Houve em Paderne, em tempos um mosteiro de cónegos
regrantes de Santo Agostinho, fundado pela condessa Dona Paterna, viúva de D.
Hermenegildo, conde de Tui, numa sua grandiosa quinta, que, com outras propriedades
e aldeias aqui possuía. Fez esta fundação, para aqui se recolher com as suas
quatro filhas e outras nobres donzelas de Tui, que as quiseram acompanhar.
Antes de adotarem a regra de Santo Agostinho, este convento era beneditino.
Em 6 de Agosto de 1130, estando todas as obras
terminadas, foi sagrada a igreja e o mosteiro por D. Payo, bispo de Tui, que,
também no mesmo dia o dedicou ao Divino Salvador. Mandou para confessores e
capelães das cónegas, sete clérigos de “boa vida”. Os mesmos, em 1138, fizeram-se
regulares, vivendo em comunidade.
A condessa mandou-lhes
fazer claustros, dormitórios, celas e mais oficinas, do lado a sul da igreja, que os dividia das freiras, que ficavam do lado norte. A fundadora, a condessa
D. Paterna, foi a primeira prioreza das freiras, e D. Ramiro Paes, o primeiro
prior dos religiosos.
A povoação tomou o nome de Paterna (que depois evoluiu
para Paderne) porque ao convento se dava o nome de mosteiro da Paterna.
A condessa faleceu a 6 de Janeiro de 1140 e foi sepultada
numa capela que estava ao lado do Evangelho, na capela-mor (a qual depois serviu
de sacristia aos cónegos) com uma figura sobre a tampa em meio relevo. Junto a
ela estava também em meio relevo, a estátua de um guerreiro que era
provavelmente o conde D. Hermenegildo.
Sucedeu-lhe no priorado, a sua filha D. Elvira, à qual D.
Afonso Henriques doou o couto de Paderne em 1141 com a jurisdição cível que
nele tinha. Nesta doação, diz o monarca, que lhe fizera pelos bons serviços que as freiras lhe tinham feito quando ele
estava sitiando Castro Laboreiro mandando-lhe mantimentos e alguns cavalos,
sendo um deles muito formoso para o serviço do próprio rei.
Sabe-se que já durante o século XIII, o convento de Paderne adota a regra de Santo Agostinho. Nem os próprios cronistas dos crúzios podem saber, apesar de
todas as investigações, quando deixaram de haver freiras neste mosteiro.
Sabe-se apenas que em 1248 já aqui só havia frades, tendo então por Prior D.
João Peres, grande partidário de D. Afonso Henriques. Por isso, este rei fez ao
convento grandes doações e lhes deu grandes privilégios nesse ano.
Este mesmo Prior, D. João Peres, sendo a igreja velha
muito pequena, a fez demolir em 1264, construindo a atual que foi sagrada por
D. Egídio, bispo de Tui, em 6 de Agosto desse mesmo ano.
Informações extraídas de:
- PINHO LEAL, Augusto Soares A. B. (1875) - Portugal Antigo e Moderno (Volume VI). Livraria Editora de Mattos Moreira & Companhia, Lisboa.
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