a Pátria portuguesa na guerra
em Angola que acabara de se iniciar.
Ora, leia o guião do programa citado: “Conta-se que,
dentro das muralhas de Melgaço havia uma mulher intrépida, partidária dos
castelhanos, conhecida por a Arrenegada.
Sabendo que no arraial dos portugueses estava uma
patrícia, ousada e valorosa como ela, chamada Inês Negra, desafiou-a para um
duelo singular, que logo foi aceite.
Era 3 de Março de 1388.
Começaram o combate com grande fúria, terrível e desesperado,
derindo-se as duas com as mãos, as unhas e os dentes, depois de quebradas as
armas de que estavam munidas. A agressora ficou vencida e fugiu para dentro da
vila. No arraial português, a vitória de Inês Negra foi festejada com ruidosa
animação. No dia seguinte, Malgaço caia em poder do rei de Portugal.
Nunca faltaram, ao longo da nossa História, mulheres da
Têmpera e do ímpeto patriótico da que se bateu destemidamente pela liberdade e
honra de melgaço. Ainda agora, a explosão de terrorismo que ensanguentou o
norte de Angola veio pôr àprova a energia moral das mulheres portuguesas, fiéis
à centenária tradição nacional e conscientes da responsabilidade que
constantemente lhes cabe nos destinos nos destinos da nossa Terra.
Imediatamente a seguir às primeiras horas de angústia em
Luanda, a sua ação foi das mais espontâneas
vigorosas. E desde então, nunca mais deixaram de colaborar com as
autoridades e organismos de caráter social e humanitário para que fossem
atenuadas as dificuldades e as dores dos nossos irmãos sujeitos em Angola às
ameaças dos rebeldes.
Como enfermeiras ou como paraquedistas, ou simplesmente
como cooperadoras da Cruz Vermelhas, muitas se têm sacrificado com a mais
comovente generosidade. E, embora chorando a ausência a ausência dos filhos ou
dos noivos, nenhuma tem travado o passo aos soldados na hora da partida para o
cumprimento do dever.”
Veja o extrato do guião citado:
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