O escritor Miguel Torga passou várias vezes sobre terras castrejas e será, dos escritores que escreveram sobre esta terra, um dos que mais a admirava. Há quase meio século deixava o seguinte lamento: "Castro Laboreiro, 17 de Julho de 1976 – Como um clínico que assiste impotente à agonia de um moribundo, a sentir-lhe o pulso apagar-se lentamente debaixo do polegar aflito, assim eu acompanho há anos a progressiva degradação desta terra, que preservou séculos a fio, inalteráveis, sacrossantos valores humanos e sociais, e hoje quase só pode garantir, a quem a visita, a pureza e a autenticidade do ar que respira e da água que bebe. Tudo o mais se abastardou. O carácter das construções e dos trajes, a sobriedade da alimentação, o tipismo das falas, as práticas agro-pastoris. Foi aqui, em Vilarinho da Furna e em Rio de Onor que vi pela primeira vez ao natural criaturas de Deus na sua plenitude livre e solidária. E – já que Vilarinho da Furna desapareceu do mapa, engolida por uma albufeira – é em Rio de Onor e Castro Laboreiro que o meu comunitarismo impenitente mergulha as raízes.”
Diário XII.
Indo lá com alguma frequência (não a desejada) percebe-se, entretanto exacerbadas pelo percurso do tempo, como as palavras do mestre se ajustam à realidade.
ResponderEliminarEu sou, também, testemunha desta terra mágica por onde lá vivi cinco anos e meio. Sempre gostei da serra e esta e suas gentes foi do mais puro que encontrei ao longo da minha vida.
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