Edifício do antigo Hospital da Misericórdia de Melgaço
Em 1860,
o Provedor Frei António Joaquim de Santa Isabel Monteiro teve a ideia de
construir um hospital, nomeando-se uma comissão composta por cinco elementos
para fazer cumprir e custear as despesas. A ideia foi, no entanto, abandonada.
Mais tarde, em 1863,
o Frei António voltou à carga e reuniu a Mesa com o objectivo de fixar as jóias a pagar pelos
irmãos aquando da sua entrada na confraria e também para que fosse escolhida
uma comissão executiva a favor do projectado hospital. Em 1864, a 12 Março, é
conhecida essa comissão, sendo provedor José Cândido Gomes de Abreu,
comerciante da terra, com grande espírito empreendedor, que logo começou a
advogar a construção do hospital escrevendo a amigos, conhecidos, deputados do
Círculo e a todos os que pudessem apoiar a causa.
Em 1867,
o Governador Civil de Viana do Castelo envia alvará ao administrador do
concelho de Melgaço autorizando a Misericórdia a incluir no seu orçamento 10%
das receitas para a construção e manutenção do hospital, devendo também reorganizar
e reforçar a comissão. Era ainda pedida uma relação dos donativos até então
oferecidos e das contas da Santa Casa. Em 1872, a 3 Abril, o Provedor José
Cândido propôs aos irmãos da Mesa um voto de louvor ao "Exmº Snr. António
Correia Caldeira, representante do Círculo de eleitores por en catorze de março
findo ter representado na Câmara dos Senhores Deputados da Nação um projecto de
lei para à Misericórdia ser concedido gratuitamente um terreno pertencente ao
Ministério da Guerra para nele se construir o Hospital da Caridade.
Em
1873, a 16 Julho, concretiza-se a assinatura da escritura de doação do terreno
no interior da praça da vila pelo Ministério da Guerra. Em 1874, a fim de obter
fundos para as obras, José Cândido levou os irmãos a reduzirem o número de
missas fixado para os sufrágios pelos irmãos falecidos. Em 1875, inicia-se a
construção do hospital, sendo Provedor José Cândido Gomes d'Abreu. Na
cartela alusiva ao início da construção da fachada lateral direita lê-se:
"FOI LANÇADA A PRIMEIRA PEDRA PARA ESTE EDIFÍCIO EM (?) DE FEVEREIRO DE 1876, SENDO PROVEDOR DA MISERICORDIA JOSE CANDIDO GOMES D'ABREU."
"FOI LANÇADA A PRIMEIRA PEDRA PARA ESTE EDIFÍCIO EM (?) DE FEVEREIRO DE 1876, SENDO PROVEDOR DA MISERICORDIA JOSE CANDIDO GOMES D'ABREU."
Como a
enfermagem era exercida por religiosos, o Pe. Francisco Castro, natural da
freguesia de São Paio e abade de Riba do Mouro, pediu ao provedor para mandar
fazer dentro do hospital uma capelinha privativa para o pessoal e doentes
internos, pagando ele todas as despesas da obra. Devido a este gesto foi
nomeado irmão da Confraria em 2 Janeiro 1893, ficando isento do pagamento da
jóia de entrada. Em 1892, a 16 Outubro, é feita a inauguração do Hospital da
Caridade, com mais de 300 pessoas de todo o concelho e vizinhos percorrendo
demoradamente as enfermarias e outras dependências.
Em
1893, a 16 Abril, é inaugurada a capela, com celebração da primeira missa pelas
6H00 da manhã. Mais tarde, em 1944, em Outubro, as freiras que prestavam
serviço no hospital queixavam-se à Mesa de não terem a assistência religiosa
estabelecida no contrato. Para atender à reclamação, estabeleceu-se um contrato
com o novo capelão Pe. Justino Domingues para que, além das missas que
alternadamente eram celebradas na Igreja da Misericórdia e no Convento, fosse
também dita na capela do hospital missa num dos dias da semana, pagando-se o
vencimento de 1.200$000 anuais divididos em quatro prestações. Ficava ainda
responsável pelas cerimónias da Semana Santa e a Festa de Nossa Senhora da
Misericórdia. Por essa altura, é feita a inauguração da enfermaria de partos.
Por volta
de 1944 ou 1945, é feita a realização da primeira e segunda Festa de Oferendas
para a Santa Casa, tendo-se comprado roupas, louças, móveis, utensílios,
aparelho de radiotermia e raios ultra-violetas.
Em
1948, a 10 Outubro, é feita inauguração das instalações de Raio X, oferecidas
por um grupo de amigos da Misericórdia residentes no Brasil. Em 1949, é criada
uma enfermaria para tuberculosos. Em 1954, a Misericórdia celebra acordo com
Instituto de Assistência Nacional aos Tuberculosos com o objectivo de criar em
Melgaço uma "consulta dispensário", a fim de poder dar apoio médico
aos tuberculosos. Em 1960, é feita a compra de ambulância, a primeira em
Melgaço. Em 1961, tendo deixado de haver internamento de tuberculosos na Quinta
de Eiró, os idosos passam do edifício do Hospital para aquela quinta. Nesta data,
o hospital tinha apenas três médicos. Em 1962, no mês de Setembro, é publicada
uma circular da comissão Inter-Hospitalar do Porto informando que o Instituto
da Assistência à Família iria fornecer insulina, seringas e o pagamento da
aplicação de injecções aos diabetes mais necessitados e ainda um subsídio para
a sopa dos pobres.
Em
1975, após nacionalização dos bens, a Misericórdia perde o
hospital.
Informações recolhidas em:
- ESTEVES, Augusto César (2003) Obras Completas, vol. 1,
tomo 1, Melgaço;
- ROCHA, J. Marques (1993), Melgaço de ontem e de hoje,
Braga, 1993;
- Melgaço, Revista Municipal, nº 35, Abril 2005.
- www. monumentos.pt.
Obrigado amigo Valter. E um belo Édificio carregado com grande valor sentimental para mim. Tudo terminou bem para os meus antepassados naquel verao 1938 ( guerra civil en Galiza), gracas a acciôn conjunta de Portugal é a Franca que entregou os visas FR .gracas a todos eles."N'oubliez jamais" nunca se esquec'a.
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