sexta-feira, 22 de julho de 2016

Melgaço nas notícias dos jornais em finais do séc. XIX

Melgaço - Praça da República
Para o artigo de hoje, fui vasculhar notícias de Melgaço na imprensa nacional num dos principais jornais nacionais de finais do século XIX, o Diário Illustrado. Fui sobretudo à procura de notícias de gente comum, não de cidadãos ilustres. Que notícias encontrei? Selecionei algumas, por vezes tão insólitas como trágicas. Ora leia...
Esta dá-nos conta de um incêndio ocorrido em Dezembro de 1884 na rua da Calçada, na vila de Melgaço:

Incêndio. Uma mulher morta.
“Na última quinta feira, manifestou-se um incêndio em uma loja da rua da Calçada, em Melgaço, onde estava depositado algum feno pertencente à viúva Maria Ventura da Costa Pinto.
Tentando apagar o fogo, a pobre mulher foi vítima, morrendo asfixiada, apesar dos esforços que se fez para a salvar.” (notícia extraída do jornal “Diário Ilustrado” de 2 de Dezembro de 1884)

No mesmo jornal, na edição de 23 de Julho de 1885, uma notícia fala-nos de pancadaria na festa da Várzea Travessa, em Castro Laboreiro:
“No dia 11 (de Julho), houve, na freguesia de Castro Laboreiro, concelho de Melgaço, por ocasião de uma romaria a S. Bento, uma desordem.
Foram feridos gravemente dois indivíduos, um com uma facada no ventre e outro com três facadas no rosto.” (notícia extraída do jornal “Diário Illustrado” de 23 de Julho de 1885) .
Na mesma edição, encontramos um resumo de notícias transcritas do jornal “Noticioso de Valença”. Dá-nos conta do mau tempo para as bandas de Castro Laboreiro bem como das movimentações dos soldados em busca de um bando de criminosos que alegadamente estariam escondidos entre Alcobaça e Cubalhão. Neste bloco de notícias, dá-nos também novos desenvolvimento sobre a pancadaria ocorrida na festa de S. Bento na Várzea Travessa (Castro Laboreiro):
Notícias do Alto Minho
“Do Noticioso de Valença, transcrevemos com devida vénia o seguinte:
Continua mau tempo em Castro Laboreiro e sua imediações. Eolo tomou à sua conta os habitantes deste lugar. Os centeios estão completamente estragados e o ano vai mau para os pobres.
Em Galiza, principalmente na província de Orense, consta oficialmente haver sossego, porém as colunas volantes de tropa continuam a percorrer as povoações principalmente as da raia; o que não denota muita confiança da parte do governo espanhol no sossego oficial, principalmente agora que toda a tropa é pouca para reforçar a que peleja no centro e norte do país.
Nos povos da raia portuguesa continua a haver vigilância, havendo correspondência entre as autoridades militares dos dois países.
No dia 15 pelas 11 e ½ horas da noite partiu o destacamento estacionado nesta vila de Castro Laboreiro para o lugar de Lamas de Mouro, onde encontrou o de infantaria 8 de Alcobaça, por ter sido dada denúncia de que em uma bouça acampavam 40 bandidos armados.
Ao romper do dia foi dada minuciosa busca a todo o lugar não se encontrando os bandidos; chegando-se contudo a conhecer que, fora o exagero do número, alguns tinham passado para o lugar de Cubalhão. Uma rapariga de Alcobaça, que passou pelo sítio indicado, disse conhecer o chefe dos bandidos que é o célebre Serrador, desertor de caçadores 7.
Na romaria de S. Bento que teve lugar no dia 11 em Várzea Travessa, houve muita pancadaria e dois feridos graves, feitos por um indivíduo por alcunha “O Lérias”, galego muito conhecido na freguesia e que se acha pronunciado na Galiza por crime de morte. Dizem-me, mas não quero crer, que o tal Lérias é cabo de polícia da freguesia.” (notícia extraída do jornal “Diário Illustrado” de 23 de Julho de 1885)
Por último, por aqueles dias, em Julho de 1885, em Melgaço, em freguesia não mencionada, as notícias falam-nos de do afogamento de um rapaz que caiu ao rio Minho quando andava aos ninhos. Leia a notícia:

“Há dias, andando alguns rapazes procurando ninhos de pássaros junto ao rio Minho, no concelho de Melgaço, um deles caiu de um salgueiro ao rio e foi arrastado pela corrente. Os companheiros não puderam salvá-lo.” (notícia extraída do jornal “Diário Illustrado” de 23 de Julho de 1885)
Andava assim Melgaço naquela época...


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