Melgaço - Praça da República |
Para o artigo de hoje, fui
vasculhar notícias de Melgaço na imprensa nacional num dos principais jornais
nacionais de finais do século XIX, o Diário Illustrado. Fui sobretudo à procura
de notícias de gente comum, não de cidadãos ilustres. Que notícias encontrei?
Selecionei algumas, por vezes tão insólitas como trágicas. Ora leia...
Esta dá-nos conta de um incêndio ocorrido em Dezembro
de 1884 na rua da Calçada, na vila de Melgaço:
Incêndio. Uma mulher
morta.
“Na última quinta feira, manifestou-se um
incêndio em uma loja da rua da Calçada, em Melgaço, onde estava depositado
algum feno pertencente à viúva Maria Ventura da Costa Pinto.
Tentando apagar o fogo, a pobre mulher foi vítima, morrendo asfixiada,
apesar dos esforços que se fez para a salvar.” (notícia extraída do jornal “Diário Ilustrado” de 2 de Dezembro de
1884).
No mesmo jornal, na
edição de 23 de Julho de 1885, uma notícia fala-nos de pancadaria na festa da Várzea
Travessa, em Castro Laboreiro:
“No dia 11 (de Julho), houve, na freguesia de
Castro Laboreiro, concelho de Melgaço, por ocasião de uma romaria a S. Bento,
uma desordem.
Foram feridos gravemente
dois indivíduos, um com uma facada no ventre e outro com três facadas no rosto.”
(notícia extraída do jornal “Diário Illustrado”
de 23 de Julho de 1885) .
Na mesma edição, encontramos
um resumo de notícias transcritas do jornal “Noticioso de Valença”. Dá-nos conta
do mau tempo para as bandas de Castro Laboreiro bem como das movimentações dos
soldados em busca de um bando de criminosos que alegadamente estariam
escondidos entre Alcobaça e Cubalhão. Neste bloco de notícias, dá-nos também
novos desenvolvimento sobre a pancadaria ocorrida na festa de S. Bento na
Várzea Travessa (Castro Laboreiro):
Notícias do Alto Minho
“Do Noticioso de Valença, transcrevemos com devida
vénia o seguinte:
Continua mau tempo em Castro Laboreiro e sua
imediações. Eolo tomou à sua conta os habitantes deste lugar. Os centeios estão
completamente estragados e o ano vai mau para os pobres.
Em Galiza, principalmente na
província de Orense, consta oficialmente haver sossego, porém as colunas
volantes de tropa continuam a percorrer as povoações principalmente as da raia;
o que não denota muita confiança da parte do governo espanhol no sossego oficial,
principalmente agora que toda a tropa é pouca para reforçar a que peleja no
centro e norte do país.
Nos povos da raia portuguesa
continua a haver vigilância, havendo correspondência entre as autoridades
militares dos dois países.
No dia 15 pelas 11 e ½ horas
da noite partiu o destacamento estacionado nesta vila de Castro Laboreiro para
o lugar de Lamas de Mouro, onde encontrou o de infantaria 8 de Alcobaça, por
ter sido dada denúncia de que em uma bouça acampavam 40 bandidos armados.
Ao romper do dia foi dada
minuciosa busca a todo o lugar não se encontrando os bandidos; chegando-se
contudo a conhecer que, fora o exagero do número, alguns tinham passado para o
lugar de Cubalhão. Uma rapariga de Alcobaça, que passou pelo sítio indicado,
disse conhecer o chefe dos bandidos que é o célebre Serrador, desertor de
caçadores 7.
Na romaria de S. Bento que
teve lugar no dia 11 em Várzea Travessa, houve muita pancadaria e dois feridos
graves, feitos por um indivíduo por alcunha “O Lérias”, galego muito conhecido
na freguesia e que se acha pronunciado na Galiza por crime de morte. Dizem-me,
mas não quero crer, que o tal Lérias é cabo de polícia da freguesia.” (notícia extraída do jornal “Diário Illustrado”
de 23 de Julho de 1885).
“Há dias, andando alguns rapazes procurando ninhos de
pássaros junto ao rio Minho, no concelho de Melgaço, um deles caiu de um
salgueiro ao rio e foi arrastado pela corrente. Os companheiros não puderam salvá-lo.” (notícia extraída do jornal “Diário Illustrado”
de 23 de Julho de 1885)
Andava assim Melgaço naquela época...
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