A descoberta das propriedades das águas do Peso (Melgaço)
só foram identificadas em 1884, aquando de um caso da esposa de um médico de
Vila Nova Cerveira, que sofria de uma doença de estômago e se conta que se
curou. A fama das águas depressa se espalhou e em 1885 Bonhorst efectuou as
primeiras análises, ano em que também foi construída uma primeira oficina de
engarrafamento, em madeira, sobre a fonte Principal. Alfredo Luíz Lopes, em 1892,
descreve essa construção e o projecto de uma nova exploração: “Pensa-se, porém, em constituir uma
companhia que lhe desenvolva a exploração. Hoje são em grande número as
garrafas transportadas
para diversas terras do Minho e principalmente para o Porto, onde existe um
depósito especial, bastante afreguesado.”
Contudo, já em data anterior, no jornal galego, “Crónica
de Pontevedra”, na sua edição de 31 de Agosto de 1888, podemos ler que as Águas
de Melgaço eram vendidas engarrafadas em várias farmácias ou drogarias galegas
em Baiona, Vigo ou Gondomar. O engarrafamento era realizado pelo farmacêutico
Domingos Ferreira de Araújo, proprietário da farmácia “Ferreira de Araújo”, que
ficava na vila de Melgaço. Ele próprio as certificava e garantia a sua
qualidade. Podemos ver tal informação neste recorte do jornal:
“De utilidad
Aguas
ferruginosas-alcalino-litiníferas de Melgazo, Alto Minho (Portugal). Segun el
análisis de estas aguas, reconocido por el Doctor D. Antonio Casares,
distinguido quimico de Santiago, se vé claramente que son muy útiles en las
dispepsias y otros padecimentos del estomago, en las afecciones del higado, vegiga,
etc., sustituyendo por esto com ventaja á las de Mondariz.
Se venden
embotelladas recientemente por el farmaceutico de Melgazo D. Domingos Ferreira
de Araujo, en las farmacias de los Srés.
Espinosa, en Gondomar, y del Rio Gimenez, en Bayona, y en la Drogueria de los
Sres. Bermejo Perez y Puente, en Vigo.
Estas botellas llevan
el nombre impresso del farmaceutico de Melgazo, para evitar falsificaciones.”
Melgaço e as suas águas sempre tiveram o efeito benéfico para o corpo e para a alma de quem nos visitava.
Às vezes, a descontração na hora de partir até era demais. Se não atente nesta
notícia extraída do periódico “La Correpondencia Gallega” que remonta a 3 de
Julho de 1901:
“Buen hallago
Unos acaudalados
portugueses que regresaban á Lisboa de las aguas de Melgazo, al tomar el tren
correo en la estoción de Arbo, dejaron olvidada en la sala zaguán una bolsa de
mano que contenía treinta mil pesetas en valores y albajas.
Recogida por el jefe
de la estación D. Félix Blanco, telegrafió su hallago á Guillarey, desde cuyo
subió á recogerla su dueño en el tren correo ascendente del mismo dia.
Digna de alabanza es
la conducta de este empleado del ferrocarril.”
Fontes consultadas:
- Jornal “La Correpondencia Gallega”, edição de 3 de
Julho de 1901.
- Jornal “Cronica de Pontevedra”, edição de 31 de Agosto
de 1888.
- Lopes, A. L. (1892) - Águas Minero-medicinais de Portugal.
Lisboa.
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