Umas das mais antigas descrições de Melgaço encontra-se num dos mais antigos livros de Geografia da nossa região e tem quase 500 anos. Na “Geographia d’Entre Douro e Minho”, de 1549, do humanista João de Barros, lemos alguns apontamentos deveras surpreendentes acerca das terras de Melgaço e da sua gente que diz ser “mui bellicoza e má de amansar”. (!!!) Sobre Castro Laboreiro, escreve-se que tem "um castello muito forte, em lugar muito alto. Onde há muito gado, vacas e carneiros e cabras. E he terra fria porque está já na montanha".
No dito livro, o autor escreve que “Assima da villa de Monsão, está o castello de Melgaço na frontaria da Galiza, he muito forte e bom, e no de redor está a villa que não é grande e está arradada do rio Minho quasi mea legoa.
E entre esta villa e a de Monção está o condado e terra de Valladares que he do Marquez de Villa Real, no qual está o mosteiro de Paderne da Ordem de Santo Agostinho, que vallerá de renda, per todo com o convento, mil e quinhentos cruzados, e he mosteiro muito antigo. E assim, no mesmo termo está o mosteiro de Fiains da Ordem de São Bernardo, que tem convento e renderá por todo oitocentos cruzados. E assim ha neste termos outros benefícios de muita renda.
A gente deste conselho he mui bellicoza e má de amansar porque participa muito do extremo da Galiza. Assim, deste conselho na mesma arraia da Galiza, está o castello de Crasto Laboreiro que he um castello muito forte, em lugar muito alto. Onde há muito gado, vacas e carneiros e cabras. E he terra fria porque está já na montanha de Senabria, e da banda da Galiza tem o concelho de Araújo donde os Araújos tomaram seu nome.
Este mosteiro de Fiains foi primeiro da Ordem de S. Bento e depois de mudou, desta de S. Bernardo, e antes era antigo porque ahí está huma sepultura de um defunto que diz que faleceu na era de Cesar de 1037 annos. He mosteiro viçoso junto do Minho onde tem muitas pescarias de lampreas, sáveis e outros peixes. Jazem nelle muitos fidalgos da geração dos Araújos que foram senhores do concelho de Araújo em Galiza, e dizem que o edificou Egas Moniz que tãobem edificou o mosteiro de Paço de Souza, termo do Porto.”
Nota: Um grande obrigado ao companheiro de luta Luís Moreira pela partilha do material.
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