sexta-feira, 9 de março de 2018

As Águas de Melgaço nos seus primórdios na imprensa




A descoberta das propriedades das águas do Peso (Melgaço) só foram identificadas em 1884, aquando de um caso da esposa de um médico de Vila Nova Cerveira, que sofria de uma doença de estômago e se conta que se curou. A fama das águas depressa se espalhou e em 1885 Bonhorst efectuou as primeiras análises, ano em que também foi construída uma primeira oficina de engarrafamento, em madeira, sobre a fonte Principal. Alfredo Luíz Lopes, em 1892, descreve essa construção e o projecto de uma nova exploração: Pensa-se, porém, em constituir uma companhia que lhe desenvolva a exploração. Hoje são em grande número as garrafas transportadas para diversas terras do Minho e principalmente para o Porto, onde existe um depósito especial, bastante afreguesado.
Contudo, já em data anterior, no jornal galego, “Crónica de Pontevedra”, na sua edição de 31 de Agosto de 1888, podemos ler que as Águas de Melgaço eram vendidas engarrafadas em várias farmácias ou drogarias galegas em Baiona, Vigo ou Gondomar. O engarrafamento era realizado pelo farmacêutico Domingos Ferreira de Araújo, proprietário da farmácia “Ferreira de Araújo”, que ficava na vila de Melgaço. Ele próprio as certificava e garantia a sua qualidade. Podemos ver tal informação neste recorte do jornal:

“De utilidad
Aguas ferruginosas-alcalino-litiníferas de Melgazo, Alto Minho (Portugal). Segun el análisis de estas aguas, reconocido por el Doctor D. Antonio Casares, distinguido quimico de Santiago, se vé claramente que son muy útiles en las dispepsias y otros padecimentos del estomago, en las afecciones del higado, vegiga, etc., sustituyendo por esto com ventaja á las de Mondariz.
Se venden embotelladas recientemente por el farmaceutico de Melgazo D. Domingos Ferreira de Araujo,  en las farmacias de los Srés. Espinosa, en Gondomar, y del Rio Gimenez, en Bayona, y en la Drogueria de los Sres. Bermejo Perez y Puente, en Vigo.
Estas botellas llevan el nombre impresso del farmaceutico de Melgazo, para evitar falsificaciones.”



Melgaço e as suas águas sempre tiveram o efeito benéfico  para o corpo e para a alma de quem nos visitava. Às vezes, a descontração na hora de partir até era demais. Se não atente nesta notícia extraída do periódico “La Correpondencia Gallega” que remonta a 3 de Julho de 1901:
“Buen hallago
Unos acaudalados portugueses que regresaban á Lisboa de las aguas de Melgazo, al tomar el tren correo en la estoción de Arbo, dejaron olvidada en la sala zaguán una bolsa de mano que contenía treinta mil pesetas en valores y albajas.
Recogida por el jefe de la estación D. Félix Blanco, telegrafió su hallago á Guillarey, desde cuyo subió á recogerla su dueño en el tren correo ascendente del mismo dia.
Digna de alabanza es la conducta de este empleado del ferrocarril.”




Fontes consultadas:
- Jornal “La Correpondencia Gallega”, edição de 3 de Julho de 1901.
- Jornal “Cronica de Pontevedra”, edição de 31 de Agosto de 1888.
- Lopes, A. L. (1892) - Águas Minero-medicinais de Portugal. Lisboa.

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