sexta-feira, 18 de março de 2016

A Inês Negra numa exortação às mulheres portuguesas nos tempos da Guerra em Angola

Muralha do Praça Forte de Melgaço e estátua alusiva à Inês Negra

Recuamos a 1961. Nos primeiros meses deste ano, acontecem em Angola terríveis massacres que provocam cerca de 800 mortos. Será a gota de água para que Salazar mande avançar tropas para o Ultramar.
Nesta época, a Emissora Nacional é a rádio do regime. Na emissão de 26 de Outubro de 1961, no programa “A Voz de Portugal”, faz uma evocação à coragem e ao patriotismo da Inês Negra, heroína lendária de Melgaço. Os feitos desta corajosa mulher melgacense servem para destacar as qualidades da mulheres portuguesas e de como estas são muito importantes para a Pátria portuguesa na guerra em Angola que acabara de se iniciar.
Ora, leia o guião do programa citado: “Conta-se que, dentro das muralhas de Melgaço havia uma mulher intrépida, partidária dos castelhanos, conhecida por a Arrenegada.
Sabendo que no arraial dos portugueses estava uma patrícia, ousada e valorosa como ela, chamada Inês Negra, desafiou-a para um duelo singular, que logo foi aceite.
Era 3 de Março de 1388.
Começaram o combate com grande fúria, terrível e desesperado, derindo-se as duas com as mãos, as unhas e os dentes, depois de quebradas as armas de que estavam munidas. A agressora ficou vencida e fugiu para dentro da vila. No arraial português, a vitória de Inês Negra foi festejada com ruidosa animação. No dia seguinte, Malgaço caia em poder do rei de Portugal.
Nunca faltaram, ao longo da nossa História, mulheres da Têmpera e do ímpeto patriótico da que se bateu destemidamente pela liberdade e honra de melgaço. Ainda agora, a explosão de terrorismo que ensanguentou o norte de Angola veio pôr àprova a energia moral das mulheres portuguesas, fiéis à centenária tradição nacional e conscientes da responsabilidade que constantemente lhes cabe nos destinos nos destinos da nossa Terra.
Imediatamente a seguir às primeiras horas de angústia em Luanda, a sua ação foi das mais espontâneas  vigorosas. E desde então, nunca mais deixaram de colaborar com as autoridades e organismos de caráter social e humanitário para que fossem atenuadas as dificuldades e as dores dos nossos irmãos sujeitos em Angola às ameaças dos rebeldes.

Como enfermeiras ou como paraquedistas, ou simplesmente como cooperadoras da Cruz Vermelhas, muitas se têm sacrificado com a mais comovente generosidade. E, embora chorando a ausência a ausência dos filhos ou dos noivos, nenhuma tem travado o passo aos soldados na hora da partida para o cumprimento do dever.”


Veja o extrato do guião citado:





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