No ano de 1671, sentiu-se em Melgaço um tremor de terra
que aterrorizou os da terra, não tanto pelos estragos, mas pela larga duração,
oito longos minutos, segundo informação dos frades do convento no lugar das Carvalhiças,
nas proximidades da vila de Melgaço. Estamos numa época em que as grandes catástrofes
naturais como os tremores de terra eram visto como avisos ou castigos de Deus
para as populações.
Desta forma se compreende que, apesar de o sismo não ser
de grande intensidade nem ter provocado mortos, a população ficou aterrorizada.
No Convento das Carvalhiças, os frades logo se puseram a fazer penitência e no
fim cantaram um Te Deum em ação de
graças por todos saírem ilesos daquela provação.
A Misericórdia, essa parece ter ficado indiferente
perante tal terror, pois tarde acordou para resolver e ordenar uma procissão de
penitência, acossando-a para tanto apenas o espírito de emulação e o receio da
crítica.
É o que parece e isso o conta ela assim como abaixo vai
transcrito, mas os mesários andaram nesta ocasião tão atabalhoadamente que até
escreveram
“Aos 15 de Fevereiro de 1761,” quando já corria o mês de
Abril, mas o registo continua:
“sendo proposto a fúnebre procissão de penitência dia 31 do mês passado de Março
deste presente ano com o Tremor de Terra que por todo o universo se
experimentou, e ficaram ilesos todos os povos deste contorno, por notícias
certas se têm alcançadas que em todas as terras desta província se tem feito
em demonstração de graças muitas penitências e procissões, e por não ser esta
terras de muitas possibilidades, as outras de semelhantes possibilidades,
acordaram que em memória do dito dia, se fizesse nesta igreja da Santa Casa (da
Misericórdia) uma novena de preces continuadamente que principiaria no dia de
Sábado, 18 do corrente mês (Abril), e
findaria com uma fúnebre procissão de penitência com o Senhor dos Passos e a
Senhora da Soledade e dedicada à mesma Senhora para livrar esta miserável
terra, e iria à Senhora da Orada e na volta se faria sermão no Terreiro, e tudo
pago desta Casa e para que conste mandaram fazer este acórdão…”
Informações extraídas de:
- ESTEVES, Augusto César (1957) – A Santa Casa da Misercórdia
de Melgaço. Tipografia Melgacense, Melgaço.
Sem comentários:
Enviar um comentário