A Capela de Santa Bárbara fica situada no lugar de Bouços, na freguesia melgacense de São Lourenço de Prado. A sua origem remonta à primeira metade do século XIX e a sua construção deve-se a um sacerdote. Vamos referir-nos às suas origens...
Em 1752, a 29 Março, nasce um tal José Lopes, filho de Rafael Lopes e de sua segunda esposa, Maria
Gonçalves. Em adulto, tomou as ordens de presbítero, assinando como Padre. José
Lopes de Araújo. Em 1828, a 23 Novembro, o mesmo redige o seu testamento. Nas suas últimas vontades, diz deixar um legado "in perpetum" de 3
missas rezadas, uma no dia do Santíssimo Nome de Jesus, outra no dia de São
José e outra no dia de Santa Bárbara, mandadas rezar com os rendimentos do
campo da Barronda, avaliado em 300$000, que confrontava com o rego de cortinas,
de Sul com o Campo de João Ventura, de Oeste com as terras de Ana Pereira. Dos
rendimentos deste campo será administrada a Capela de Santa Bárbara no que não
chegarem as esmolas que os fiéis derem à dita Santa. Nessa altura, decorria a construção de uma capela no referido lugar dos Bouços patrocinada pelo dito clérigo.
Mais se refere no testamento que, se ao
falecer, a capela de Santa Bárbara ainda não estivesse acabada, os rendimentos
deste campo correriam para a sua feitura até estar concluída e se poder celebrar
as 3 missas do legado deixado. Ainda consta no testamento que José Lopes
deixava todos os seus bens móveis e de raiz a seu sobrinho o Dr. José Manuel
Durães de Araújo e os bens de prazo deixava-os por vida a seu cunhado João
Caetano Durães, estando na companhia do dito sobrinho. Além disto, deixava por
fim a seu sobrinho António Manuel, filho de Diogo Manuel Lopes, 50$000 para
ajudar a se ordenar e, caso não se ordenasse, esse dinheiro seria repartido por
todos os filhos de Diogo Manuel Lopes.
Em 1830, a 2 de Março, ocorre a morte de José Lopes, quase com 80 anos. Em 1853, a 27 Janeiro, o Dr.
José Manuel Durães de Araújo (sobrinho de José Lopes) compra a Joaquina Rosa
Alves Torres, por 50$000, a casa de morada nos Bouços, sobrada, telhada e com
rocios de pão e vinha, que confrontava a Este com João Manuel Fernandes, a Oeste
e Sul com o caminho de carro para a fonte do lugar. A 7 Fevereiro de 1853
regista-se o casamento de Maria Justiniana, filha do Dr. José Manuel com João
José Lopes, dos Bouços. Mais tarde, em 1855, a 22 Fevereiro, regista-se a
compra a João Manuel Fernandes e mulher, Antónia Maria Soares, por 40$000, da
leira do Martingo ou Ambrosinha e a leira dos Cerrados dos Bouços, de pão,
vinha e oliveiras, que a Sul confrontava com o caminho do lugar.
No ano de 1856 é conclui-se a remodelação da capela e esta data aparece inscrita na verga do portal. Em 11 Setembro do mesmo ano, o Dr. José Manuel Durães de Araújo regista a escritura em que se obriga a conservar com
toda a decência a capela de Santa Bárbara, que se achava reedificada no lugar
dos Bouços, para nela se celebrar missa. A mesma dotava a capela, para
património e veneração da mesma, da quantia de 10.000$00 anuais e, para tal,
hipotecava todos os seus bens em geral e em especial a sua propriedade chamada
de Trás do Coto, que produzia pão e vinho, situada no mesmo lugar, e que
confrontava a Este com as terras de João Ventura de Sousa, a Oeste com o
caminho que ia para o lugar de Trás do Coto, a Norte com o rego que vinha de
Cortinhas e terras do outorgante e a Sul com as terras de Manuel Luís Tunes.
Em 1858, a 11 Fevereiro é
a data do testamento de Dr. Araújo Durães que, por ser viúvo e sem filhos,
deixava, por falecimento, os bens, nomeadamente a capela, ao genro e primo João
José Lopes. O seu herdeiro devia mandar dizer anualmente 3 missas na capela,
uma no dia do nome Santo de Jesus, outra no dia de São José e outra no dia de
Santa Bárbara, com os rendimentos do campo da Barronda. Posteriormente, em 1877,
a 4 Outubro, verifica-se o falecimento do Dr. Araújo Durães, com posterior
abertura do testamento. João José Lopes casou em segundas núpcias com D.
Angelina Perpétua Esteves, descendente dos Gamas da Serra, constando a capela
no inventário orfanológico da sua viúva. Na década de 50 do século XX, por
morte desta, a capela passou para os filhos. Genoveva, casada com João Luís
Pinheiro, dos Bouços; Teresa de Jesus, casada com Eduardo José de Magalhães, de
Castros, Penso; Aníbal Amadeu, casado com D. Bebiana da Conceição Rodrigues
Lobarinhas, da casa do Crato, na Bela, em Monção, e a José Manuel, casado com
Júlia Augusta Ribeiro Palhares, do Outeirão, Raposos.
Informações recolhidas em:
- www.monumentos.pt (Paula Noé, 2009);
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