sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Pedia-se uma estrada de S. Gregório (Melgaço) a Valença (1866)

S. Gregório (Melgaço), no início do século XX

Ao longo dos tempos, uma das principais razões do lento desenvolvimento de Melgaço é a fraca acessibilidade, fruto do crónico mau estado das suas estradas e caminhos. Em meados do século XIX, a estrada entre Valença e S. Gregório (Melgaço) encontrava-se intransitável e no Inverno, a subida das águas do rio Minho, em algumas áreas, cortava a circulação durante as alturas mais chuvosas.
Tais factos são discutidos num debate no Parlamento em 25 de Maio de 1866, onde um deputado se refere ao lastimável estado deste itinerário, pedindo ao Ministro das Obras Públicas a construção de uma estrada decente entre Valença e S. Gregório. Nas atas parlamentares, podemos ler que “O Sr. Joaquim Maria Osório (sobre a ordem): — Mando para a mesa a seguinte proposta:
Não posso deixar de chamar à atenção do inteligentíssimo ministro das Obras Públicas para o estado em que infelizmente se acha a estrada de Valença a S. Gregório no concelho de Melgaço. É ele de tal natureza, que o excelentíssimo antecessor de Sua Excelência, o Sr. Conde de Castro, em uma das ocasiões a que aludi a este assunto, nesta casa e daquela mesma cadeira me disse que há quarenta anos, estando Sua Exelência em Melgaço, se tinha contristado de ver o miserável estado desta estrada, já então intransitável.
Na actualidade, pôde Sua Excelência ajuizar qual será o seu estado, e quais serão os perigos a que se têem sujeitado os habitantes dos concelhos de Valença, Monção e Melgaço, que se vêem na dura precisão de a transitarem. Tornando-se estes perigos muito mais graves nas ocasiões invernosas, em que o rio Minho com as suas cheias a inunda.
Acresce a este mal os prejuízos que sofrem os proprietarios de não poderem levar os seus géneros agrícolas e industriais aos pontos de consumo.
Não tratarei agora de enumerar os factos lamentáveis que se têem dado naquela estrada, porque não desejo cansar a atenção da câmara e a do nobre ministro. Mas não posso deixar de chamar a atenção de Sua Excelência sobre a quase paralisação em que se acham os trabalhos da estrada dos Arcos a Monção, pelo diminuto pessoal que ultimamente ali se tem empregado. Espero que Sua Excelência dê as providências necessárias para activar a construção desta estrada, e para mandar continuar os trabalhos na direcção de Melgaço, por ser essa a directriz a seguir.
Também não posso deixar de chamar a atenção do nobre ministro sobre o estado em que se encontra a estrada de Valença a Paredes de Coura.
A câmara sabe que Coura é um ponto importantíssimo para o comércio, porque é sem duvida o celeiro do Minho, e os proprietários não têem meios alguns de fazerem sair os seus géneros agricolas para consumo, como acontece aos de Melgaço e Monção, do que lhes resulta graves prejuízos.
Confio que o nobre ministro tomará em consideração estas minhas observações, que são verdadeiras. Leu-se na mesa a seguinte proposta: Proponho que da verba, destinada para as estradas, seja aplicada a quantia necessária para a construção das estradas de Valença a S. Gregorio no concelho de Melgaço, e da de Valença a Paredes de Coura no concelho de Valença.
O deputado, Joaquim Maria Osorio.
Enviada á comissão de fazenda.”

Apenas muitos anos mais tarde é que chegaria a Melgaço a dita estrada…

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