S. Gregório (Melgaço), no início do século XX |
Ao longo dos tempos, uma das principais razões do lento
desenvolvimento de Melgaço é a fraca acessibilidade, fruto do crónico mau estado das suas estradas e caminhos. Em meados do século XIX, a estrada entre Valença e S.
Gregório (Melgaço) encontrava-se intransitável e no Inverno, a subida das águas
do rio Minho, em algumas áreas, cortava a circulação durante as alturas mais
chuvosas.
Tais factos são discutidos num debate no Parlamento em 25
de Maio de 1866, onde um deputado se refere ao lastimável estado deste
itinerário, pedindo ao Ministro das Obras Públicas a construção de uma estrada
decente entre Valença e S. Gregório. Nas atas parlamentares, podemos ler que “O Sr. Joaquim Maria Osório (sobre a ordem): — Mando
para a mesa a seguinte proposta:
Não posso deixar de chamar à atenção do inteligentíssimo
ministro das Obras Públicas para o estado em que infelizmente se acha a estrada
de Valença a S. Gregório no concelho de Melgaço. É ele de tal natureza, que o excelentíssimo antecessor de
Sua Excelência, o Sr. Conde de Castro, em uma das ocasiões a que aludi a este
assunto, nesta casa e daquela mesma cadeira me disse que há quarenta anos,
estando Sua Exelência em Melgaço, se tinha contristado de ver o miserável estado desta
estrada, já então intransitável.
Na actualidade, pôde Sua Excelência ajuizar qual será o
seu estado, e quais serão os perigos a que se têem sujeitado os habitantes dos
concelhos de Valença, Monção e Melgaço, que se vêem na dura precisão de a transitarem. Tornando-se
estes perigos muito mais graves nas ocasiões invernosas, em que o rio Minho com
as suas cheias a inunda.
Acresce a este mal os prejuízos que sofrem os
proprietarios de não poderem levar os seus géneros agrícolas e industriais aos
pontos de consumo.
Não tratarei agora de enumerar os factos lamentáveis
que se têem dado naquela estrada, porque não desejo cansar a atenção da câmara
e a do nobre ministro. Mas não posso deixar de chamar a atenção de Sua
Excelência sobre a quase paralisação em que se acham os trabalhos da estrada
dos Arcos a Monção, pelo diminuto pessoal que ultimamente ali se tem empregado.
Espero que Sua Excelência dê as providências necessárias para activar a
construção desta estrada, e para mandar continuar os trabalhos na direcção
de Melgaço, por ser essa a directriz a seguir.
Também não posso deixar de chamar a atenção do nobre ministro sobre o estado em que se encontra a estrada de Valença a Paredes de Coura.
Também não posso deixar de chamar a atenção do nobre ministro sobre o estado em que se encontra a estrada de Valença a Paredes de Coura.
A câmara sabe que Coura é um ponto importantíssimo para
o comércio, porque é sem duvida o celeiro do Minho, e os proprietários não têem
meios alguns de fazerem sair os seus géneros agricolas para consumo, como
acontece aos de Melgaço e Monção, do que lhes resulta graves prejuízos.
Confio que o nobre ministro tomará em consideração
estas minhas observações, que são verdadeiras. Leu-se na mesa a seguinte proposta: Proponho que da verba, destinada para
as estradas, seja aplicada a quantia necessária para a construção das estradas
de Valença a S. Gregorio no concelho de Melgaço, e da de Valença a Paredes de Coura no concelho de Valença.
O deputado, Joaquim Maria Osorio.
Enviada á comissão de fazenda.”
Apenas
muitos anos mais tarde é que chegaria a Melgaço a dita estrada…
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