O lugar da Barbosa situa-se numa posição sobranceira à vila de Melgaço, acima do Largo da Calçada e junto à velha estrada que liga, desde há muitos séculos, a vila de Melgaço ao convento de Fiães, sendo também a primitiva ligação a Castro Laboreiro, entre outras povoações.
Sabemos que este lugar é assim denominado desde há, pelo menos, mais de oitocentos anos, aparecendo, numa escritura lavrada no ano de 1190, no dia 1 de Abril, a mais antiga referência a este local. De facto, existe no Cartulário do Mosteiro de Fiães, um documento relativo a uma doação de uma herdade feita por um tal Salvador Ferreiro, sua esposa e filhos ao dito mosteiro. No mesmo documento, cita-se que “...ipsa hereditas est una vinea que iacet iuxta Barvosam et una casa que est confirmata iuxta ecclesiam de burgo de Melgazo.”, ou seja, a escritura refere-se a uma vinha situada junto à Barbosa e a uma casa junto à igreja matriz de Melgaço. Esta é, conforme aludimos, a citação mais antiga ao lugar da Barbosa que conhecemos.
Este lugar é também citado no documento “Auto de apegação e limites de Santa Maria da Porta e de Santa Maria do Campo sitas na vila de Melgaço, que disse a mim Martins Lopes tabeliam Fernão de Aires escudeiro moradores nesta vila” que estabelece os limites das ditas freguesias em 1551, fazendo, o manuscrito, alusão ao sítio do “Côto da Barbosa”.
O lugar da Barbosa é povoado desde tempos recuados, encontrando nós, nos registos paroquiais, provas disso, pelo menos desde o século XVII até à atualidade, conforme a tabela a seguir apresentada.
Conforme se pode presumir pela observação dos dados de que dispomos, a Barbosa, no passado, era um povoado de dimensões reduzidas, tendo crescido de forma significativa em tempos recentes. Atualmente, o lugar dá origem a uma rua e uma avenida, designadas “da Barbosa”.
A procura para uma explicação da origem deste topónimo não se afigura muito fácil. Se pensarmos no significado literal do termo “Barbosa”, podemos remeter para MACHADO (1987), que nos esclarece que corresponde originalmente a um adjetivo na expressão “(terra) barbosa”, isto é, “terra onde haja abundância de plantas chamadas barba” como a Barba de Velho, que é um género de musgo, que se desenvolve nos muros.
Contudo, a explicação para o nome deste lugar pode também levar-nos até Penafiel no século XII. Neste concelho do norte de Portugal, existe o Paço da Honra de Barbosa, no lugar com o mesmo nome. Ora, este lugar assim se chama pelo facto da terra ter sido propriedade do senhor de Barbosa, um tal D. Sancho Nunes de Barbosa. Assim, neste caso, o nome do fidalgo deve ter sido responsável pelo topónimo dessa terra. Qual a sua relação com o lugar melgacense da Barbosa?
Acontece que este D. Sancho Nunes de Barbosa é pai da condessa Dona Fronilde, que em 14 de Dezembro de 1166, doou ao Mosteiro de Fiães a herdade de Cavaleiros, na atual freguesia de Rouças. Isto prova-nos que os senhores de Barbosa tinham terras na periferia da vila de Melgaço e talvez a designação atribuída a este lugar esteja intimamente com os seus primitivos proprietários. Tal é corroborado num apontamento acerca da toponímia melgacense da autoria de Aldomar Soares, onde afirma: “Temos que recuar ao século XII e vamos encontrar a senhorear estas terras e as imediações, D. Frolha ou D. Fronila Sanches, casada que foi com o conde D. Pero Fernandes de Bragança, a qual em 16 de Dezembro de 1166, com o nome de quinta da Orada ou de Cavaleiros, as doou ao Mosteiro de Fiães. Ora, esta senhora era filha de D. Sancho Nunes de Barbosa e de sua mulher D. Tareja Henriques (esta filha bastarda do Conde D. Henrique de Borgonha) pelo que não seria de espantar se as tivesse herdado de seu pai, cujo apelido pode muito bem ter servido para crisma do lugar.”
Assim, a explicação para a origem do nome do lugar da “Barbosa” andará entre um possível fito-topónimo, ligado a uma planta, e o nome de um primitivo proprietário destas terras de há mais de oito séculos.
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