sexta-feira, 12 de maio de 2017

O Tremor de Terra de 1761 em Melgaço e o temor a Deus


No ano de 1671, sentiu-se em Melgaço um tremor de terra que aterrorizou os da terra, não tanto pelos estragos, mas pela larga duração, oito longos minutos, segundo informação dos frades do convento no lugar das Carvalhiças, nas proximidades da vila de Melgaço. Estamos numa época em que as grandes catástrofes naturais como os tremores de terra eram visto como avisos ou castigos de Deus para as populações.
Desta forma se compreende que, apesar de o sismo não ser de grande intensidade nem ter provocado mortos, a população ficou aterrorizada. No Convento das Carvalhiças, os frades logo se puseram a fazer penitência e no fim cantaram um Te Deum em ação de graças por todos saírem ilesos daquela provação.
A Misericórdia, essa parece ter ficado indiferente perante tal terror, pois tarde acordou para resolver e ordenar uma procissão de penitência, acossando-a para tanto apenas o espírito de emulação e o receio da crítica.
É o que parece e isso o conta ela assim como abaixo vai transcrito, mas os mesários andaram nesta ocasião tão atabalhoadamente que até escreveram
“Aos 15 de Fevereiro de 1761,” quando já corria o mês de Abril, mas o registo continua:
“sendo proposto a fúnebre procissão de penitência dia 31 do mês passado de Março deste presente ano com o Tremor de Terra que por todo o universo se experimentou, e ficaram ilesos todos os povos deste contorno, por notícias certas se têm alcançadas que em todas as terras desta província se tem feito em demonstração de graças muitas penitências e procissões, e por não ser esta terras de muitas possibilidades, as outras de semelhantes possibilidades, acordaram que em memória do dito dia, se fizesse nesta igreja da Santa Casa (da Misericórdia) uma novena de preces continuadamente que principiaria no dia de Sábado, 18  do corrente mês (Abril), e findaria com uma fúnebre procissão de penitência com o Senhor dos Passos e a Senhora da Soledade e dedicada à mesma Senhora para livrar esta miserável terra, e iria à Senhora da Orada e na volta se faria sermão no Terreiro, e tudo pago desta Casa e para que conste mandaram fazer este acórdão…”

Informações extraídas de:

- ESTEVES, Augusto César (1957) – A Santa Casa da Misercórdia de Melgaço. Tipografia Melgacense, Melgaço.

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