Capela de Nossa Senhora do Anamão (Castro Laboreiro) |
Há mais de 300 anos, o livro Santuário Mariano, publicado em 1712, da autoria de Frei Agostinho
de Santa Maria, falava-nos de vários santuário dedicados a Nossa Senhora espalhados
um pouco por todo o pais. Em particular, dedica bastantes linhas à capela de
Nossa Senhora de Anamão, na freguesia de Castro Laboreiro (Melgaço) e na forma
misteriosa como a santíssima imagem apareceu numa concavidade num rochedo. Além
disso, dá-nos alguns pormenores da descrição da área envolvente na época. Ora
leia: “Duas léguas e meia da vila de
Melgaço entre o ocidente e o meio dia, se vê situada a Vila de Castro
Laboreiro. É esta terra montuosa, frigidíssima e de muita neve. A sua paróquia
é dedicada a Nossa Senhora com o título de Castro. O seu castelo, que é
inexpugnável, está fundado em rocha viva, que uns crêem que seja obra dos
Mouros. É esta vila da casa de Bragança e ela pertence a apresentação da sua
igreja.
Entre as mais ermidas que tem no seu distrito, uma delas
é a de Nossa Senhora de Anumão, nome sem dúvida do lugar do seu aparecimento:
esta santíssima imagem é buscada com grande devoção de todos aqueles povos
circunvizinhos, pelas muitas e grandes maravilhas que obra.
Vê-se a sua casa situada em um humilde vale junto à raia
do Reino da Galiza, metido entre umas serras de penhascos, aonde se manifestou.
É tradição constante que apareceu numa concavidade, ou vácuo de um altíssimo
penedo, que a natureza parece que formou para concha daquela preciosíssima
pérola. Não consta já a quem a esta Senhora fez este favor, se foi a algum
pastorinho, ou pastorinha, que por aquele sítio apascentasse algum gado, que
não seria muito. Este ditoso inventor vendo a sagrada imagem daria parte da sua
felicidade e afim com as notícias, que deu, vieram os moradores daquela vila a
ver e a examinar o que se referia. É tradição que por duas ou três vezes, levam
a sagrada imagem para a sua paróquia e que outras tantas se ausentará dela e
sempre repetirá o seu antigo domicílio: a concavidade da sua pedra. Os da vila,
de tão repetidas fugas, entenderam que a Senhora gostava do deserto, pois fugia
para ele, e dar-lhe-iam as asas da grande águia para voar para ele, e nisto
mostrava a sua vontade.
A entrada para este santuário é numa veiga, ou vale muito
plano, e tão grande e dilatado, que em sua circunferência terá cinco para seis
léguas. Nele nasce um pequeno rio, que cria regaladas trutas, no qual há uma
pequena ponte, que chamam da Pedrinha, que se afirma ser obra dos Mouros. E
quando se vai do Porto dos Cavaleiros, se passa por outro limitado ribeiro,
pelo qual foi a pé o Santo Arcebispo de Braga, Dom Frei Bartolomeu dos
Mártires, a visitar aquela paróquia e Casa da Senhora. Tem a água deste ribeiro
virtude para sarar a boca lixosa às crianças e para outros mais achaques,
virtude comunicada da presença daquela misericordiosa Senhora, de cujo sítio
parece, procede o seu nascimento. Passando o Arcebispo e vendo a aspereza
daqueles caminhos e as levantadas serras que cercam aquele vale da Senhora,
referem que dissera que tarde tornaria ali outro Arcebispo. Dom Sebastião de
Matos de Noronha não o conseguiu. E só em nossos tempos o fez o Eminentíssimo
Cardeal D. Veríssimo de Alencastre, quando era Arcebispo de Braga. E para prova
da frialdade da terra, baste que o vinho congelasse no Inverno, de modo que
para a Missa é necessário aquentá-lo. Obra esta Senhora muitos milagres e
prodígios e é buscada de todos aqueles povos e vilas circunvizinhas no tempo do
Verão.” (Nota: Fiz a transposição para a escrita atual.)
Extraído de: SANTA MARIA, Frei Agostinho de (1712) –
Santuário Mariano e História das imagens milagrosas de Nossa Senhora. Tomo IV;
Oficinas de António Pedrozo Galram; Lisboa.
As pessoas colocavam estatuetas (imagens) e depois chamaqvam-lhes "aparições". A Igreja já se deixou de dar credibilidade a estas "aparições". Um exemplo: na Peneda apareceram duas imagens, uma enterrada a aparecer próxima do alto do emblemático penedo; e outra na ribeira que corre no local. Os mortos, tenham sido pessoas santas ou más, não aparecem a ninguém. É o povinho que acredita religiosamente em tudo que dá conteúdo a estas aparições de estatuetas de madeira e barro. Repare-se que quem dá cobrimento a estas "aparições é gente da Igreja; mas estas situações, como refiro atrás, já não merecem apoio da Igreja Católica, pelo que devem ser vistas como uma fraude religiosa de oportunistas. Como aconselhou Jesus de Nazaré, "Digam a verdade; não tenham medo da Verdade!". O Papa João Paulo II pediu o mesmo aos católicos...
ResponderEliminarUma estória como esta tem o seu interesse. Não me refiro obviamente à crença de a levar à letra ou simplesmente acreditar em algo do que nos conta. Ajuda é a perceber porque é que num lugar inóspito como este encontramos um pequeno templo religioso que ainda hoje é muito estima pelos castrejos.
EliminarSabe naqueles tempos havia muitos telemóveis em 1712 e as pessoas punham lá esses dispositivos electrónicos so para depois chamar aparariçoes percebe? e agora senhora via achar mentira correcto? e tem razão naqueles tempos não havia telemóveis e agora pergunto havia assim tantas imagens ja viu a vida desse +povo como vivia de forma miserável que o único sitio onde havia tais imagens adivinhe? nas igrejas percebe? hoje existe essa grandeza de haver telemovies ou celulares mas naqueles tempos não havia tal portabilidade ou seja a imagem naquele sitio era preciso algum veiculo e ja reparou que não existe meios de foprma para tal reopare tiveram que fazer estradas e ate fazerem no verão porque no inverno é inacessivel e morria-se naqueles tempos quem se aventurava ir inverno acima sozinho alias hoje isso acontece em muitas estancias turisticas onde alguns se perdem no seculo XXI ... percebe? naqueles tempos não havia estatuas com tal graciosidade de se levantar uma pedra e la se encontra uma e outra percebe? poucos sítios havia e so alguns senhores ricos ou da nobreza é que la tinham uma capela pessoal ou alguma estátua mas não estou a desconsiderar a fraude do assunto mas entenda o subjectivo que se torna também que no contexto histórico temporal também existe essa grandeza de raridade e etc... como existe fenomenos de natureza inexplicavel hoje é obvio a esta ditancia ser considerado algo futil pois existe ate acessivel ao comum de nós mas naqueles tempos não so arte sacra e era algo raro e muitos poucos ou mesmo so alguns abastados.... não era uma peça de arte disponivel em essa grandeza para ser considerado uma fraude e conhecendo o contexto historico temporal da dinamica socia economica e etc...
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